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ASPECTOS GERAIS – O PROCESSO INVESTIGATIVO A Psicologia é reconhecida como uma ciência com os seus métodos e objetos de estudos; As teorias, incluindo as que se referem ao desenvolvimento humano, tem origem em pesquisas e/ou são testadas por elas. Os pesquisadores das mais variadas perspectivas teóricas se utilizam de diferentes métodos para estudar os sujeitos em uma diversidade de ambientes; O método científico se refere a um processo geral que caracteriza todas as investigações científicas. OBSERVAÇÃO Principais características - É um método bastante utilizado nas ciências para a obtenção de dados que serão posteriormente analisados por outros métodos. Assim, é versátil e pode ser utilizada isolada e independentemente ou ser conjugada com outros métodos. É diferente de uma observação quotidiana. Vantagens - Exige menos do observado; permite colher dados (comportamentos/informações) que podem não aparecer em outros métodos. Desvantagens - Tendencionalidade; a presença do observador; é onerosa. ENTREVISTA Principais características - A entrevista de investigação tem como objetivo recolher dados acerca dos sujeitos entrevistados que permitam a fundamentação de teorias psicológicas. 1 – Estruturada; 2 – Semiestruturada; 3 -Não estruturada. Vantagens - Permite postura flexível e profundidade; pode ser uma fonte rica de informações. Desvantagens - Imprecisão nas respostas; falhas de memórias; distorção das respostas. MÉTODO EXPERIMENTAL Principais características - Procedimento controlado em que um investigador manipula uma variável designada variável independente (VI) para estudar a influência da desta em uma ou várias outras variáveis a que chamamos variáveis dependentes (VD); Vantagens - Pode-se estabelecer relações de causa-efeito; permite controle das variáveis* e, assim, a replicação do estudo. Desvantagens - A artificialidade; questões éticas envolvidas. ESTUDO DE CASO Principais características - Estudo aprofundado de um único indivíduo ou de uma única unidade de análise. Vantagens - Fornece um quadro mais detalhado sobre o comportamento e desenvolvimento do objeto de estudo, podendo suscitar novas hipóteses. Desvantagens - Impossibilidade de generalizações e de estabelecimento de relações causa-efeito. ESTUDO ETNOGRÁFICO Principais características - Estudo aprofundado sobre uma cultura ou subcultura. Vantagens - Pode ajudar a diminuir as influências culturais na teoria e pesquisa; pode testar a universalidade de fenômenos do desenvolvimento. Desvantagens - Está sujeito ao viés do pesquisador. TESTAGENS/MEDIDAS DO COMPORTAMENTO Principais características - Os participantes são submetidos a testes de capacidades, conhecimentos, competências, respostas físicas, etc. Vantagens - Fornecem informações objetivamente mensuráveis e podem evitar distorções subjetivas. Desvantagens - Os resultados podem ser afetados por variáveis estranhas ao propósito do estudo. MODELOS DE PESQUISA EM DESENVOLVIMENTO ESTUDOS LONGITUDINAIS Coletas são efetuadas durante um determinado período de tempo, empregando sempre os mesmos sujeitos; Este método é demorado e dispendioso, porém muito útil para avaliar efeitos posteriores de experiências iniciais, demonstrando mudanças; Por exemplo: Estudo sobre competências desenvolvidas na adolescência e suas implicações na vida adulta dos sujeitos acompanhados. ESTUDOS TRANSVERSAIS As coletas são efetuadas em sujeitos de diferentes idades, ao mesmo tempo; Por ser mais fácil e econômico, o método transversal tem sido usado mais frequentemente. Pode encobrir diferenças individuais; Exemplo: Estudo sobre o aumento da consciência do pensamento como atividade mental com o passar da idade. ESTUDOS SEQUENCIAIS Dados sobre amostras transversais ou longitudinais são coletados sucessivamente; Pode evitar as desvantagens dos modelos anteriormente citados, mas exige muito tempo e dedicação. Possui também análise de dados mais complexa; QUESTÕES ÉTICAS IMPORTANTES Rigor metodológico; Consentimento livre e esclarecido; Direito a confidencialidade e privacidade; Cuidado com informações inverídicas; Pesquisas com crianças e suas especificidades. PIAGET (1896-1980) Biólogo e filósofo conhecido pelo seu trabalho no campo da inteligência infantil. Tinha uma visão organicista do desenvolvimento como o produto dos esforços da criança para entender e agir em seu mundo. “Piaget viu as crianças de um modo orgânico, ativas, seres em crescimento, com os seus próprios impulsos internos e padrões de desenvolvimento. “– Papalia, 2001. A criança era construtora do seu próprio mundo, assim segundo Piaget o desenvolvimento cognitivo ocorre em diferentes estágios. O QUE É O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO? Mudanças ao nível das capacidades mentais, tais como aprendizagem, memória, raciocínio e criatividade. Está intimamente ligado ao crescimento físico e emocional. Desenvolvimento como um processo direcional (estágios); O organismo e o meio exercem uma ação recíproca e essa ação acarreta em mudanças sobre o indivíduo; A inteligência tem a função de adaptar o organismo às exigências do meio (manter-se equilibrado através dos mecanismos de assimilação e acomodação). ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO Sensório-motor (0-18/24 meses) - Segundo Piaget, este é o primeiro estágio do desenvolvimento cognitivo, no qual os bebês aprendem acerca de próprios e do mundo através da atividade sensorial e motora em desenvolvimento. Pré-Operatório (2-7anos) - Estágio no qual as crianças se tornam mais sofisticadas no uso do pensamento simbólico, contudo ainda não são capazes de usar a lógica. Operações Concretas (7 - 11/12 anos) - Estágio durante o qual as crianças desenvolvem o pensamento lógico, sem entenderem o abstrato. Operações Formais (11/12 - 15/16anos) - Estágio final de desenvolvimento que, segundo Piaget, é caracterizado pela capacidade para pensar de forma abstrata. SENSÓRIO-MOTOR (0-18/24 MESES) Este estágio é constituído por 6 sub-estágios, que decorrem à medida que os esquemas do bebê se tornam mais elaborados. Segundo Piaget, estes comportamentos ocorrem através de reações circulares, nas quais o bebê aprende a reproduzir acontecimentos desejados que, inicialmente, teriam sido descobertos por acaso. OS 6 SUB-ESTÁGIOS 1º - do nascimento a um mês - Algum controle sobre os reflexos inatos 2º - por volta de um a quatro meses - Aprende a repetir sensações corporais agradáveis obtidas ao acaso e coordenação de diferentes informações sensoriais 3º - em torno de quatro a oito meses - Repetem intencionalmente uma ação, para além de seu corpo 4º - em torno de oito a doze meses - Generalizações de experiências passadas para resolver novos problemas 5º - por volta de doze a dezoito meses - Variações de uma ação para obter um resultado semelhante, por tentativa e erro 6º - entre dezoito meses e dois anos - Capacidade de representação, sem recorrer a tentativa e erro ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (2-7ANOS) PRINCIPAIS AVANÇOS NO DESENVOLVIMENTO... A função simbólica - Se lembrar e pensar em coisas que não estão presentes fisicamente. Imitação transferida, brincadeiras de faz-de-conta e linguagem Entendimento de objetos no espaço - Capacidade para trabalhar com escalas e localização espacial Entendimento da causalidade - Raciocínio por transdução (dois eventos próximos no tempo, haja ou não uma relação causal lógica) Entendimento de identidades e categorização - Capacidade cognitiva com implicações psicossociais Entendimento de números - Princípios de contagem ASPECTOS IMATUROS DO PENSAMENTO Egocentrismo - Expressão da centração. Prova das três montanhas Conservação - Duas coisas permanecem iguais se sua aparênciafor alterada Teoria da mente e estados mentais - Consciência de seus processos mentais e os de outras pessoas Falsas crenças e dissimulação - Caixa com bombons X Caixa com lápis de cor Distinção entre aparência e realidade - Leite verde X Leite branco Distinção entre fantasia e realidade - Caixa de coelho imaginário X Caixa de monstro imaginário Neste estágio a criança já não depende unicamente das suas sensações e movimentos. O desenvolvimento da representação cria as condições para a aquisição da linguagem, pois a capacidade de construir símbolos possibilita a aquisição dos significados sociais existentes no contexto em que a criança vive. A criança interioriza o meio, sendo capaz de representá-lo mentalmente. OPERAÇÕES CONCRETAS (7 - 11/12 ANOS) AVANÇOS COGNITIVOS... Relações espaciais e causalidade - Noções mais claras sobre tempo, distância e informações espaciais Categorização - Classificar em categorias ajuda a pensar logicamente Raciocínio indutivo e dedutivo - Meu cachorro late, os dos meus amigos também, logo, todos os cachorros latem. (Mas e os que não latem?) Todos os cachorros latem. Bob é um cachorro. Bob late. Conservação - Consegue perceber a identidade, a reversibilidade e descentrar Números e matemática - Contas “de cabeça”. 5 mais 3= 5 + 6, 7 8. OPERAÇÕES FORMAIS (11/12 - 15/16ANOS) AVANÇOS COGNITIVOS... Capacidade de pensar em termos abstratos Manipulação de informações Podem utilizar símbolos para representar outros símbolos - X como numeral desconhecido Implicações emocionais dos termos abstratos - Antes: amar os pais ou odiar um colega - Agora: amar a liberdade ou odiar a exploração Raciocínio Hipotético-Dedutivo - Sabe desenvolver uma hipótese e sabe elaborar um experimento para testá-la. ELKIND: ASPECTOS IMATUROS DO PENSAMENTO ADOLESCENTE Idealismo e criticismo - Mundo ideal X Adultos que não sabem Tendência a discussão - Exibição de raciocínios e argumentação Indecisão - Dificuldade diante de várias alternativas Hipocrisia aparente - Preocupação com o meio ambiente X Uso demasiado de carro Autoconsciência - “público imaginário” Ser especial e invulnerabilidade / “fábula pessoal” - Uso de drogas ou amor extremo. Ligados a comportamentos de risco e autodestrutivos. A teoria sociocultural de Vygotsky enfatiza o envolvimento ativo da criança com o seu ambiente; Crescimento cognitivo como um processo colaborativo; Atividades compartilhadas ajudam a criança a internalizar os modos de pensar da sociedade, cujos hábitos passam a ser seus; A TEORIA SOCIOCULTURAL Os adultos ou os pares mais desenvolvidos devem ajudar a direcionar e a organizar a aprendizagem da criança antes que esta possa dominá-la e internalizá-la; A responsabilidade pelo direcionamento e monitoração da aprendizagem aos poucos passa a ser da criança. DESENVOLVIMENTO ATRAVÉS DE INTERAÇÕES SOCIAIS: MEDIAÇÕES Para Vygotsky o ser humano nasce com funções psicológicas elementares que, a partir do aprendizado da cultura, transformam-se em funções de ordem superior. Ordem Biológica DESENVOLVIMENTO DAS FUNÇÕES MENTAIS SUPERIORES OU PROCESSOS MENTAIS COMPLEXOS Ocorre através da chamada mediação. Instrumentos: objetos, ferramentas criadas pela necessidade de intervenção do homem no mundo; ex: navegações. Signos: representações, as palavras representam signos linguísticos e os números, signos matemáticos; ex: letras, gestos, figuras. SISTEMAS DE SIGNOS Ordem sociocultural Aprendizado que possibilita o desenvolvimento de processos mentais complexos Indicador: Fumaça = Fogo Icônico: = Fogo Simbólico + representa a soma Para Vygotsky, é pela interiorização desses sistemas - produzidos culturalmente - que se dá o desenvolvimento cognitivo, ou seja, a aprendizagem de signos se dá na interação social; A matemática e a linguagem são sistemas de signos. O domínio de linguagens abstratas permite um afastamento de um contexto concreto, o que leva ao desenvolvimento do pensamento conceitual e proposicional; Exemplo: a internalização da fala leva a independência em relação à realidade concreta e permite o pensamento abstrato flexível. A APRENDIZAGEM SOCIAL O desenvolvimento cognitivo consiste, em boa parte, no acesso progressivo a esses signos e sua utilização; A aprendizagem de signos se dá em situações de interação social assimétrica, ou seja, quando uma pessoa mais competente no uso de um sistema de signos interage com outra. Essa é a fase externa do desenvolvimento. Pode se dar em duas etapas: - A interpessoal: no nível social, entre as pessoas; - A intrapessoal: no nível individual, no interior do sujeito. ZONAS DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL (ZDP) Zona de desenvolvimento real: - Funções mentais que se estabeleceram como resultado de ciclos de desenvolvimento já completados. O que a criança consegue realizar sem ajuda. Zona de desenvolvimento potencial - Resolução de problemas com orientação de um adulto ou de pares que possuem mais conhecimento. O que a criança ainda só consegue realizar com ajuda. ZDP E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR A organização das ações pedagógicas deve se adiantar ao desenvolvimento, pois o aprendizado orientado para níveis de desenvolvimento já atingidos é ineficaz; A sequenciação do aprendizado deve sempre resultar nas ZDP’s. RESUMO Para Vygotsky, processo dialético do desenvolvimento opera principalmente durante a interação com adultos, colegas mais qualificados ou pares de igual habilidade e durante o jogo. O movimento através da zona é um processo dialético em que a criança colabora com outra pessoa e eles co- constroem o significado da tarefa, uma meta e uma solução. Teoria de Vygotsky nos ajuda a entender nossa sociedade e nosso mundo em rápida mudança. O campo do desenvolvimento psicologia está avançando em direção a uma perspectiva em que a diversidade cultural e os processos culturais estão totalmente integrados em qualquer desenvolvimento; Assim, abordagens socioculturais forçam pesquisadores a reexaminar dicotomias como cultura versus mente, pensamento versus ação e pessoa versus contexto. OS NEOVYGOTSKYANOS Nomes como: Gerken, Greenfield, Davidov & Zinchenko, Ivic, Daniels, Tudge, entre outros; Principais críticas: - Atribuição às mudanças de ZDP à criação, ao desenvolvimento e à comunicação de significado pelo uso colaborativo de meios mediacionais, e não na transferência de habilidades do parceiro mais capaz para o menos capaz; - Há quem considere estritamente os cenários binários, em que possam existir somente um perito e um novato; e há os que considerem o “outro social” interagindo com esse indivíduo; - Processos privados. ABORDAGEM DO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO: PERCEPÇÕES E REPRESENTAÇÕES Os pesquisadores do processamento de informação analisam separadamente cada parte de uma tarefa complexa, como aquelas de busca de objeto de Piaget, para tentar entender quais são as habilidades necessárias para cada parte da tarefa e em que idade essas habilidades se desenvolvem. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NOS TRÊS PRIMEIROS ANOS HABITUAÇÃO Tipo de aprendizagem em que a familiaridade com um estímulo reduz, torna mais lenta ou faz cessar uma resposta. Em outras palavras, a familiaridade gera perda de interesse; A desabituação: aumento da resposta após a apresentação de um novo estímulo; Gostar de olhar para coisas novas e a elas habituar-se rapidamente correlaciona-se com sinais posteriores de desenvolvimento cognitivo, como preferência pela complexidade, rápida exploração do ambiente, brincadeiras sofisticadas, rápida resolução de problemas e a capacidade de comparar figuras. Os pesquisadores aferem a eficiência do processamento de informação por parte do bebê medindo a rapidez com quea criança se habitua a estímulos familiares, recupera a atenção quando exposta a um novo estímulo e quanto tempo se entretém olhando para o novo e para o velho estímulo. A velocidade de habituação e outras habilidades de processamento de informação mostram-se promissoras como indicadores de inteligência. CAPACIDADES DE PERCEPÇÃO E PROCESSAMENTO VISUAL E AUDITIVO Preferência visual: tendência dos bebês a passar mais tempo olhando para uma imagem e não para outra; A tendência a preferir novas imagens às mais familiares é chamada de preferência por novidade; Bebês com menos de 2 dias de idade preferem: linhas curvas, padrões complexos, objetos tridimensionais, figuras de faces, ou configurações semelhantes a faces e imagens novas. Memória de reconhecimento visual: capacidade de distinguir um estímulo visual familiar de outro não familiar quando ambos são mostrados ao mesmo tempo; A memória de reconhecimento visual depende da comparação entre a informação que chega e a informação que a criança já tem – em outras palavras, da capacidade de formar e referir-se a representações mentais; Estudos sobre discriminação auditiva também se baseiam na preferência da atenção. Esses estudos constataram que recém-nascidos conseguem distinguir sons que já ouviram daqueles que ainda não ouviram; Piaget sustentava que os sentidos não estão interligados desde o nascimento e só gradualmente são integrados mediante a experiência; Transferência intermodal: capacidade de utilizar informações obtidas por intermédio de um dos sentidos para orientar outro – por exemplo, quando uma pessoa atravessa uma sala escura tateando para localizar objetos familiares ou identifica objetos pela visão depois de apalpá-los com os olhos fechados. Ato de sugar (tato) visão. ESTUDO DA ATENÇÃO A capacidade de atenção conjunta – que é de fundamental importância para a interação social, a aquisição da linguagem e a compreensão dos estados mentais e das intenções alheias – desenvolve-se entre 10 e 12 meses, quando os bebês acompanham o olhar dos adultos, olhando ou apontando na mesma direção; Bebês que espontaneamente apontavam para o objeto ao mesmo tempo em que olhavam para ele tiveram um crescimento mais rápido no vocabulário. O PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO COMO INDICADOR DE INTELIGÊNCIA Continuidade X Descontinuidade do desenvolvimento cognitivo; Crianças que desde o começo são eficientes em assimilar e interpretar informações sensoriais apresentam, mais tarde, boas pontuações em testes de inteligência; A reação visual e a antecipação visual podem ser medidas pelo paradigma da expectativa visual. Acredita-se que essas medidas indicam nível de atenção e velocidade de processamento, bem como a tendência a formar expectativas com base na experiência. É preciso ser cauteloso ao interpretar as descobertas. Quanto à previsibilidade do QI na infância a partir de medidas de habituação e de memória de reconhecimento, é apenas razoável. Além disso, previsões com base tão somente nas medidas de processamento de informação não levam em conta a influência de fatores ambientais. O PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES PIAGETIANAS Pesquisas baseadas no processamento visual de bebês têm apresentado aos cientistas do desenvolvimento uma perspectiva sobre a evolução cronológica de desenvolvimentos cognitivos como categorização, causalidade, permanência do objeto e número, todos eles dependentes da formação de representações mentais; CATEGORIZAÇÃO Dividir o mundo em categorias significativas é essencial para pensar os objetos ou conceitos e suas relações. É o fundamento da linguagem, raciocínio, resolução de problemas e memória; Para Piaget ocorre a partir do sexto subestágio sensório- motor, por volta dos 18 meses; A princípio, os bebês parecem categorizar com base em aspectos perceptuais, tais como forma, cor e padrão; mas entre 12 e 14 meses suas categorias tornam-se conceituais, baseadas no conhecimento do mundo real, particularmente da função. CAUSALIDADE Para Piaget, a noção de causalidade ocorre por volta de um ano de idade. No entanto, estudos em processamento de informação sugerem que algum entendimento sobre causalidade pode emergir mais cedo, quando os bebês tiveram a experiência de observar como e quando os objetos se movem; À medida que os bebês acumulam mais informações sobre o comportamento dos objetos, tornam-se mais aptos a ver a causalidade como um princípio geral que opera em diversas situações. PERMANÊNCIA DO OBJETO Violação de expectativas: método de pesquisa em que a desabituação a um estímulo que conflita com a experiência é tomada como evidência de que o bebê reconhece o novo estímulo como algo que o surpreende; A tendência do bebê em olhar por mais tempo para o evento alterado é interpretada como evidência de que o bebê está surpreso; Baillargeon encontrou evidências de permanência do objeto em bebês de 3 meses e meio. NÚMEROS Wynn (pesquisa de soma e subtração simples com Mickey para bebês de 5 meses) sugere que os conceitos numéricos são inatos. “atribuir conceitos de número a bebês simplesmente porque eles sabem discriminar entre séries contendo diferentes números de elementos é análogo a atribuir competência numérica a pombos que podem ser ensinados a bicar uma tecla quatro vezes” (kagan, 2008, p. 1.613). AVALIANDO PESQUISAS EM PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO COM BEBÊS Possibilidade de que pelo menos formas rudimentares de categorização, raciocínio causal, permanência do objeto e noção de número possam estar presentes nos primeiros meses de vida. Assim, dizem os críticos, devemos ser cautelosos com a superestimação das habilidades cognitivas dos bebês com base em dados que podem ter explicações mais simples ou talvez representem apenas conquistas parciais de habilidades maduras. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA SEGUNDA INFÂNCIA ABORDAGEM DO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DA MEMÓRIA Durante a segunda infância as crianças melhoram a atenção e a rapidez e eficiência com que processam as informações; e começam a formar memórias de longo prazo. Ainda assim, crianças pequenas não se lembram tão bem quanto as mais velhas; PROCESSOS E CAPACIDADES BÁSICOS Os teóricos do processamento de informação imaginam a memória como um sistema de arquivamento que tem três passos ou processos: A codificação é como colocar informações em uma pasta para ser arquivada na memória; ela anexa um “código” ou “rótulo” à informação a fim de que ela seja mais fácil de se encontrar, quando necessário. Os eventos são codificados juntamente com a informação a respeito do contexto em que eles se encontram. O armazenamento é a colocação da pasta no arquivo. A recuperação ocorre quando a informação é necessária; a criança procura então o arquivo e o pega. Os modelos de processamento de informação descrevem o cérebro como um sistema que contém três “depósitos”: 1 – A memória sensorial 2 – A memória de trabalho 3 – A memória de longo prazo MEMÓRIA SENSORIAL A memória sensorial é um “tanque de contenção” temporário para a informação sensorial recebida e apresenta pouca mudança da primeira infância em diante. Entretanto, sem processamento (codificação), a memória sensorial desaparece rapidamente. MEMÓRIA DE TRABALHO A informação a ser codificada ou recuperada é mantida na memória de trabalho, às vezes chamada de memória de curto prazo – um “depósito” de curto prazo para informações em que a pessoa está trabalhando ativamente: tentando entender, lembrar ou pensar em algo. MEMÓRIA DE LONGO PRAZO O aumento da memória de trabalho permite o desenvolvimento da função executiva, o controle consciente de pensamentos, emoções e ações para atingir metas ou solucionar problemas; Haveria então uma central executiva que controla as operaçõesde processamento na memória de trabalho. Essa central organiza a informação codificada a ser transferida para a memória de longo prazo, um “depósito” de capacidade virtualmente ilimitada que guarda a informação durante longos intervalos de tempo. RECONHECIMENTO E LEMBRANÇA O reconhecimento e a lembrança são tipos de recuperação. Reconhecimento é a capacidade de identificar algo encontrado antes (por exemplo, reconhecer uma luva em uma caixa de achados e perdidos). Lembrança é a capacidade de reproduzir conhecimento contido na memória. Quanto mais familiaridade uma criança tem com um item, melhor ela se lembra dele. FORMAÇÃO E RETENÇÃO DE MEMÓRIA DA INFÂNCIA Um pesquisador (Nelson, 1993) distinguiu três tipos de memória infantil que servem a três funções diferentes: 1 – Genérica 2 – Episódica 3 – Autobiográfica MEMÓRIA GENÉRICA A memória genérica, que se inicia aproximadamente aos 2 anos de idade, produz um roteiro (script), ou esboço geral de um evento familiar, repetido, como ir de ônibus à pré-escola ou almoçar na casa da vovó. Ela ajuda uma criança a saber o que esperar e como agir. MEMÓRIA EPISÓDICA A memória episódica se refere à consciência de ter experimentado um evento ou episódio em particular em um tempo e lugar específicos. As crianças pequenas lembram- se mais claramente de eventos que são novos para elas; As memórias episódicas são temporárias. A menos que se repitam diversas vezes (neste caso são transferidas para a memória genérica), elas perduram algumas semanas ou meses e depois se desvanecem. MEMÓRIA AUTOBIOGRÁFICA A memória autobiográfica, um tipo de memória episódica, refere-se a memórias de experiências características que formam a história de vida de uma pessoa. Nem tudo na memória episódica torna-se parte da memória autobiográfica – apenas aquelas memórias que têm um significado especial e pessoal para a criança; A memória autobiográfica geralmente surge entre as idades de 3 ou 4 anos. Conceito de self. INFLUÊNCIAS NA RETENÇÃO DE MEMÓRIAS A singularidade do evento; O impacto emocional; A participação ativa das crianças, ou no próprio evento ou ao recontá-lo ou representá-lo; O modelo de interação social, o qual sustenta que as crianças constroem colaborativamente memórias autobiográficas com seus pais ou outros adultos ao conversarem a respeito de eventos compartilhados. TERCEIRA INFÂNCIA ABORDAGEM DO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO: PLANEJAMENTO, ATENÇÃO E MEMÓRIA À medida que seu conhecimento aumenta, as crianças tornam-se mais conscientes dos tipos de informação importantes a que elas devem dar mais atenção e lembrar. As crianças em idade escolar também entendem mais sobre o funcionamento da memória, e este conhecimento lhes permite planejar e usar estratégias, ou técnicas deliberadas, para ajudar a lembrá-las. COMO AS HABILIDADES EXECUTIVAS SE DESENVOLVEM? O desenvolvimento gradual da função executiva da primeira infância até a adolescência acompanha o desenvolvimento do cérebro, particularmente do córtex pré-frontal, a região que permite planejar, julgar e tomar decisões; O processamento mais rápido e mais eficiente aumenta a quantidade de informação que as crianças podem manter na memória de trabalho, permitindo o pensamento complexo e o planejamento dirigido ao objetivo. O ambiente de casa também contribui para o desenvolvimento de habilidades executivas; As crianças em idade escolar desenvolvem habilidades de planejamento tomando decisões sobre suas próprias atividades diárias. As atitudes dos pais afetam o ritmo com que isso é permitido às crianças. ATENÇÃO SELETIVA O crescimento na atenção seletiva – a capacidade de deliberadamente direcionar a atenção e afastar distrações – pode depender da habilidade executiva de controle inibitório, a supressão voluntária de respostas indesejadas; Crianças em idade escolar podem concentrar-se por mais tempo do que crianças mais novas e podem focalizar-se na informação que necessitam e desejam enquanto filtram informações irrelevantes. MEMÓRIA DE TRABALHO A capacidade da memória de trabalho de uma criança pode afetar diretamente seu sucesso escolar; Crianças com memória de trabalho baixa têm dificuldade com atividades de aprendizagem estruturadas e para acompanhar instruções prolongadas; As diferenças individuais na capacidade da memória de trabalho estão associadas à capacidade de uma criança de adquirir conhecimento e novas habilidades. METAMEMÓRIA: ENTENDENDO A MEMÓRIA Entre as idades de 5 e 7 anos, os lobos frontais do cérebro passam por um desenvolvimento e reorganização significativos. Essas mudanças podem possibilitar a melhora da metamemória, o conhecimento sobre os processos da memória; MNEMÔNICA: ESTRATÉGIAS PARA LEMBRAR Os dispositivos que auxiliam a memória. Anotar um número de telefone, fazer uma lista, programar um despertador são exemplos de auxiliares de memória externos: estímulos por alguma coisa fora da pessoa; Dizer o número de um telefone repetidamente após olhá-lo, a fim de não o esquecer antes de discar, é uma forma de retenção, ou repetição consciente; Organização é colocar mentalmente a informação em categorias (por exemplo, animais, mobília, veículos e roupas) para facilitar a lembrança; Na elaboração, as crianças associam itens a alguma outra coisa, tal como uma cena ou história imaginada. ADOLESCÊNCIA MUDANÇAS NO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO As mudanças na forma como os adolescentes processam a informação refletem o amadurecimento dos lobos frontais do cérebro e podem ajudar a explicar os avanços cognitivos que Piaget descreveu; O progresso no processamento cognitivo varia muito entre os adolescentes; Pesquisadores do processamento de informação identificaram duas amplas categorias de mudanças mensuráveis na cognição do adolescente: mudança estrutural e mudança funcional. MUDANÇA ESTRUTURAL Incluem mudanças na capacidade da memória de trabalho e na crescente quantidade de conhecimento armazenada na memória de longo prazo. A informação armazenada na memória de longo prazo pode ser: 1 – O conhecimento declarativo (“saber que...”) consiste em todo o conhecimento factual adquirido por uma pessoa (por exemplo, saber que 2 + 2 = 4 e que Juscelino Kubitschek construiu Brasília). 2 – O conhecimento procedural (“saber como...”) consiste em todas as habilidades adquiridas por uma pessoa, como ser capaz de multiplicar e dividir e de dirigir um carro. 3 – O conhecimento conceitual (“saber por que...”) é um entendimento de, por exemplo, porque uma equação algébrica continua sendo verdadeira se a mesma quantidade for adicionada ou subtraída de ambos os lados. Psicólogo canadense da escola behaviorista que questionou a teoria de Skinner; valorizando os processos cognitivos. Teoria da aprendizagem social A APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL Aprendizagem de novas respostas por meio da observação de outras pessoas; Um dos primeiros e mais básicos pressupostos da teoria sociocognitiva de Bandura é que os seres humanos são capazes de aprender uma infinidade de atitudes, habilidades e comportamentos. 1 - Ofereci ajuda a minha mãe 2 - Ela me deu um abraço em agradecimento 3 - Meu irmão viu e fez o mesmo no dia seguinte Bandura acredita que a aprendizagem por observação é muito mais eficiente do que a aprendizagem por experiência direta. Ao observar outras pessoas, os seres humanos são poupados de inúmeras ações que poderiam ser seguidas de punição ou reforço. REFORÇO VICARIANTE Aprendizado ou fortalecimento de uma resposta por meio da observação das consequências de tal comportamento; RESPOSTA: Ajudar a mãe CONSEQUÊNCIA: Abraço (reforço) REFORÇO VICARIANTE: Ver o irmão sendo abraçado APRENDIZAGEM ATIVA Bandura acredita que comportamentos humanos complexos podem ser aprendidos quando as pessoas refletem sobreseus comportamentos e avaliam suas consequências. As consequências têm pelo menos 3 funções: - informar os efeitos as ações; - motivar o comportamento de antecipação; - reforçar o comportamento. A MODELAGEM A base da aprendizagem por observação é a modelagem. A modelagem envolve processos cognitivos: não é simples cópia ou imitação. É mais do que reproduzir as ações do outro; envolve a representação simbólica de uma informação e seu armazenamento para uso futuro. FATORES QUE INFLUENCIAM A MODELAÇÃO Características do modelo - Semelhança, idade e sexo, status e prestígio Características dos observadores - Autoestima e reforço Consequências associadas ao comportamento - Reforço X Punição PROCESSOS COGNITIVOS Os processos cognitivos são importantes, pois o irmão não imitou automaticamente a resposta de oferecer ajuda, mas sim tomou a decisão deliberada e consciente de agir da mesma forma. Bandura observou que a natureza da aprendizagem de observação é governada por quatro processos cognitivos: PROCESSOS DE ATENÇÃO Não é possível a aprendizagem de observação sem que o indivíduo esteja atento ao modelo. A simples exposição não garante que ele estará atento às pistas e estímulos relevantes; PROCESSOS DE RETENÇÃO Os indivíduos precisam lembrar-se dos aspectos significativos dos comportamentos para poderem imitá-los; Observar -> Codificar -> Representar simbólicamente PROCESSOS DE PRODUÇÃO A prática calibra e consolida o que foi observado e registrado e o conduz ao desemprenho correto do comportamento; PROCESSOS INCENTIVO E MOTIVAÇÃO Antecipação de suas consequências gratificantes (reforçadoras); Antecipação do afastamento das consequências punitivas CAUSAÇÃO TRIÁDICA RECÍPROCA Bandura criticava os teóricos que atribuem a causa do comportamento humano a forças internas, como instinto, impulsos, necessidades ou intenções. A própria cognição é determinada, formada tanto pelo comportamento quanto pelo ambiente; O teórico usa o termo recíproca para indicar a interação triádica de forças, não uma contra ação oposta ou similar. Os três fatores recíprocos não precisam ter a mesma força ou contribuir igualmente; A potência relativa dos três varia de acordo com o indivíduo e com a situação; A influência relativa de comportamento, ambiente e indivíduo depende de qual dos fatores triádicos é mais forte em um determinado momento. AUTO REFORÇO Determinantes pessoais Determinantes ambientais Determinantes comportament ais Administração de recompensas ou punições a si mesmo por satisfazer, superar ou frustrar as próprias expectativas ou padrões. Podem ser: Tangíveis - Nota boa na prova - > recompensa - > novo par de tênis ou ir ao cinema - Nota ruim na prova -> punição - > não sair para ficar estudando Intangíveis - Bom desempenho na escola - > recompensa - > orgulho/satisfação - Mal desempenho na escola - > punição - > vergonha/culpa AUTO EFICÁCIA Significa o nosso sentimento de adequação, eficácia e competência para lidarmos com a vida. Fontes de informação sobre auto eficácia: 1 – Aquisição de desempenho Realizações X Fracassos prévios 2 – Experiências vicariantes “Se ela consegue eu também consigo” 3 – Persuasão verbal Importante da persuasão ser realista 4 – Estimulação fisiológica e emocional Forma como administra a situação Bandura conclui que certas condições aumentam a auto eficácia: 1 – Expor as pessoas a experiências bem-sucedidas, estabelecendo objetivos alcançáveis; 2 – Expor as pessoas a modelos adequados e bem-sucedidos - > experiências vicariantes 3 – Oferecer persuasão verbal 4 – Estimular a fisiologia: prática de exercícios físicos, dieta apropriada, redução de estresse. ENCONTROS CASUAIS E EVENTOS FORTUITOS Embora as pessoas possam, e de fato, exerçam certo controle significativo sobre suas vidas, elas não podem prever ou antecipar todas as possíveis mudanças ambientais; Bandura define encontro casual como "um encontro não intencional entre pessoas desconhecidas"; Um evento fortuito é uma “experiência ambiental inesperada ou não intencional”. RESUMO A teoria da aprendizagem social enfoca no comportamento manifesto; Difere do behaviorismo radical principalmente por conta da adoção aos processos internos (cognitivos); Considera o ser humano determinante de suas ações e comportamentos; Estuda como as pessoas aprendem a partir de modelos; Estuda como as pessoas se comportam diante das situações. Psicólogo britânico que criou a Teoria do Apego Influências para a elaboração da teoria do apego: - Etologia - Imprinting – Konrad Lorenz VISÃO EVOLUCIONISTA O apego tem valor adaptativo para o bebê, assegurando que suas necessidades tanto psicossociais quanto físicas sejam satisfeitas; Segundo a teoria etológica, bebês e seus pais estão biologicamente predispostos a se apegarem entre si, e o apego promove a sobrevivência da criança. CONCEITOS BÁSICOS Etologia é a disciplina que estuda o comportamento das pessoas e dos animais em sua origem. Sob influência da Teoria da evolução darwiniana, uma de suas preocupações básicas é a evolução do comportamento por meio do processo de seleção Natural; O que é imprinting: é fenômeno exibido por vários animais jovens principalmente pássaros, tais como patinhos e pintinhos. Quando saem dos seus ovos, eles seguirão o primeiro objeto em movimento que eles encontrarem no ambiente (que pode ser a sua mãe pata ou galinha, mas não necessariamente). Ocorre então uma ligação social entre o filhote e este objeto ou organismo. O QUE É O APEGO PARA BOWLBY? Os comportamentos de apego se referem a um conjunto de condutas inatas exibidas pelo bebê, que promovem a manutenção ou o estabelecimento da proximidade com sua principal figura provedora de cuidados, a mãe, na maioria das vezes. Ações que compõem o repertório comportamental básico de apego são: chorar, sorrir, fazer contato visual, buscar aconchego e agarrar-se ao outro; Como identificar o apego Segundo Bowlby os comportamentos de apego são Ativados por certas condições: - Fome - Cansaço - Situações consideradas ameaçadoras e/ou estranhas pela criança Cessados por outras: - Visão da figura de apego - Escuta de sua voz - A interação com ela. A IDEIA DO IMPULSO PRIMÁRIO Bowlby buscava descartar a ideia do impulso primário, que influenciava fortemente o pensamento científico da época. A ideia do impulso primário associava a alimentação à razão pela qual a criança desenvolve um forte laço com sua mãe e substituindo-a pelo sentimento de segurança, atribuindo a ele a noção de função biológica de proteção. Foi aí que um cientista (Harlow) forneceu a evidência que ele precisava para contestar esta visão; OS ESTUDOS DE HARRY FREDERICK HARLOW (1958) Harlow demonstrou por meio do seu experimento da mãe de arame/ mãe felpuda que os bebês queriam ficar perto de suas mães não somente porque elas eram suas fontes de alimento, desmistificando o mito do amor materno como dispensador de alimento como pensavam os behavioristas da época; Vantagem: - Podemos aprender a se adaptar ao meio. Desvantagem: - Sermos emocionalmente vulneráveis. BASE SEGURA O termo “base segura”, no contexto da Teoria do Apego, refere-se à confiança que o indivíduo tem numa figura particular, protetora e de apoio, que está disponível e é acessível (o que gera um modelo de trabalho do bebê), e a partir da qual se pode fazer uma exploração coparticipada; O modelo de trabalho do bebê está relacionado ao conceito de confiança básica de Erikson; Quando uma pessoa está apegada ela tem um sentimento especial de segurança e conforto na presença do outro e pode usar o outro como uma “base segura” a partir da qual explora o resto do mundo. DOIS SISTEMAS COMPORTAMENTAIS COORDENADOS O sistema de apego: - Caracterizado pelo nosso comportamento em situações de separação. Se não estamos ameaçados por separações imprevistas construímos uma base segura; O sistema de exploração: - Somente acontece se a criança tem uma base segura para explorar o mundo. Então, buscará, jogará, iniciará contatos sociais, etc. A exploração desenvolve a aprendizagem e a adaptação social. As quatro fases do apego Pré-apego: 0-6 semana O bebê prefere estímulos humanos (rostos); Ele não reconhece ainda a figura do cuidador; somente reconhece a voz e o cheiro de sua mãe; Não há qualquer apego; Formação do apego: 6 sem.- 6/8 mês Ele prefere pessoas com as quais está familiarizado; no entanto, recusa estranhos; possui uma privilegiada interação com a mãe, sorrindo, chorando e produzindo vocalizações diferenciadas na presença dessa. Apego bem definido: 6/8 mês – 18 mês Quando a figura de apego se afasta se produz a ansiedade de separação; Medo do desconhecido, buscando refúgio na figura de apego; A criança sabe que a mãe continua a existir mesmo que não com ele; Formação de uma relação recíproca: 18 – 24 mês. A interação com figuras de apego evolui graças às novas capacidades mentais e linguísticas adquiridas pela criança. MARY AINSWORTH Foi uma aluna de Bowlby no começo da década de 1950; Técnica: Situação estranha (comportamento e reações das crianças de 10-14 meses): - Diante da presença de uma pessoa estranha; - Em um ambiente desconhecido; - Com ou sem a presença da mãe. Para poder avaliar: Reflexos do sentimento de segurança e de confiança de acordo com o vínculo de apego estabelecido com a mãe. CATEGORIAS DE APEGO SEGUNDO AINSWORTH Apego seguro: - Podem chorar ou protestar quando o cuidador se ausenta, mas são capazes de obter o conforto de que precisam, com eficácia e rapidamente, demonstrando flexibilidade e resiliência, quando diante de situações estressantes. Costumam ser cooperativos e raramente sentem raiva; Apego evitativo: - Não são afetados por um cuidador que se ausenta ou retorna. Eles demonstram pouca emoção, seja positiva ou negativa; Apego ambivalente (resistente): - Ficam ansiosos antes mesmo de o cuidador se ausentar e ficam cada vez mais perturbados quando ele ou ela sai. O QUARTO PADRÃO DE APEGO Outra pesquisa (Main e Solomon, 1986) identificou um quarto padrão, o apego desorganizado-desorientado, que é o menos seguro. Bebês que apresentam o padrão desorganizado parecem não ter uma estratégia coesa para lidar com o estresse da Situação Estranha. Apresentam: - Comportamentos contraditórios, repetitivos ou mal direcionados (por exemplo, procuram intimidade com o estranho e não com a mãe); - Parecem confusos e temerosos; - Poderão saudar a mãe com entusiasmo quando ela voltar, mas depois se afastam ou se aproximam sem olhar para ela. A ANSIEDADE DIANTE DE ESTRANHOS A ansiedade diante de estranhos é demonstrada através das reações de cautela da criança com pessoas que ela não conhece, A ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO A ansiedade de separação: Aflição sentida quando um cuidador familiar se ausenta. A ansiedade de separação deve-se, por vezes, menos à separação em si do que à qualidade dos cuidados substitutos. Quando cuidadores substitutos são afetuosos e responsivos e brincam com crianças de 9 meses antes que elas chorem, a tendência dessas crianças é de chorar menos do que quando estão com cuidadores pouco responsivos. A estabilidade nos cuidados com o bebê também é importante. EFEITOS DE LONGO PRAZO DO APEGO Conforme propõe a teoria do apego, a segurança do apego parece afetar a competência emocional, social e cognitiva; Quanto mais seguro o apego com um adulto atencioso, maior a probabilidade de a criança desenvolver um bom relacionamento com os outros. CARACTERÍSTICAS APEGO SEGURO X APEGO INSEGURO Apego seguro: Apresentaram menos estresse para se adaptar a uma creche, tendem a ter vocabulário maior e mais variado do que aquelas de apego inseguro. Apresentam interações mais positivas com seus pares, e suas tentativas de aproximação tendem a ser aceitas. Provavelmente são mais curiosas, competentes, empáticas, resilientes e autoconfiantes, têm um melhor relacionamento com outras crianças e formam amizades mais íntimas do que aquelas de apego inseguro; Apego inseguro: Tendem a demonstrar emoções mais negativas (medo, aflição e raiva), ao passo que crianças de apego seguro são mais alegres. costumam apresentar inibições e emoções negativas entre o 1º e o 3º ano de vida, hostilidade em relação a outras crianças aos 5 anos e dependência durante a fase escolar. Elas também estão mais propensas a evidenciar comportamentos agressivos e problemas de conduta. Trabalhou na teoria do ambiente comportamental, dando ênfase a fatores do meio ambiente como fatores-chave para o desenvolvimento da criança; Sua teoria baseia-se no entendimento de que o desenvolvimento e a mudança de comportamento do indivíduo ocorram através dos sistemas ambientais que influenciam o sujeito; É uma das teorias mais aceitas da psicologia evolucionista. Para Bronfenbrenner, as investigações anteriores focavam apenas na pessoa em desenvolvimento dentro de um ambiente restrito, sem considerar as influências do ambiente; Seu modelo teve grande influência das ideias de Kurt Lewin e de Jean Piaget; DESENVOLVIMENTO HUMANO PARA BRONFENBRENNER O desenvolvimento humano é definido como "o conjunto de processos através dos quais as particularidades da pessoa e do ambiente interagem para produzir constância e mudança nas características da pessoa no curso de sua vida" (Bronfenbrenner, 1989). O teórico dizia que o indivíduo é estimulado e inibido pelo nível de interação com as pessoas e pela participação ativa em diferentes ambientes, de maneira continuada e recíproca, num “jogo” entre os aspectos biológicos, psicológicos e ambientais do indivíduo, durante sucessivas gerações; Para Bronfenbrenner, o desenvolvimento representa uma transformação que atinge a pessoa, sendo realizada em diversos níveis. O nível: - Dos processos - Dos contextos - Da pessoa - Do tempo. PROCESSOS O nível dos processos diz que o desenvolvimento ocorre através de interações recíprocas entre um indivíduo e as pessoas, os objetos e os símbolos do ambiente imediato; A interações devem ser progressivamente mais complexas e ocorrer numa base mais regular e continuada de tempo; Essas formas de interação são denominadas processos proximais; Pode resultar em dois efeitos: efeito de competência e efeito de disfunção; Variam em 5 dimensões: Duração, Frequência, Interrupção/Estabilidade, Momento e Intensidade/Força Variam em 5 dimensões: - Duração - Frequência - Interrupção/Estabilidade - Momento - Intensidade/Força CONTEXTOS O nível dos contextos diz respeito ao meio global em que se insere o indivíduo e engloba quatro níveis distintos: - Microssistema: Padrão de atividades, papéis e relações interpessoais vivenciados num ambiente com características particulares - Mesossistema: Relações ou inter- relações entre dois ou mais microssistemas, onde a pessoa em desenvolvimento participa ativamente. - Exossistema: Ambientes que não envolvem diretamente a pessoa, mas que afetam o seu desenvolvimento - Macrossistema: Contexto englobante dos sistemas anteriores, ao nível da cultura e subcultura. PESSOA O nível da pessoa representa a pessoa como um elemento complexo que atribui significado aos contextos e é o processo e produto das interações que com estes estabelecem. TEMPO O nível do tempo permite compreender as influências que as mudanças e continuidades no percurso da vida de cada indivíduo apresentam para o seu desenvolvimento, englobando três níveis distintos: - Microtempo: continuidades e descontinuidadesque ocorrem em pequenos episódios de processos proximais; - Mesotempo: periodicidade dos processos proximais através de intervalos de tempo mais prolongados; - Macrotempo: expectativas e aos acontecimentos de mudança enquadrados na sociedade ao longo de gerações RESUMO A proposta bioecológica do desenvolvimento humano presta uma atenção especial ao contexto sociocultural e às interações, onde existe uma forte interdependência sistémica entre os diferentes contextos de vida, em que a noção básica de rede social é fundamental. Uma rede social é o conjunto de ligações de uma ou mais redes pessoais. Nas redes estão presentes três elementos: - As pessoas que as constituem; - As funções que elas exercem; - As situações em que as funções são desempenhadas. “Entendemos por desenvolvimento o processo que envolve estabilizações e mudanças das características biopsicológicas de um ser humano, não apenas ao longo do ciclo de vida, mas também através de gerações. “– Bronfenbrenner, 1979.
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