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Faculdade de Ciências Departamento de Matemática e Informática Análise Matemática I Stefane Saize Stefane Saize 0.1 Cálculo diferencial Definição 0.1. Seja f (x) uma função definida na vizinhança do ponto x0 , então 1) A expressão ∆ f (x0) = f (x0+∆x)− f (x0) chama-se incrimento da função f (x) no ponto x0 correspondente ao acrescimo ∆x do argumento x . 2) Ao limite lim ∆x→0 f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x , caso exista chama-se derivada da função f (x) no ponto x0 e denotamos por f ′(x0) ou d f (x) dx |x=x0 . Exemplo 0.1. Seja f (x) = √ x . Determinemos o acréscimo de f (x) no ponto x0 e a respectiva derivada neste ponto. Assim temos, ∆ f (x0) = f (x0 +∆x)− f (x0) = √ x0 +∆x− √ x0 = ∆x√ x0 +∆x+ √ x0 e f ′(x0) = lim ∆x→0 f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x = lim ∆x→0 ∆x√ x0+∆x+ √ x0 ∆x = 1 2 √ x0 . Seja y = f (x) uma função que possui derivada no intervalo (a,b) . Sabe-se que a derivada de f (x) no ponto x0 deste intervalo é dada por f ′(x0) = lim ∆x→0 f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x . Portanto, f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x e f ′(x0) diferem por um infinitésimo, i,e., f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x = f ′(x0)+α(∆x), onde α(∆)→ 0, ∆x→ 0. Então, ∆ f (x) = f (x0 +∆x)− f (x0) = f ′(x0)∆x+α(∆x)∆x. A função linear de argumento ∆x dada por d f = f ′(x0)∆x (em geral f ′(x0) 6= 0) chama-se diferencial da primeira ordem no ponto x0 . Dados valores de ∆x muito pequenos, temos ∆ f ≈ d f , i.e., f (x0 +∆x)− f (x0)≈ f ′(x0)∆x, assim obtemos a fórmula do cálculo aproxmado dada por, 2 Análise Matemática I f (x0 +∆x)≈ f (x0)+ f ′(x0)∆x. Exemplo 0.2. 1. Cálcule o valor aproximado do número e0.01 . Façamos f (x) = ex , x0 = 0 e ∆x = 0.01, então f (x0) = f (0) = e0 = 1, f ′(x) = ex =⇒ f ′(x0) = f ′(0) = 1. Logo, f (x0 +∆x) = f (0.01) = e0.01 ≈ f (x0)+ f ′(x0)∆x = 1 ·0.01 = 1.01. 2. Cálcule o valor aproximado do número √ 4.1. Façamos f (x) = √ x , x0 = 4 e ∆x = 0.1, então f (x0) = f (4) = √ 4 = 2, f ′(x) = 12√x =⇒ f ′(x0) = f ′(4) = 14 = 0.25. Logo, f (x0 +∆x) = f (4.1) = √ 4.1≈ f (x0)+ f ′(x0)∆x = 2+0.25 ·0.1 = 2.025. 3. O ácido sulfúrico (H2SO4) pode ser produzido mediante a oxidação do enxofre (S) em (SO3) e a reação deste com água H2O conforme a reacção: H2O+SO3 −→ H2SO4. Suponhamos a função que mede a quantidade de SO3 convertida em H2SO4 até o tempo t (em segundos) é dada por f (t) = N0(1− e−t) onde N0 é a quantidade de SO3 no tempo inicial t = 0. Determine a quantidade de SO3 que terá sido convertida em H2SO4 após 0.02 segundos para uma quantidade N0 = 1 mol . Solução: Seja t0 = 0, ∆t = 0.02. f (t0) = f (0) = 0, f ′(t) = e−t =⇒ f ′(0) = 1, então f (t0 +∆t) = f (0.02) = 1− e−0.01 ≈ 0+1 · (0.02) = 0.02 4. Calcule o limite lim x→0 √ 1+ x−1 x . Vejamos que x → 0 então seja f (y) = √y , y0 = 1 e ∆y = x . Então, f (y0) = f (1) = 1, f ′(y) = 12√y =⇒ f ′(y0) = f ′(1) = 12 , logo f (y0 +∆y) = √ 1+ x≈ 1+ x 2 . 3 Stefane Saize Assim lim x→0 √ 1+ x−1 x = lim x→0 1+ x2 −1 x = lim x→0 x 2x = 1 2 . Sentido geométrico da derivada Seja y = f (x) uma função contı́nua no intervalo (a,b) contendo os pontos x0, x1 . A equação da recta tangente ao gráfico de f (x) no ponto (x0, f (x0)) é dada por y = f ′(x0)(x− x0)+ f (x0) e a equação da recta normal à f (x) no ponto (x0, f (x0)) é dada por y =− 1 f ′(x0) (x− x0)+ f (x0). Proposição 0.1.1 (Regras de derivação). Sejam f (x) e g(x) duas funções que admi- titem derivada no ponto x e α ∈ R . Então, 1) [ f (x)±g(x)]′ = f ′(x)±g′(x); 2) [α f (x)]′ = α f ′(x); 3) [ f (x)g(x)]′ = f ′(x)g(x)+ f (x)g′(x); 4) [ f (x) g(x) ]′ = f ′(x)g(x)− f (x)g′(x) [g(x)]2 , g(x) 6= 0 . Tabela de derivadas Seja x a variável independente. Então, 1. (xn)′ = nxn−1 ; 2. [sinx]′ = cosx ; 3. [cosx]′ =−sinx ; 4. 5. [tgx]′ = 1 cos2 x , ( x 6= π 2 +nπ, n = 0,±1,±2, . . . ) ; 6. 4 Análise Matemática I 7. [ctgx]′ =− 1 sin2 x , (x 6=+nπ, n = 0,±1,±2, . . .) ; 8. [arcsinx]′ = 1√ 1− x2 , (−1 < x < 1) ; 9. [arccosx]′ =− 1√ 1− x2 , (−1 < x < 1) ; 10. [ arctg x]′ = 1 1+ x2 ; 11. [arcctgx]′ =− 1√ 1− x2 ; 12. [ax]′ = ax lnx, (a > 0, a 6= 1) . Definição 0.2. A expressão lim ∆x→0− f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x chama-se derivada de f (x) à esquerda de x0 e denota-se por f ′−(x0) . A expressão lim ∆x→0+ f (x0 +∆x)− f (x0) ∆x chama-se derivada de f (x) à direita de x0 e denota-se por f ′+(x0) . Proposição 0.1.2. Para que uma função f (x) tenha derivada finita no ponto x0 é necessário e suficiente que f ′−(x0) = f ′ +(x0) . Exemplo 0.3. Mostre que a função f (x) = |x| não possui derivada no ponto x = 0. Para os devidos efeitos é suficiente mostrar que as derivadas à esquerda e à direita são diferentes. Para tal temos: f ′−(0) = lim ∆x→0− f (0+∆x)− f (0) ∆x = lim ∆x→0− |0+∆x|−0 ∆x = lim ∆x→0 −∆x ∆x =−1 e f ′+(0) = lim ∆x→0+ f (0+∆x)− f (0) ∆x = lim ∆x→0+ |0+∆x|−0 ∆x = lim ∆x→0 ∆x ∆x = 1. Então vemos que f ′−(0) 6= f ′+(0) . 5 Stefane Saize Derivada da função composta Seja y = y(x) uma função composta dada na forma y = F(u), u(x) = ϕ(x) ou y = F [ϕ(x)] . Exemplo 0.4. 1. Determinemos a derivada da função f (x) = x3− 3 4 x2−1. Usando as regras de derivação acima temos, f ′(x) = ( x3 )′− 3 4 ( x2 )′−1′ = 3x2− 3 2 x . 2. Seja f (x) = xsinx . Usando a regra de derivação do quociente, temos f ′(x) = x′ sinx− x(sinx)′ sin2 x = sinx− xcosx sin2 x . 3. Determine a derivada da função f (x) = xn arctan ab + x√ a2+1 . Notemos que as expressões arctan a b e √ a2 +1 são constantes então, f ′(x) = nxn−1 arctan a b + 1√ a2 +1 . Theorem 0.1.3. Seja u= ϕ(x) uma função que admite derivada u′= ϕ ′(x) no ponto x e y = F(u) uma função que possui derivada y′ = F ′(u) no ponto u = ϕ(x) , então a função composta y = F [ϕ(x)] tem derivada no ponto x e a deridada é dada por, y′ = F ′u(u)ϕ ′(x) ou simplesmente y′x = y ′ uu ′ x (a regra de cadeia). Exemplo 0.5. Para cada função, determine a derivada: 1. f (x)sin( √ x) . Temos, u = √ x e f (u) = sinu , então u′x = 1 2 √ x e f ′(u) = cosu , logo f ′(x) = 1 2 √ x cos √ x 2. f (x) = (1+ x2)arcsinx . Seja h(x) = 1+ x2 e g(x) = arcsinx , temos da regra de derivação de produto que [h(x)g(x)]′ = h′(x)g(x)+h(x)g′(x). Das funções h e g temos h′(x) = 2x e g′(x) = 1√ 1+x2 , então f (x) = 2xarcsinx+ 1+ x2√ 1+ x2 = 2xarcsinx+2 √ 1+ x2. 6 Análise Matemática I Função inversa e sua derivada Definição 0.3. Uma função f : R→ R diz-se injectiva se x1 6= x2 implica f (x1) 6= f (x2) . Observação 0.1. A definição de função injectiva é equivalente á: sempre que f (x1)= f (x2) implica x1 = x2 . Um exemplo de uma função injectiva em R é f (x) = x3 . Mas a função f (x) = x2 não é injectiva em R pois, por exemplo x1 = 1 e x2 = 1 possuem o mesmo falor de função i.e, f (−1) = f (1) = 1. Definição 0.4. Uma função f : D f →R onde D f ⊆R diz-se sobrejectiva se f (D f )= R . A função f (x) = x3 dada acima é sobrejectiva visto que f (R) = R . Definição 0.5. Uma função f (x) que é simultaneamente injectiva e sobrejectiva, chama-se bijectiva. Definição 0.6. Uma função y = f (x) diz-se inversı́vel se existe uma função x = ϕ(y) tal que a composição ( f ◦ϕ)(y) = y e (ϕ ◦ f )(x) = x . Proposição 0.1.4. Uma função f (x) possui inversa se e somente se ela é bijectiva. Theorem 0.1.5. Se uma função y = f (x) admite um função inversa x = ϕ(x) que admite derivada ϕ ′(y) não bula no ponto y, então a funcão¸ y = f (x) possui no correspondente ponto x uma derivada f ′(x) = 1 ϕ ′(y) . Exemplo 0.6. Usando a regra de derivação de função inversa, ache as derivadas das seguintes funções: 1. f (x) = lnx . A função inversa é x = ϕ(y) = ey e ϕ ′(y) = ey , então f ′(x) = 1ey = 1 x ; 2. f (x) = arcsinx . A correspondente função inversa é x = siny e x′y = cosy e con- sequentemente f ′(x) = 1x′y = 1 cosy = 1√ 1−sin2 y = 1√ 1−x2 . Derivada de funções implicita e dada na forma paramétrica Uma função da forma y = f (x)diz-se implı́cita. Uma função y da variável x diz-se dada na forma implı́cita se ela tiver a forma F(x,y) = 0 que não seja resolvı́vel em ordem à y . Qualquer função dada na forma explı́cita y = f (x) pode-se representar na forma inplı́cita i.é., y− f (x) = 0. PAra determinar a derivada y′(x) se y é dada na forma F(x,y) = 0, derivamos esta equação em relação a x , tendo em consideração que y = y(x) é função de x . 7 Stefane Saize Exemplo 0.7. Determine y′(x) nos seguintes casos: 1. F(x,y) = 2y− x2 +1 = 0. Vamos derivar esta equação, i.e., dF(x,y) dx = 0 =⇒ d ( 2y− x2 +1 ) dx = 2y′(x)−2x =⇒ y′(x) = x. 2. y3−2xy+ x3 + x = a3 . De um modo similar ao problema anterior, temos d(y3−2xy+ x3 + x−a3) dx = 3y2y′(x)−2(y+xy′(x))+3x2 = 0 =⇒ y′(x)= 2y−3x 2 3y2−2x . Diremos que uma função y = y(x) está dada na forma paramétrica se a de- pendência entre x e y é determinada mediante uma outra variável, chamada parâmetro, i.e., se x = x(t) y = y(t), onde t é a variável denominada parâmetro. Theorem 0.1.6. Sejam x = x(t) e y = y(t) duas funções definidas num certo inter- valo. Se em todos os pontos do intervalo x = x(t) e y = y(t) possuem derivadas x′(t) 6= 0 e y(t) então tem lugar a expressão y′x = y′(t) x′(t) . Exemplo 0.8. Determina y′x nos seguintes casos: 1. x(t) = t, y(t) = √ t . Temos que x′(t) = 1 e y′(t) = 12√t , então y′x = 1 2 √ t 1 = 1 2 √ t = 1 2 √ x . 2. x(t) = sin t e y(t) = cos t . Temos x′(t) = cos t e y′(t) =−sin t . então y′(x) = −sin t cos t =−tgt. 3. Mostre que a função y(x) dada na forma paramétrica x(t) = 2t + 3t2 e y(t) = t2 +2t3 satisfaz a equação y = (y′x) 2 +2(y′x) 3 . 8 Análise Matemática I Determinando y′x = y′(t) x′(t) = 2t +6t2 2+6t = 2t(1+3t) 2(1+3t) = t. Assim temos, (y′x) 2 +2(y′x) 3 = t2 +2t2 = y . 0.1.1 Exercı́cios 1. Ache os acréscimos ∆x e ∆y quando x varia de 1 à 1.002 se y = √ x3 . 2. Determine o acrescimo do argumento x e o respectivo acrescimo na função f (x)= ln √ x quando x varia de 0.0001 para 0.01. 3. Pelos pontos A(2,4) e B(2+∆x,4+∆y) da curva y = x2 passa a secante AB . Determine o seu coeficiente angular. Qual é o valor do coeficiente angular da tangente à curva y = x2 no ponto A . 4. A lei de movimento de um ponto material pelo eixo OX é dado pela fórmula x = 10t +5t2 , onde t representa o tempo (em segundos) e x a distância (em metros). Determine a velocidade média no intervalo a≤ t ≤ a+∆t e calcue-a se a = 20 e ∆t = 0.01. Qual será a velocidade do ponto material quando t = 20. 5. Usando a definição, ache as derivadas das seguintes funções: 6. a) f (x) = 1 x b) f (x) = ax c) f (x) = cosx 7. Calcule as derivadas das seguintes funções: a) f (x) = x3−3xn+ax−b b) f (x) = (1+ pxq)(1+qxp) c) f (x) = x2 sin(x− a) d) f (x) = e 2x x2 e) f (x) = a+bx c+dx f) f (x) = √ x+ √ x+ √ x g) f (x) = sin(cos(sinx)) h) f (x) = arctan [ sinx+ cosx sinx− cosx ] i) f (x) = ex 1+ e2x j) f (x) = ln [ ex + √ 1+ e2x ] k) f (x) = (1+ x)(1+x) 1+x l) f (x) = arccos [ 1− x√ x ] 8. Determine y′x para as seguintes funções dadas na forma paramétrica: a) x(t)= sin2 t, y(t)= cos2 t b) x(t)= sin t, y(t)= cos t c) x(t)= acos3 t, y(t)= bsin3 t 9. Usando derivada de função inversa mostre que [arctanx]′ = 11+x2 . 10. Determine y′x para as seguintes funções dadas na forma implı́cita: a) x2 +2xy+ y2 = a b) x2 a2 + y2 b2 = 1 c) x(t) = acos3 t, y(t) = bsin3 t 9 Stefane Saize 0.2 Derivada e diferenciais de ordem superior Seja f ′(x) a derivada da função y = f (x) definida numa vizinhança do ponto x . Definição 0.7. À expressão lim ∆x→0 f ′(x+∆x)− f ′(x) ∆x caso exista, chama-se segunda derivada da função f (x) e denota-se por f ′′(x) ou f (2)(x) ou ainda d 2 f dx2 (x) . Dem um modo análogo define-se derivada da terceira ordem, da quarta ordem e assim em diante. Em geral, a denotacç ao usada para a derivada de ordem n é f (n)(x) = d dx [ dn−1 f dxn−1 (x) ] = dn f dxn (x) . Se uma função f (x) possui derivada de ordem n , ela diz-se n vezes diferenciável. À expressão dn f (x) = f (n)(x)dxx chama-se diferencial de ordem n . Theorem 0.2.1 (Leibniz). Sejam u = u(x) e v = v(x) duas funções que admitem derivadas até a ordem n no ponto x. Então, [uv](n) = n ∑ k=0 ( n k ) u(k)v(n−k), onde u(0) = u e ( n r ) = n! r!(n− r)! . Exemplo 0.9. 1. Ache f ′′(x) se f (x) = ln(x2 +1) . Temos, f ′(x) = 2x1+x2 , então f ′′(x) = d dx [ 2x 1+ x2 ] = 2(1+ x2)−2x ·2x (1+ x2)2 = 2−2x2 (1+ x2)2 . 2. Ache f n(x) , n = 0,1, . . . se f (x) = e2x . Temos, f 0(x) = f (x) = e2x , f (1)(x) = f ′(x) = 2e2x , f (2)(x) = f ′′(x) = 22e2x , f (3)(x) = f ′′′(x) = 23e2x , . . . , f (n)(x) = 2ne2x , n = 0,1,2, . . . 3. Determine f n(x) e f (100)(x) se f (x) = x3e2x . 10 Análise Matemática I a. Para n = 0 é trivial. Para n = 1 temos f ′(x) = 2x2e2x +2x3e2x b. Se n = 2, usando a fórmula de Leibniz temos: f ′′(x)= ( 2 0 ) x3e2x+ ( 2 1 ) 3x2 ·2e2x+ ( 2 2 ) 6xe2x = x3e2x+12x2e2x+6xe2x. c. para n = 3,4, . . . temos: Seja u(x) = x3 e v(x) = e2x . Do exercı́cio anterior temos v(k)(x) = 2ke2x, k = 0,1, . . . e u(1)(x) = 3x2, u(2)(x) = 6x , u(3)(x) = 6 e u(k)(x) = 0, k = 4,5, . . . Usando a fórmula de Leibnz temos, f (n)(x) = [uv](n) = n ∑ k=0 ( n k ) u(k)v(n−k) = = ( n 0 ) x3e2x+ ( n 1 ) 3x2 ·2n−1e2x+ ( n 2 ) 6x ·2n−2e2x+ ( n 3 ) 6 ·2n−3e2x = x3e2x +3n2n−1x2e2x +3n(n−1)2n−2xe2x +n(n−1)(n−2)2n−3e2x d. Seja n = 100, usando a fórmula obtida para f (n)(x) temos, f (100)(x) = x3e2x +300 ·299x2e2x +3 ·100 ·99 ·298xe2x +100 ·99 ·98 ·297e2x. Theorem 0.2.2 (Rolle). Seja f (x) uma função contı́nua em [a,b] , diferenciável em (a,b) e f (a) = f (b) . Então, existe um ξ ∈ (a,b) tal que f ′(x) = 0 . Theorem 0.2.3 (Cauchy). Sejam f (x) e g(x) duas funções contı́nuas em [a,b] , difer- enciáveis em (a,b) e g′(x) 6= 0 em (a,b) . Então, existe um ξ ∈ (a,b) tal que, f (b)− f (a) g(b)−g(a) = f ′(ξ ) g′(ξ ) . Em particular, quando g(x) = x , temos o seguinte corolário: Corolário 0.2.4 (Teorema de Lagrange). Se uma função é contı́nua no intervalo [a,b] e possui derivada em cada ponto do intervalo (a,b) , então existe ξ ∈ (a,b) tal que 11 Stefane Saize f (b)− f (a) = f ′(ξ )(b−a). Exemplo 0.10. 1. Determine o ponto ξ onde a derivada da função f (x) = (1− x)(2− x) é nula. Verifiquemos as condições do Teorema de Rolle no intervalo [1,2] . Vemos que a função é contı́nua em [1,2] , diferenciável em (1,2) e f (1) = f (2) = 0, então existe ξ ∈ (1,2) tal que f ′(ξ ) = 2ξ −3 = 0 =⇒ ξ = 32 . 2. Verifique se as condições do teorema de Cauchy se verificam para as funções f (x) = x2 e g(x) = 2 √ x no intervalo [1,2] . No caso afimativo, determine ξ . Vemos que f e g são contı́nua e diferencı́aveis em [1,2] e (1,2) , reespectiva- mente. Com derivadas f ′(x) = 2x e g′(x) = 1√x 6= 0 em (1,2) . Então são satis- feitas as condições do teorema de Cauchy, portanto existe ξ ∈ (1,2) tal que f (2)− f (1) g(2)−g(1) = f ′(ξ ) g′(ξ ) =⇒ 2 2( √ 2−1) = 2ξ√ ξ =⇒ ξ = 1 4 (√ 2−1 )2 Theorem 0.2.5 (Fórmula de Taylor). Seja f (x) uma função é contı́nua juntamente com as suas derivadas até a ordem n+1 inclusive no intervalo (a,b) . Então, neste intervalo, é válida a fórmula de Taylor f (x) = f (x0)+(x− x0) f ′(x0)+ (x− x0)2 2! f ′′(x0)+ . . .+ (x− x0)n n! f (n)(x0)+Rn(x), onde x0 ∈ (a,b), Rn(x) = (x−x0) n+1 (n+1)! f (n+1)(ξ ), ξ = x0 +θ(x− x0), θ ∈ (0,1) . No caso x0 = 0, temos a fórmula de McClaurim f (x) = f (0)+(x− x0) f ′(0)+ x2 2! f ′′(0)+ . . .+ xn n! f (n)(0)+Rn(x), onde Rn(x) = xn+1 (n+1)! f (n+1)(ξ ), ξ = θx, θ ∈ (0,1) . Exemplo 0.11. 1. Desenvolva a função f (x) = 11−x em potências de x . Neste caso, 12 Análise Matemática I x0 = 0, determinemos as derivadas: f ′(x) = 1 (1− x)2 , f ′′(x) = 2 (1− x)3 , f ′′′(x) = 2 ·3 (1− x)4 , . . . , f (n)(x) = (n−1)! (1− x)n , . . . Então, f (0) = 1, f (n)(0) = (n−1)! , assim 1 1− x = 1+ x+ x2 2! (2−1)!+ . . .+ x n n! (n−1)!+(θx) n+1 (n+1)! 1 (1−θx)n+2 , 1 1− x = 1+ x+ x2 2 + x3 x3 + . . .+ xn n + (θx)n+1 (n+1)! 1 (1−θx)n+2 . 2. Desenvolva a função f (x) = sinx em potências de x . Temos para isso, f ′(x) = cosx, f ′′(x) =−sinx, f ′′′(x) =−cosx, f (4)(x) = sinx, . . . , f (n)(x) = sin ( x+ nπ 2 ) , n = 0,1,2, . . . Então f (n)(0) = sin (nπ 2 ) = { (−1)k−1, n = 2k−1 0 , n = 2k , k = 1,2, . . . sinx = x− x 3 3! + x5 5! + . . .+(−1)n−1 x 2n−1 (2n−1)! +(−1)n x 2n+1 (2n+1)! sin ( θx+ nπ 2 ) . Alguns desenvolvimentos de funções elementares em séries de McClaurim 1. ex = 1+ x+ x2 2! + . . .+ xn n! + . . . 2. cosx = 1− x 2 2! + x4 4! − . . .+(−1)n−1 x 2n (2n)! + . . . 3. 1 1+ x = 1− x+ x 2 2 − . . .+(−1)n−1 x n n + . . . 4. sinhx = x+ x3 3! + x5 5! + . . .+ x2n−1 (2n−1)! + . . . 5. coshx = 1+ x2 2! + x4 4! + . . .+ x2n (2n)! + . . . 13 Stefane Saize Theorem 0.2.6 (Regra de L’Hospital). Suponhamos que as funções f (x) e g(x) ad- mitem derivadas em qualquer ponto do intervalo (a,b) e g′(x) 6= 0 neste intervalo. Suponhamos ainda que 1. lim x→a+ f (x) = lim x→a+ g(x) = 0 e 2. lim x→a+ f ′(x) g′(x) = L (onde L é finito ou ±∞). Então, lim x→a+ f (x) g(x) = lim x→a+ f ′(x) g′(x) = L. Exemplo 0.12. Calcule o limite lim x→0 sinx sin2x . Vemos que para f (x) = sinx e g(x) = sin2x , lim x→0 sinx = lim x→0 sin2x = 0 e g′(x) = 2cos2x 6= 0 na vizinhança de x = 0, então pela regra de L’Hospital, temos lim x→0 sinx sin2x = lim x→0 cosx 2cos2x = 1 2 . 0.2.1 Exercı́cios 1. Ache y(20) se y(x) = x2ex 2. Ache y(n), y(10) se y(x) = e x x 3. Ache y(n) se y(x) = ex cosx 4. Decomponha as seguintes funções em potências de x : a) f (x) = cosx b) f (x) = ex 2 c) f (x) = √ 1+ x d) f (x) = tgx 5. Usando a fórmula de McClaurin ou de Taylor, calcule aproximadamente os números abaixo com um erro absoluto inferior à 5 ·10−5 : a) sin2(0.1), b) e1.2, c) ln(0.9) 6. Usando o diferencial da primeira ordem, ache aproximadamente o número sin ( e0.01−0.1 ) . 7. Usando a regra de L’Hospital, calcule os seguintes limites: a) lim x→0 (1+ x)lnx b) lim x→0 sinαx tgβx c) lim x→0 tgx− x x− sinx d) lim x→0 ln(cosax) ln(cosbx) 8. Escreva as equações da tangente e da normal à curva y = x2−1 no ponto x = 1. 9. Escreva as equações da tangente e da normal à curva y = sin t y = cos t no ponto t = π3 . 14 Análise Matemática I 0.3 Aplicações geométricas da derivada 0.3.1 Extremos locais e absolutos Definição 0.8. Diremos que a função f (x) atinge um máximo (mı́nimo) local no ponto x0 se f (x0) ≥ f (x) ( f (x0) ≤ f (x)) para qualquer x de uma certa vizinhança de x0 . Observação 0.2. Se f (x0)≥ f (x) ( f (x0)≤ f (x)) para todo x do domı́nio de f (x) , x0 diz-se ponto de máximo (mı́nimo) absoluto ou global. Theorem 0.3.1 (Condições necessárias para a existência de extremos locais). Se a função f (x) atinge um máximo ou mı́nimo local no ponto x0 , então f ′(x0) = 0 ou f ′(x0) não existe. Exemplo 0.13. 1. A função f (x) = (x− 1)2 + 2 possui um mı́nimo local no ponto x = 1 e vemos que f ′(1) = 0. Definição 0.9. Os valores de x para os quais f ′(x) = 0 ou não existe chamam-se pontos crı́ticos. Theorem 0.3.2 (Monotonia). 1. Se afunção f (x) é contı́nua no segmento [a,b] , difer- enciável em (a,b) e f ′(x) ≥ 0 ∀x ∈ (a,b) ( f ′(x) ≤ 0 ∀x ∈ (a,b)) então f (x) é crescente (decrescente) sobre [a,b] . Theorem 0.3.3. Seja f (x) uma função contı́nua e diferenciável num intervalo con- tendo o ponto x0 , com excepção talvez no ponto x0 . 1. se f ′(x) < 0 para x < x0 e f ′(x) > 0 para x > x0 , então a função atinge um máximo local no ponto x = x0 . 2. se f ′(x) > 0 para x < x0 e f ′(x) < 0 para x > x0 , então a função atinge um mı́nimo local no ponto x = x0 . Exemplo 0.14. 1. Determine e classifique os extremos da função f (x)= x2−3x+2. Resolução: Temos f ′(x) = 0 =⇒ 2x−3 = 0 =⇒ x = 23 . x (−∞, 32 ) 3 2 ( 3 2 ,∞) f ′(x) − 0 + f (x) ↘ −14 ↗ Deste modo, a função possui um mı́nimo local no ponto (3 2 ,− 1 4 ) . 15 Stefane Saize 2. Determine e classifique os extremos da função f (x) = x3−6x2 +9x−4. Resolução: Temos f ′(x) = 0 =⇒ 3x2−12x+9 = 0 =⇒ x1 = 1 ∧ x2 = 3. x (−∞,1) 1 (1,3) 3 (3,∞) f ′(x) + 0 − 0 + f (x) ↗ 0 ↘ −58 ↗ Assim, a função atinge um máximo local em (0,1) e um mı́nimo local no ponto (3,−58) . Theorem 0.3.4. Suponhamos que no ponto x0 a função f (x) atinge um máximo (mı́nimo) local e que nesse ponto a função possui derivada da segunda ordem. Então, f ′′(x0)< 0 ( f ′′(x0)> 0). Exemplo 0.15. 1) A função f (x)= x3−6x2+9x−4 possui um máximo no ponto x0 = 0 e verifica-se que f ′′(1) =−6 < 0 e, possui um mı́nimo local no ponto x1 = 1 onde verifica-se que f ′′(3) = 6 > 0. 0.3.2 Cocavidade Definição 0.10 (Concavidade). Diremos que a função f (x) possui no intervalo (a,b) concavidade virada para cima (baixo) se neste intervalo, o gráfico de f (x) estiver acima (abaixo) de qualquer tangente. O ponto onde a função muda de orientação, chama-se ponto de inflexão. Proposição 0.3.5. Se o ponto x0 é ponto de inflexão da função f (x) então f ′′(x0)= 0 ou não existe. Theorem 0.3.6. Suponhamos que f (x) possuir derivada da segunda ordem. Então f (x) possui concavidade virada para cima (baixo) no intervalo (a,b) se e somente se f ′′(x)> 0 ( f ′′(x)< 0 ) para todo x de (a,b) . Exemplo 0.16. Consideremos a função f (x) = x3− 6x2 + 9x− 4. Temos f ′′(x) = 0 =⇒ 6x−12 = 0 =⇒ x = 2. Então, x (−∞,2) 2 (2,∞) f ′′(x) − 0 + f (x) ∩ −2 ∪ Vemos que a função possui concavidade virada paca baixo no intervalo (−∞,2) e concavidade virada para cima no intervalo (2,+∞) . O ponto (2,−2) é ponto de inflexão da função. 16 Análise Matemática I 0.3.3 Assı́mptotas Definição 0.11. 1. Diremos que x = c é assı́mptota vertical da função f (x) se pelo menos um dos limites lim x→c+ f (x) ou lim x→c− f (x) é igual à +∞ ou −∞ . 2. A recta y = α é assı́mptota horizontal da função f (x) se lim x→∞ f (x) = α ; 3. A recta y= ax+b é assı́mptota obliqua da função f (x) se lim x→+∞ [ f (x)− (ax+b)]= 0 e os coeficientes a e b determinam-se do seguinte modo: a = lim x→+∞ f (x) x , b = lim x→+∞ [ f (x)−ax] . Analogamente define-se assı́mptota oblı́qua quando x =⇒−∞ . Observe que assı́mptota horizontal é caso particular da assı́mptota oblı́qua, quando a = 0. Exemplo 0.17. 1) A função f (x) = x3 − 6x2 + 9x− 4 é contı́nua em todo R , então ela não possui assı́mptota vertical. O limite lim x→∞ f (x) = ∞ então f (x) não possui assı́mtota horizontal e finalmente lim x→±∞ f (x) x = +∞ , então a função f (x) também não tem assı́mptotas oblı́quas. 2) Determine as assı́mptotas da função f (x) = x2 x−1 . Resolução: De modo a encontrar as assı́mptotas verticais analizamos os pon- tos de descontinuidade da função. Para este caso, o denominador anula-se no ponto x = 1 e neste ponto temos lim x→c− f (x) = lim x→1− x2 x−1 =−∞ então x = 1 é assı́ptota vertical. Vejamos que α = lim x→±∞ f (x) = lim x→±∞ x2 x−1 =±∞, então a função não possui assı́ptota horizontal. Procuremos agora as assı́mtotas oblı́quas 17 Stefane Saize a = lim x→±∞ f (x) x = lim x→±∞ x2 x(x−1) = 1 e b = lim x→±∞ [ f (x)−ax] = lim x→±∞ [ x2 x−1 − x ] = lim x→±∞ [ x x−1 = 1. ] Logo a recta y = x+1 é assı́mptota oblı́qua da quando x→±∞ . 0.3.4 Esquema geral do estudo completo de uma função 1. Determinar o domı́nio de definição da função e estudar a função nos pontos de descontinuidade e na fronteira 2. Verificar a periodicidade 3. Verificar a paridade da função; 4. Determinar os zeros da função; 5. Determinar as assı́mptotas verticais, horizontais e oblı́quas; 6. Determinar os pontos crı́ticos (os pontos onde a primeira derivada é igual a zero ou não existe); 7. Determinar os intervalos de monotonia e os extremos locais da função; 8. Determinar os pontos de inflexão (os pontos onde a segunda derivada anula-se ou não existe)9. Determinar os intervalos onde a função possui concavidade virada para cima ou para baixo; 10. Esboção o gráfico. Exemplo 0.18. 1. Faça o estudo completo da função f (x) = x3 − 6x2 + 9x− 4 e esboce o gráfico. Resolução: A função é contı́nua em todo R , não é par e nem ı́mpar (verifique!). Vimos acima que f (x) não possui assı́mptotas . Quanto a monotonia tivemos: x (−∞, 32 ) 3 2 ( 3 2 ,∞) f ′(x) − 0 + f (x) ↘ −14 ↗ 18 Análise Matemática I Deste modo, a função possui um mı́nimo local no ponto (3 2 ,− 1 4 ) . E finalmente temos o estudo da concavidade x (−∞,2) 2 (2,∞) f ′′(x) − 0 + f (x) ∩ −2 ∪ Vemos que a função possui concavidade virada paca baixo no intervalo (−∞,2) e concavidade virada para cima no intervalo (2,+∞) . O ponto (2,−2) é ponto de inflexão da função. Gráfico: Figure 1: 2. Faça o estudo completo da função f (x) = x 2 x−1 e esboce o gráfico. Resolução: (a) Domı́nio: D f = {x : x 6= 1} (b) Paridade: f (−x) = (−x) 2 −x−1 = − x2 x+1 , a função não é par e nem ı́mpar pois f (−x) 6= f (x) e f (−x) 6=− f (x). (c) Zeros: f (x) = 0 =⇒ x2x−1 = 0 =⇒ x = 0; (d) Assı́mptotas: Do exemplo referente a assı́mptotas tivemos: Assı́mtota ver- tical, x = 1 e oblı́qua y = x+1 . 19 Stefane Saize (e) Pontos crı́ticos, monotonia e extremos: f ′(x) = 0 ou não existe. f ′(x) = x2−2x (x−1)2 = 0 =⇒ x1 = 0, x2 = 2 e f ′(x) não existe no ponto x0 = 1. x (−∞,0) 0 (0,1) 1 (1,2) 2 (2,+∞) f ′(x) + 0 − @ − 0 + f (x) ↗ 0 ↘ @ ↘ 4 ↗ Então a função possui um máximo local quando x = 0 e um mı́nimo local quando x = 2. (f) Pontos de inflexão e estudo da concavidade: f ′′(x) = 2 (x−1)2 , portanto f ′′(x) não se anula. Porém f ′′(x) não faz sentido quando x = 1. x (−∞,1) 1 (1,∞) f ′(x) − @ + f (x) ∩ @ ∪ 0.4 Exercı́cios 1. Na curva y = x3 determine o ponto onde a tangente é paralela à corda que une os pontos A(-1,1) e B(2,8) . 2. Determine os pontos ξ , na fórmula de Lagrange, para a função f (x) = { 3−x2 2 , 0≤ x≤ 1 1 x , 1 < x <+∞ no segmento [0,2] . 3. Ache os intervalos de monotonia da funções a) f (x) = 3x− x3 ; b) f (x) = ax2 +bx+ x ; c) f (x) = x− 1x . 4. Ache os extremos locais das seguintes funções: a) f (x) = x− 1x b) f (x) = xe −x c) f (x) = x √ 2− x2 d) f (x) = x21+x2 5. Determine os extremos absolutos das seguintes funo̧ões: a) f (x) = x2−1 no intervalo [−2,3] ; 20 Análise Matemática I b) f (x) = x3 + x−4 no intervalo [0,3] . 6. Dividir um número dado a em dois temos, de modo que o produto dos seus termos seja maior possı́vel. 7. Dada uma esfera, increva um cilindro de volume máximo. 8. De todos os rectângulos de área S0 , determine aquele cujo perı́metro é menor. 9. Determine as dimensões de um tubo de ensaio (fechado) de forma cilindrica de volume V0 , de modo que a sua superfı́cie total seja mı́nima. 10. Faça o estudo completo das funções abaixo e esboce os respectivos gráficos (a) f (x) = x− 1x ; (b) f (x) = x 2+2x+4 2x ; (c) f (x) = xe−x (d) f (x) = x 2(x−1) (x+1)2 21 Chapter 1 Cálculo integral 1.1 Integral indefinido 1.1.1 Primitiva de uma função Seja f (x) uma função que actua de R para R . Definição 1.1. Diremos que a função F(x) é primitiva da função f (x) sobre um domı́nio D ,⊂ R se para quaisquer x ∈ D , F ′(x) = f (x) . Exemplo 1.1. 1. A função F(x) = x 2 2 é primitiva de f (X) = x 2 . 2. A função F(x) = lnx é primitiva de f (X) = 1x . Suponhamos que F1(x) e F2(x) são duas primitivas da função f (x) , então F2(x)= F1(x)+C , onde C é uma constante. Isto quer dizer que uma função possui uma in- finidade de primitivas. Definição 1.2 (integral indefinido). Dá-se o nome de integral indefinido de uma função f (x) em D , ao conjunto de todas suas primitvas e denotamos por,∫ f (x)dx = F(x)+C, onde C é uma constante qualquer. 1.1.2 Propriedades do integral indefinido Sejam α e β números reais e, F(x) e G(x) primitivas de f (x) e g(x) reespectiva- mente. Então, 22 Análise Matemática I 1. [∫ f (x)dx ]′ = [F(x)+C]′ = f (x) ; 2. [∫ dF(x)dx ] = F(x)+C ; 3. ∫ α f (x)dx = α ∫ f (x)dx (homogeniedade ); 4. ∫ [ f (x)±g(x)]dx = ∫ f (x)dx± ∫ g(x)dx (linearidade). 1.1.3 Tabela de integração 1) ∫ xndx = xn+1 n+C (n 6=−1) ; 2) ∫ dx x = ln |x|+C ; 3) ∫ dx 1+ x2 = { arctg x+C −arcctgx+C ; ; 4) ∫ dx 1− x2 = 1 2 ln ∣∣∣∣1+ x1− x ∣∣∣∣+C ; 5) ∫ dx√ 1− x2 = { arcsinxx+C −arccosx+C ; 6) ∫ dx√ x2±1 = ln |x+ √ x2±1|+C; 7) ∫ axdx = ax lna +C ; 8) ∫ sinxdx =−cosx+C ; 9) ∫ cosxdx = sinx+C ; 10) ∫ dx cos2 x = tgx+C ; 11) ∫ dx sin2 x =−ctgx+C . Exemplo 1.2. Calcule os seguintes integrais: 23 Stefane Saize 1) ∫ (2x2 + x−1)dx ; 2) ∫ x2dx 1− x2 ; 3) ∫ dx sin2 xcos2 x . Resolução: 1) ∫ (2x2 + x− 1)dx = 2 ∫ x2dx+ ∫ xdx− ∫ x0dx = 2x2+1 2+1 + x1+1 1+1 − x 0+1 0+1 + C = x3 3 + x2 2 − x+C ; 2) ∫ x2dx 1− x2 = ∫ [ −1+ 1 1− x2 ] dx =−x+ 1 2 ln ∣∣∣∣1+ x1− x ∣∣∣∣+C ; 3) ∫ dx sin2 xcos2 x = ∫ sin2 x+ cos2 x sin2 xcos2 x dx = ∫ dx sin2 x + ∫ dx cos2 x = −ctgx+ tgx+ C . 1.2 Métodos de integração 1.2.1 Método de substituição Theorem 1.2.1. Seja x = ϕ(t) uma função contı́nua juntamente com a sua derivada. Suponhamos ainda que ϕ(t) admite inversa. Enão, dx = ϕ ′(t)dt e ∫ f (x)dx = ∫ f [ϕ(t)]ϕ ′(t)dt. Exemplo 1.3. Calcule os seguintes integrais: 1) ∫ dx a2− x2 ; 2) ∫ dx a2 + x2 ; 3) ∫ xdx 1+ x2 . 24 Análise Matemática I Resolução: 1) Seja t = xa , então dt = dx/a . Logo, ∫ dx a2− x2 = ∫ dx a2(1− ( xa)2 = 1 a ∫ dt 1− t2 = 1 a arctgt +C = 1 2a ln ∣∣∣∣1+ x/a1− x/a ∣∣∣∣+C = 12a ln ∣∣∣∣a+ xa− x ∣∣∣∣+C ; 2) Seja t = xa , então dt = dx/a . Logo, ∫ dx a2 + x2 = ∫ dx a2(1+( xa) 2 = 1 a ∫ dt 1+ t2 = 1 a arctgt +C = 1 a arctg x a +C ; 3) Seja t = 1+x2,=⇒ dt = 2xdx então, ∫ xdx 1+ x2 = ∫ dt 2t = 1 2 ln |t|+C = 1 2 ln |1+ x2|+C ; 1.2.2 Método de intehgração por partes Theorem 1.2.2. Sejam u e u duas função diferenciáveis num determinado domı́nio de R . Então, ∈ u(x)dv(x) = u(x)v(x)− ∫ v(x)du(x). Exemplo 1.4. Calcule os seguintes integrais: 1) ∫ xe−xdx ; 2) ∫ xsinxdx ;∫ √ a2− x2dx ; Resolução: 1) ∫ xe−xdx =− ∫ xd(e−x) =−[xe−x + ∫ e−xdx] =−xe−x + e−x +C ; 2) ∫ xsinxdx =− ∫ xd(cosx) =−[xcosx− ∫ cosxdx] =−xcosx− sinx+C ; I = ∫ √ a2− x2dx= x √ a2− x2− ∫ −x2dx√ a2− x2 = x √ a2− x2− ∫ √ a2− x2dx+∫ a2dx√ a2− x2 = x √ a2− x2− I +a2 arcsin x a +C , então I = 1 2 x √ a2− x2 + a 2 2 arcsin x a +C 25 Stefane Saize 1.2.3 Exercı́cios 1. Calcule os seguintes integrais: a) ∫ x2(5− x)3 dx ; b) ∫ x+1 3 √ x dx ; c) ∫ ( √ x−1)( √ x+2)dx ; d) ∫ √2+ x2−√2− x2√ 4− x2 dx ; e) ∫ dx x2 +6x+13 f) ∫ tgxdx ; g) ∫ 2x+1−5x−1 10x dx ; 2. Usando o métdo de substituição calcule os seguintes integrais: a) ∫ x 4+ x4 dx ; b) ∫ dx ex + e−x ; c) ∫ sin5 xcosxdx ; d) ∫ arctg xdx 1+ x2 ; e) ∫ sinxdx cos2x f) ∫ sinxcos3 xdx 1+ cos2 x g) ∫ sinx+ cosx 3 √ sinx− cosx dx ; h) ∫ dx sinx ; i) ∫ 2x+1 x2 + x−2 dx ; 3. Usando a fórmula de integração por partes, calcule: a) ∫ x2ex dx ; 26 Análise Matemática I b) ∫ arcsinxdx ; c) ∫ x2 sinxdx ; d) ∫ xsin √ xdx ; e) ∫ eαx cosβxdx 1.2.4 Integração de funções racionais Uma função racional é uma função da forma pn(x) qm(x) = a0 +a1x+ . . .+anxn b0 +b1x+ . . .+bnxn . Quando o grau n < m , a função pn(x)qm(x) diz-se regular, caso contrário diz-se irreg- ular (ou imprópria). Theorem 1.2.3. Seja pn(x)qm(x) uma função regular. Então, 1. se qm(x) = (x− x1)(x− c2) . . .(x− cm) onde c1,c2, l,cm são raizes distintas de qm(x) , então a fracção admite seguinte representação: pn(x) qm(x) = A1 x− c1 + A2 x− c2 + . . .+ Am x− cm , onde A1, A2, . . . ,Am são coeficinentes indeterminados que podem ser determina- dos por Ak = pn(ci) ∏ j, j 6=k(c j− ck) , k = 1,2, . . . ,m. 2. se qm(x) = (x− c)m onde c é uma raiz de multiplicidade m de qm(x) , então pn(x) qm(x) = A1 x− c + A2 (x− c)2 + . . .+ Am (x− c)m ; 3. se qm(x)= (ax2 +bx+ c)k onde b2−4ac < 0 , então, pn(x) qm(x) = A1X +B1 ax2 +bx+ c + A2x+B2 (ax2 +bx+ c)2 + . . .+ Akx+Bk (ax2 +bx+ c)k ; 27 Stefane Saize 4. se qm(x) = (x−d1)k1(x−d2)k2 . . .(a1x2 +b1x+c1)l1 . . .(a1x2 +b1x+c1)lr , então pn(x) qm(x) = A1 x−d1 + A2 (x−d1)2 + . . .+ Ak1 (x−d1)k1 + B1 x−d2 + B2 (x−d2)2 + . . .+ Bk1 (x−d2)k2 + . . .+ A1X +B1 a1x2 +b1x+ c1 + A2x+B2 (a1x2 +b1x+ c1)2 + . . .+ Akx+Bk (a1x2 +b1x+ c1)l1 + . . . + D1X +E1 alr x2 +blr x+ clr + D2x+E2 (alr x2 +blr x+ clr)2 + . . .+ Dlr x+Elr (alr x2 +blr x+ clr)lr . Exemplo 1.5. Determine os seguintes integrais: 1. ∫ dx x2−3x+2 ; 2. ∫ dx (x2 +1)(x−1) ; Resolução: 1. dx x2−3x+2 = 1 (x−2)(x−1) = A x−2 + B x−1 = A(x−1)+B(x−2) (x−1)(x−2) , então A(x−1)+B(x−2) = 1 =⇒ A = 1 eB =−1. ∫ dx x2−3x+2 = ∫ [ 1 x−2 − 1 x−1 ] dx = ln ∣∣∣∣x−1x−2 ∣∣∣∣+C; 2. 1 (x2 +1)(x−1) = Ax+B x2 +1 + C x−1 = (Ax+B)(x−1)+C(X2 +1) (X2 +1)(x−1) , então (Ax+B)(x−1)+C(X2+1) = 1 =⇒ (A+C)x2+(−A+B)x−B+C = 1 =⇒ A = B =−1/2,C = 1/2. Então, ∫ dx (x2 +1)(x−1) =−1 2 ∫ x+1 x2 +1 dx+ 1 2 ∫ dx x−1 = 1 2 ln |x−1|− 1 4 ∫ d(x2 +1) x2 +1 − 1 1 ∫ dx x2 +1 = 1 2 ln |x−1|− 1 2 arctg x− 1 4 ∫ dt t = 1 2 ln |x−1|− 1 2 arctg x− 1 4 ln(x2 +1)+C. 28 Análise Matemática I Integração de alguma expressões 1. ∫ dx x−a = ln |x−a|+C ; 2. ∫ dx x−a α = (x−a)1−α 1−α +C, α 6= 1; 3. ∫ Ax+B (ax2 +bx+ c) fazemos a transformação ax2 + bx + c = a(x− p)2 + q onde p = b/2a e q = c−b2/4a > 0 e t = x− p . Suponhamos que q/a > 0 então, ∫ Ax+B (ax2 +bx+ c) = ∫ A(t + p)+B at+q dt = A a ∫ tdt t2 +q/a + Ap+B a ∫ dt t2 +q/a = A 2a ln |t2 +q/a|+ Ap+B a √ a q arctg [ t √ a q ] +C. 4. ∫ Ax+B (ax2 +bx+ c) pelo processo anterior temos, para t = x− p , temos ∫ Ax+B (ax2 +bx+ c) = ∫ A(t + p)+B (at2 +q)α dt 1.2.5 Integração de expressões irracionais Seja R(x, f (x)) uma expressão que depende de x e f (x) . Consideremos os seguintes casos particulares: 1. ∫ R [ x, ( ax+b cx+d )m n , . . . , ( ax+b cx+d ) r s ] dx Seja k o deniminador comum das fracções mn , . . . , r r . Fazendo a substituição da forma ax+bcx+d = t k , obtemos um integral de uma função racional. Exemplo 1.6. Calcule os integrais: 1. ∫ dx 3 √ (x+2)2− √ x+2 Resolução: O mmc de 2 3e 3 é 6, então seja t6 = x+ 2 =⇒ x = t6− 2 =⇒ dx = 6t5dt e t = 6 √ x+2. Assim, 29 Stefane Saize ∫ dx 3 √ (x+2)2− √ x+2 = ∫ 6t5dt t4− t3 = 6 ∫ t2dt t−1 = 6 ∫ (t +1)dx+6 ∫ dt t−1 = 3t3 +6t +6ln |t−1|+C = 3 3 √ (x+2)+6 6 √ x+2+6ln ∣∣∣ 6√x+2−1∣∣∣+C. 2. ∫ √xdx x 3 4 +1 Resolução: Fazendo x = t4 temos dx = 4t3dt , então ∫ √xdx x 3 4 +1 = ∫ t2 ·4t3dt t3 +1 = 4 ∫ t2dt−4 ∫ t2dt t3 +1 = 4 3 t3− 4 3 ∫ d(t3 +1) t3 +1 = 4 3 t3− 4 3 ln ∣∣t3 +1∣∣+C = 4 3 ( 4 √ x3 3 − ln ∣∣∣ 4√x3 +1∣∣∣)+C 2. ∫ dx√ ax2 +bx+ c . Este integral pode ser reduzido para ∫ dt√ t2±α2 quando a > 0 e para ∫ dt√ α2± t2 quand a < 0. 3. ∫ (Ax+B)dx√ ax2 +bx+ c . Façamos as seguintes transformações ∫ (Ax+B)dx√ ax2 +bx+ c = ∫ A 2a(2ax+b)+(B− Ab 2a )√ ax2 +bx+ c dx = A 2a ∫ 2ax+b√ ax2 +bx+ c dx+ ( B− Ab 2a )∫ dx√ ax2 +bx+ c = A 2a ∫ d(ax2 +bx+ c)√ ax2 +bx+ c dx+ ( B− Ab 2a )∫ dx√ ax2 +bx+ c . 4. Para integrais do tipo ∫ R[x, √ ax2 +bx+ c]dx em geral resolve-se usando as substituições de Euler (não vamos apresenta-los aqui). Alguns casos particulares tais como: ∫ R[x, √ a2− x2]dx aplica-se a substitução x = asin t ou x = acos t e∫ R[x, √ a2 + x2]dx aplica-se substituição do tipo x = atgt ou t = ctg t . 30 Análise Matemática I 1.2.6 Integração de funções trigonométricas Consideremos integrais da forma ∫ R[sinx, cosx]dx . Substitução unicversal Façamos sinx = 2sin( x2)cos( x 2) sin2( x2)+ cos 2( x2) = 2tg( x2) 1+ tg( x2) cosx = cos2( x2)− sin 2( x2) sin2( x2)+ cos 2( x2) = 1− tg2( x2) 1+ tg2( x2) Seja t = tg( x2) então sinx = 2t 1+ t2 , cosx = 1− t2 1+ t2 , x = 2arctan t e dx = 2dt1+t2 . Logo, ∫ R[sinx, cosx]dx = ∫ R [ 2t 1+ t2 , 1− t2 1+ t2 ] · 2dt 1+ t2 Exemplo 1.7. Calcule: ∫ dx sinx . Fazendo t = tg x2 temos∫ dx sinx = ∫ 2dt 1+t2 2t 1+t2 = ∫ dt t = ln |t|+C = ln ∣∣∣tg x 2 ∣∣∣+C. Consideremos alguns casos particulares. 1. ∫ R[sinx]cosxdx , neste caso faz-se a substituição t = sinx 2. ∫ R[cosx]sinxdx , neste caso faz-se a substituição t = cosx 3. para o integral ∫ R[tgx]cosxdx , faz-se a substituição t = tgx 4. para o integral ∫ R[sin2 x]cos2 xdx , faz-se a substituição t = tgx Exemplo 1.8. Calcule os seguintes integrais: 1) ∫ dx sinx = ∫ sinxdx sin2 x =− ∫ d(cosx) 1− cos2 x =− ∫ dt 1− t2 = 1 2 ln ∣∣∣∣1− t1+ t ∣∣∣∣+C = 12 ln ∣∣∣∣1− cosx1+ cosx ∣∣∣∣+ C. 31 Stefane Saize 2) ∫ sin2 xcos3 xdx = ∫ sin2 x(1− sin2 x)d(sinx) = ∫ t2(1− t2)dt = t 3 3 − t 5 5 + C = sin3 x 3 − sin 5 x 5 +C. 3) ∫ dx cos4 x = ∫ d(tgx) cos2 x = ∫ ( 1+ tg2x ) d(tgx) = ∫ (1 + t2)dt = t + t3 3 +C = tgx+ tg3x 3 +C. 1.2.7 Exercı́cios 1. Calcule: a) ∫ dx x2 +6x+25 b) ∫ dx x3 +9x c) ∫ (2x+5)dx 3x2 +6x+1 d) ∫ (x2 +2x+6)dx (x−1)(x−2)(x−4) e) ∫ (2x2 + x+3)dx (x+2)(x2 + x+1) f) ∫ dx (x2−4x+3)(x2 +4x+5) g) ∫ (x5 + x3 +1)dx (x−1)(x2−1)(x3−1 h) ∫ (x3 +1)dx (x2−4x+5)2 i) ∫ dx (x2−4x+3)(x2 +4x+5) j) ∫ 3x+5 (x2 +2x+2)2 2. Calcule: a) ∫ dx 3 √ (2x+1)2− √ 2x−1 b) ∫ dx −3x2 +4x−1 c) ∫ 6√xdx 1+ 3 √ x 32 Análise Matemática I d) ∫ x+1√ x2 +2x+2 e) ∫ dx x √ 2x2−2x−1 f) ∫ x2dx√ 4− x2 g) ∫ x x−1 x+1 dx h) ∫ √x−1√ x+1 dx 3. Calcule: a) ∫ sin2 xcos2 xdx b) ∫ sinxdx√ cos3 x c) ∫ ctgxdx d) ∫ dx√ a2 sin2 x+b2 cos2 x e) ∫ cos x 2 sin x 2 dx f) ∫ cos3xcos5xdx g) ∫ dx 1+ sinx+ cosx h) ∫ dx sin2 xcos4 x i) ∫ dx sin4 x j) ∫ dx cos5 x 33
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