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1 Eduardo B. Flores Introdução • Comportamentos ritualísticos que trazem prejuízo social e sofrimento ao paciente • Conceito: transtorno de ansiedade onde os sintomas envolvem alterações dos pensamentos, das emoções e do comportamento TOC • É um transtorno persistente e recorrente de obsessões • Alterações de pensamento: preocupações, duvidas, frases, e imagens invadem a consciência da pessoa • Alterações de emoções: desconforto, angustia, ansiedade, hiper vigilância, culpa e medo • Alterações de comportamento: compulsões, rituais e evitações • Sintomas devem durar no mínimo 2 semanas, podem tomar 1h por dia • Gera grande prejuízo na rotina diária, profissional e relações sociais Epidemiologia • Prevalência 2,5%-4% - 1 a cada 40 ou 50 indivíduos • Acomete indivíduos jovens. Geralmente, inicia na adolescência ou início da vida adulta. Raramente os sintomas começam com 40-50 anos (quando os sintomas são identificados na vida adulta, é bem provável que a pessoa já teve isso lá atrás, mas não foi diagnosticada). • Homens e mulheres sem diferença. Em crianças acomete mais o sexo masculino • Maior incidência em indivíduos divorciados, separados e desempregados Etiologia • Não se sabe muito a respeito • Fatores neurobiológicos: talvez esteja associado com traumatismo, lesões ou infecções • Genética: familiar de 1º grau com TOC aumenta 4 a 5x a chance de diagnóstico. • Gêmeos monozigóticos tem 80% de concordância e dizigoticos 50%. • Disfunção serotoninérgica: estudos de imagem cerebral mostram excesso de atividade nos lobos frontais e gânglios da base/núcleos caudado e putame/tálamo). Pacientes tem melhora do quadro clinico com uso de medicamentos que aumentam a serotonina. • Fatores psicológicos e ambientais: estresse, história de abuso Apresentação clinica • Apresenta obsessões e/ou compulsões, onde demanda um certo tempo, ocorrendo dificuldades sociais, familiares, profissionais e acadêmica. É mais comum a forma mista, onde o paciente apresenta obsessões e compulsões do que só uma característica • Heterogêneo: quanto a apresentação clínica, a gravidade, curso e a resposta ao tratamento • Aparece em um período e depois desaparece e a intensidade pode ser leve (pouco prejuízo), médio, moderada • Evidencia de subgrupos: início precoce ou tardio, associado a tiques (fechar o olho, mexer a boca), ou ao transtorno de Tourette (tique vocal - fala coisas obscenas ou xingamentos) ou após ter febre reumática Obsessões • São pensamentos, ideias, imagens, frases ou impulsos que invadem a cabeça da pessoa. Causa desconforto, medo, angustia • São repetitivas e persistentes e não voluntárias • Sentida como estranha, impropria → paciente não quer pensar nisso, mas não tem controle • Tipos de obsessão ▪ Sujeira, contaminação ▪ Dúvidas ▪ Simetria, perfeição, exatidão ou alinhamento ▪ Impulsos ou pensamentos de ferir, insultar ou agredir outras pessoas. Ex: paciente com um bebê, que vinha na cabeça dela o pensamento de que ela ia machucar o filho. Ela sofria, não ficava mais sozinha e quase não pegava mais o bebê ▪ Sexo ou obscenidades ▪ Preocupação com doenças ou com o corpo ▪ Religião (pecado, culpa, sacrilégio) • Pensamento magico (números, cores). Ex: se não fizer tal coisa algo ruim vai acontecer Compulsões • São comportamentos ou atos voluntários e repetitivos • O objetivo é minimizar sofrimento da obsessão, o paciente nunca sente prazer, ele sofre com isso. • Como se a pessoa tivesse que fazer uma obrigatoriedade para se sentir aliviada - Regras estritas quanto ao comportamento e rituais • Tipos: Lavagem ou limpeza, Verificações, Repetições ou confirmações, Ordem, arranjo, simetria, guardar ou colecionar coisas inúteis, rezar, repetir palavrões, Tocar, olhar ou confessar Diretrizes diagnosticas CID 10 - F-42 • TOC: sintomas obsessivos, atos compulsivos ou ambos devem estar presentes na maioria dos dias por pelo menos 2 semanas consecutivas e ser uma fonte de angustia ou de interferência com as atividades. ▪ Os sintomas obsessivos e compulsivos devem ter as seguintes características: → Eles devem ser reconhecidos como pensamentos ou impulsos do próprio indivíduo; Transtorno Obsessivo-Compulsivo TOC 2 Eduardo B. Flores → Deve haver pelo menos um pensamento ou ato que é ainda resistido, sem sucesso, ainda que possam estar presentes outros aos quais o paciente não resiste mais; → O pensamento de execução do ato não deve ser em si mesmo prazeroso (o simples alívio de tensão ou ansiedade não é, neste sentido, considerado como prazer); → Os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos. • F 42.0 - Predominantemente pensamentos obsessivos ou ruminações • F 42.1 - Predominantemente atos compulsivos (rituais obsessivos) • F 42.2 - Pensamentos e atos obsessivos mistos: é o mais comum Curso e prognostico • Doença crônico, não se fala em cura, mas em controle dos sintomas • Gera interferência na família • Média de 7 anos entre o início dos sintomas e a procura do tratamento • 10% tem uma grande deterioração da qualidade de vida • Gravidade varia de leve até grave. Leve passa despercebido, pacientes não buscam ajuda por não trazer prejuízo • Muitas vezes há diminuição da capacidade funcional, perda de emprego, separação conjugal e perda dos relacionamentos TOC pode ter como Comorbidades • Transtorno depressivo • Fobia social • Fobia especifica • Abuso de álcool, para se sentirem aliviados • Transtorno do pânico • Transtornos alimentares • Transtorno de Tourette → normalmente tem algo premonitório que os pacientes sentem antes de gerar o ato. Ex: um arrepio, etc. Movimentos musculares involuntários, ex piscar de olhos, franzir o rosto, fazer sons com a boca ou falar insultos Diagnostico diferencial • Fobia social (paciente para de sair de casa) • Fobia especifica (paciente não toca em cores vermelhas → pode ser fobia ou toc se tocar no vermelho levar a algo ruim) • Transtorno do controle de impulsos (relacionado a repetição como jogos, internet) • Hipocondria (paciente toma muito remédio) • Transtorno de personalidade OC • Tiques Tratamento • Antidepressivos, Tricíclico - Clomipramina 100-300mg/dia (muito colateral, boca seca, ↑ de peso, constipação, fissura anal) • Geralmente o TOC responde a doses altas de medicamento • Inibidores seletivos recaptação serotonina (1ª escolha) o Fluvoxamina 100-300mg/dia 200mg/dia o Fluoxetina 20-80mg/dia 50mg/dia o Sertralina 50-250mg/dia 150mg/dia o Paroxetina 20-60mg/dia 50mg/dia o Citalopram 20-60mg/dia 50mg/dia • A medicação é usada em pacientes com: o Sintomas obsessivos compulsivos moderados a graves. Pacientes leves geralmente são encaminhados para terapia. o Comorbidades. Cuidar para não melhorar um e piorar outro transtorno o Ausência de insight e/ou convicções delirantes. → Pacientes que não tem a percepção de sua doença o Recusa ou não de adesão a terapia cognitiva comportamental 1- Inicia-se com monoterapia de ISRS (antidepressivos) e se não houver efeito há aumento da dose da medicação em uso até uma dosagem terapêutica adequada. 2- Se não houver sucesso, troca-se ISRS por ISRS. Se ainda não obteve sucesso, troca-se ISRS por clomipramina 3- Se continuar sem sucesso, é feita uma associação da clomipramina com ISRS 4- Pode-se também potencializar o antidepressivo com anti-psicótico para diminuir a ansiedade, culpa e angustia. Os antipsicóticos são utilizados em baixa dosagem • Terapia cognitiva comportamental: melhor terapia, faz enfrentamentos, indicado em pacientes com sintomas leves a moderados, pacientes que não aderem ao tratamento medicamentoso, devido efeitos colaterais, gestação e transtorno do humor • Pacientes com transtorno bipolar tem que cuidar com o uso de ISRS (uso de antidepressivo pode fazer viradamaníaca) Caso clinico: Uma jovem de 16 anos é trazida ao psiquiatra pela mãe. A paciente afirma que nos últimos 6 meses tem tomado longos banhos, de até 5h. Diz que não consegue evitar esse comportamento, embora isso a perturbe e esteja deixando sua pele machucada e sangrando. Relata que os sintomas começaram depois que passou a ter pensamentos recorrentes de estar suja. Tais pensamentos lhe ocorrem várias vezes por dia e ela vai ficando cada vez mais ansiosa até ir se lavar. Refere que o tempo que passa no banho está aumentando porque precisa se lavar em uma ordem específica para evitar que a “espuma limpa” do sabonete não se misture com a “espuma suja”, pois quando isso acontece, precisa repetir todo o procedimento desde o início. Diz que deve estar louca por ter esse pensamento e por tomar banho tantas horas por dia, mas não consegue evitar esse comportamento. Sua mãe confirma o relato. Conta que a filha sempre foi popular na escola e que tem muitos amigos. Enfatiza que a filha nunca usou nenhum tipo de substância psicoativa
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