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FACULDADE SANTA MARIA 
MEDICINA 
 
 
 
CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS ALTERNATIVAS PARA A 
VIVÊNCIA DE UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANNA KAROLYNA CARVALHO VILAROUCA DE FREITAS 
CÍCERO GUSTAVO ALVES BARBOSA 
FÁTIMA MANAÃ MARTINS MOURA MAGALHÃES 
FRANCISCO GUILHERME LEITE LINHARES DE SÁ 
MARÍLIA MAIA NASCIMENTO 
MARINA GOMES DE CARVALHO 
RUAN CARLOS DE QUEIROZ MONTEIRO 
SABRINA LIMA LEAL 
 
 
Cajazeiras 
 
2020 
 
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CONSTRUÇÃO DE PROPOSTAS ALTERNATIVAS PARA A VIVÊNCIA DE UMA 
SOCIEDADE MAIS JUSTA 
 
INTRODUÇÃO: O fotógrafo Sebastião Salgado é conhecido mundialmente por suas 
chocantes fotografias de caráter social, que mostram diversas realidades humanas. O 
profissional registra em preto e branco, pelas lentes de sua câmera, os mais diversos cenários, 
como a Etiópia e o nordeste brasileiro, explicitando as diferenças sociais de todo o globo. 
Minorias, populações marginalizadas, pessoas que convivem diariamente com a guerra e com 
a miséria são o principal foco de Sebastião Salgado, em uma icônica tentativa de denunciar e, 
ao mesmo tempo, divulgar as terríveis situações promovidas com o rompimento dos Direitos 
Humanos. 
De um ponto de vista diferente, o livro As Veias Abertas da América Latina tenta elucidar os 
obstáculos que precedem o surgimento e a manutenção dos Direitos Humanos no continente 
americano. A obra do escritor Eduardo Galeano traz como um dos principais desafios 
enfrentados para a ascensão da dignidade humana o passado histórico da América Latina. 
A escravização indígena, a violência generalizada no processo de dominação, a exploração 
econômica dos metais e do solo latino americano, além do forte etnocentrismo europeu são 
fatores que perduram até os dias atuais. Tal realidade tem sido, após o descobrimento e durante 
todo o desenvolvimento da América Latina, um grande empecilho ao pleno desenvolvimento 
desse território tão rico cultural e naturalmente. O livro “As veias abertas da América Latina” 
evidencia bem essa perspectiva no seguinte trecho: “Nossa derrota esteve sempre implícita na 
vitória dos outros. Nossa riqueza sempre gerou nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: 
os impérios e seus beleguins nativos.”. 
Além disso, a imposição econômica define que a Europa e os Estados Unidos são os principais 
compradores dos produtos latino americanos, perspectiva ultrapassada e que deve ser corrigida 
rapidamente, os países da América Latina precisam fomentar um sentimento de união, 
apoiando-se e comercializando entre si. 
Em resumo, dois conceitos se encaixam perfeitamente no contexto, o primeiro é do dramaturgo 
Nelson Rodrigues e se chama “complexo de vira-lata”, a tendência de achar que o continente 
europeu e os Estados Unidos são superiores, ao mesmo tempo que inferioriza o seu próprio 
país. A outra é do famoso jornalista brasileiro, Millôr Fernandes, que disse “o Brasil tem um 
enorme passado pela frente”, ao se referir ao período colonial escravista do Brasil, frase que 
pode ser facilmente inserida, de forma mais ampla, para a América latina como um todo. 
Sendo assim, cabe aos acadêmicos do século XXI em diante discutir, analisar e construir 
alternativas para os surgimentos e uma sociedade justa e que respeite os preceitos definidos 
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada em 10 de dezembro de 1948. 
DESENVOLVIMENTO: O essencial é invisível aos olhos e estes são apenas uma ferramenta 
evolutiva para interagir com o meio ambiente, visto que a empatia e o amor são os verdadeiros 
meios de comunicação. Infelizmente a nossa espécie parou de acolher com amor e usamos 
apenas os olhos. Nesse sentido, nossa visão torna-se limitada ao que nos é imposto, presos em 
uma caverna, sentenciados a não entender o verdadeiro interior, aquele livre de preconceitos ou 
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amarguras, essa sim é a verdadeira janela para o mundo. Foi durante sua passagem pelo 
Nordeste que Sebastião passou a dar um novo sentido ao seu trabalho, um sentido de crítica 
social que foi desenvolvido em várias obras do fotógrafo, principalmente durante os projetos 
que realizou durante suas passagens pelo continente Africano. Em vida, Sebastião Salgado, por 
meio da obra “O sal da terra”, mostra o quão cega a nossa espécie pode se tornar, muitas vezes 
intencionalmente. 
Negligenciar a dor do outro é ignorar o fato de que, em uma realidade diferente, poderia ser 
você nessa situação. Não são apenas as atrocidades com a espécie humana, mas também os 
reveses causados pela humanidade com ela mesma e com o seu entorno. Ao mesmo tempo que 
os atrozes desejam respirar um ar limpo, ironicamente, eles destroem outros ares, sem saber 
que estão sentenciando seu futuro e o de milhares de outros indivíduos. 
No documentário, Salgado retrata uma cena na qual, em condições normais, os animais teriam 
conseguido fugir naturalmente, porém, como estavam presos, isso os sentenciou. E se os cegos 
fossem chamados de animais? No mesmo instante, uma mobilização maior do que a necessária 
é iniciada, eles negam e até mesmo guerreiam para zelar pelo seu status de estar no topo da 
evolução. Além disso, o próprio Sebastião diz que: “Todo o homem que sentiu a febre do ouro, 
jamais se livrou dela”; com esse posicionamento, o autor objetiva enfatizar que os instintos 
individualistas estão disseminados por toda parte, e , apesar de não estarem presentes em toda 
a humanidade, é certo que estão em sua grande maioria. Contudo, o próprio conceito de 
evolução indica mudança, mostrando que em algum período surgirão seres com características 
mais favoráveis do que as apresentadas pela espécie humana atual. Então essa seria a 
explicação? Destruir o planeta antes que outros nos destruam? Seria uma forma doentia de 
pensar o futuro, mas o autor demonstra que alguns humanos conseguem pensar e realizar tais 
barbaridades. Em outro trecho, Sebastião demonstra os horrores da guerra e como ela pode 
tomar tudo de pessoas que não tinham nenhuma ligação com ela. 
O fotógrafo consegue seu objetivo ao enfatizar a morte causada pelo êxodo em massa, muitos 
por fome, outros por sede, alguns por causas diversas, sendo impactante o baixo número de 
humanos que realmente conseguiam completar a fuga. Suas fotografias mostram a desesperança 
no rosto dos refugiados, retrata como culturas podem ser perdidas pouco a pouco, etnias 
sofrendo genocídios e pessoas angustiadas pela tensão do campo de batalha. Todo o trabalho 
de Salgado foi publicado na Europa no final do século XX, indivíduos com uma boa qualidade 
de vida que perderam tudo rapidamente, nesse ponto, a destruição do planeta já assumia 
características tão devastadoras, que todo um ecossistema podia ser destruído em questões de 
segundos pelo poder bélico vigente, como Hiroshima e Nagasaki. O mais controverso é que 
países desenvolvem armas com a justificativa defesa, enquanto esses mesmo outros países 
constroem as mesmas armas com as mesmas justificativas, todos levantam a bandeira de apenas 
reagirem, contudo, acordos de não agressão continuam a ser desrespeitados, no mínimo 
contraditório. 
Durante sua passagem pela África ele desenvolveu um dos seus principais trabalhos. O Sahel: 
the end of the road (1984-1985), mostra a viagem feita pelo fotógrafo ao Mali, país assolado 
pela fome e por guerras constantes entre diferentes grupos étnicos residentes na região. Por 
meio desta obra é possível perceber que, para a população local, a morte se tornou banal, devido 
a muitos aspectos que vão de encontro a boa qualidade de vida. Diante de tanta miséria, fome 
e doenças, como a cólera, as pessoas se acostumaram com a morte, que passou a ser um evento 
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diário na vida desses indivíduos. Tal trabalho é considerado um dos mais impactantes do 
fotógrafo e é consequência direta das guerras locais e da tirania política local, no qual o governo 
restringia a distribuição de água e alimentos à população. 
A população foi consideradapelo próprio autor como peles de casca de árvore que sofreram 
com seguidas tempestades de areia. A Europa e o Mali do século XX, mesmo sendo 
contemporâneos, apresentam gritantes semelhanças e diferenças: ambos estão passando por 
situações de calamidade, sendo a Europa responsável por essas condições. Constatando-se 
assim, uma influência direta do imperialismo e da exploração do continente. Destarte, décadas 
de exploração tornaram um país com potencial para crescer em um deserto inóspito para uma 
boa qualidade de vida. 
Durante sua passagem pela África ele desenvolveu um dos seus principais trabalhos. O Sahel: 
the end of the road (1984-1985), mostra a viagem feita pelo fotógrafo a um território assolado 
pela fome e por guerras constantes entre diferentes grupos étnicos residentes na região. Por 
meio desta obra é possível perceber que, para a população local, a morte se tornou banal. Diante 
de tanta miséria, fome e doenças, como a cólera, as pessoas se acostumaram com a morte, que 
passou a ser um evento diário na vida desses indivíduos. Devido a restrição do governo no que 
diz respeito à distribuição de recursos hídricos e alimentares, o fotógrafo desenvolveu uma de 
suas principais obras. 
Trabalhadores (1986-1991) é mais uma obra do fotógrafo que continua seu relato da condição 
humana, agora por meio do trabalho. Apesar de relatar uma visão diferente daquela que 
apresentou em suas duas primeiras obras, Outras Américas (1977-1984) e Sahel: the end of the 
road (1984-1985), Sebastião procurou continuar sua narrativa relacionada a questão social. Ao 
longo da obra o fotógrafo pôde utilizar de seus conhecimentos de economia para melhor 
entender as diversas relações de trabalho existentes no mundo. Relações que muitas vezes são 
injustas e se assemelham ao sistema escravista. 
Ainda relatando a questão social, Sebastião escolheu a questão dos refugiados como tema da 
sua próxima obra. Em Êxodos, obra realizada durante os anos de 1993 e 1999, o fotógrafo 
mostra o deslocamento populacional resultante de vários fatores, como a guerra e a fome. 
Sebastião procurou, por meio de imagens impactantes, despertar a consciência mundial sobre 
o dia a dia dos refugiados ao redor do mundo. Durante sua viagem pela África, Sebastião mostra 
várias estradas cheias de pessoas mortas que tentavam fugir de Ruanda. Segundo ele, os 150 
quilômetros de estrada que percorreu eram “150 quilômetros de cadáveres”. Em seguida viaja 
para a Europa e fotografa os refugiados da Bósnia. O fotógrafo ainda relata a morte de vários 
sérvios pelo exército croata durante sua passagem pela antiga Iugoslávia. O relato visual de 
Êxodos (1993-1999) apresenta o extremo do sofrimento humano, e é diante dessas imagens que 
Sebastião afirma: “Somos um animal muito feroz. Nós humanos somos um animal terrível. Seja 
na Europa, seja na África, seja na América Latina, em toda parte. Somos de uma violência 
extrema de verdade. Nossa história é uma história de guerras. É uma história sem fim. Uma 
história de repressão, uma história...doentia”. 
Esse cenário é claramente evidenciado em todos os períodos da história latino-americana. No 
Brasil, por exemplo, os ciclos geradores de riqueza mais importantes, como o da cana- de- 
açúcar, o do ouro, o do café e o da borracha foram os pilares para o enriquecimento e 
desenvolvimento de alguns países europeus, sobretudo Portugal e Inglaterra. O impacto desses 
fluxos de capital provenientes das terras exploradas foi tão expressivo que teve importância 
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fundamental e indispensável, até mesmo, para o posterior surgimento do sistema capitalista, em 
vigor até os dias atuais. 
Em contrapartida, a pobreza e a miséria se aprofundaram-se, de forma muito rápida, nos países 
geradores de riqueza, não só economicamente, mas também culturalmente, uma vez que os 
dominadores não pouparam esforços para impor seus costumes, tradições, crenças e conceitos 
sobre as comunidades locais. Ademais, as devastações naturais tomaram proporções profundas 
e avassaladoras. 
Desse modo, foram se construindo países aprisionados, que assistiam às situações se 
construindo e não tinham o poder de ação sobre elas. Essa visão é retratada, por exemplo, por 
Aristides Lobo em sua famosa frase “o povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem 
conhecer o que significava.”, que se refere ao não envolvimento e participação do povo 
brasileiro na proclamação da república. 
Isso não significa que não houve resistência e tentativas de mudança desse quadro por parte das 
nações da América Latina. Durante todo esse período de dominação, estabeleceram-se lutas, 
revoltas e, inclusive, revoluções por toda essa parte do continente, trazendo inúmeras e 
importantes conquistas para esse povo. 
No entanto, ainda há muito e se conquistar e a se mudar, visto que a conjuntura exposta não 
ficou no passado, como deveria. Ela é ilustrada não somente nos livros de história, mas também 
no atual panorama global, apesar de se fazer presente através de uma tentativa de “maquiagem” 
ou até sutileza, a fim de garantir sua manutenção, prevenindo eventuais ameaças à sua 
existência. 
Um exemplo de continuidade desse contexto exploratório na atualidade é a instalação de bancos 
estadunidenses nos países latino- americanos, muitas vezes sob o pretexto de levar 
desenvolvimento econômico para esses países, quando, na verdade, o que se observa 
geralmente é um fortalecimento da influência, da manipulação e do controle dessa potência 
mundial sobre a economia e o mercado interno dessas nações. 
Além disso, vale ressaltar o quanto a natureza tem relevância diante da dignidade humana. 
Nesse cenário, a abordagem do filme ‘’ O sal da terra’’, destaca o quanto a relação dignidade 
humana está correlacionada aos aspectos da natureza de tal ambiente. É notório observar que 
em uma das viagens de Sebastião Salgado ao Nordeste, o fotógrafo interroga um morador sobre 
as condições de vida em razão do ambiente está totalmente devastado pela seca tão sofrida por 
a população nordestina, a resposta dada, relata uma vida de tristeza e de falta de subsídio para 
a manutenção de vida. Observa-se que no momento em que aquele ambiente não estava sendo 
algoz de uma castigada seca, foi fruto de renda, sustentação familiar e de apoio psicológico 
para os que dependem de um âmbito ambiental como meio de vida. 
Nesse aspecto, aliado ao conceito de direitos humanos, esse ambiente observado e evidenciado 
pelo autor, torna-se mecanismo de dificuldade na asseguração da dignidade humana, visto que 
se vive uma geração em que grandes mazelas sociais, abrem erroneamente lacunas para 
situações de marginalização social, preconceitos e discriminações odiosas. O fato abordado no 
filme diante de quando aquela região não era castigada pela seca , era intermédio para que 
aquela população não fosse vitimizada pela falta de dignidade humana, em uma sociedade que 
não pratica o que está disposto na sua Constituição Federal, que assegura a dignidade como 
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condição inerente à sua condição humana, sendo ressaltado que todos os indivíduos são iguais 
sem qualquer distinção. 
Outrossim, o ambiente se projeta como mecanismo de dignidade humana, em diversas áreas da 
situação populacional, podendo resultar em duas ocasiões abordadas no filme, o trabalho feito 
no Kuwait (1991) e na Iugoslávia (1994-1995). A grande violência e terrorismo no Kwait, 
abriam espaço para um ambiente catastrófico em que haviam emissões de fumaças, que eram 
tão quentes a ponto de o chão queimar e de barrar a luz solar, projetando naquela população 
longos dias que eram apenas noites, além disso observava-se explosões tão fortes que maia 
pareciam canhões. Diante do exposto pelo fotógrafo, é nítido perceber o quanto esse ambiente 
massacrava o direito de dignidade da pessoa humana, em uma população que tinha sua natureza 
totalmente prejudicada por fumaças, explosões e calor que se projetava nosintegrantes daquele 
ambiente como medo e uma situação de vida degradante. 
Nesse âmbito, observando a viagem do autor a Iugoslávia, fica também provado o quanto a 
natureza, tem relação direta com a forma que uma sociedade vai viver ou como vai ser encarado 
a dignidade humana nela. A situação encontrada era de uma natureza abandonada, que não 
dava subsistência para alimentação, nem moradia, por essa razão a situação encontrada era 
visualmente escancarada de uma população sofrida por fome, doenças e vulnerabilidade. As 
pessoas daquela região estavam sendo acometidas pela extrema miséria e além disso pela cólera 
que matou uma grande população sendo então denominado pelo autor ‘’pilhas de gente morta”. 
Portanto, diante do documentário, fica mais do que clara a relação na natureza diante da 
dignidade da pessoa humana, visto que essa torna-se um dos intermédios para a que qualidade 
de vida, discriminações, vulnerabilidade sociais, preconceitos sejam excluídos e se alcance o 
êxito da dignidade. 
 
CONCLUSÃO: A luz dessas considerações, é notório que a humanidade atual se encontra em 
desequilíbrio tanto com o meio ambiente, quanto com a sociedade. Essa conjuntura 
problemática foi muito bem representada pela obra de Sebastião Salgado e pelo livro Veias 
Abertas da América Latina. Desse modo, é importante buscar meios para resolver essas 
intempéries. 
Uma das características marcantes dos indivíduos atuais é a grande pegada ecológica deixada 
no planeta, incorporada na figura dos diversos problemas ambientais hodiernos. Nesse sentido, 
é imprescindível aplicar mecanismos para amenizar essa mazela, efetivando a criação de uma 
consciência voltada para a proteção dos recursos naturais, mediante interação entre populações 
indígenas e “civilizadas”, visto que todos os saberes são importantes e podem ser usados para 
corroborar o cumprimento de um objetivo maior. Assim, a questão natural seria solvida e a 
pauta do desrespeito e opressão dos povos indígenas também teria o mesmo caminho ao 
propiciar o respeito mútuo que tanto é almejado desde o descobrimento da América. 
Nesse sentido, conforme supracitado por Sebastião Salgado ao fotografar o Nordeste brasileiro 
existia uma alta mortalidade infantil e uma grande miséria que estão intimamente relacionadas 
ao descaso das autoridades públicas quanto ao artigo XXV da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH): “1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de 
assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, 
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de 
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desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de 
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito 
a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio 
gozarão da mesma proteção social.”; e ao artigo 196 da Constituição Federal de 1988: “A 
saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas 
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. Assim, é necessário que o 
poder público atua conforme prescrito na DUDH e na Constituição Federal, para melhorar a 
qualidade de vida dessas pessoas e modificar o quadro retratado pelo fotógrafo. 
De acordo com o que foi apresentado no ensaio Sahel: the end of the road (1984-1985), as 
pessoas que viviam nessa região passavam por momentos de privação extrema de alimentos e 
água devido a tirania política local. No Artigo XXII da DUDH: “Todo ser humano, como 
membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela 
cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da 
sua personalidade”. Contudo, tal diretriz não é efetivada em muitos países resultando no 
problema descrito pelo autor da obra, podendo ser alterada pelo cumprimento da DUDH 
visando reduzir a privação dessas pessoas. Atualmente é a FAO (Organização das Nações 
Unidas para a Alimentação e a Agricultura), agência especializada do Sistema ONU, que 
trabalha no combate à fome e à pobreza por meio da melhoria da segurança alimentar e do 
desenvolvimento agrícola. 
Na obra Êxodos, Sebastião mostra conflitos étnicos que mataram milhares de pessoas 
submetidas tanto ao conflito quanto as mazelas do degredo. Essa situação foi ocasionada por 
diferenças étnicas que são asseguradas pela DUDH no Artigo XVIII: “Todo ser humano tem 
direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de 
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, 
pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.” Logo, é importante 
incentivar o respeito entre as diferentes culturas para evitar esse tipo de guerra e de desrespeito. 
No Artigo IV da DUDH: Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o 
tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Todavia, na obra Trabalhadores 
(1986-1991), esse artigo é desacatado pois são representados proletariados em situações 
análogas a de escravos e consequentemente sem remuneração adequada e condigna para o 
cidadão. Dessa forma, é imprescindível criar mecanismos para realizar uma melhor distribuição 
de renda por meio de fiscalizações eficazes das finanças dos empregadores. 
Para isso, é necessário que o ser humano tenha plena consciência de que está inserido nesse 
quadro desarmônico e que ele é responsável por isso, esse objetivo pode ser realizado por meio 
de uma educação não só em direitos humanos, como também em educação ambiental tendo 
como proposta provocar ações para modificar esse cenário social e ecológico. 
Dessa forma, a temática dos direitos humanos é de extrema importância para o contexto atual, 
sendo imprescindível para modificar o quadro atual e sanar as intempéries supracitadas. 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
Réseau africain pour le développement de l'horticulture – RADHORT.Food and Agriculture 
Organization of the United Stations, 2019. Disponível em: <http://www.fao.org/home/en/> 
Acesso em: 22 out. 2020. 
 
O SAL da Terra. Direção de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado. Produção de David 
Rosier. Roteiro: Wim Wenders, Juliano Ribeiro Salgado e David Rosier. Brasil, França, Itália: 
Decia Filmes, 2014. (110 min.), wmv, P&B. Legendado. Disponível em: 
<https://drive.google.com/file/d/12D_27zuyFIliCyHjUa2HyWLP55AiuIsQ/view> Acesso 
em: 19 out. 2020. 
 
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da américa latina. Montevidéu: L&pm, 2010. 392 p. 
Tradução de Sergio Faraco. Disponível em: 
<https://fsmead.com.br/plataforma/course/view.php?id=259>. Acesso em: 21 out. 2020. 
 
BRASIL, Constituição (1988), Capítulo II – DA SAÚDE, Art. 196. Disponível em: 
<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_196_.asp>. 
Acesso em 22 de out. 2020. 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Assembleia Geral das Nações 
Unidas em Paris. 10 dez. 1948. Disponível em: Acesso em: 21 out. 2020. 
 
 
 
http://www.fao.org/home/en/
https://drive.google.com/file/d/12D_27zuyFIliCyHjUa2HyWLP55AiuIsQ/view
https://fsmead.com.br/plataforma/course/view.php?id=259
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_196_.asp