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1 Débora Oléa Braga - TXXII PSIQUIATRA: - Visa promover a saúde mental. O QUE SIGNIFICA SAÚDE MENTAL? Termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional de um indivíduo. OMS Não há definição oficial. - Diferenças culturais, julgamentos subjetivos e teorias concorrentes. Capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. *Resiliência: Capacidade de adaptação diante de um evento estressor. Bom funcionamento do indivíduo nas atividades diárias, resultando em atividades produtivas (trabalho, escola), relacionamentos interpessoais saudáveis e habilidade para se adaptar a mudanças e lidar com adversidades. O QUE SIGNIFICA COMPORTAMENTO NORMAL E ANORMAL? Muda com o contexto social. Trata-se de uma definição social. Baseado em valores e suposições de uma sociedade. Difere de uma cultura para outra. COMPORTAMENTO NORMAL Comportamento bem adaptado aos costumes e expectativas da sociedade. O QUE SIGNIFICA DOENÇA MENTAL? Referência ao conjunto de transtornos mentais diagnosticáveis. Condições de saúde que envolvem: - Alterações significativas nas emoções, no pensamento E/OU no comportamento. Prejuízo no funcionamento social, laboral ou no convívio familiar. O QUE É LOUCURA? Não é utilizado na psiquiatria. Psicose – termo técnico que se refere à loucura. PRINCÍPIOS GERAIS PSICOPATOLOGIA: Estuda os transtornos anormais da mente. . Norteia a avaliação psiquiátrica. “O objeto da psicopatologia é o fenômeno psíquico, mas só os patológicos. ” “A psicopatologia investiga muitos fatos cujos correspondentes ‘normais’ ainda não foram estabelecidos pela psicologia”, e “é muitas vezes a visão do anormal que ensina a explicar o normal” - Envolve tanto a escuta como a observação. Sintomas → Vivências subjetivas – o que o paciente traz de queixa. Sinais Objetivos (É a observação do comportamento). Exemplo: Chorar durante a entrevista. 2 Débora Oléa Braga - TXXII Um sintoma isolado não é necessariamente patológico, pois pode ser encontrado em determinadas circunstâncias em pessoas normais, por exemplo, uma pessoa triste não é necessariamente depressiva. Nenhum critério é por si só indicador de um quadro patológico. Uma psicopatologia deve ser definida por vários critérios. Exemplo: Tristeza na maior parte das vezes não é patológica. CONTEÚDO DOS SINTOMAS Devemos levar em consideração o contexto e a presença de prejuízo. Depende da história pessoal e cultural, do momento histórico em que ele vive, da educação, experiências passadas. Os sintomas não são universais, depende de experiências particulares do indivíduo. ‘’Toda patologia é anormalidade, mas nem toda anormalidade é patologia’’. ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA CLÍNICA Tem 3 objetivos principais: - Formular um diagnóstico. - Formular um prognóstico (saber quais as chances que um paciente tem de responder) a partir do diagnóstico. - Elaborar um planejamento terapêutico = Tratamento (Seja ele medicamentoso ou não). A partir da entrevista que começa a se estabelecer a aliança entre paciente e terapeuta. - Deixar o paciente à vontade. - O ambiente deve ser acolhedor. Apresentar-se ao paciente: - Objetivo de ajuda. - Deixar claro que as informações fornecidas são sigilosas (com exceções caso ofereça risco para alguém): . Quando seu comportamento/pensamento oferecer risco para o próprio paciente, familiares ou sociedade. Exemplo: A situação mais comum de quebra de sigilo ocorre pela ideação suicida. CONSIDERAÇÕES Providenciar um local com privacidade e conforto para a entrevista. Apresentar-se ao paciente e depois explicar brevemente o objetivo da entrevista Tranquilizar o paciente. Iniciar a entrevista com perguntas abertas. Deve-se deixar o paciente falar livremente no início da entrevista e só depois deve-se fazer questionamentos mais direcionados. É preciso saber quando e como interromper o paciente. Evitar pausas e silêncios prolongados. Fazer perguntas abertas e não fechadas. Utilizar linguagem acessível. 3 Débora Oléa Braga - TXXII TIPOS DE ENTREVISTA Entrevista semiestruturada: Há algumas perguntas que geralmente são feitas e ela é mais flexível. ENTREVISTA ABERTA Quem dita o curso é o paciente. Trata-se de uma entrevista mais demorada. É mais difícil chegar ao diagnóstico final. Geralmente utilizada pelo psicoterapeuta/psicoanalista. • Não segue roteiro pré-determinado. • Curso da entrevista determinado pelo paciente. • Vantagens → Acesso mais fácil ao material inconsciente. • Limitações → Discordância entre entrevistadores, dificuldade em formular diagnósticos consistente e tempo imprevisível. ENTREVISTA ESTRUTURADA Há uma lista de perguntas que são feitas para o paciente. • Vantagens → Confiabilidade diagnóstica. • Desvantagens → Pequena flexibilidade (Prejudica a colaboração do paciente). - Para pesquisa. ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA Mais utilizada. Mais flexível na sequência e forma de formular perguntas. - Essa aqui é o que os psiquiatras mais usam! AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA Compreende 2 partes: Anamnese psiquiátrica: - Informações partem do paciente, mas podem ser complementadas por outras fontes de informação (acompanhante) – lembrar que deixar o paciente falar mostra para ele que ele pode se abrir. Exame do estado mental: - Revisa o funcionamento emocional e cognitivo do paciente de forma sistemática no momento que a entrevista é conduzida. ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO o Nome, idade, sexo, etnia, estado civil, filhos, naturalidade, procedência, religião, educação, ocupação, com quem reside, acompanhante e situação da entrevista. Muitos dos dados da identificação surgem ao longo da entrevista. QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO - Motivo do atendimento. - Descrever nas palavras do paciente Colocamos ‘’ ‘’ para dizer as palavras que ele utilizou. - Importante se atentar a quem o encaminhou para a consulta, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e com qual objetivo. 4 Débora Oléa Braga - TXXII HMA Desenvolvimento dos sintomas desde o início até o presente. Relação de eventos, conflitos e estressores precipitantes imediatos (precedendo o quadro). Mudança de nível de funcionamento anterior: ‘’Deixou de fazer coisas que antes não conseguia fazer? ’’ Registro cronológico e organizado da evolução do quadro. PERGUNTAS: Quando observou que algo estava lhe acontecendo? Você estava chateado com alguma coisa quando os sintomas começaram? Começaram de repente ou de forma gradual? HISTÓRIA DA DOENÇA PSIQUIÁTRICA Transtornos psiquiátricos anteriores. Data de início, sintomas, tratamento realizado, necessidade de hospitalização, evolução e retomada da funcionalidade. Verifique se a doença tem algum propósito adicional (ganho secundário). Algumas pessoas adoecem e a melhora significa voltar para um ambiente hostil/situação ruim para a pessoa. De alguma forma, a doença traz um ganho/benefício. Exemplo: Pessoa que trabalha em um local insalubre. Isso não quer dizer que o paciente está ganhando vantagem em ter aquilo. O ganho secundário muitas vezes o tratamento vai ser mais complexo. HISTÓRIA MÉDICA o Transtornos médicos anteriores e comorbidades. HAS, DM, doenças infecto contagiosas, doenças neurológicas, doenças da tireoide, doenças autoimunes, tumores, tratamentos. Caso o paciente tenha, essa doença está tratada ou compensada ? o Antecedentes obstétricos. o Cirurgias prévias. o Alergias. o Medicamentos e suas dosagens.o História pessoal: - História da vida do indivíduo (nascimento, infância, adolescência, vida adulta). - Eventos que tenham marcado o indivíduo, tanto positivo quanto negativamente o paciente. NASCIMENTO - Gravidez - Parto - Desenvolvimento. 5 Débora Oléa Braga - TXXII INFÂNCIA - Controle dos esfíncteres. - Personalidade. - Relacionamento com pais e cuidadores. - Relacionamento com irmãos, amigos e animais. - Desempenho escolar. ADOLESCÊNCIA - Relacionamento com familiares, amigos e autoridades. - Desempenho escolar. - Uso de drogas. VIDA ADULTA - História ocupacional. - Relacionamentos conjugais. - Relacionamento com amigos, familiares e colegas de trabalho. - Finanças. o Personalidade pré-mórbida: Trata-se de um aspecto da entrevista psiquiátrica que se mistura muito com a história pessoal. É o jeito da pessoa. A forma como a pessoa lida com o mundo, com ela própria ou com as outras pessoas. ‘’ Como as pessoas costumam a te descrever? ’’. Conjunto de atitudes e padrões habituais de comportamento do indivíduo, independentemente da situação de doença - Como o indivíduo era antes de adoecer. ‘’Jeito da pessoa’’ → forma com que ela lida com pessoas, problemas, mundo etc. Avaliar: - Preocupações excessivas. - Estado de humor habitual. - Capacidade de expressar os sentimentos. - Capacidade para executar planos e projetos. - Maneira como reage quando se sente pressionado. - Observar mudanças de personalidade com a doença. o História familiar: Colher informações sobre os pais e irmãos quanto à idade e problemas de saúde (destaque aos relacionados com à saúde mental). Membros falecidos: Pesquisar causa da morte e idade. - Se a causa da morte for suicídio DESTACAR. - Questionar história de suicídio na família (é muito mais comum em pacientes que se suicidam ter casos de suicídio na família). o História social/Dinâmica familiar: Situação socioeconômica. Fonte de renda principal. Relacionamento dos familiares com o paciente. Entendimento da doença pela família e suporte oferecido por eles. Uso de drogas (qual (is), quantidade, frequência, prejuízo). 6 Débora Oléa Braga - TXXII É o equivalente ao exame físico. *Diferente do exame físico, não há um momento específico para fazer o exame do estado mental. Ele é feito na medida em que vamos entrevistando o paciente. Trata-se da sistematização, um relato organizado, de uma observação do comportamento do paciente. *Muitas vezes são observações do dia a dia. INTRODUÇÃO É a pesquisa sistemática de sinais e sintomas de alterações do funcionamento mental durante a entrevista psiquiátrica. Trata-se de um ‘’retrato’’/uma foto do momento da entrevista. • Começa no 1º contato. • Se caracteriza pela observação. • Deve haver fidelidade ao relato do paciente. • São descritas apenas as informações vivenciadas no momento da entrevista. • Deve ser refeito com uma periodicidade de horas ou dias. O QUE DEVE SER AVALIADO? 1. SITUAÇÃO DA ENTREVISTA. - Local onde aconteceu. - Presença de outros participantes na entrevista. - Eventuais intercorrências. 2. APRESENTAÇÃO/APARÊNCIA DO PACIENTE. - Aparência quanto à idade e à saúde. *Envelhecido ou parece mais jovem. - Presença de deformidades ou peculiaridades físicas (tatuagens, piercings). - Modo de vestir-se e cuidados pessoais, incluindo asseio e excentricidades. *Roupa adequada para a ocasião, extravagante, etc. - Expressão facial. *Indiferente, neutra, zangada, alegre, etc. 3. ATITUDE E POSTURA. Arrogante, desconfiada, inibida ou desinibida, indiferente, não cooperativa (se recusa a responder as perguntas), opositora, manipuladora. - Ativa x passiva. - Atitude mais comum é colaborativa. 4. PSICOMOTRICIDADE: Comportamento da atividade motora. QUANTITATIVO → Aumentada (agitação): Exemplo: Fica andando na sala no momento da entrevista. Diminuída (lentificação). QUALITATIVO → - Acatisia (necessidade de mexer pés e pernas): Paciente sente uma necessidade de mexer muito grande. 7 Débora Oléa Braga - TXXII Tiques (anormalidades rápidas e quase involuntárias): Se o paciente faz um grande esforço ele consegue se inibir. *Maior parte ocorre em face e pescoço. Ecopraxia (imita movimentos do entrevistador). Catalepsia (mantém uma postura desconfortável contra a gravidade por muito tempo). *Exemplo: Ficar com os 2 braços para cima durante muito tempo é uma situação desconfortável. Flexibilidade cérea (paciente imóvel, a pessoa consegue ‘’modelá-lo’’ e ele fica igual um boneco de cera). Exemplo: Ao levantarmos o braço dele o paciente fica na posição. - Raro e preocupante. 5. AFETO: - Observamos durante a entrevista. - O que o entrevistador observa. - Experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas em relação à situação (é o que o examinador observa). o TONALIDADE → Intensidade (aquilo que o paciente mantém na maior parte da entrevista). Apatia, tristeza, depressivo, eufórico, exaltado, desconfiado. o MODULAÇÃO → Hipermodulação: O afeto varia muito durante a entrevista). Hipomodulação: Não se altera quase em nenhum momento; varia pouco o afeto. Embotamento: Apatia intensa/indiferença afetiva. ASSOCIAÇÃO PENSAMENTO/AFETO → O afeto não ‘’combina’’ com o que está contando/pensando. - Trata-se de uma dissociação. EQUIVALENTES ORGÂNICOS DO AFETO → Quando o paciente tem uma alteração sustentada do humor e do afeto, ela costuma apresentar alterações no libido/sono/apetite (tem que ser questionado a ele). - Redução ou aumento. 6. HUMOR: - Estado emocional de longa duração, interno, não dependente de estímulos externos (é o que o paciente relata). *Como o paciente se sente a maior parte do tempo. - Hipotimia = Humor: Entristecido. - Hipertimia = Euforia (mais alegre que o habitual). -Disforia = Irritabilidade. - Neutro. - Deprimido (mais triste que o habitual). - Ansioso. - Irritável. Na maior parte das vezes o afeto combina com o humor (AFETO CONGRUENTE COM O HUMOR). Se não combinam → INCONGRUENTES . Exemplo: paciente rindo e contando algo triste. 8 Débora Oléa Braga - TXXII 7. PENSAMENTO: - Acessamos o pensamento através do discurso do paciente; através do que o paciente fala. Conjunto de função integrativas capazes de associar conhecimentos novos e antigos, integrar estímulos externos e internos, analisar, abstrair, julgar, concluir, sintetizar e criar. CURSO: Modo como o pensamento flui, sua velocidade e ritmo ao longo do tempo Acelerado (fala acelerada = pensamento acelerado). Lentificado (fala devagar = pensamento lentificado). Inibido = Mutismo (paciente mudo). FORMA: É a organização do pensamento. A partir da articulação de um pensamento do paciente vemos se está organizado ou não. Examina a organização formal do pensamento, sua continuidade e eficácia em atingir um determinado objetivo. Fuga de ideias: Pensamento está tão acelerado e o paciente troca de assunto rapidamente. Porém, um assunto tem a relação com o outro. Perseveração. Paciente responde a diversas perguntas com uma única palavra ou frase. *Característica de quadros psicóticos mais avançados. Bloqueio de pensamento: Paciente está desenvolvendo uma ideia e subitamente ele para – mete entra em um branco/vazio. Afrouxamento de associações. Paciente está falando sobre um assunto, muda para outro, sendo esse sem nenhuma relação com o anterior. ORGANIZAÇÃO: Coerente: Construção das frases em relação à sintaxe - gramática). O paciente fala uma coisa absurda, não real, mas conseguimos compreender a frase. ‘’Estou aqui pois estou sendo perseguido pelo Bolsonaro. Ele armou um complôcontra mim pois tenho inteligência superior a todos os seres humanos’’. *Da para entender o que ele fala e pensa, mas não é provável que esteja acontecendo. CONTINUIDADE E EFICÁCIA DO PENSAMENTO: Circunstancialidade: Paciente enrola para falar antes de responder. Alteração na qual há expressão do pensamento por meio de detalhes irrelevantes e redundantes, porém o paciente consegue chegar ao objetivo. Tangencialidade: O objetivo nunca é alcançado, ou não é claramente definido. O paciente não responde à pergunta. 9 Débora Oléa Braga - TXXII CONTEÚDO DO PENSAMENTO O que predomina no discurso do paciente. Conceitos emitidos por ele e sua relação com a realidade. Tema predominante e/ou com características peculiares. Ansioso. Exemplo: Pessoa muito ansiosa Fala a todo momento da entrevista o quanto está com medo de morrer do COVID. Depressivo: Exemplo: Fica falando o quanto as coisas estão dando errado na vida. Obsessivos. ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DO CONTEÚDO Ideias supervalorizadas e delírios. CAPACIDADE DE ABSTRAÇÃO Capacidade de pegarmos uma ideia e generalizarmos. Capacidade de formular conceitos e generalizações. *Avaliação → Pedir para interpretar de provérbios, pontos em comum entre 2 itens. Uma pessoa que não possui uma boa capacidade de abstração, chamamos de incapacidade de abstração = PENSAMENTO CONCRETO – seguem literalmente; ao pé da letra. 8. LINGUAGEM E FALA: É o modo de se comunicar. A linguagem falada é o principal ponto de observação. Avaliamos: QUANTIDADE: - Espontâneo. - Mutismo (não responde as perguntas). - Monossilábico (responde sim ou não). - Prolixo. QUALIDADE: - Discurso pobre. - Elaborado. - Neologismo (cria novas palavras). - Articulação. VELOCIDADE: - Fluxo aumentado (se fala rápido). - Fluxo diminuído (se fala devagar). - Latência de resposta: LATÊNCIA AUMENTADA = Há uma demora para responder sua pergunta. LÂTENCIA DIMINUÍDA = Entrevistador nem terminou de fazer a pergunta e o paciente já responde. VOLUME: Alto, baixo ou normal. 10 Débora Oléa Braga - TXXII Afasia: Ausência de fala. Geralmente quadros neurológicos – não consegue falar. Mutismo (capaz de falar, mas não quer). Disartria (problema na articulação das palavras). Dislalia (troca letras). Logorréia (aumento da quantidade da fala: fala demais). Solilóquio (monólogo – paciente fala sozinho). *Característico de pacientes psicóticos. Ecolalia (repete a última sílaba ou palavra do examinador). Coprolalia (palavras repetidas de baixo calão). 9. SENSOPERCEPÇÃO: Avaliação da percepção do indivíduo a partir dos órgãos do sentido em relação ao meio. (5 sentidos: auditivo, gustativo, tátil, olfatório e visual) Quando há uma alteração em 1 ou + dos 5 sentidos há uma alteração na sensopercepção. Ilusão. Alucinação. Despersonalização. Desrealização. 10. CONSCIÊNCIA: Estado de lucidez que uma pessoa se encontra. Inclui o reconhecimento da realidade externa ou de si mesmo em um determinado momento, e a capacidade de responder à estímulos. Vigil: Abertura ocular espontânea, estado alerta e responsivo. Sonolência: Lentificação dos processos ideacionais (geralmente quando muito medicado) Torpor: Está dormindo, exceto quando estimulado. Coma: Não pode ser acordado. 11. ATENÇÃO: Capacidade de focalizar e manter a atenção em uma atividade, envolvendo atenção/distração, frente aos estímulos externos ou internos. Vigilância: Capacidade de voltar o foco da atenção para estímulos externos (meio). *Hipervigilante: Qualquer estímulo externo chama sua atenção (paciente amedrontado) *Hipovigilante. Tenacidade: Capacidade de manter-se em uma tarefa específica. Exemplo: Prestar atenção às perguntas da entrevista. *Hipotenaz (disperso). *Hipertenaz (excesso de atenção, afoito). *Normotenacidade (postura adequada, esperada). Concentração: Capacidade de manter a atenção voluntária em alguma atividade mental. Ex: atividade de subtração do 7 a partir do 100. 12. ORIENTAÇÃO: Autopsíquica → Saber o próprio nome, reconhecer as pessoas do seu meio, saber quem é o entrevistado. 11 Débora Oléa Braga - TXXII Alopsíquica → Orientação em tempo (ano, mês, dia da semana, período do dia) e espaço (onde se encontra no momento, a cidade, o estado). 13. MEMÓRIA: Capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar e reconhecer objetos, pessoas, experiências ou estímulos sensoriais. Imediata: Últimos 5 minutos. Recente: Engloba os últimos dias e horas. Remota: Abrange desde os primeiros anos de vida. 14. CAPACIDADE INTELECTUAL: Não fazemos testes formais para avaliar. Porém, através da entrevista conseguimos prever um desempenho intelectual. *Caso tenhamos dúvidas podemos fazer algumas perguntas, como quem é o presidente ou mesmo pedir para o paciente resolver um problema aritmético. Estimativa do nível de desempenho intelectual esperado, em função da escolaridade e do nível sociocultural, enquanto capacidade de compreensão e integração de experiências. 15. INSIGHT: - Percepção do paciente de que está doente e precisa de ajuda (compreende/reconhece seus problemas e sua doença). Insight bom/preservado: Quando o paciente reconhece que possui uma doença/transtorno e precisa de ajuda. Insight prejudicado: Quando o paciente nega uma doença. 16. JUÍZO CRÍTICO DA REALIDADE: Capacidade de perceber e avaliar a realidade externa (conviver com ela de forma padronizada) e separá-la dos aspectos do mundo interno ou subjetivo. *Exemplo: Um paciente que se sente perseguido por uma pessoa – juízo crítico prejudicado. Considera-se que o juízo crítico da realidade está alterado, por exemplo, quando as decisões do paciente são determinadas por delírios ou alucinações. 12 Débora Oléa Braga - TXXII DEFINIÇÃO É UM SINTOMA E NÃO UM DIAGNÓSTICO. Para ser psicótico, ele necessita de 1 dos 4 sintomas indicativos de psicose. *Pode ter mais de 1 dos sintomas. 1. Delírios: Falsa crença (acredita que tem algo acontecendo, mas não está). Não cede à argumentação lógica. Exemplo: Se ele acreditar que alguém está o perseguindo, nada que nós falamos faz o parar de acreditar. Não compartilhada (não é compartilhada por outros indivíduos, por exemplo, uma seita religiosa). Alteração do pensamento (está dentro do pensamento do paciente, uma vez que é apresentado no discurso, podendo ser ilógico ou delirante). No exame do estado mental colocamos ‘’discurso ilógico ou delirante’’ 2. Alucinações. 3. Desorganização do comportamento. 4. Desorganização do pensamento. CONTEÚDOS DOS DELÍRIOS Geralmente, os delírios envolvem situações de interesse ao indivíduo. Delírios Persecutórios Mais comum. Delírios de Referência/Paranoide: Paciente começa a achar que os estímulos neutros do ambiente estão se referindo a ele. Delírios de ciúme e infidelidade. Acha que está traindo. Delírios de amor/erotomaníacos: Acontece quando o paciente acredita que uma pessoa de maior proeminência social está apaixonada secretamente por ele. *Geralmente celebridade ou figura de autoridade. Delírios grandiosos. Paciente acredita que possui algum superpoder, muito dinheiro ou fama. Delírios religiosos: Paciente acredita que é o novo Messias ou que ele possui uma função na Terra de profetizar acontecimentos religiosos. Delírios de culpa: Acredita que fez algum mal a alguém ou a ele próprio. Delírios hipocondríacos ou somáticos: Não cede à argumentação lógica. Exemplo: Acredita que está doente. Delírios bizarros. Delírios queo conteúdo não encontra qualquer embasamento da realidade. Exemplo: ‘’Eu por ser do signo de gêmeos, tenho um gêmeo dentro de mim e que me obriga a fazer coisas que eu não quero. ’’ 13 Débora Oléa Braga - TXXII Delírios de controle. Paciente acredita que tem algo ou alguém que o controla remotamente. Exemplo: O FBI instalou um chip na minha cabeça que controla meus pensamentos. Delírios de inserção, irradiação ou roubo de pensamento: - Mais raro. INSERÇÃO: Paciente acredita que outras pessoas estão colocando pensamentos na cabeça dele. IRRADIAÇÃO: Acredita que os pensamentos estão irradiando de forma que outras pessoas conseguem acessar. ROUBO DE PENSAMENTO: Outra pessoa está roubando o pensamento dele. Delírios podem, em seu conteúdo, refletir os interesses e preocupações predominantes do paciente. Isso ocorre pois utilizamos elementos da nossa vida para construir os nossos delírios. *Uma pessoa muito religiosa se algum dia desenvolver um quadro psicótico possui mais chance de possui um delírio de conteúdo religioso’’ DELÍRIOS PERSECUTÓRIOS Conteúdo mais comum. Sentimento de desconforto, preocupação ou desespero são mais comuns. Agente da perseguição pode ser animado, inanimado (agentes, máquinas) OU paciente experiência a perseguição como uma vaga influência (não sabe exatamente definir o que está o perseguindo). Exemplo: “(…) o paciente afirmava que seu apartamento era o centro de um grande sistema de comunicação que envolvia três redes de televisão, seus vizinhos e centenas de atores. Havia câmeras secretas em seu apartamento que monitorizavam cuidadosamente todas as suas atividades.” DELÍRIOS DE CIÚME E INFIDELIDADE Paciente acha que está sendo traído. Argumentações frágeis e não sustentáveis. Crimes de violência podem ocorrer. “(…) a namorada, revelou ele, estava tendo um caso com alguém, mas ele não tinha certeza de quem era o intruso. Havia começado a reunir evidências: fios de cabelo encontrados no apartamento, itens suspeitos no lixo. Revelou planos de filmar as atividades da namorada enquanto estava no trabalho. Disse que iria matá- la se o caso continuasse (…)” DELÍRIOS DE AMOR OU EROTOMANÍACOS Delírio de ser amante secreto ou objeto de amor de alguém. Amor sentimental; platônico. Pode ser por uma pessoa comum, mas geralmente é plenamente ocupado pelo objeto de sua adoração, uma pessoa de maior proeminência social. Embora em geral o paciente seja tranquilo e pacífico, o paciente ocasionalmente se torna irritável, passional e ciumento. - Mais comum em mulheres. 14 Débora Oléa Braga - TXXII Exemplo: ‘’Paciente jovem, jornalista, foi cobrir um show do Lobão e, desde então, afirma ser ele apaixonado secretamente por ela. Chega a lhe escrever músicas e enviar mensagens através dos textos de seu blog oficial. ’’ DELÍRIOS GRANDIOSOS Crença de ser uma celebridade famosa ou ter poderes sobrenaturais, estar envolvido em uma missão secreta, etc. Podem se estender aos objetos (constrói uma máquina do tempo, fruto de sua genialidade criativa). Exemplo: “Hoje e um dia de grande solenidade! A Espanha tem um rei. Foi encontrado. Este rei sou eu. Apenas hoje fui descobrir. Confesso que fui bruscamente inundado de luz. Não compreendo como pude pensar, imaginar que eu era conselheiro titular. Como este pensamento extravagante pôde penetrar no meu cérebro?” DELÍRIOS RELIGIOSOS Podem ser de natureza grandiosa (‘’enviado de Deus’’). NÃO são causados por crença religiosa excessiva, nem por erros cometidos pelo paciente. Pode ser difícil fazer a distinção entre o delírio religioso e a experiência de uma crença ou prática religiosa incomum. *Para diferenciarmos vemos se há PREJUÍZO; perguntamos para o acompanhante também. Exemplo: “ (…) quando confrontado, afirmou desdenhosamente que, como havia sido escolhido para iniciar um renascimento religioso na cidade, era necessário tornar pública sua intenção de forma permanente. A polícia não teve sucesso em impedi-lo de cortar outra árvore, e o prendeu. ” DELÍRIOS DE CULPA Mais comuns nos transtornos depressivos. Pessoa SE culpa em algo. Podem levar ao suicídio e, mais raramente, ao homicídio. A pessoa começa a achar que eventos naturais, como um tsunami, foram sua culpa. Crenças sobre culpa podem dominar totalmente o pensamento do indivíduo. Exemplo: “(…) ‘ mil desculpas’, eu continuava a dizer, vagamente consciente de deixar todos à mesa achando que eu estava tomando drogas ou coisa parecida. ‘Mil desculpas’, e todo mundo continuava dizendo que não havia de que se desculpar. E então desmaiei de novo, entrando num sono cavernoso por 17 horas. Sonhei com uma grande guerra. Meu Deus, eu havia esquecido a intensidade da depressão.” DELÍRIOS HIPOCONDRÍACOS Paciente acredita estar com uma doença, geralmente grave. Delírio fixo, irremovível, intenso, pois o paciente está convencido de sua natureza física. “Paciente do sexo feminino internada na enfermaria B solicitava de forma insistente uma traqueostomia, já que devido a uma grave doença que adquirira a impedia de respirar”. 15 Débora Oléa Braga - TXXII ALUCINAÇÕES A alucinação é uma alteração do sentido. Experiência semelhantes à percepção: Percebe um estímulo e o paciente vive como se fosse real. Força e impacto plenos de uma percepção real. Estímulo acontece na ausência de um externo. Paciente escuta uma voz, mas essa voz não é real. Indesejada. *Paciente não escuta vozes porque ele quer. Ocorrência espontânea. Não pode ser facilmente controlada. Podem não existir evidências para o perceptu em outras modalidades: - Não há dono das vozes. - A voz não tem um corpo; não há uma alucinação visual junto na maior parte das vezes. Podem ocorrer ao mesmo tempo em que os estímulos sensoriais normais são recebidos. - Paciente escuta uma voz que ninguém escuta e ao mesmo tempo ouve o barulho vindo de uma televisão (estímulo real). A atenção não a remove. Contexto: Antes de afirmarmos que o paciente possui uma alucinação temos que ver o contexto. Se está contextualizado na religião do indivíduo, não é alucinação, como por exemplo uma médium no centro espírita. ACOMETEM OS SENTIDOS São elas (em ordem de frequência): 1. Auditivas. 2. Visuais. 3. Táteis. 4. Olfativas. 5. Gustativas As duas últimas são mais raras e quando acontem normalmente são juntas. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE ALUCINAÇÃO : Distorção: Visão de um objeto que de fato existe de uma maneira distorcida. Exemplo: Enxerga um objeto maior ou mais colorido do que ele realmente é. *Distorções acontecem principalmente em experiências com drogas. Ilusão: Alteração de sentido. A atenção remove o estímulo. Por exemplo: Você viu um filme de terror à noite e vai dormir. Quando chega ao seu quarto, vê um cabideiro com um casaco e você logo acha que é o vilão do filme. Porém, depois de tomar um susto você vê que é um cabideiro (atenção removeu o estímulo). ALUCINAÇÕES AUDITIVAS Paciente escuta algo que ninguém é capaz de escutar. Sons não estruturados (ruídos, chocalhos). Vozes claras, objetivas, definidas. 16 Débora Oléa Braga - TXXII Pode ouvir várias vozes ao mesmo tempo. Muitas vezes com conteúdo depreciativo ou ameaçador. Pacientes podem falar abertamente que escutam vozes ou afirmar que não escutam vozes Sonilóquio/monólogo (paciente fala sozinho). Podem formar um pano de fundo perseverante para a vida. EXISTEM 2 TIPOS DE ALUCINAÇÕES QUE NÃO HÁ UM SIGNIFICADO CLÍNICO IMPORTANTE 1. Hipnagógicas: Acontecem no intervalo entre acordada e dormindo; antes de dormir. 2. Hipnopômpicas: Acontecem quando você está quaseacordando. ALUCINAÇÕES VISUAIS Paciente vê algo que ninguém é capaz de escutar. Flashes de luz, vultos, percepções visuais complexas (ver um cenário cheio de detalhes ou uma pessoa). O mais comum são alucinações pouco definidas: Como se fosse uma sombra, vulto. TÁTEIS Paciente sente algo que não era para estar sentido. Superficiais (sensação cutânea). Cinestésicas (músculos, articulações). Viscerais (órgãos internos). OLFATIVA Paciente sente um cheiro que ninguém mais está sentindo. Sente um cheiro recorrente em diversas situações diferentes. GUSTATIVA Sente um gosto estranho na boca. DESORGANIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO Trata-se de um comportamento que não faz sentido e que não volta para o objetivo Comportamento bizarro. Exemplo: Vestir a cueca em cima da calça. Pueril: Adulto se comporta como criança. *Chupar chupeta, mamar mamadeira. Agitação imprevisível (vem do nada) Não encontramos uma razão para a agitação. Catatonia. 17 Débora Oléa Braga - TXXII DESORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO É analisado no discurso. Afrouxamento de associações: Paciente troca de assunto frequentemente, sendo o primeiro assunto não tem associação com o segundo. Tangencialidade: Paciente vai tentar responder sua pergunta, mas não responde. - Tipo mais leve de desorganização do pensamento. Salada de Palavras: Emite palavras soltas que não formam uma sentença. Neologismos: É o mais grave de todos. Cria palavras novas. POR QUE O PACIENTE ESTÁ PSICÓTICO? Psicose não é um diagnóstico e sim um achado sintomático em diversas condições médicas. DEVEMOS DESCARTAR OUTRAS CONDIÇÕES MÉDICAS Causas orgânicas Doença psiquiátrica também é de causa orgânica (acomete o cérebro). Analisar se existem outras condições médicas. Uma vez que isso será identificado na: o Anamnese. o Interrogatório dos diversos aparelhos. o Exame Físico completo. o Exame neurológico sumário. o Exames complementares. o Exames Gerais (hemograma, função hepática, íons – sódio e K+, glicemia de jejum) Para descartar estado confusional agudo (delirium – condição não psiquiátrica que causa psicose). o TSH (mais comumente o hipertireoidismo). o VDRL (neurossífilis pode causar sintomas psicóticos). o FAN (10% dos pacientes com LES podem ter sintomas psicóticos). o HIV: Pacientes que tenham comprometimento do SNC decorrente do quadro de AIDS podem desenvolver sintomas psicóticos. o Tomografia de Crânio Síndromes demenciais e Tumores do SNC. o Screening toxicológico (rastreio de uso recente de drogas). PRINCIPAIS CONDIÇÕES NÃO PSIQUIÁTRICAS QUE PODEM CAUSAR SINTOMAS PSICÓTICOS: Estado Confusional Agudo. Síndrome de Abstinência Alcoólica. Lúpus Eritematoso Sistêmico. SIDA. Neurossífilis. Hipo ou hipertireoidismo. Epilepsia. 18 Débora Oléa Braga - TXXII SUSBTÂNCIAS PSICOATIVAS (SPA) Se não houver outra condição médica e os exames vierem sem alterações, deve-se descartar o uso de substancias psicoativas = drogas lícitas, ilícitas ou qualquer outra medicação que possa agir no SNC. *Álcool, crack, cocaína, LSD, maconha... cafeína e tabaco são exceções. *Medicamentos que podem causar psicose são os estimulantes do SNC Ritalina e similares. Questionar se o último uso foi a um mês. Se foi, deve-se definir como TRANSTORNO PSICÓTICO SECUNDÁRIO AO USO DE SPA . Se não foi feito há menos de um mês, não é culpa das SPA. Descartados os possíveis diagnósticos até aqui, deve-se propor como possível hipótese o: TRANSTORNO DE HUMOR: Humor é a sensação subjetiva que prevalece a maior parte do tempo. Devemos investigar se o paciente está: 1. Mais entristecido do que o habitual. 2. Mais alegre/eufórico do que o habitual. 3. Anedonia: Deixou de fazer coisas que gostava de fazer. Episódio Maníaco: Indicativo de doença bipolar. *Episódio maníaco com sintomas psicóticos. Episódio Depressivo com sintomas psicóticos. Se o paciente não tiver alteração de humor, deve- se descartar: TRANSTORNOS DO ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA: Transtorno Psicótico Breve. Transtorno Esquizofreniforme. Esquizofrenia. Transtorno Delirante. 19 Débora Oléa Braga - TXXII Quadro agudo e sindrômico. Perturbação da atenção. A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (é altamente aguda). Representa uma mudança da atenção e da consciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia. Perturbação adicional na COGNIÇÃO: Perde habilidades que antes tinha. - Perde a habilidade de fazer tarefas que antes fazia. - Desorientação. As perturbações não são melhor explicadas por outro transtorno neurocognitivo preexistente (Demência). O QUE CAUSA? Há evidências a partir da história, do exame físico ou achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência fisiológica direta de outra condição médica, intoxicação ou abstinência de uma substância (principalmente medicações). FATORES PREDISPONENTES - Idade avançada (idosos). - Sexo masculino. - Demência prévia / Declínio cognitivo. - Dependência funcional (acamados). - Déficits visuais ou auditivos. - Polifarmácia. - Comorbidades clínicas Principalmente descompensadas. - Desnutrição. - Patologias psiquiátricas (depressão). - Aumento da vulnerabilidade. FATORES PRECIPITANTES = CAUSA - Introdução de fármacos (sedativos –para dormir- e hipnóticos/ anticolinérgicos). - Privação de sono. - Fatores ambientais (internações hospitalares, procedimentos gerais, cirurgias no pós- operatório). - Enfermidades gerais: Infecções, alterações metabólicas, anemia, desidratação. - Dor. QUADRO CLÍNICO Principais: 1. Alteração da consciência (excessivamente alerta). 2. Letargia ou Sonolência. Pode oscilar entre os dois estados. 3. Redução da atenção. Paciente facilmente distraído. OUTROS SINTOMAS: 4. Memória e Orientação: - Prejuízo remoto e imediato. 20 Débora Oléa Braga - TXXII - Desorientação autopsíquica (referentes as informações bibliográficas do paciente – erra aidade, cidade de procedência) e alopsíquica (diz respeito ao ambiente em que o paciente está inserido não sabe onde está, em que ano ou mês). 5. Alteração do ciclo sono vigília: Paciente inverte o dia pela noite. 6. Sensopercepção: Pode causar sintomas psicóticos. - Alucinações (comumente complexas). - Ilusões. 7. Delírios: Pensamentos ilógicos e incoerentes (tangencialidade, afrouxamento de associações, salada de palavras ou neologismos). 8. Afeto: - Labilidade emocional: Afeto do paciente varia muito ao longo da entrevista. - Ansiedade. - Agressividade. 9. Psicomotricidade - Agitação ou Inatividade. TIPOS DE DELIRIUM HIPERATIVO 15 – 47 %. Agitação Agressividade. Ativação autonômica (taquicardia, ↑ PA, sudorese e tremores). MISTO 43 - 56 %. Formas concomitantes ou alternados. HIPOATIVO 19 - 71% casos. Letargia. Sonolência. Apatia. o Tem oscilações. DIAGNÓSTICO o Principal: Clínico. Paciente subitamente começa a ter alteração no nível de consciência e/ou de atenção. Quadro agudo. → Baseado na observação do paciente, exame físico e complementar. - Valorização dos dados fornecidos pela família e pela equipe que presta assistência ao paciente. *Exames complementares (Exclusão de causas associadas e intoxicação medicamentosa). INVESTIGAÇÃO DAS POSSÍVEIS CAUSAS 1. Neurológicas: AVC, traumatismo craniano, tumores do SNC, metástases, hematoma subdural, aneurismas, abscessos cerebrais, hidrocefalia, epilepsias. 2. Endocrinológicas: Hipo/hipertiroidismo, doençade Addison, síndrome de Cushing. 21 Débora Oléa Braga - TXXII 3. Metabólicas: Hipóxia, hipoglicemia, falência renal, falência hepática, deficiência vitamínica, sobretudo de tiamina e cobalamina, distúrbios acidobásico e hidroeletrolítico. 4. Vasculares: Insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, encefalopatia hipertensiva, arterites cerebrais, ataques isquêmicos transitórios. 5. Infecciosas: Hipertermia, meningite, encefalite, infecção cerebral por HIV, pneumonia e infecção urinária (principalmente em idosos) 6. Autoimunes: Lúpus eritematoso, vasculites. 7. Nutricionais: Deficiência de vitaminas como tiamina, cianocobalamina, ácido fólico, ácido nicotínico. 8. Tóxicas: Algumas medicações quando ingeridas em excesso – principalmente as de ação anticolinérgicas – podem causar estado confusional agudo. Síndrome de abstinência e fármacos que causam delírio (cimetidina, cefalosporinas de terceira geração, difenidramina, nortriptilina, amitriptilina, digoxina, betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, quinidina, procainamida, fentanil transdérmico e meperidina). 9. Outras: Privação do sono, retenção urinária, impactação fecal, privação sensorial e distúrbios metabólicos MEDICAÇÕES ASSOCIADAS AO DESENVOLVIMENTO DE DELIRIUM EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES GERAIS: - Hemograma completo. - Eletrólitos (sódio, potássio, magnésio, cálcio, fósforo, etc). - Ureia. - Creatinina. - Glicose. - Função hepática. - TSH e T4 livre. - Vitamina B12 e outras. - Rastreio toxicológico. - Níveis séricos de drogas antiepilépticas, benzodiazepínicos, alcoolemia. - Urina rotina. - Urocultura. - Exame de LCR. - VDRL. - HIV. 22 Débora Oléa Braga - TXXII - FAN. - Radiografia de tórax. - Tomografia de crânio. - Eletroencefalograma. MANEJO NÃO FARMACOLÓGICO Avaliar a segurança do paciente. Prevenir danos para si e para outros. Evitar contenção física (amarrá-lo na cama pode piorar o ECA). Tratar os fatores de risco modificáveis = Tratar causa base. - Estabelecer a fisiologia. - Restabelecer equilíbrio hidroeletrolítico. - Hidratação + oxigenação. Controle da dor. Medidas de higiene do sono (dormir e acordar no mesmo horário). Use estratégias de reorientação: - Relógio e calendários. - Óculos, aparelhos auditivos. Otimize o ambiente: - Evite privação/sobrecarga sensorial. - Reduza ruídos para promoção de um bom ambiente de sono - Iluminação apropriada Traga objetos familiares (Fotos). Estimular deambulação fora do leito quando possível. Envolva familiares Educação sobre o delirium. MANEJO FARMACOLÓGICO Se o paciente se encontra hipoativo não damos nenhum medicamento psicotrópico. Não é recomendável tratar com medicação antipsicótica delirium hipoativo. PRINCÍPIOS: Medicação psicotrópica deve ser reservada para pacientes com agitação excessiva ou sintomas psicóticos. Damos antipsicóticos em doses baixas. Preconizar monoterapia em baixa dosagem. Retirar tão logo seja possível. Evitar medicações para dormir (benzodiazepínicos), pois podem piorar ou desencadear o ECA. *Usamos o Aloperidol 0,5-1mg. 23 Débora Oléa Braga - TXXII ESCALA DELIRUIM 24 Débora Oléa Braga - TXXII Hipótese de Psicose ↓ Possui delírio, alucinação, desorganização do pensamento ou desorganização do comportamento? ↓ Causas de Psicose ↓ Outras condições médicas (não- psiquiátricos) Uso de Drogas no último mês Transtornos de Humor Transtornos do Espectro Esquizofrênico INTRODUÇÃO Era chamada de “Demência Precoce”. A esquizofrenia não se comporta como a demência se comporta, o curso clínico é diferente. Esquizofrenia = Significa “Mente dividida”. Crônico. Frequentemente incapacitante. Alterações o Sentidos Alucinações. o Desorganização no pensamento (delírio). o Desorganização do comportamento (desorganizado ou agressivo - raro). o Expressão Emocional (sintoma negativo). EPIDEMIOLOGIA 0,6 a 1,9% da população. Homens x Mulheres Igualmente acometida. Os homens de modo geral abrem o quadro de esquizofrenia mais cedo e é mais grave. Adolescentes ou Adultos Jovens (90% dos casos possui o 1º sintoma entre 15 a 55 anos). Estações do ano (inverno e primavera), área urbana, imigrantes, classe social mais baixa possuem maior chance de desenvolver esquizofrenia. Não se sabe descrever certamente o por que. Não se sabe se a pobreza aumenta o risco de esquizofrenia ou a esquizofrenia causa a pobreza. 75% Desempregados (inativos). 2,5% de todos os gastos com saúde. FASES DA ESQUIZOFENIA Paciente que já na infância desenvolve um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor discreto. - Nada que precise de um tratamento ou de uma estimulação precoce. - Crianças tímidas, com poucas amizades e com dificuldade escolares, piorando na adolescência. 25 Débora Oléa Braga - TXXII Adolescente progressivamente isola-se socialmente e mostra-se agressivo diante de amigos e família. Médicos acham que o indivíduo está depressivo Fase prodrômica da esquizofrenia = Sintomas começaram a se manifestar. É difícil fazer o diagnóstico nessa fase. Após a fase prodrômica o indivíduo abre um quadro psicótico de fato, iniciando com: Alterações nos sentidos, desorganização no pensamento (delírio), desorganização do comportamento ou expressão Emocional (sintoma negativo). SINTOMAS NEGATIVOS Nessa fase conseguimos fazer o diagnóstico e começar o tratamento. Fase progressiva da doença. 1. Embotamento afetivo: Não apresenta emoção nenhuma, fica indiferente a qualquer estímulo do meio. Não identificamos nenhuma expressão AFETIVA (exame do estado mental) de alegria ou tristeza. 2. Abolição: Baixa iniciativa para começar qualquer atividade – laboral, lazer, interação social. Não demonstra interesse e vontade. 3. Anedonia: Redução de interesse ou prazer em atividades que antes gostava. A anedonia pode ser tanto um sintoma negativo quanto mesmo depressivo. Paciente come esquizofrenia nunca retorna a ser como antes era = Não retoma totalmente a funcionalidade. Mesmo a melhor resposta possível ao tratamento. TEORIA DO NEURODESENVOLVIMENTO O cérebro de pacientes esquizofrênicos possui alterações precoces, que aumentam o risco de desenvolvimento da doença. Combinada com Fatores desencadeantes. Leva a uma modificação dos circuitos cerebrais, que culmina no surgimento de sintomas psicóticos. HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA Aumento da disponibilidade e quantidade de dopamina (neurotransmissor estimulante) na fenda sináptica Saliência aberrante: Interpretação distorcida da realidade ao redor = PSICOSE. o Ação dos anti-psicóticos: Redução da quantidade de dopamina na fenda sináptica. 26 Débora Oléa Braga - TXXII CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS SEGUNDO DSM-5 Diagnóstico: 2 ou mais sintomas proeminentes por pelo menos 1 mês: o Delírios. o Alucinações. o Discurso desorganizado. o Comportamento desorganizado. o Sintomas Negativos. Sinais da doença por 6 meses ou mais: *Sinais em menor intensidade – atenuados. Sinais persistem por pelo menos seis meses mesmo com o início do tratamento. O Sintomas negativos: Não costumam melhorar com o tratamento. O Delírios e alucinações menos proeminentes. Queda do funcionamento: Paciente não volta a ser o que era. Descartar: - Outros transtornos psiquiátricos. - Drogas. - Outras condições médicas. ESQUIZOFRENIA CLASSIFICAÇÃO – DSM 5 Atualmente não existem subtipos da esquizofrenia. Antigamente, no DSM4, existiam subtipos (paranoide, desorganizada, catatônica , indiferenciada e residual). Essa classificaçãode subtipos foi abandonada pois muitos pacientes não se encaixavam na classificação. O único subtipo que persistiu foi a CATATONIA. DSM 5 Classificada de acordo com o curso: - Esquizofrenia de primeiro episódio. - Esquizofrenia de episódios múltiplos (compensação e descompensação). - Esquizofrenia contínua (começou o quadro a muito tempo e nunca melhorou). - Esquizofrenia não especificada (não temos dados suficientes). CATATONIA (ESQUIZOFRENIA CATATÔNICA) = ANORMALIDADE PSICOMOTORA ACENTUADA. Se manifesta através de anormalidades psíquicas e motoras. o Anormalidades psíquicas: 1. Mutismo. 2. Ecolalia (repete a última palavra ou frase que o entrevistador falou). 3. Ecopraxia (imita o último movimento do entrevistador). 4. Estupor (passa longos períodos de tempo imóvel). 5. Flexibilidade cérea (no estupor conseguimos modelar o paciente – ‘’boneco de cera’’ – colocamos em uma posição e ele mantém). 6. Catalepsia (sustenta por longos períodos de tempo uma posição desconfortável). 7. Caretismo (faz muitas caretas). 27 Débora Oléa Braga - TXXII Catalepsia SINAIS E SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA Fase aguda -> Sintomas positivos = Ocorrem além do esperado. *Os sintomas positivos dependeriam do excesso de dopamina em D2 no sistema límbico. o Ilusões. o Alucinações. o Auditivas: Insultos, ordens (70% casos), visuais (10%), táteis, olfativas. o Pensamento alienado e desorganizado (distúrbio de possessão, incoerência, ideias bizarras). o Catatonia (alterações psicomotoras). o Ambitendência = alterações movimentos opostos. o Ecopraxia = Imitação de movimentos. o Estereotipias = Movimentos repetitivos e regulares sem objetivos. o Flexibilidade de cera = Membros em uma posição. o Postura inadequada e bizarra. Fase crônica -> Sintomas negativos Os sintomas negativos dependeriam da diminuição de dopamina em D1 no córtex pré- frontal, sendo melhor observados na fase crônica. o Afeto embotado, indiferença social, negligência aparência, negativismo. o Resistência em seguir instruções. o Limitação da fala. o Retração afetiva. o Restrição na experiência e expressão de emoções. o Anedonia. o Apatia – Diminuição objetivos, energia e interesse. o Diminuição de concentração, da atenção. o Dificuldades no trabalho. A principal hipótese da doença é ter uma hiperatividade de dopamina em D2 que são responsáveis pelos sintomas positivos pois a dopamina se liga preferencialmente a esse receptor. Porém, quando isso acontece os receptores D1 terão menos dopamina se ligando. Essa pequena quantidade de dopamina em D1 é a provável causa dos sintomas negativos que são crônicos. Há uma correlação ente os sintomas negativos com diminuição/falta de ligação dos níveis de dopamina em D1. Os sintomas positivos passam depois de um tempo a perder a sensibilidade e se tornarem crônicos. TRATAMENTO Farmacológico: Antipsicóticos: Existem 2 grupos 1. Típicos (1ª geração - mais antigos). 2. Atípicos (2ª geração). Outras modalidades de tratamento: . Eletroconvulsoterapia/eletrochoque (induz uma corrente elétrica de modo a induzir uma convulsão no paciente) Funciona padrão-ouro para catatonia. 28 Débora Oléa Braga - TXXII Não Farmacológico: . Treinamento de habilidades sociais (principalmente para minimizar impacto dos sintomas negativos). *Deixar o paciente menos isolado socialmente. . Orientação familiar – sobre o prognóstico da doença e necessidade de estimular o paciente. . Psicoterapia. ANTIPSICÓTICOS Os estudos mostram que os antipsicóticos possuem praticamente a mesma eficácia, o que muda é os efeitos colaterais. Exceção: Clozapina Se mostrou superior a todos os demais. No entanto, é reservada para os casos de esquizofrenia refratária. *Trata-se de uma droga com muitos efeitos colaterais. TÍPICOS (1ª GERAÇÃO) Haloperidol. Possui formulação de depósito: Pode dar pela via IM e tem duração de 1 mês. *Bom para pacientes que não possuem boa adesão ao tratamento – esquecem de tomar. Clorpromazina (superior ao tratamento de esquizofrenia, sobretudo na refratária) ATÍPICOS (2ª GERAÇÃO) Risperidona. Quetiapina. Olanzapina. Ziprasidona. Clozapina. Confirme o diagnóstico ↓ Escolha um antipsicótico (Clozapina não é primeira escolha) ↓ Ensaio Adequado (estar na dose terapêutica por 12 semanas) o Respostas anteriores: Se teve um bom efeito com um antipsicótico anterior, continuamos o Efeitos colaterais. o Preferências do paciente (Levamos em consideração o sono, alimentação). o Via de administração: Maioria das medicações são pela VIA ORAL. Exceção: Haloperidol – Via IM. o Situações especiais: - Catotonia não se deve dar antipsicótico no 1º momento pois a medicação pode piorar esse sintoma. - Deve-se fazer a ECT antes. - Se não tivermos acesso ao eletrochoque damos BENZODIAZEPÍNICOS . ENSAIO ADEQUADO: Iniciamos a medicação na dose terapêutica e deve durar pelo menos 12 semanas. Se após 12 semanas houve uma falha do ensaio OU efeitos colaterais: Escolhemos outro antipsicótico. - Reveja o diagnóstico, a adesão e uso de drogas (não funciona bem ao tratamento). 29 Débora Oléa Braga - TXXII Em um desses 2 ensaios deve ser com anti-psicótico de 2ª geração. ↓ Outro ensaio Adequado de 12 semanas. FALHA TERAPÊUTICA DE DOIS ENSAIOS COMPLETOS (sendo um deles com 2ª geração): ESQUIZOFRENIA REFRATÁRIA. Entramos com a Clozapina. TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE Pelo menos 1 dos sintomas psicóticos: - Delírios, alucinações, desorganização do comportamento ou do pensamento. Duração inferior a 1 mês. Duração de 1 a 30 dias com ou sem tratamento. Mesmo se não tratado ocorre REMISSÃO: Retoma a funcionalidade anterior ao quadro. Com ou sem estressor precedendo o quadro. Por exemplo: Abertura de quadro psicótico pós- morte de um parente querido. Não secundário a OCM (outras causas médicas), TH (transtornos de humor), SPA (substâncias psicoativas). TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME 2 sintomas ou mais: - Delírios, alucinações, desorganização do comportamento ou do pensamento > de 1 mês e < 6 meses: Duração de 31 dias a 6 meses Se for mais de 6 meses, é esquizofrenia. Retoma a funcionalidade anterior – com ou sem tratamento. Não secundário a OCM, TH, SPA. Todo paciente esquizofrênico já teve transtorno esquizofreniforme. Todo paciente com transtorno esquizofreniforme já teve transtorno psicótico breve. TRANSTORNO DELIRANTE Presença de 1 ou mais delírios. Duração igual ou superior a 1 mês. Desorganização de pensamento e comportamento NÃO ocorrem nesse transtorno. Alucinações não proeminentes - não costumam ocorrer. Se ocorrem são discretas – não ocorrem o tempo todo. Muitas alucinações estão no contexto de delírio. Ocorrência predominante de delírios. Maior parte das vezes: Delírios “factíveis”: Situações que podem acontecer na vida das pessoas. Funcionalidade preservada fora do contexto do delírio. Não secundário a OCM, TH, SPA. 30 Débora Oléa Braga - TXXII SUBTIPOS: É classificado de acordo com o conteúdo do delírio. o Erotomaníaco. o Grandioso. o Ciúme. o Persecutório. o Somático. o Misto. o Não especificado. o Com conteúdo bizarro. 31 Débora Oléa Braga - TXXII Podem tratar esquizofrenia e pessoas com transtorno de personalidade. DEFINIÇÃO Tratamento da psicose. Muitas vezes, uma medicação psiquiátrica é usada para tratar outros transtornos. Destinadas ao controle e remissão dos seguintes sintomas: . Delírios.. Alucinações. . Desorganização do comportamento. . Desorganização do pensamento. AÇÃO FARMACOLÓGICA Toda medicação antipsicótica – típico ou atípico – é um antagonista dopaminérgico = Antagonistas dopaminérgicos (antagonista do receptor D2). . Para termos uma ação antipsicótica a medicação tem que ocupar cerca de 70% dos receptores D2 de dopamina no cérebro Se a medicação ocupa > 70% = Sintomas extrapiramidais. 1ª GERAÇÃO: - Maior afinidade pelo receptor D2 = Maior % de ocupação de receptores D2. - Sintomas extrapiramidais. 2ª GERAÇÃO - Menor afinidade pelo receptor D2 = Menor % de ocupação de receptores D2. *Por isso estes têm menos efeitos colaterais. Além disso, os de 2ª geração são Antagonistas serotonérgicos (5HT2). Logo, os anti-psicóticos que são de segunda geração são chamados de ANTAGONISTAS DOPAMINA-SEROTONINA. A dopamina é um neurotransmissor que age em várias vias cerebrais: VIAS DOPAMINÉRGICAS Via mesolímbica Melhora da psicose. Via Mesocortical Pode haver uma melhora nos sintomas negativos (é controverso). Ação na via Nigroestriatal Causa os sintomas extrapiramidais (Parkinsonismo). Ação na via Tuberoinfundibular Hiperprolactinemia. A dopamina inibe a produção de prolactina. O antipsicótico ao antagonizar a dopamina = Hiperprolactinemia. Mulheres Alteração da fertilidade. Homens Alteração na função sexual. Ambos: Galactorreia. EFEITOS COLATERAIS 1. Sintomas extrapiramidais (síndrome parkinsoniana): Efeito direto da diminuição da dopamina na fenda sináptica. . São efeitos colaterais limitantes. 32 Débora Oléa Braga - TXXII . Principalmente nos de 1ª geração. - Tremor. - Pouca expressão facial. - Rigidez articular. - Marcha robotizada. - Postura encurvada. 2. Aumento de peso. - Muito comum nos de 2ª geração. *Clozapina e Olanzapina no 1º ano de uso pode levar a um aumento de peso de 13-15 kg. 3. Sonolência diurna. *Principalmazina.mente na Clozapina, Quetiapina e Clorpro 4. Disfunsão sexual. *Em todos. 5. Hipotensão postural. *Clozapina. 6. Boca seca. *Em todos. 7. Constipação intestinal. *Em todos. EFEITOS COLATERAIS GRAVES o Acatisia: Efeito colateral extrapiramidal, em que o paciente possui um desconforto em ficar parado (fica se movimentando para não gerar angústia). . Bater de pernas (fica batendo o pé no chão): “movimento de amassar barro”. - Mais comum nos anti-psicóticos de 1ª geração e no Aripiprazol da 2ª geração. Convulsões: - Principalmente na Clozapina. o Arritmias: Os antipsicóticos aumentam o intervalo QT. Não é comum, mas deve ser monitorada. - Bloqueio de canais de K+ (fase de ativação rápida) da célula miocárdica. - Sertindol > Ziprasidona > Risperidona. - Quetiapina, Clozapina, Olanzapina = efeito insignificante. - Tioridazina oferece o maior risco dose- dependente. o Agranulocitose: Queda dos granulócitos (neutrófilos) – deixa a imunidade baixa e pode ter infecções. *Neutrófilos < 1500. - Principalmete na CLOZAPINA. *1% dos pacientes que usam Clozapina. Durante 6 meses faz um hemograma por semana para detectar agranulocitose. Se acontecer Suspendemos a medicação. o Síndrome neuroléptica maligna: Mais comum em anti-psicóticos de primeira geração, principalmente o Haldol. Rara na Quetiapina e Clozapina. 33 Débora Oléa Braga - TXXII Ocorre em pacientes mais sensíveis a medicação ou quando há doses muito altas Ocupa mais de 90% dos receptores de dopamina do cérebro. Sintomas da síndrome neuroléptica maligna o Febre alta (não sede a antitérmicos comuns). o Rigidez articular. o Rabdomiólise. o Insuficiência renal. o Choque. o Morte. ANTIPSICÓTICOS DE 1A GERAÇÃO = TÍPICOS Antigos. Haloperidol e Clorpromazina são os mais comuns. Quais são ? Haloperidol (Haldol) é uma butirofenona. - Menor sedação e hipotensão. - Alta liberação extrapiramidal. Clorpromazina (Amplictil): - Alta afinidade por D2. - Média liberação extrapiramidal. - Pode haver icterícia. Levomepromazina (Neozine). Tioridazina. - Menor liberação extrapiramidal. - Não causa icterícia, mas é cardiotóxica. Zuclopentixol. ANTIPSICÓTICOS DE 2A GERAÇÃO - ATÍPICOS Novos. Atenua SINTOMAS POSITIVOS (desorganização do comportamento e do pensamento, delírios e alucinações). Sem efeitos extrapiramidais. Eficaz para sintomas negativos (isso é muito controverso). Quais são? Risperidona. - Em doses menores a liberação extrapiramidal e a hipotensão são mínimas. - Pode ocorrer ganho de peso. Paliperidona. *Não disponibilizado pelo SUS. Quetiapina - O ganho de peso é menor. Olanzapina - Poucos efeitos colaterais. - Leve liberação extrapiramidal - Pode ocorrer ganho de peso e sedação. Ziprasidona. Aripiprazol. *Não disponibilizado pelo SUS. Clozapina. Não é a 1ª escolha – Pode causar colvulsões e agranulocitose: 34 Débora Oléa Braga - TXXII Por isso introduzimos a medicação devagar e aumentamos a dose vagarosamente, pois se aumentarmos rápido surge agranulocitose. - Pequena liberação extrapiramidal. - Eficaz em pacientes resistentes/refratários. Dentre os atípicos, há aqueles de amplo espectro (que bloqueiam tudo) e os específicos que bloqueiam serotonina -> Risperidona, a qual já se encontra na forma parenteral). INDICAÇÕES Transtornos psicóticos. Transtornos do humor. Transtornos de personalidade. Transtorno obsessivo compulsivo. Síndromes demenciais. Transtornos do espectro autista. ESCOLHA DO ANTIPSICÓTICO Antes de escolhermos um antipsicótico temos que levar em consideração se o paciente já faz uso de outras medicações que podem interagir com os antipsicóticos. Não usamos 2 antipsicóticos ao mesmo tempo: - Não é eficaz. - Aumenta o risco de síndrome neuroléptica maligna. Analisamos: Perfil de efeito colateral. Custos. Preferência do paciente. Resposta prévia. Via de administração. Posologia. *Quetiapina deve der tomada mais de 1x ao dia. *Escolhemos muitas vezes um medicamento que é utilizado 1x ao dia para casos não aderentes. Efeitos colaterais. Risperidona e Paliperidona: - Medicações bem toleradas. - Baixo custo. - ↑ Prolactina. . NÃO PODEMOS DAR: Pessoas querendo engravidar e grávidas. - Formação de depósito: Podemos dar pela IM. *Caro. 35 Débora Oléa Braga - TXXII Quetiapina: - ↓ efeito extrapiramidal. - Muito sedativa. - Ganho de peso significativo. - Se o paciente possui história de EFEITO COLATERAL OU EXTRAPIRAMIDAL COM OUTRO ANTIPSICÓTICO utilizamos. Olanzapina: - Fácil de tomar e titular Já iniciamos com a dose terapêutica. - Muito eficaz. - DIMINUI O LIMINAR CONVULSIVO. - ALTERNATIVA A CLOZAPINA. - Caro. - Pode levar a SÍNDROME METABÓLICA: Ganho de peso, dificulta o controle de HAS e diabetes. Haloperidol: - Excesso de sintomas extrapiramidal. - Não gera muito ganho de peso. - Barato. - Formulação de depósito pelo SUS OBESOS OU MÁ ADERENTES . - DIMINUI O LIMIAR CONVULSIVO. Aripripazol: - Custo alto. - Risco de acatisia. - Não causa ganho de peso Bom para usarmos em OBESOS. Clozapina: - Eficaz para diminuir o risco suicida em pacientes esquizofrênicos. - Efeitos: Agranulocitose e convulsões. - Sedação. - Hipotensão. - Titulação é lentamente. *Não usamos Clozapina com DIPIRONA – pois a Dipirona possui um risco remoto de causar agranulocitose. Informações a mais AGENTES ATÍPICOS POTÊNCIA – DOSE • Os agentes atípicos são menos propensos do que os agentes convencionais a causar efeitos adversos. • Como os agentes convencionais, esses também podem causar síndrome neuroléptica maligna potencialmentefatal. • Embora a maioria dos agentes atípicos não cause hiperprolactinemia, a risperidona, especificamente, semelhante aos agentes convencionais, pode elevar a prolactina. • No entanto, aumento de massa corpórea (clozapina, olanzapina, quetiapina), hipotensão arterial e sedação não são eventos incomuns. Os antipsicóticos atípicos (exceto aripiprazol e ziprasidona) podem agravar diabetes e hiperlipidemia, além de precipitar o aparecimento dessas doenças. 36 Débora Oléa Braga - TXXII BAIXA POTÊNCIA • A administração dos agentes antipsicóticos de baixa potência tem mais probabilidade de resultar em efeitos adversos autonômicos que incluem hipotensão ortostática, causada por bloqueio de adrenoceptor a, e boca seca, retenção urinária e taquicardia resultante de bloqueio de colinorreceptores muscarinicos. ALTA POTÊNCIA – Haloperidol, Olanzapina • Os agentes de alta potência ainda amplamente utilizados, por exemplo, haloperidol, são mais propensos a resultar em efeitos adversos neurológicos. Entre eles distonia aguda, acatisia e síndrome de Parkinson, que ocorrem relativamente cedo na terapia e são considerados mediados principalmente pelo bloqueio de receptores de dopamina D2 na via nigroestriatal da dopamina dos gânglios da base. • Uma discinesia tardia de ocorrência tardia que frequentemente é irreversível e que pode ser resultado do desenvolvimento lento de supersensibilidade ao receptor de dopamina também nos gânglios basais tem maior ou menor probabilidade de ocorrer com todos os agentes antipsicóticos, exceto clozapina. • A síndrome neuroléptica maligna potencialmente fatal é outro efeito adverso grave de antipsicóticos em pacientes sensíveis. • Além disso, a hiperprolactinemia, em mulheres, pode ocorrer como resultado de uma maior liberação de prolactina pela glândula hipófise posterior. • O ganho de peso também é um provável efeito de muitos desses agentes antipsicóticos. 37 Débora Oléa Braga - TXXII Humor: Sensação subjetiva que permanece na maior parte do tempo. INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS DO HUMOR Definição: Transtorno psiquiátrico. Alterações patológicas do humor associadas à: (NÃO SÃO OBRIGATÓRIAS) o Alterações psicomotoras e vegetativas. o Duração de semanas ou meses. o Alteração do funcionamento habitual do indivíduo Gera prejuízo. o Tendem à recorrência. *Quem já teve um episódio depressivo na vida possui maior chance de ter de novo. *Essa chance é muito maior quando comparado a uma pessoa que nunca teve. CAUSA: MULTIFATORIAL. QUAIS SÃO → Transtorno depressivo maior. → Transtorno afetivo bipolar. → Distimia. → Transtorno disfórico pré-menstrual. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS DO HUMOR SEGUNDO O DSM V BIPOLAR E TRANSTORNOS RELACIONADOS 1. Transtorno afetivo bipolar tipo I 2. Transtorno afetivo bipolar tipo II. 3. Ciclotimia. 4. Transtorno afetivo bipolar e Transtornos relacionados induzidos por SPA/medicações. 5. Transtorno afetivo bipolar e Transtornos relacionados 2o COM. 6. Outros. TRANSTORNOS DEPRESSIVOS 1. Transtorno disruptivo de desregulação do humor (transtorno psiquiátrico da infância e adolescência). 2. T. Depressivo Maior. 3. T. Depressivo Persistente (Distimia). 4. T. Disfórico Pré Menstrual. 5. T. Depressivo induzido por SPA/ medicações. 6. T. Depressivo 2o COM. 7. Outros. EPIDEMIOLOGIA TRANSTORNOS DEPRESSIVOS TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 10 a 15% da população – mais comumente encontrado. 10 a 25% (mulheres); 5 a 12% (homens). Tem aumentado em < 20 anos. 38 Débora Oléa Braga - TXXII Idade média de início: 40 anos. Fatores de risco: Solitários, solteiros, separados, divorciados. Áreas rurais. Sem diferença entre raças. OBS: 1 episódio de Transtorno Depressivo Maior = Depois de 9 meses a 1 ano conseguimos suspender a medicação. TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE Quando a pessoa apresenta > de 1 episódio de Transtorno Depressivo Maior durante a vida = Transtorno depressivo recorrente. o A partir do 2º episódio depressivo se suspendermos a medicação, o paciente possui um risco maior de ter um 3º episódio. o A pessoa usa medicação a longo prazo. 3% das pessoas com TDM que se trataram e tiveram recuperação completa (não teve mais sintomas com o tratamento) entre os episódios Desenvolvem o TDR. 20-25% das pessoas com TDM: Recuperação incompleta = melhorou com o tratamento, porém continuou com algum sintoma. DISTIMIA = TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE 6% da população. TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL 1,8 a 5,8% das mulheres em idade reprodutiva. ASPECTOS ETIOLÓGICOS: GENÉTICOS Transtornos Depressivos: o Poligênica – Há vários genes relacionados a depressão. o Parentes de 1ª grau de pessoas com TDM 2 a 3x mais chances de desenvolver TDM. o Gêmeos Monozigóticos A chance do outro ter é de 50%. o Gêmeos Dizigóticos 25 a 50%. o Estudos de adoção A criança tem pais biológicos com depressão, os riscos são da mesma forma maiores de desenvolver a doença. FATORES PSICOSSOCIAIS ESTRESSORES AMBIENTAIS/ ACONTECIMENTOS DE VIDA: Estressores frequentemente precedem o 1º episódio depressivo. *A partir do 2º episódio depressivo isso é mais raro. Estresse do primeiro episódio: - Leva a modificações duradouras na biologia cerebral Cérebro vulnerável a ocorrência de novos episódios depressivos. - Aumento do risco de novos episódios (mesmo sem um estressor). Perda de um dos pais antes dos 11 anos, perda do conjugue e desemprego. Estressores que se refletem mais negativamente na autoestima têm maior probabilidade de produzir depressão. 39 Débora Oléa Braga - TXXII FATORES PSICOSSOCIAIS DOS TRANSTORNOS DO HUMOR FATORES DA PERSONALIDADE Pessoas com maior risco de desenvolver TDM ao longo da vida: - Transtorno de Personalidade Anancástica (obsessiva compulsiva). - Transtorno de Personalidade Histriônica. - Transtorno de Personalidade Borderline. NEUROBIOLOGIA DOS TRANSTORNOS DO HUMOR TRANSTORNOS DEPRESSIVOS Possível envolvimento da zona de recompensa Zona mediada pela dopamina = Zona de recompensa hipoativa. Alterações no eixo hipotálamo-hipófise- adrenal (mas não são todos). NEUROBIOLOGIA DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS HIPÓTESE MONOAMINÉRGICA 1ª hipótese que surgiu, porém, se tornou incompleta com o passar do tempo. Depressão seria causada por diminuição da noradrenalina e serotonina cerebrais. o Medicação aumenta dopamina, noradrenalina e serotonina. o Controverso: Demora de 3 a 4 semanas para realmente fazer efeito. HIPÓTESE NEUROTRÓFICA Presença de alterações estruturais no SNC de deprimidos que facilitariam o aparecimento de quadros depressíveis. HIPÓTESE INFLAMATÓRIA Estresse (acontecimento traumático de vida) Aumento de citocinas pró inflamatórias no SNC Neurotoxicidade. *A neurotoxidade deixaria o cérebro mais vulnerável para o desenvolvimento de transtorno do humor. ASPECTOS ETIOLÓGICOS DOS TRANSTORNOS DO HUMOR Processos Biológicos (resposta ao estresse, fatores neurotróficos). Aspectos genéticos. Ambientais (dieta, uso de SPA, ritmo biológico eventos adversos). Processos Psicológicos (personalidade, relacionamentos interpessoais). ↓ Fatores de risco para o desenvolvimento de Transtornos Depressivos ACHADOS CLÍNICOS NOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS HUMOR PATOLÓGICO (critério diagnóstico essencial). Além do humor patológico, podemos observar: Alterações cognitivas. Alterações vegetativas. Alterações comportamentais. 40 Débora Oléa Braga - TXXII Causam prejuízo. Cronificam em 20% (dura mais que 2 anos). 2 episódios prévios de depressão com interrupção da medicação Chance de recairé de 70%. 3 episódios prévios de depressão com interrupção da medicação 90%. SEM TRATAMENTO: o Episódio depressivo maior leve a moderado dura de 4 a 30 semanas. o Grave dura de 6 a 8 meses. DIAGNÓSTICO DE UM TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR Por pelo menos 2 semanas: O paciente deve ter 5 ou mais sintomas. o 1 desses 5 sintomas devem ser tristeza/irritabilidade ou anedonia. o Tristeza ou irritabilidade a maior parte do tempo – De forma desproporcional e descontextualiza. o Anedonia (redução do interesse ou prazer em atividades que antes sentia prazer). OBS: Tristeza ou irritabilidade e anedonia SÃO TRANSTORNOS PATOLÓGICOS DO HUMOR. o Perda ou ganho de peso ou apetite. o Insônia ou Hipersonia. o Retardo ou Agitação psicomotora. o Fadiga, perda de energia (desânimo). o Sentimento de inutilidade ou culpa (pode ser delirante = depressão com sintomas psicóticos ou não) – desproporcional. o Redução da concentração, atenção ou memória (muito grave: pseudo demência da depressão). o Pensamentos de morte (desejo de morrer), ideação (pensar em se matar), planejamento (elabora o jeito de se matar) ou tentativa de suicídio. *Lembrar que suicídio não é exclusivo de depressão – pode ocorrer em qualquer transtorno psiquiátrico. CLASSIFICAÇÃO Episódio único. Recorrente (2 ou mais episódios). Leve, moderado ou grave: Olhar para o prejuízo. Se o paciente consegue manter as atividades habituais com um esforço adicional = LEVE. *Quase nunca tem sintomas psicóticos. Precisa de um grande esforço adicional para manter as atividades habituais, mas não é como antes = MODERADO. Não consegue manter as atividades habituais como antes = Vida paralisada = GRAVE. Com ou sem sintomas psicóticos (maioria dos depressivos não tem). *Delírio, alucinação, desorganização do pensamento e/ou desorganização do comportamento. Em remissão parcial ou total: . Parcial Respondeu parcialmente ao tratamento. 41 Débora Oléa Braga - TXXII *Se for tratamento antigo mesmo que com melhora do sintoma a remissão é parcial. Total Respondeu totalmente ao tratamento. ESPECIFICADORES DA DEPRESSÃO Com sintomas ansiosos: - Sentimento de antecipação apreensiva (sofre com a possibilidade de eventos futuros). Características melancólicas: ‘’Depressão clássica’’: - Muita tristeza. - Sintomas são piores na parte da manhã. *Paciente melhora bem pouco no decorrer do dia. - Anedonia. - Perda de peso. - Sentimento de desesperança (falta de esperança no futuro). - Acorda mais cedo que o habitual =Insônia terminal. Diante de uma notícia boa a pessoa não se alegra. *É mais comum em homens. *É o tipo que mais cursa com sintomas psicóticos. Características atípicas: - Irritação. - Fadiga intensa (desânimo). - Aumento do apetite. - Hipersonia. Diante de uma notícia boa a pessoa é capaz de se alegrar. *Mais comum em mulheres jovens. Características catatônicas (pacientes abrem quadro de catatonia). TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE (DISTIMIA) - Era antigamente chamada de ‘’transtorno depressivo menor’’. - Trata-se de um quadro mais arrastado. - É difícil de tratar. CARACTERÍSTICAS Humor deprimido (alteração patológica do humor) a maior parte do tempo Por pelo menos 2 anos. *Com 1 ano e meio Transtorno depressivo não identificado. Não fica sem sintomas por mais de 2 meses. *Pode até ter uma semana ou outra de melhora, mas nunca por mais de 2 meses. Apresenta 2 ou mais sintomas: o Redução ou aumento do apetite. o Insônia ou hipersonia. o Fadiga. o Baixa autoestima. o Dificuldade de concentração. o Desesperança. 42 Débora Oléa Braga - TXXII Obs: Se o paciente tem todos os sintomas acima, é fechado o diagnóstico de transtorno depressivo maior. CLASSIFICAÇÃO: Início precoce ou tardio: Antes/depois dos 21 anos. *Quanto mais cedo = Pior prognóstico. Pura ou com transtorno depressivo. - Pura = Só distimia e nunca teve episódio depressivo. - Com transtorno depressivo = Abre um quadro de distimia e em um determinado momento ele piora tendo um transtorno depressivo = Depressão dupla. TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL Forma mais grave da TPM. 1 episódio depressivo que ocorre somente na semana que precede a menstruação. Durante 7 dias ou menos antes da menstruação. 5 ou mais sintomas: o Labilidade afetiva. o Irritabilidade. o Humor deprimido. o Ansiedade. o Anedonia. o Dificuldade de concentração. o Baixa energia. o Alteração do apetite. o Hipersonia ou insônia. o Sentir-se for a do controle. o Sintomas físicos. Não é exacerbação de outro transtorno. O transtorno disfórico pré-menstrual não se aplica as mulheres que estão com um transtorno depressivo e pioram no período pré-menstrual. Remissão parcial ou completa até 7 dias após menstruação. Não recorrem até o 15º dia do ciclo. Prejuízo e sofrimento. → NÃO FARMACOLÓGICO: Dieta rica em carboidratos complexo no período pré-menstrual, atividade física e psicoterapia. → FARMACOLÓGICO: INRS ou Duais no ciclo inteiro ou só na 2ª metade do ciclo menstrual. Quadro leve: Não farmacológicos. Quadro moderado: Podemos tentar de início já o farmacológico. TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS FARMACOLÓGICO (MEDICAMENTOS ANTI- DEPRESSIVOS) Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS): Mais utilizados e deve-se tomar cuidado em pacientes com risco suicida alto, esses devem ficar em observação. Fluoxetina. Sertralina. *Disponíveis pelo SUS. 43 Débora Oléa Braga - TXXII Duais = Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina: Venlafaxina. Duloxetina. *Não é disponível pelo SUS. Tricíclicos (mais antigos) = Inibem recaptação de NOR, serotonina e dopamina. Amitriptilina. Nortriptilina. *Quase todos são dados pelo SUS. VANTAGEM dos Tricíclicos: Possuem um mecanismo de ação mais abrangente = Recaptam todas as monoaminas. DESVANTAGEM: Efeito colateral maior. NÃO FARMACOLÓGICO Psicoterapia. Atividade Física. Quadros depressivos leves = Conseguimos tratar com psicoterapia e atividade física. Em quadros moderados a graves = Tratamento adjuvante. Eletroconvulsoterapia (transtornos depressivos refratários – padrão ouro). Também tratamos em algumas situações especiais Risco suicida muito alto. Antipsicóticos OU Estabilizadores de humor (transtorno bipolar): Quadros mais graves de transtornos depressivos que não tem respondido somente a terapêutica com o uso de antidepressivos podemos POTENCIALIZAR a ação com o uso de antipsicóticos ou estabilizadores de humor. *Depressão com sintomas psicóticos Também associamos Antidepressivo + Antipsicótico. ANTIDEPRESSIVOS MECANISMO DE AÇÃO Aumentam a eficiência da transmissão monoaminérgica (serotonina, NOR e DOPA). Aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica através: - Bloqueio da recaptação (ligam-se ao receptor pré-sináptico deixando a monoamina mais tempo disponível). OU - Inibição do metabolismo. Efeitos imediatos logo após tomar, porém a resposta clínica só é observada após 3 a 4 semanas de uso. 44 Débora Oléa Braga - TXXII INDICAÇÕES – ANTIDEPRESSIVOS Transtornos depressivos. Transtornos de ansiedade. Transtorno obsessivo-compulsivo. Transtorno de estresse pós-traumático. Transtorno alimentar. Fibromialgia. Enxaqueca. USO CLÍNICO - ANTIDEPRESSIVOS Eficácia semelhante entre os grupos dos antidepressivos. Exceção: QUADROS DEPRESSIVOS GRAVES Os duais e os tricíclicos são superiores. PARA ESCOLHER O ANTIDEPRESSIVO LEVAMOS EM CONTA: Efeitos colaterais. Comorbidades clínica
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