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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN Jana Cândida Castro dos Santos Neoclassicismo e romantismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir neoclassicismo e romantismo. � Indicar as principais características desses estilos. � Reconhecer a importância desses movimentos para o designer de interiores. Introdução Nas últimas décadas do século XVIII e nas primeiras décadas do século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus, o chamado neoclassicismo ou academicismo. Tratava-se de uma expressão dos valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da sociedade europeia após a Revolução Francesa e principalmente com o império de Na- poleão. Nesse período, surgiram vários movimentos diferentes entre si. É o caso do romantismo, que se caracterizou como uma reação ao neoclassicismo do século XVIII. Neste capítulo, você vai ver a definição de neoclassicismo e roman- tismo e conhecer as suas principais características. Assim, você vai per- ceber a importância desses movimentos para o designer de interiores. Neoclassicismo Segundo a tendência neoclássica, a obra de arte só seria perfeitamente bela se resgatasse os princípios e as criações dos artistas clássicos gregos e renas- centistas italianos. Para isso, seria necessário um cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções da arte clássica. Assim, nesse período, prevaleceram o convencionalismo e o tecnicismo nas academias de belas-artes. Denominou-se esse estilo de neoclassicismo pois ele retomou os princípios da arte da Antiguidade greco-romana. E sua outra denominação, academicismo, foi adotada porque as concepções artísticas do mundo greco-romano eram tidas como conceitos básicos no ensino das artes nas academias mantidas pelo governo. A arquitetura neoclássica A arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos e das edificações do Renascimento italiano, como mostram tanto as construções civis como as religiosas. A seguir, você pode ver alguns exemplos dessa arquitetura. � Igreja de Santa Genoveva: localizada em Paris, foi transformada depois no Panteão Nacional. A igreja foi projetada por Jacques Germain Soufflot (1713–1780), considerado um dos primeiros arquitetos neo- clássicos, segundo Proença (2009). A planta do edifício foi concebida em cruz grega, como pórtico de seis colunas e frontão com trabalhos escultóricos de David d'Angers (1788–1856). Observe a Figura 1. Figura 1. Panteão Nacional (1757–1792), Paris. Fonte: Panthéon de Paris (2014, documento on-line). Neoclassicismo e romantismo2 � Portão de Brandemburgo: localizada em Berlim, obra é assinada pelo arquiteto Karl Langhans (1732–1808). O monumento foi con- cebido com imponentes colunas dóricas a apoiar um pavimento retangular, onde fica o conjunto escultórico de Gottfried Schadow (1764–1850), uma quadriga de bronze conduzida pela deusa da vi- tória. Veja a Figura 2. Figura 2. Portão de Brandemburgo (1789–1794), Berlim. Fonte: Berlin (2016, documento on-line). Você sabe o que é uma cruz grega? É uma cruz quadrada na qual todos os braços têm o mesmo comprimento. Já uma quadriga é um carro ou carroça conduzida por quatro cavalos lado a lado, utilizada nos jogos olímpicos antigos e em outros jogos. É considerada a carruagem dos deuses e heróis na mitologia grega. 3Neoclassicismo e romantismo A pintura neoclássica A pintura neoclássica foi inspirada na escultura clássica grega e na pintura renascentista italiana, principalmente nas obras de Rafael Sanzio, considerado mestre do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido (PROENÇA, 2009). Entre os representantes desse período, você pode considerar os listados a seguir. � Jacques-Louis David (1748–1825): nasceu em Paris e foi considerado o pintor da Revolução Francesa. Mais tarde, tornou-se o pintor oficial de Napoleão, registrando fatos históricos ligados à vida do imperador, entre eles a sua coroação e a travessia dos Alpes (Figura 3). Para saber mais detalhes da Revolução Francesa e entender o contexto em que a arte neoclássica se desenvolveu, assista ao documentário disponível no link a seguir. https://goo.gl/NFXajB Neoclassicismo e romantismo4 Figura 3. Bonaparte atravessando os Alpes (1801), Jacques-Louis David. Fonte: Proença (2009, p. 173). David foi uma grande influência para a pintura de sua época. Suas obras geralmente expressam um realismo vibrante e fortes emoções. É o caso do quadro que retrata a morte de seu amigo Marat (Figura 4). 5Neoclassicismo e romantismo Figura 4. A morte de Marat (1793), Jacques-Louis David. Fonte: Proença (2009, p. 173). � Jean Auguste Dominique Ingres (1780–1867): no século XIX, en- quanto outras tendências artísticas marcavam os pintores da época, Dominique conservava uma acentuada influência neoclássica. Entre suas obras, os retratos e os nus são considerados os mais bem-sucedidos pela crítica moderna. Em sua célebre tela Banhista de Valpinçon (Figura 5) fica evidente o seu domínio dos tons claros para a representação da pele e o seu domínio do desenho. Neoclassicismo e romantismo6 Figura 5. Banhista de Valpinçon (1793), Jean Auguste Dominique Ingres. Fonte: Proença (2009, p. 173). Romantismo Como você viu, os artistas neoclássicos se voltavam para a imitação da arte greco-romana e da arte dos mestres renascentistas italianos. Eles se 7Neoclassicismo e romantismo submetiam às regras determinadas pelas escolas de belas-artes. Por outro lado, os românticos buscavam a libertação das convenções acadêmicas para a livre expressão da personalidade do artista. Pode-se afirmar, assim, que o romantismo valorizava os sentimentos e a imaginação do artista como princípios de suas criações. Ao lado dessas características, compuseram também a estética romântica o sentimento de presente, o nacionalismo e a valorização da natureza. A pintura romântica A pintura romântica, ao negar os princípios neoclássicos, aproximou-se da estética barroca. Os pintores românticos, tais como Goya, Delacroix, Turner e Constable, dessa forma, recuperaram o dinamismo e a sugestão da agitação que os neoclássicos haviam negado. A cor passa novamente a ser valorizada, com o uso dos contrastes do claro-escuro para produzir efeitos de dramatici- dade. Quanto aos temas, a pintura romântica deu ênfase aos fatos da história nacional e da cultura contemporânea, assim como à natureza, que ora aparece agitada, ora calma, como as emoções humanas. A seguir, você pode conhecer os principais artistas da pintura romântica. � Goya (1746–1828): trabalhou diferentes temas, de retratos de personali- dades da corte espanhola e de pessoas do povo a cenas históricas, além de ter sido autor de muitos desenhos. Goya ficou conhecido por alterar o modo de retratar o conteúdo histórico, dando-lhe um caráter mais geral, como é o caso da obra Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, que representa o fuzilamento de cidadãos espanhóis contrários à ocupação de seu país pelo imperador Napoleão I. O tratamento dado pelo artista, como diz Proença (2009), é importante na medida em que universaliza o tema da repressão política, superando o fato particular da Espanha. Goya, na pintura, acentua o contraste entre os aspectos individualizados dos homens que vão morrer e o anonimato dos soldados, representados sem rosto, como você pode ver na Figura 6. � Eugène Delacroix: do ponto de vista temático, o artista revela-se um entusiasta dos movimentos da multidão nas ruas. Você pode ver isso em seu quadro mais conhecido, A Liberdade guiando o povo, realizado como exaltação da Revolução de 1830 (Figura 7). Nessa obra, apesar do forte comprometimento político e particularizador, o valor pictórico é assegurado pelo uso das cores, luzes e sombras. Neoclassicismo e romantismo8 Figura 6. Os fuzilamentos de 3 maio de 1808 (1814–1815), Goya. Fonte: Neveshkin Nikolay/Shutterstock.com. Figura 7. A Liberdade guiandoo povo (1830), Eugène Delacroix. Fonte: Delacroix (2015, documento on-line). 9Neoclassicismo e romantismo Acessando o link a seguir, você pode assistir ao vídeo Pinceladas de Arte — Delacroix — A Liberdade guiando o povo e aprender mais detalhes sobre a obra. https://goo.gl/ZAafrK A paisagem romântica No século XVIII, a pintura paisagística já havia se desenvolvido. No entanto, foi no romantismo que ganhou força, principalmente na Inglaterra. A paisagem romântica inglesa caracterizou-se por seu realismo e pela criação das contínuas modificações das cores da natureza causadas pela luz do sol. Por conta da última característica, alguns estudiosos consideram que os paisagistas ingle- ses do século XIX anteciparam-se em algumas décadas aos impressionistas franceses (PROENÇA, 2009). A seguir, você pode conhecer alguns artistas que se dedicaram à paisagem romântica. � Turner (1775–1851): representou os grandes movimentos da natureza. Por meio do estudo da luz natural, procurou descrever certa “atmos- fera” da paisagem. Em sua obra Chuva, vapor e velocidade, no lugar da representação dos detalhes, Turner utilizou as formas essenciais da locomotiva e dos trilhos, como você pode ver na Figura 8. Sua preocupação principal é relativa às cores brilhantes, concentradas no centro da tela. Vale destacar que é essa uma das primeiras vezes em que a arte registra a presença da máquina. � John Constable (1776–1837): suas obras revelam muito dos lugares onde nasceu, cresceu e trabalhou ao lado de seu pai. Muitos dos elemen- tos de suas paisagens — os moinhos de vento, as barcaças carregadas de cereais — faziam parte da sua vida cotidiana quando jovem. Um exemplo significativo de sua pintura paisagística é A carroça de feno (Figura 9). Por meio da vasta gama de cores extraída da observação e do contato com a natureza, Constable obteve um efeito de vivacidade. Além disso, a luz que se reflete no rio dá maior luminosidade e serenidade para a paisagem. A luz era considerada um dos elementos fundamentais para a pintura paisagística de Constable. Neoclassicismo e romantismo10 Figura 8. Chuva, vapor e velocidade (1844), Turner. Fonte: Proença (2009, p. 179). Figura 9. A carroça de feno (1821), Constable. Fonte: Proença (2009, p. 180). 11Neoclassicismo e romantismo O neoclassicismo e o romantismo no Brasil O início do século XIX no Brasil foi marcado pela chegada da Família Real portuguesa, que vinha fugindo do conflito entre a França napoleônica e a Inglaterra. Segundo Proença (2009), Dom João VI e uma comitiva de aproximadamente 15 mil pessoas desembarcaram na Bahia em janeiro de 1808 e mudaram-se para o Rio de Janeiro em março do mesmo ano. Nessa época, o Brasil recebeu forte influência da cultura europeia. Essa tendência europeizante se afirma na colônia ainda mais com a chegada da Missão Artística Francesa. A Missão Artística Francesa A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil oito anos após a vinda da Fa- mília Real, em 1816, chefiada por Joachim Lebreton (1760–1819), secretário perpétuo do Institut de France. Com o apoio de dom João e do Conde da Barca (1754–1817), Lebreton trouxe ao País um grupo de artistas e técnicos. Faziam parte do grupo os pintores Nicolas Antoine Taunay (1755–1830) e Jean-Baptiste Debret (1768–1848), o escultor Auguste-Marie Taunay (1768–1824) e o arquiteto Augusto-Henri-Victor Grandjean de Montigny (1776–1850). A Missão foi contratada para organizar e dar início às atividades da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. A instituição teve seu nome alte- rado muitas vezes, até ser transformada, em 1826, na Academia Imperial de Belas-Artes (AIBA). A Escola possuía como função tanto formar o artista para o exercício das belas-artes como também o artífice para as atividades industriais. A historiadora Lilia Schwarcz vem demonstrando, segundo Oliveira e Cury (2011), já há algum tempo, o equívoco de se falar de uma Missão Artística Francesa en- comendada e pensada como um projeto estratégico de Estado por D. João IV. Na verdade, o grupo de artistas de que Debret fazia parte fugia de uma situação incômoda na França. O que houve, portanto, foi uma feliz coincidência de circuns- tâncias que colocaram, ironicamente, os antigos artistas do regime bonapartista a servir a nobreza portuguesa que se instalara nos trópicos justamente para fugir de Napoleão, oito anos antes. Neoclassicismo e romantismo12 Taunay foi considerado uma das figuras mais importantes da Missão Francesa. Suas criações mais famosas no Brasil foram as paisagens. Durante os cinco anos que ficou aqui, produziu cerca de 300 paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. Na Figura 10, você pode ver uma obra de Taunay. Figura 10. Morro de Santo Antônio em 1816 (1816), Taunay. Fonte: Proença (2009, p. 196). Debret foi certamente o artista mais conhecido da Missão Francesa, pois seus trabalhos documentaram a vida no Brasil durante o século XIX e são am- plamente reproduzidos em livros escolares. Aqui no Brasil, Debret dedicou-se à criação de imagens sobre a vida cotidiana do Rio de Janeiro. Isso significou, em grande parte, figurar os escravos, que representavam a grande maioria da população na cidade. Suas imagens contemplavam os mais variados tipos sociais urbanos, além de inúmeras figuras indígenas, bem como elementos da fauna e da flora brasileiras, como destaca Trevisan (2012). De acordo com Oliveira e Cury (2011): 13Neoclassicismo e romantismo O Brasil colorido de Jean-Baptiste Debret, portanto, não é, de forma alguma, um registro “verdadeiro” do cotidiano oitocentista carioca, no sentido de que qualquer obra artística — assim como qualquer documento histórico, aliás — se constitui basicamente como um recorte sobre a realidade feito a partir do olhar de seu autor. Fazendo-se essa ressalva, e lembrando que nesse tipo de documentação é surpreendentemente fácil amenizar conflitos e criar “verdades”, salta aos olhos o detalhismo presente nos desenhos de Debret, quase como se o artista desejasse fazer uma descrição densa daquele meio em que chegara com sua bagagem europeia. Assim, na obra de Debret há um olhar neoclássico sobre a realidade brasi- leira. Esse artista possuía a capacidade de documentar, por meio dos detalhes de suas pinturas e desenhos, os hábitos, costumes e mobiliário. Ou seja, criou uma forma de representação do Brasil oitocentista, daí a grande importância de sua obra como um registro histórico. O artista realizou retratos da Família Real, pinturas de cenários para o Teatro São João e trabalhos de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para festas públicas e oficiais. Além disso, foi professor de pintura histórica na Academia Imperial de Belas-Artes e realizador da primeira exposição de arte no Brasil, em 1829. O trabalho de Debret mais conhecido entre os brasileiros, como afirma Proença (2009), é uma obra em três volumes denominada Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Nos volumes, há ilustrações do artista — desenhos e aquarelas — que documentam os usos e costumes dos indígenas brasileiros, a sociedade do Rio de Janeiro e assuntos diversos — paisagens naturais e urbanas, retratos, estudo de condecorações, peças de vestuário, entre outros. Na Figura 11, a seguir, você pode ver uma das obras de Debret. No campo da arquitetura, a Missão Francesa desenvolveu o estilo neo- clássico, a partir do abandono dos princípios barrocos. Destaca-se o arquiteto Grandjean de Montigny (1776–1850), autor do projeto do edifício da Academia Imperial de Belas-Artes, de 1826 (Figura 12), onde ficavam inicialmente as pinturas trazidas pela Missão. Além dessa construção, pode se destacar como edifícios neoclássicos da época a Casa da Moeda e o Solar dos Marqueses de Itamarati. Neoclassicismo e romantismo14 Figura 11. Chefe índio Camacã mongoió, Debret. Fonte: Proença (2009, p. 198). 15Neoclassicismo e romantismo Figura 12. Pórtico de entrada do prédio da Academia Imperial de Belas-Artes, no Jardim Botânico, Rio deJaneiro, projetado por Grandjean de Montigny. Fonte: Jbrj (2010, documento on-line). Neoclassicismo e romantismo16 O Solar dos Marqueses de Itamarati (Figura 13) foi projetado por José Maria Jacinto Rebelo, aluno de Montigny. O edifício serviu posteriormente como sede do Ministério das Relações Exteriores — com o nome Palácio do Itamarati —, no período em que o Rio de Janeiro era capital do País. Figura 13. Solar dos Marqueses de Itamarati, hoje Palácio do Itamarati, no Rio de Janeiro, projetado por José Maria Jacinto Rebelo. Fonte: Proença (2009, p. 199). A Academia Imperial de Belas-Artes A criação da Academia Imperial de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, datada de 1826, inaugurou o ensino artístico no Brasil em moldes semelhantes aos das academias de arte europeias. As academias procuravam garantir aos artistas formação científica e humanística, além de treinamento no ofício, oferecendo aulas de desenho de observação e cópia de moldes. Além disso, eram responsáveis pela organização de exposições, concursos e prêmios, pela conservação do patrimônio e pela criação de pinacotecas e coleções, o que significava controlar a atividade artística, mantendo a fixação rígida de padrões de beleza. 17Neoclassicismo e romantismo No Brasil, a arte realizada na Academia correspondeu, de modo geral, a modelos neoclássicos e românticos aclimatados, que têm de enfrentar as condições da natureza e da sociedade locais. Entre as várias alterações no modelo, houve o predomínio das paisagens entre os pintores acadêmicos no Brasil. No que diz respeito à pintura histórica, vale destacar o papel da “arte acadêmica nacional” na construção de uma iconografia do Império, sobre- tudo no período de dom Pedro II (1825–1891), entre 1841 e 1889. Ao lado da profusão de retratos do imperador e do registro de comemorações oficiais, parte dos artistas acadêmicos envolve-se na construção de uma memória da nação, de timbre romântico, com a eleição de alguns emblemas. O índio é um dos mais importantes. Como exemplos, há Moema (1866), de Victor Meirelles (1832–1903); Iracema (1881), de José Maria de Medeiros (1849–1925); e O Último Tamoio (1883), de Rodolfo Amoedo (1857–1941). A importância do neoclassicismo e do romantismo Como você viu, o neoclássico — estilo marcado pelo racionalismo, com criações baseadas nos modelos clássicos greco-romanos e com excelência da cópia exata — teve importante influência no País, como na implantação da Academia Imperial de Belas-Artes. Esta foi responsável por oficializar o ensino das artes plásticas, abrindo espaço para a formação de importantes artistas acadêmicos brasileiros, como é o caso de Vitor Meirelles e de Pedro Alexandrino. O romantismo, por sua vez, foi importante pelas mudanças que provocou no campo da criação, na busca pela liberdade individual e pela expressão dos sentimentos fora dos padrões de beleza consagrados. Ambos os movimentos influenciaram diretamente, como você pôde ver ao longo do capítulo, as artes plásticas e o seu ensino, assim como o design brasileiro. Daí a importância desses movimentos para o designer de interiores. Neoclassicismo e romantismo18 1. Nas últimas décadas do século XVIII e nas primeiras décadas do século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus, o chamado neoclassicismo ou academicismo. Sobre esse movimento, assinale a alternativa correta. a) O estilo denominava-se neoclassicismo em razão das concepções artísticas do mundo greco-romano tornarem-se os conceitos básicos para o ensino das artes nas academias mantidas pelos governos europeus. b) O estilo neoclássico foi marcado pela subjetividade, e os aspectos emocionais deviam se sobrepor aos intelectuais. c) As criações neoclássicas eram marcadas pela imaginação do artista. d) Nas pinturas neoclássicas, há a expressão de um vibrante realismo e de fortes emoções. e) A principal virtude artística dos pintores e dos escultores neoclassicistas desse período era a capacidade de desenvolver releituras dos modelos clássicos a partir da criação de novos elementos. 2. O romantismo foi um movimento artístico e filosófico de grande importância, devido às mudanças que provocou no campo da criação. Sobre o movimento, assinale a alternativa correta. a) O artista do romantismo buscou representar os padrões de beleza consagrados. b) Ao negar a estética neoclássica, a pintura romântica aproxima-se das formas barrocas. c) Na pintura do romantismo, a cor é desvalorizada, assim como os contrastes de claro-escuro. d) A natureza, nas pinturas românticas, era renegada a pano de fundo das cenas retratadas. e) A característica mais marcante do romantismo é a valorização das regras determinadas pelas escolas de belas-artes. 3. No início do século XIX, o Brasil recebeu a Missão Artística Francesa. Assinale a alternativa correta a respeito da Missão e da arte desse período. a) A Missão Artística Francesa chegou ao Brasil em 1816 com o objetivo principal de documentar os aspectos naturais e sociais do território por meio da arte. b) Taunay é certamente o artista da Missão Francesa mais conhecido pelos brasileiros, pois seus trabalhos são muito reproduzidos nos livros escolares. c) Debret, durante os cinco anos que permaneceu aqui, produziu cerca de 30 paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas. d) No campo da arquitetura, a Missão Francesa desenvolveu o estilo romântico, combinado aos princípios barrocos. 19Neoclassicismo e romantismo e) Um dos marcos do desenvolvimento das artes no Brasil foi a Missão Artística Francesa. 4. Assinale a alternativa correta a respeito da arquitetura neoclássica. a) No Brasil, o precursor do estilo neoclássico na arquitetura foi José Maria Jacinto Rebelo, autor do prédio da Academia Imperial de Belas-Artes. b) Somente nas construções religiosas é que a arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos. c) O neoclassicismo teve grande influência na arquitetura dos Estados Unidos da América. d) A arquitetura neoclássica refletiu-se principalmente na planta das construções. e) A arquitetura do neoclassicismo recuperou o uso da curva e do movimento do barroco. 5. Sobre os artistas do neoclassicismo e do romantismo, assinale a alternativa correta. a) Debret já era um artista premiado na Europa e, nos primeiros anos do século XIX, recebia encomendas da corte francesa. Ele veio para o Brasil em 1816. b) Constable, pintor romântico, acreditava que a luz poderia ser desconsiderada na pintura paisagística. c) Delacroix foi um artista romântico entusiasmado em retratar paisagens urbanas com pouca movimentação de pessoas. d) No século XIX, a pintura de temas históricos já era considerada um gênero definitivo. Goya soube retratar fielmente o conteúdo histórico, dando-lhe um caráter bem específico. e) O maior representante da pintura neoclássica é, sem dúvida, Jean Auguste Dominique Ingres, considerado o pintor da Revolução Francesa. Neoclassicismo e romantismo20 BERLIN - 0266 - 16052015 - Brandenburger Tor. Wikimedia Commons, the free me- dia repositor, 10 ago. 2016. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Berlin_-_0266_-_16052015_-_Brandenburger_Tor.jpg>. Acesso em: 20 out. 2018. DELACROIX, E. Liberty Leading the People. Wikimedia Commons, the free media repositor, 27 jan. 2015. 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Arte, memória e sociedade: Jean-Baptiste Debret e sua (re)descoberta na primeira metade do século XX no Brasil. Resgate, v. 20, n. 23, p. 18-27, jan./jun. 2012. Leituras recomendadas GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. GUTIERREZ, E. F. Pierre, Erica e uma conversa sobre a história da arte brasileira. Caxias do Sul: UCS, 2015. Disponível em: <https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/livro-pierre- erica-uma-conversa.pdf>. Acesso em: 20 out. 2018. JANSON, H. W.; JANSON, A. E. Iniciação à história da arte. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. MATTOS, P. B. A arte de educar: cartilha de arte e educação para professores do ensino fundamental e médio. São Paulo: Antonio Bellini, 2003. MEDEIROS, A. Fragmentos da arte clássica no espelho do século XIX: uma alusão à arquitetura. Principia, ano 16, n. 26, p. 77-88, 2013. Disponível em: <http://www.e-publi- cacoes.uerj.br/index.php/principia/article/view/7684/5548>. Acesso em: 20 out. 2018. 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