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Agentes Anti-hipertensivos Antagonistas Adrenérgicos Sistema adrenérgico: Alvos potenciais para ação: ● Inibição enzimática pode gerar efeitos em outros sistemas dependentes dos neurotransmissores adrenérgicos, assim como a atuação nas vesículas pré-sinápticas e na exocitose. ● A atuação nos receptores é mais importante porque não afeta de modo geral a liberação de neurotransmissores adrenérgicos e todas as suas funções. ● Os transportadores de recaptação também são alvos interessantes, principalmente quando se desejam fármacos excitatórios, como alguns antidepressivos. ● As enzimas de metabolização podem atuar aumentando ou diminuindo a produção desses neurotransmissores. ● A maioria dos fármacos são inibidores enzimáticos e, portanto, também podem afetar outros sistemas que dependem dos neurotransmissores. ● Os receptores pré-sinápticos são responsáveis por regular a liberação dos neurotransmissores e também são alvos potenciais para a ação dos fármacos. Sítio de ligação adrenérgico Os fármacos agonistas atuam nos receptores adrenérgicos se ligando da mesma forma que a noradrenalina, o agonista endógeno. Por sua vez, os antagonistas podem fazer algumas interações semelhantes, que fazem parte do reconhecimento do fármaco pelo receptor, mas não são capazes de ativar esse alvo. Relação estrutura-atividade Aminas 2º → bases mais fortes → protonam mais facilmente, mas também são metabolizadas mais facilmente. A distância entre o anel catecol e a amina é importante para as diferentes interações com os domínios nos receptores. As hidroxilas são importantes para atividade, mas podem ser substituídas por grupos duais (aceptores e doadores de ligações de hidrogênio). Receptores ALFA x Receptores BETA Os receptores BETA possuem um bolsão hidrofóbico que favorece a interação com grupos mais volumosos. Os receptores ALFA não possuem esse bolsão hidrofóbico, logo, grupamentos mais volumosos que metil ligados ao nitrogênio, perdem a capacidade de interagir com esses receptores, sendo seletivos para os BETA. Com essa descoberta, surgiu a possibilidade de se desenvolver fármacos seletivos para cada um dos receptores. Beta-bloqueadores não seletivos → Carvedilol, Nadolol, Pindolol, Propranolol e Timolol. Beta-bloqueadores cardiosseletivos → Atenolol, Bisoprolol, Nebivolol, Esmolol e Metoprolol. Alfa-bloqueadores → Doxazosina, Prazosina e Terazosina. Surgimento: Levando-se em consideração a estratégia LBDD, utilizando-se como protótipo a adrenalina para os receptores beta, surgiu a Isoprenalina, um agonista adrenérgico com maior seletividade para os receptores beta do que para alfa (grupo isopropílico mais volumoso). Esta, por sua vez, foi utilizada para o desenvolvimento do DCL, no qual substitiu-se as hidroxilas por dois átimos de cloro, tornando a molécula um antagonista. A partir disso, percebendo a lipofilia como um fator contribuinte para a atividade, substitui-se os dois átomos de cloro por outro anel aromático, originando o Pronetalol. A partir desse, surge o Propranolol, no qual foi realizada a mudança da posição do substituinte no anel aromático e a introdução de uma função éster entre o carbono beta substituído e o anel. Propranolol Estimulou a síntese e o ensaio de betabloqueadores derivados; Agente betabloqueador não seletivo e agente antianginoso (1964). O S-propanolol faz uma interação de hidrogênio a mais do que o seu enantiômero R, sendo portanto, um antagonista mais eficiente. Betabloqueadores não seletivos Apesar de não serem seletivos, alguns desses representantes, como o Bucindolol, já começaram a demonstrar certa seletividade. Betabloqueadores B1 seletivos O Practolol foi sintetizado com o objetivo de reduzir a oxidação na posição para do anel do Propranolol. A ideia de modificação envolvia retirar um dos anéis aromáticos para evitar a oxidação considerável, bem como inserir um substituinte na posição para do anel remanescente, com o mesmo propósito. O protótipo para-substituído apresentou uma melhor seletividade em relação ao meta, pois fazia uma interação de hidrogênio com um resíduo de aminoácido no receptor. Sendo assim, observou-se que funções amidas ou grupos aceptores de ligações de hidrogênio na posição para garantiam uma maior seletividade para os B1. Outros representantes Apesar das modificações terem sido vantajosas para a seletividade, é necessário perceber que esses fármacos têm alta tendência a sofrer metabolização por esterases ou oxidações nos pontos substituídos em para. Todos eles apresentam grupos volumosos, que conferem a seletividade para os receptores beta, e os grupos aceptores de LH, que garante seletividade para o subtipo 1. Terceira geração de B1 seletivos: Inserção de grupos ainda mais volumosos ligados à porção amino terminal, também capazes de realizar interações de hidrogênio a mais com os receptores alvo. Além da vantagem quanto à seletividade, esses fármacos também apresentam um perfil farmacocinético melhorado. Bloqueadores Alfa-1 A Prazosina foi o primeiro antagonista alfa-1 seletivo a ser utilizado para hipertensão, mas ela apresentava curta ação, devido a oxidação rápida do anel furano. A Doxazosina e a Terazosina apresentaram maior tempo de duração, devido a substituição do anel furano por anéis que sofriam menos oxidação que o anterior. A estrutura básica apresenta uma certa semelhança com a dos neurotransmissores, de modo que as funções metóxi ligadas ao anel mimetizam o anel catecol, a função amina superior mimetiza a hidroxila da cadeia lateral, e a função piperazina terminal mimetiza a amina terminal dos neurotransmissores adrenérgicos. A diferença dessa classe em relação às demais é a presença de um heterociclo. Agonistas adrenérgicos de ação central Derivado imidazólico → Clonidina; Derivado guanidínico → Guanabenzo; Derivado da tirosina → Metildopa. Mecanismo de ação: ⲁ-Metildopa, Guanfacina e Guanabenzo são seletivos para os receptores alfa-2, que podem atuar no sistema periférico (glândulas salivares → boca seca), no núcleo coeruleus (sedação), bem como em dois núcleos específicos, o núcleo do trato solitário (NTS) e no bulbo ventrolateral rostral (RVLM), regiões controladoras da pressão arterial no SNC, junto com o hipotálamo. Esses receptores presentes nos núcleos específicos levam à inibição da atividade do nervo simpático, inibição da atividade de noradrenalina, redução da vasoconstrição e, consequentemente, hipotensão. A Clonidina, por sua vez, não é seletiva, e pode se ligar a receptores alfa-2 e a receptores imidazolidínicos I1, presentes principalmente no RVLM, também sendo capazes de causar hipotensão. Outros representantes que atuam nos receptores imidazolidínicos são a Moxonidina e a Reminidina. Moxonidina Atua como agonista parcial altamente seletivo para os receptores I1, ligando-se de forma competitiva e, com enorme afinidade, na porção rostral ventrolateral do bulbo (RVLM), principal área responsável pela manutenção da PA e de reflexos vasomotores possuindo receptores alfa-2 adrenérgicos e I1 imidazólicos. A sua estrutura é bastante semelhante à da Clonidina, diferenciando-se apenas pela substituição bioisostérica de um anel aromático para um anel pirimidina, bem como pela substituição de um átomo de cloro por uma metoxila. Metildopa Metabolismo Mecanismo de ação A alfa-metildopa é convertida e armazenada em vesículas como alfa-metilnoradrenalina e desloca a adrenalina. Esse falso neurotransmissor é menos eficaz e compete diretamente com os neurotransmissores adrenérgicos pelos receptores endógenos, gerando menos resposta do que o ligante endógeno. A atuação nos alfa-2 do SNC reduzem o efluxo neuronal adrenérgico para o sistema periférico, reduzindo os efeitos hipertensores do sistema adrenérgico. Antagonistas dos canais de cálcio Sua ação primordial consiste no bloqueio seletivo dos canais de cálcio dependentes de voltagem (subunidade alfa-1 dos canais de cálcio tipo L). O bloqueio desses canais reduz o influxo de cálcio e, consequentemente, a ativação da cascata de contração,principalmente nas células musculares dos vasos sanguíneos e coronarianos, provocando relaxamento e hipotensão. Compreendem três classes quimicamente distintas: Fenilalquilaminas → Verapamil; Diidropiridinas → Nifedipino, Anlodipino, etc; Benzotiazepinas → Diltiazem. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECAs) ● Primeira geração → Grupo Sulfidrila; ● Segunda geração → Grupo Carboxila; ● Terceira geração → Grupo Fosfinila. Sistema Renina-Angiotensina A renina é produzida pelos rins e age sobre o angiotensinogênio transformando-o em angiotensina I que é inativa e é ativada pela ECA. A angiotensina II tem ação vasoconstritora, elevando a pressão sanguínea. A via da bradicinina também é importante, pois esse composto possui algumas atividades hipotensoras, como a vasodilatação, e o bloqueio de sua metabolização por alguns IECAs pode levar a alguns efeitos importantes, especialmente durante o uso prolongado. Inibidores da Renina O Alisquireno é o único representante dessa classe que está disponível no mercado, ele atua por inibição direta da renina, impedindo assim a conversão de angiotensinogênio em angiotensina I e, consequentemente, a formação de angiotensina II. Alisquireno no sítio catalítico da renina e as interações que ele realiza com o mesmo. O bloqueio da renina não é interessante porque a não produção total da angiotensina II acaba dificultando os efeitos fisiológicos desse composto. IECAs Sulfidrílicos Surgimento → Captopril Pessoas acometidas pela picada da jararaca tinham uma queda abrupta da pressão arterial → estudos da composição do veneno desta levaram à descoberta de um tetraprotídeo, responsável pela hipotensão. Foi observado também que esse composto competia com o decapeptídeo inativo da angiotensina I pelo sítio ativo da ECA → bloqueio desta enzima, impedindo a formação de angiotensina II. Além disso, descobriu-se interações importantes com a ECA, como a hidrofóbica e a quelação com Zn+2, além de interação iônica com o COOH. Chegou-se à conclusão de que existiam grupos importantes para a atividade como, por exemplo, a interação de uma carbonila por ligação de hidrogênio. As regiões R1 e R2 poderiam ser variáveis e fazer interações adicionais, como no bolsão hidrofóbico. Por fim, o ponto fundamental para a interação com a ECA seria a interação com o cofator da mesma, Zn+2. A partir dessas observações, surgiu a Succinil Prolina, primeiro fármaco dessa classe derivado da observação do tetraprotídeo. Esta continha um resíduo de ácido carboxílico, a carbonila inferior ligada a um anel nitrogenado (amida impedida estericamente), seguido de outro resíduo carboxilato. Entretanto, esse fármaco não apresentava nenhum resíduo hidrofóbico. Sendo assim, a primeira modificação nesse fármaco foi a mudança do resíduo de ácido carboxílico por um tiol, pois o enxofre realiza uma melhor quelação com o átomo de zinco, por ser um átomo maior e com mais elétrons nas camadas mais distantes. Com isso, originou-se a 3-mercaptopropanoil prolina, mais potente que o fármaco de origem. Outra proposta de modificação na Succinil Prolina foi a inserção de um grupo hidrofóbico CH3 por bioisosterismo não clássico, originando a (S)-2-metil succinil prolina, com maior atividade. Por fim, a partir da hibridização desses dois protótipos, surgiu o Captopril, representante da classe dos IECAs sulfidrílicos. IECAS Dicarboxílicos São considerados dicarboxílicos pela presença desses grupos em ambas as extremidades da molécula. Esses IECAS são, na verdade, pró-fármacos que são metabolizados no fígado dando origem ao fármaco ativo. O resíduo de ácido carboxílico na porção C (azul) é necessário para a quelação com o Zn e inativação da enzima. Problema → resíduos de ácido carboxílico fazem com que a biodisponibilidade do fármaco seja baixa devido à rápida metabolização. Para reverter isso, transformou-se um desses resíduos de ácido em um éster, que por sua vez é inativo por não realizar quelação com a enzima, e que precisava sofrer hidrólise para originar a porção ativa do fármaco. Interações com o alvo: No caso dos derivados dicarboxílicos, eles podem até ser parcialmente metabolizados em um resíduo de ácido pela ECA, mas não originam a angiotensina II já que o restante da molécula é diferente. Esse mecanismo funciona como uma espécie de sabotagem. Representantes: Ramipril → ciclopentil (expansão molecular). Benazepril → benzílogo (expansão molecular). A inserção do anel aromático como grupo hidrofóbico mimetizando o resíduo de fenilalanina foi importante para aproximar o grupo ácido carboxílico da função zinco. IECAs Fosfínicos: Fosinopril Representa a terceira geração de IECAS; Substituição bioisostérica não clássica de um resíduo de ácido carboxílico por um grupamento fosfato; Pró-droga estérica → hidrolisado por esterases para a sua forma farmacologicamente ativa, o Fosinoprilato; Inibidor competitivo específico da ECA. O resíduo ciclohexil é importante para interação hidrofóbica no sítio da enzima, bem como para aproximar o resíduo de ácido carboxílico do seu local de interação iônica. O aumento do espaçamento entre a cadeia lateral e o anel aromático terminal também foi importante para a aproximação do grupo fosfato com o Zn da enzima para a ocorrência da quelação. Vias metabólicas dos IECAS: Antagonistas do receptor de angiotensina II Surgimento da classe → como já se conhecia o peptídeo mimético do veneno da jararaca que era capaz de competir pela ECA com o peptídeo da angiotensina I, começou-se a estudar o octapeptídeo da ATII e a pesquisar peptídeos miméticos. Surgiu assim, um dos primeiros peptídeos miméticos da angiotensina II, que se ligava aos receptores desse composto principalmente por meio do resíduo de carbonila em destaque. Receptores AT1 → mediador no sistema cardiovascular, renal e nervoso central. Receptores AT2 → pouco conhecido. Selecionando os principais resíduos de aminoácidos do peptídeo mimético que eram capazes de interagir com o receptor AT1 e bloqueá-lo, surgiram os fármacos dessa classe. O primeiro protótipo mais promissor surgiu, por LBDD, a partir da utilização de um resíduo de ácido carboxílico, de um anel imidazolidínico que mimetiza a histidina, e um grupamento butílico também semelhante a um resíduo de aminoácido. A região nitrada terminal era um grupo auxofórico. A partir desse composto promissor, surgiu a Losartana, um dos primeiros ARAs comerciais. ↪ Metabólito ativo da Losartana 14% da Losartana é oxidada formando EXP-3174, um antagonista não competitivo do AT1, que é de 10 a 40 vezes mais potente que o fármaco original. Apesar disso, a Losartana não pode ser considerada um pró-fármaco, pois também apresenta atividade. Estrutura geral dos ARAs R = ácido carboxílico ou qualquer grupamento capaz de realizar interações eletrostáticas. Diuréticos
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