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0356 -Estética e História da Arte Mundial II

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2º SEMESTRE ???
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE MUNDIAL II
Créditos e Copyright
 
MARTINI, Fátima Regina Sans.
                 Estética e História da Arte Mundial II. Fátima Regina Sans Martini.   Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2007. p. (Material didático. Curso de Licenciatura em Artes Visuais).
                Modo de acesso: www.unimes.br
                1. Ensino a distância.  2. Artes Visuais.   3. História da Arte
CDD 700
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
Copyright (c) Unimes Virtual
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PLANO DE ENSINO
 
CURSO: Licenciatura em Artes Visuais
COMPONENTE CURRICULAR: Estética e História da Arte Mundial II
SEMESTRE: 2°
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas
EMENTA:
Compreende a formação de conceitos de Estética e História da Arte mundial, do período do Barroco ao século XXI, a partir das concepções históricas, sociais, filosóficas e culturais, investigando a formação dos estilos artísticos.
OBJETIVO GERAL:
Conhecer e classificar a história do século XVII ao século XX e os elementos que constituem a Arte desses períodos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Unidade I
Contextualizar a cultura em seus aspectos históricos e socioculturais, geradores de sistemas simbólicos. Analisar e refletir os critérios culturalmente constituídos e embasados em conhecimentos afins, de caráter histórico. Investigar, compreender, refletir e valorizar os vários processos e diferentes instrumentos e dispositivos culturais e históricos do século XVII.
Unidade II
Contextualizar a cultura em seus aspectos históricos e socioculturais, geradores de sistemas simbólicos. Analisar e refletir os critérios culturalmente constituídos e embasados em conhecimentos afins, de caráter histórico. Investigar, compreender, refletir e valorizar os vários processos e diferentes instrumentos e dispositivos culturais e históricos do século XVIII.
Unidade III
Contextualizar a cultura em seus aspectos históricos e socioculturais, geradores de sistemas simbólicos. Analisar e refletir os critérios culturalmente constituídos e embasados em conhecimentos afins, de caráter histórico. Investigar, compreender, refletir e valorizar os vários processos e diferentes instrumentos e dispositivos culturais e históricos da primeira metade do século XIX.
Unidade IV
Contextualizar a cultura em seus aspectos históricos e socioculturais, geradores de sistemas simbólicos. Analisar e refletir os critérios culturalmente constituídos e embasados em conhecimentos afins, de caráter histórico. Investigar, compreender, refletir e valorizar os vários processos e diferentes instrumentos e dispositivos culturais e históricos de meados ao final do século XIX.
Unidade V
Contextualizar a cultura em seus aspectos históricos e socioculturais, geradores de sistemas simbólicos. Analisar e refletir os critérios culturalmente constituídos e embasados em conhecimentos afins, de caráter histórico. Investigar, compreender, refletir e valorizar os vários processos e diferentes instrumentos e dispositivos culturais e históricos do início ao final do Século XX.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
Unidade I
O século XVII. A França e a Inglaterra no século XVII; a Cultura do século XVII e a Arte Barroca na Itália, Países Baixos, Espanha e Holanda. O Estado Moderno Absolutista, A cultura e a arte do século XVII, Escultura e pintura barroca, Pintura barroca – Países baixos, Pintura barroca – Espanha, A pintura francesa no Barroco.
Unidade II
O século XVIII. O Estado Modernista; A França e a Inglaterra no século XVIII; a Cultura do século XVIII e a Arte Rococó; O Iluminismo: a Estética. A arquitetura e a decoração do século XVIII; Jardins e Afrescos. Final do século XVII e início do século XVIII, Arquitetura - Decoração – Jardins, A pintura de afrescos – A pintura rococó, A pintura rococó francesa e inglesa, Final do século XVIII. As Revoluções.
Unidade III
Primeira metade do século XIX. Final do século XVIII; as Revoluções.  A Cultura do início do século XIX; a Arte Neoclássica na arquitetura, pintura e escultura, na França, Inglaterra e América do Norte e o Romantismo; Estética e teoria da Arte; O Realismo e a Arte dos Pré-Rafaelitas em meados do século. Neoclássico e Romantismo, Poéticas. Temas heroicos e conservadores, Estética – Neobarroco e Romantismo, Meados do Século XIX. Fim do Romantismo, Realismo e Pré-Rafaelitas.
Unidade IV
Meados ao final do século XIX; a Cultura da segunda metade do século XIX. Final do século XIX; Estética; A Arte do período: Impressionismo, Pintura japonesa, Pontilhismo, Pós Impressionismo, Simbolismo, Art Nouveau e os artistas independentes. Expressão e comunicação. Universo da cor - Gravuras japonesas, Impressionismo, Final do século XIX – Pontilhismo, A arte do final do século XIX, Final do século XIX – Complexidades, Expressão e Comunicação. Tema transversal - Identidade cultural, contextos visuais, cotidiano e visualidade. Tema transversal - Relações entre imagens e o poder.
Unidade V
Do início ao final do Século XX. Início do século XX - O expressionismo, Fauvismo, Abstracionismo, Cubismo. Picasso, Futurismo ao Dadaísmo, Surrealismo – Escola de Paris, Meados do século XX, Informalismo. Pintura gestual, Op Art. Pop Art. Ambientes e Instalações, Final do século XX.
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
JANSON E JANSON. História Geral da Arte. Mundo Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2007.
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
ARGAN, G.C. Arte Moderna, do Iluminismo ao movimento contemporâneo. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
ARNOLD, Dana. Introdução à História da Arte. São Paulo: Ática, 2008.
BATTISTONI FILHO, Duílio. Pequena História da Arte. Campinas, SP: Papirus, 2004.
MASON, Antony. História da Arte Ocidental - Da Pré-história ao Século 21. Rideel, 2010.
WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
 
METODOLOGIA:
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.
AVALIAÇÃO:
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
Sumário
Aula 01_O Estado Moderno Absolutista	9
Aula 02_A cultura e a arte do século XVII	12
Aula 03_Escultura e Pintura Barroca	17
Aula 04_Pintura Barroca – Países Baixos	20
Aula 05_Pintura Barroca – Espanha	23
Aula 06_A pintura francesa no Barroco	25
Aula 07_Final do século XVII e início do século XVIII	29
Aula 08_Arquitetura - Decoração – Jardins	34
Aula 09 _A pintura de afrescos – A pintura rococó	37
Aula 10_A pintura rococó francesa e inglesa	41
Aula 11_Final do século XVIII - As Revoluções	44
Aula 12_Neoclássico e Romantismo	47
Aula 13_Poéticas - Temas heroicos e conservadores	51
Aula 14_Estética – Neobarroco e Romantismo.	55
Aula 15_Meados do Século XIX. Fim do Romantismo	59
Aula 16_Realismo e Pré-Rafaelitas.61
Aula 17_Universo da cor – Gravuras japonesas	63
Aula 18_Impressionismo	65
Aula 19_Final do século XIX – Pontilhismo	68
Aula 20_A arte do final do século XIX	71
Aula 21_Final do século XIX – Complexidades	74
	77
Aula 22_Expressão e Comunicação	78
Aula 23_Início do século XX - O expressionismo	80
Aula 24_Fauvismo	84
Aula 25_Abstracionismo	86
Aula 26_Cubismo - Picasso	90
Aula 27_Futurismo ao Dadaísmo	92
Aula 28_Surrealismo – Escola de Paris.	95
Aula 29_Meados do século XX	98
Aula 30_Informalismo - Pintura gestual	101
Aula 31_Op Art e Pop Art - Ambientes e Instalações.	104
Aula 32_Final do século XX.	109
Aula 01_O Estado Moderno Absolutista
Olá! Com esta aula, iniciamos nosso curso e damos continuidade aos nossos estudos de História da Arte. 
Após a nova estrutura do Estado Moderno, a Europa do século XV sentiu crescente necessidade de capitais para ampliar seu comércio. Em razão do monopólio comercial exercido pelos turcos no Oriente, pelos árabes na África e pelos venezianos no Mediterrâneo, as mercadorias como perfume, seda, tapetes, pedras preciosas, marfim e especiarias se tornaram valiosas. Decididos a vencer, a burguesia europeia e o Estado deram início à expansão marítima ao longo de rotas não exploradas, fundando núcleos colonizadores, explorando recursos naturais e comercializando novos produtos.
  
O ESTADO MODERNO ABSOLUTISTA
O absolutismo consolidou-se após a formação dos Estados Modernos, favorecido por lutas religiosas e pelo mercantilismo.
A Espanha foi, no século XVI, com Felipe II, a maior potência europeia. Com um vasto império e dispondo de grande quantidade de ouro e prata, obtido em suas terras nas Américas, a Espanha monopolizou o comércio.
O excesso de metal precioso acarretou a alta geral dos preços de diversos produtos, provocando a revolta dos Países Baixos que se separaram auxiliados pela Inglaterra. A derrota sofrida pela Espanha, ao querer vingar-se da Grã-Bretanha, marcou o fim da supremacia espanhola.
A nova mentalidade dos homens do séc. XVI conduziu a um profundo descontentamento de fundo religioso que acabou provocando a ruptura do mundo cristão. Com a Reforma[1] e Contrarreforma[2] o poder político da Igreja Católica Apostólica Romana enfraqueceu, aumentando o poder dos reis.
  
A ASCENSÃO DA FRANÇA NOS SÉCULOS XVI E XVII
No século XVI, a França foi o cenário de violentas lutas religiosas entre católicos e protestantes calvinistas, as quais só tiveram fim no reinado de Henrique IV com o Edito de Nantes[3].
Em meados do século XVII, a França ampliou seus domínios e conquistou enorme projeção. Internamente, o poder do rei foi sendo centralizado[4].
No reinado de Luís XIV, os nobres foram atraídos para a corte e a rica burguesia foi favorecida na indústria e comércio. O rei encarnando o símbolo do absolutismo deu à França o máximo de esplendor e projeção, merecendo o título de rei-sol, com uma corte das mais brilhantes e luxuosas.
A situação social, porém, não era boa, com a nobreza vivendo ociosamente. No campo, os nobres empobreciam e os camponeses mais ainda, enfrentando fome e doenças.
Com a revogação do Edito de Nantes, o rei católico forçou os protestantes a abandonarem o país, levando seus pertences e a capacidade de trabalho. Enfim, a coligação das nações europeias contra as excessivas pretensões do rei Luís XIV, conduziu o fim da supremacia francesa.
 
INGLATERRA
Tal como na França, o absolutismo na Inglaterra evoluiu do Estado Moderno, a partir da dinastia Tudor[5] e se impôs na dinastia Stuart[6], com a formação da Grã-Bretanha.
No reinado de Carlos I, a Inglaterra voltou a ser agitada por questões religiosas, sociais e econômicas, levando-o a ser preso, condenado por omissão e decapitado em 1649.
A execução de um monarca foi um fato inédito na Europa, mostrando a intolerância do povo ao regime absolutista.
Com a morte do rei, a Inglaterra tornou-se uma republica dirigida com poderes plenos por Cromwell, que se intitulou Lorde Protetor. A Inglaterra assegurou o domínio dos mares e o controle da rede mercantilista.
Após anos de agitações, a coroa inglesa foi oferecida a Guilherme III de Orange em 1689, que devolveu ao país suas liberdades democráticas.
Através de um governo orientado pelo parlamento, a Inglaterra se afirmou como nação politicamente mais avançada.
 
SAIBA MAIS
Sobre as Reformas religiosas e os Estados absolutistas em: ORDOÑEZ, M. 1999.
 O livro é de fácil leitura e você pode aprimorar o conhecimento em História, se for necessário. Esse conhecimento é a base para um juízo da Arte da Idade Moderna e Contemporânea.
  ______[1] A Reforma iniciou-se na Alemanha com Martinho Lutero em 1517 e seus numerosos adeptos enfrentaram a resistência dos governantes alemães até 1555, quando Carlos V assinou a Paz de Augsburg. Calvino difundiu sua doutrina na Suíça, nos Países Baixos, na França e na Escócia. Na Inglaterra o rei abraça o Anglicanismo, por motivos pessoais.
[2] A Contrarreforma foi promovida pela Igreja de Roma no intuito de reestruturar suas instituições e acompanhar as mudanças que haviam se operado na Europa com a expansão do protestantismo.
[3] O Edito de Nantes concedeu liberdade de culto aos protestantes em 1598.
[4] O poder do rei foi sendo centralizado com o apoio do Cardeal Richelieu na regência de Maria de Médici e reinado de Luís XIII; e o Cardeal Mazzarino no início do reinado de Luís XIV.
[5] Dinastia Tudor – Henrique VII e XVIII, Maria Tudor e Elisabete I.
[6] Dinastia Stuart – Jaime I, Carlos I e II e Jaime II.
Aula 02_A cultura e a arte do século XVII
Os reis absolutistas sustentavam uma numerosa e luxuosa corte de nobres, que consumia grande parte da riqueza do Estado. As colônias se tornaram importantes no fornecimento de produtos valiosos a preços baixos. A França e Inglaterra entraram na corrida colonial, logo após Espanha e Portugal, garantindo o poder absoluto em suas nações.
 
A CULTURA DO SÉCULO XVII
Não existe uma ruptura entre o gosto do século XVI, equilibrado, gracioso, harmonioso, e o gosto do século XVII, extravagante. O século XVII, chamado de Barroco nada mais foi do que a extrema manifestação do classicismo, saturado e esgotado, renovado em novas formas.
O Barroco nasceu como o Renascimento, na Itália, difundindo-se primeiro no sul da Europa e na Holanda, para depois tornar-se um estilo universal. Inicialmente sóbrio, dentro do espírito da Contrarreforma, o Barroco entregou-se na segunda metade do século XVII a uma grande liberdade de imaginação.
Os exemplos estão nas igrejas monumentais, nos contrastes de luz e sombra, e grande quantidade de afrescos, esculturas e colunas; nos palácios suntuosos, nas imponentes escadarias e cercados de parques geometricamente traçados.
Na literatura os grandes representantes do século foram Cervantes[1] na Espanha e Molière[2] na França, entre outros. Na música, foram desenvolvidos o oratório e o melodrama, com Vivaldi[3] e Bach[4], entre outros.
A função da arte no século XVII é de converter e aumentar o número de fiéis católicos romanos. As igrejas se tornam imponentes e douradas, as esculturas são executadas para serem vistas de baixo, o horror e a ternura, o espaço ilusório e as diagonais, as figuras realistas e a luz misteriosa fazem parte do mesmo projeto.
A mitologia se faz presente sem ideias necessariamente religiosas. O Barroco exprime o imponderável, visando o infinito, pois nem os tetos limitam o espaço.
Existem diferenças e semelhanças entre a Arte do Renascimento e a Arte do Barroco.
Podemos afirmar que a maioria dos temas trabalhados na pintura e escultura barroca são semelhantes aos aplicados na Arte do Renascimento. No entanto, a interpretação dos mesmos temas recebe tratamento diferenciado nos dois estilos.
No Renascimento, os artistas procuram se aproximar da formalidade, do racionalismo e do idealismo do período clássico, aplicando, com moderação, diferenças formais e técnicas. Buscam sobretudo o equilíbrio, a harmonia e austeridade.
Na Arte barroca, os mesmos temas são tratados com exuberância e dramaticidade; o dinamismo e a procura pelo realismosão metas desejadas pelos artistas que, às vezes,chegam ao decorativo no produto final, muito próximo do período helenístico.
Embora essas diferenças não ocorram todas ao mesmo tempo durante todo o período histórico do Barroco, uma certeza se tem: Ambos os estilos se aproximam, admiram-se e interpretam a Arte e a cultura grega.
 
ARQUITETURA E PALÁCIOS
Depois de Andréa PALLADIO (1508-1580) e as cópias da Villa Rotonda[5], inicia-se um novo movimento criador na arquitetura italiana, onde se destacam Gian Lorenzo BERNINI (1598 – 1680) e Francesco BORROMINI (1599 – 1667).
O conjunto da Praça São Pedro, sob projeto de Gian Lorenzo Bernini, é uma perfeita síntese do estilo Barroco. A colunata e o espaço central constituem o acesso à basílica de São Pedro em Roma.
  
Construído entre 1625 e 1633, no estilo já considerado Barroco, o Palácio de Barberini recebe projeto de Carlo MADERNO (1556-1629) e Francesco BORROMINI (1599-1667).
A obra foi terminada por Gian Lorenzo BERNINI. Atualmente, o Palazzo Barberini acolhe parte da importante Galeria Nacional de Arte Antiga, em Roma.
As ideias introduzidas por Borromini são exploradas em Turim, o maior centro da arquitetura barroca, por Guarino GUARINI (1624-1683), arquiteto e grande matemático. É dele o projeto do Palácio Carignano, construído entre 1670 e 1679. O movimento ondulante repete-se por toda fachada barroca.
 
1   Características gerais da Arquitetura
Emprego das ordens arquitetônicas, colunatas, pilastras, frontão triangular, arquitrave, frisos, arco romano, arcadas e abóbodas. Interpretações individuais com mais liberdade. Procura por formas que transmitam emoção e tensão. Uso de ritmos na estrutura; volumes mais flexíveis e funções diversas para os elementos clássicos.
Na arquitetura barroca as formas côncavas e convexas criam uma parede ondulante. O movimento é ascendente, quebrando as estruturas clássicas.
A Arquitetura Barroca tem o propósito de impressionar e causar emoções. As construções monumentais se juntam aos espelhos d’água, aos jardins geométricos, aos parques e bosques. Nas igrejas construídas e decoradas nesse tempo, compreende-se a pompa e exibição do ouro e estuque, usados deliberadamente para suscitar uma visão de glória celestial.
2          Palácios
Os palácios do Barroco tardio são frequentemente composições gigantescas, as quais podem ser do tipo castelo, residência de campo ou casa senhorial.
Considerado um dos maiores do mundo o Palácio de Versalhes, na França, possui 2 mil janelas, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque. Construído pelo rei Luís XIV, o Rei Sol, a partir de 1664, foi por mais de um século modelo de residência real na Europa.
A Galeria dos Espelhos, no Palácio de Versalhes, originalmente chamada de Grande Galeria, deve seu nome aos 357 espelhos que adornam suas paredes. Com 73 metros de comprimento por 13 de largura, foi construída por Jules HARDOUIN-MANSART (1646-1708) entre 1678 e 1684 e apresenta mármores, esculturas em bronze e pintura em trompe-l’oeil.[6] A galeria de quadros e a biblioteca tomam a forma de um gabinete comprido, com um lado constituído de uma série de portas alinhadas; e o outro lado, com vista externa.
Um elemento importante no palácio barroco é o jardim, de formas geométricas severas à maneira francesa ou romântica, incluindo paisagem natural como os jardins ingleses. Os jardins do período do barroco são imensos, com uma série de avenidas, terminando em uma via circular, onde se encontra o espelho d'água com um monumento. O espelho d’água também serve para refletir o palácio e o céu, criando a noção do infinito. Os monumentos recebem cavalos e figuras barrocas.
Os reis absolutistas vivem em público desde o nascimento até a morte. No palácio vive toda a corte e o jardim é frequentado por todos seus súditos e até mendigos.
SAIBA MAIS 
MAINSTONE, M. & R. O Barroco e o século XVII. Rio de Janeiro: José Olympio, 1981, pp. 75-76.
TRIADÓ, Juan-Ramón. A Arte barroca.  São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 26-27. 
______
[1] Cervantes e Saavedra, Miguel de (1547-1616) Romancista, dramaturgo e poeta espanhol. A mais importante obra em castelhano é Don Quixote de La Mancha.
[2] Molière, Jean-Baptiste Poquelin, (1622-1673) É considerado um dos mestres da comédia satírica do teatro francês, utilizando as suas obras para criticar os costumes da época. Teve um papel de absoluta importância na dramaturgia francesa, até então muito dependente da temática da mitologia grega
[3] Vivaldi, Antônio Lucio (1678-1741) foi um sacerdote e compositor de música barroca italiana.
[4] Bach, Johann Sebastian (1685-1750) Músico e organista do período barroco da música erudita, considerado um dos maiores e mais influentes compositores da história da música.
[5] Villa Rotonda palacete com quatro pórticos, construído entre 1567 e 1570, em Vicenza, Itália. Projeto de Andréa PALLADIO (Pádua, Itália, 1508 – Maser, Itália, 1580)
[6] Trompe l’oeil - pintura ilusionista. Técnica que utiliza meios picturais para causar percepções ilusórias. Empregada na arquitetura, escultura e pintura.
Aula 03_Escultura e Pintura Barroca
A Arquitetura barroca tem o propósito de impressionar e causar emoções. As construções monumentais se juntavam aos espelhos d’água, aos jardins geométricos, aos parques e bosques. Nas igrejas construídas e decoradas nesse tempo, compreende-se a pompa e exibição do ouro e estuque, usados deliberadamente para suscitar uma visão de glória celestial.
  
ESCULTURA BARROCA 
No Barroco a Arquitetura e a Escultura se confundem. As esculturas impregnadas de caráter didático misturam misticismo, heroísmo e erotismo nas formas 
côncavas e convexas.  
Entre os grandes artistas do período se encontram: Gian Lorenzo BERNINI (1598-1680) e Annibale CARRACCI (1560-1609)
Ref. Imagem: Power point. Arquivo Gif. 480 x 360 pixels. 8 bits. 99,9 KB. MARTINI, Fátima R. Sans. 22 ago. 2014.
 
PINTURA
 
O desenvolvimento da pintura, saindo do impasse do maneirismo para um estilo muito mais rico em possibilidades do que o dos grandes mestres anteriores foi, em alguns aspectos, semelhante ao da arquitetura barroca. Na grande pintura de TINTORETTO Jacopo Robusti (Veneza, Itália, 1518-1594) e de Doménikos Theotokópoulos EL GRECO (Reino de Candia, atual ilha grega de Creta,1541- Toledo, Espanha, 1614) vimos o crescimento de algumas ideias que adquiriram importância cada vez maior na arte do século XVII, como a ênfase sobre a luz e cor, o desprezo pelo equilíbrio simples e a preferência por composições mais complicadas. Não obstante, a pintura do século XVII não é apenas uma continuação do estilo maneirista. (GOMBRICH, 2000) 
A palavra – Barroco – significa irregular, ao contrário da harmonia e da ordem presentes no classicismo. Uma suposta anarquia e um excesso de ornamentos, onde se trabalha com as emoções. 
Na pintura barroca encontram-se formas abertas e fechadas; muita luz e grandes sombras opacas; destruição dos limites e contornos; utilização de grandes figuras no primeiro plano e redução ousada nos motivos do fundo. Independente das novidades, surge
“uma tentativa de suscitar no observador o sentimento de inesgotável, incompreensibilidade e infinidade de representação – uma tendência que domina toda a arte barroca.” (HAUSER, 2003, p. 447)
 
Os traços dramáticos do barroco são encontrados na escultura e na pintura dos:
 
Italianos: Michelangelo Merisi da CARAVAGGIO (Milão, Itália, 1571 - Porto Ercole, Itália, 1610); Annibale CARRACCI (Bolonha, Itália, 1560 - Roma, 1609) GUERCINO Giovanni Francesco Barbieri (Cento, Itália, 1591 - Bolonha, 1666); Pietro da 
CORTONA (Cortona, Itália, 1596 - Roma, 1669) e Guido RENI (Bolonha, 1575 - 1642) 
Espanhóis: Diego Rodrigues de Silva Y VELÁZQUEZ (Sevilha, Espanha, 1599 - Madrid, 1660) e Bartolomé Esteban Perez MURILLO (Sevilha, 1618 - Cádiz, 1682)
Franceses:  Nicolas POUSSIN (Les Andelys, França, 1594 - Roma, Itália,1665); Claude LORRAIN ou Claude Gellée (Chamagne, Vosges in Lorraine, França, c. 1600/5 - Roma, Itália, 1682) e Georges de LA TOUR (Vic-sur-Seille, Lorraine, França,1593 - Lunéville, Lorraine, França, 1652)
Países Baixos:  Peter Paul RUBENS (Siegen, Alemanha, 1577- Antuérpia, Bélgica, 1640) e Antoon VAN DYCK ou Sir Anthony VAN DYCK (Antuérpia, Bélgica, 1599 - Londres, Reino Unido, 1641)   Frans HALS (Antuérpia, Bélgica, c.1580 - Haarlem, Países Baixos, 1666), REMBRANDT Harmenszoon van Rijn (Leida, Países Baixos,1606 - Amsterdam, Holanda, 1669) e Jan VERMEER ou Johannes VERMEER (Delft, Países Baixos, 1632 -1675) 
Um dos principais artistas responsáveis por obras que transitam do estilo Barroco final para o novo estilo, Rococó, é Giambattista TIEPOLO ou Giovanni Battista Tiepolo (Veneza, Itália, 1696 - Madrid, Espanha, 1770).
  
PINTURA BARROCA -  ITÁLIA
1  Caravaggio
Uma das personalidades mais fascinantes da História da Arte que encarnou o artista em conflito com as convenções sociais, ideal da época, Michelangelo Merisi da CARAVAGGIO (1571-1610) conquistou fama ao utilizar um traço vigoroso e o uso dramático do claro-escuro. Os quadros de Caravaggio, com um cristianismo livre dos dogmas teológicos, atraíram tanto os protestantes quanto os católicos. 
Aula 04_Pintura Barroca – Países Baixos
Roma continua sendo o melhor ponto de observação para contemplar o panorama da pintura. Os artistas desejam livrar-se do maneirismo e do classicismo exagerado da renascença. 
 
PINTURA BARROCA -  PAÍSES BAIXOS
1  Rubens
A admiração pela Itália e pela cultura latina clássica marcou toda a obra de Peter Paul RUBENS (1577-1640). Foi uma combinação de dotes incomparáveis na organização de grandes composições coloridas e na energia eufórica das figuras que deu a Rubens uma fama e um êxito como nenhum pintor conhecera.  O Barroco era um estilo de obra no qual Rubens brilhava e para o qual sua personalidade afetuosa, sua erudita formação europeia e sua religião católica eram idealmente talhadas. Na obra de Rubens, as alegorias e fábulas clássicas se destacavam vivas e atuais.
Ref. Imagem: Original date/time: 20 jul. 2011 16.00.  Camera make. model: SONY DSC-TX1. Exposure time: 1/15s. ISO speed: 400. 3246 x 2500. 72 dpi. 24bits. DSC03129  JPEG. 2,60 MB. MARTINI, Fátima RS. 12 mai. 2012. Power Point. Gif. 480 x 360 pixels. 8 bits. 98,8 KB. MARTINI, Fátima R. Sans. 22 ago. 2014.
 
2   Van Dyck
O mais famoso discípulo de Rubens, Anthony VAN DYCK (1599 -1641), muito mais novo que o mestre, não tardou em adquirir virtuosidade na representação da contextura e superfície dos objetos, quer fosse seda, renda ou pele.
Uma das obras mais conhecidas e encantadoras de van Dick é Cinco filhos de Charles I, 1637. Óleo sobre tela; 163.2 x 198.8; Royal Collection, Reino Unido.
3   Frans Hals
Nos quadros de Frans HALS (c.1580 - 1666) os modelos são captados em um instante e fixados para sempre na tela. Testemunhamos o artista a manipular ágil e rapidamente o pincel, através do qual faz surgir a imagem de um cabelo despenteado ou de uma manga enrugada.
Um dos quadros mais conhecidos é O Alegre Beberrão ou A Militiaman Holding a Berkemeyer, ou Merry Drinker
c. 1628/1630. Óleo sobre tela, 81x 66.5. Rijks Museum, Amsterdam, Holanda. Os olhos brilhantes, a boca meio aberta, a mão erguida, o copo de vinho em desequilíbrio, nada foge à impressão do iminente.
4    Vermeer
Jan VERMEER ou Johannes VERMEER (1632 -1675) deixou poucos quadros. As raras obras apresentam figuras simples no interior das casas holandesas. Seus quadros são naturezas-mortas com seres humanos, pintados de forma laboriosa e com precisão nas texturas das roupas e objetos. Vermeer suaviza os contornos, deixando a firmeza e solidez numa combinação nunca alcançada por outros.
A obra A Leiteira ou The Milkmaid, c. 1660. Óleo sobre tela, 
45.5 × 41. Rijks Museum, Amsterdam, Holanda, Países Baixos é uma das mais célebres do artista.
4     Rembrandt
O maior pintor da Holanda, no entanto, é REMBRANDT Harmenszoon van Rijn (1606 - 1669, uma geração após Hals e Rubens, mais jovem que van Dyck e Velásquez. Seus autorretratos contam sua vida, sem vaidade, sem pose, mas um olhar penetrante disposto a aprender mais e mais acerca dos segredos do rosto humano. Viveu muito bem no início de sua carreira, para depois de diversas crises, viver em quase ruína.
Obra prima de complexidade barroca, a mais célebre tela de Rembrandt é A Ronda Noturna ou Militia Company of District II under the Command of Captain Frans Banninck Cocq, 1642. Óleo sobre tela, 379.5 × 453.5. Rijks Museum, Amsterdam, Holanda. No quadro, o artista retrata a Companhia de Milícia do Capitão Banning Cocq e, no centro, a figura de Saskia (1612-1642), sua primeira mulher. A obra foi realizada para o salão da guilda de arcabuzeiros. Rembrandt foi o primeiro a pintar figuras em um retrato de grupo fazendo algo. O Capitão, vestido de preto, diz ao Tenente para iniciar a marcha. Os guardas estão entrando em formação.
Aula 05_Pintura Barroca – Espanha
Na última aula, observamos algumas obras de artistas do século XVII. Percebemos que cada um deles apresenta um estilo e uma mensagem. A arte barroca não tem um caráter único, e sim as tendências mais diversas florescendo simultaneamente. Rubens representa a idade de ouro da arte flamenga com a junção da Igreja católica sob o governo espanhol. Na Holanda, entretanto, os artistas seguem a burguesia protestante e representam temas independentes, introduzindo paisagens locais, natureza morta, interior de aposentos, atitudes familiares, motivos considerados apenas acessórios à arte italiana e católica. 
A expansão da arte protestante força a igreja a utilizar a arte produzida sob o Estado católico como divulgação de sua doutrina. Os artistas espanhóis sob o regime da Contrarreforma produzem, assim, uma arte voltada para a corte religiosa.
 
PINTURA BARROCA -  ESPANHA
Grande emoção, drama e tema religioso, composição teatral, o uso de claros e escuros, iluminação a partir de um ponto, pinceladas mais soltas e cores luminosas são empregados na Arte barroca espanhola.
Porém, de modo geral, são proibidos: os nus, as figuras sensuais e os temas pagãos. Sob influência da arte italiana de Caravaggio, o realismo e naturalismo entram nas composições artísticas.
            1          Murillo
O artista espanhol, Bartolomé Esteban Perez MURILLO (1618 - 1682) recebeu influência das obras de van Dick e Rubens, artistas dos Países Baixos. Da Espanha recebeu influência das obras de Velásquez.
2          Velásquez
Na Espanha, Diego Rodrigues de Silva Y VELÁSQUEZ (1599 -1660) absorveu o programa do naturalismo de Caravaggio e devotou sua arte à observação desapaixonada da natureza, independentemente de leis e convenções. Membro da corte de Filipe IV, o artista transformou os retratos da família real, como num passe de mágica, em algumas das mais fascinantes pinturas que o mundo até hoje viu, embora esses homens e mulheres retratados não fossem ideais de beleza.
Na obra As Meninas, ou The Family of Felipe IV, 1656. Óleo sobre tela, 318 x 276. Museu Nacional do Prado, Madrid, Espanha; o artista representa-se na tela pintando junto ao cavalete. No centro, apresenta-se a princesa Margarida. Os rostos de seus pais, o rei e rainha, estão refletidos no espelho da parede do fundo. Velásquez nos apresenta o que os reis estão vendo: um grupo de pessoas entrando em seu estúdio.
Aula 06_A pintura francesa no Barroco
Verificamos nas aulas anteriores a arte Barroca italiana, holandesa e espanhola, com as características próprias das regiões. Apesar das diferenças no modo de representar, todos pertenciam ao século XVII, um século de paixões, de descobertas e um período em que os homens descobriam o gosto por colecionar. Veja nesta aula um pouco da arte francesa e suas particularidades. 
 
PINTURA BARROCA -  FRANÇA
A arte francesa alcança um estilo próprio, independente de Roma, no apogeu do governo de Luís XIV (1660-1685) quando se tornou a nação mais poderosa da Europa nos fins do século XVII. A esse estilo, próprio, eles chamam de Antiguidade Clássica, onde a analogia entre a pintura e a literatura se estreita.
1          Poussin
O maior dos mestres acadêmicos foio francês Nicolas POUSSIN (1594-1665), que fez de Roma sua cidade adotiva, estudando as estátuas clássicas com fervoroso empenho para imprimir em sua visão de terras de outrora, beleza e dignidade, como imagens em devaneios.
2          Lorrain
Se Poussin desenvolveu as qualidades heroicas da paisagem ideal, o paisagista francês Claude LORRAIN ou Claude Gellée (1600/5-1682), acentuou os seus aspectos idílicos. As imagens supostamente de paisagens clássicas, combinavam torres e ruínas, em jardins arranjados, impregnadas de luz dourada e prateada.
 Fig. 7: Desembarque de Cleópatra.
LORRAIN, Claude (Claude Gellée) (1600/5-1682) Desembarque de Cleópatra 1642–43. 119x168. Museu do Louvre, Paris, França.
Ref. Imagem: Original date/time: 11 jul. 2008 06:58.  Camera make.model: SONY. DSC-T70. Exposure time: 1/15s. ISO speed: 400. 1024x734 pixels. 72 dpi. 24bits. DSC0204 JPG. 115 KB. MARTINI, Fátima RS. 23 ago. 2014.
 
FINAL DO SÉCULO XVII – MOVIMENTOS INTELECTUAIS
O Renascimento trouxe a afirmação do homem, do seu espírito de iniciativa, de suas possibilidades intelectuais. No século XVII começou a ganhar força a ideia de que o homem poderia chegar à verdade e a dominar a natureza através da razão e da experiência.
Como consequência, os novos conceitos passaram a ser aplicados sistematicamente pelos estudiosos nos vários campos do saber. Francis Bacon[1] e René Descartes[2] foram os primeiros estudiosos que investigaram e analisaram os fenômenos naturais à luz da razão e definiram um método científico ressaltando o valor da experiência, chegando a origem da ciência moderna através de Galileu[3], Newton[4], Copérnico[5] e Kepler[6].
O movimento intelectual resultante chamou-se Iluminismo, com ideias inovadoras, propondo-se resolver por meio da razão, problemas sociais, políticos, econômicos e culturais. 
Filósofos, como Locke[7] formulou teorias dos direitos do homem e a enciclopédia é criada para se difundir as novas ideias e os escritores levam à monarquia suas obras baseadas na abolição de antigos privilégios da aristocracia e os direitos dos cidadãos na participação do governo.
Na economia, nasce o liberalismo econômico vindo a favorecer a livre iniciativa de banqueiros, comerciantes e industriais.
 FINAL DO ESTILO BARROCO NAS ARTES
Quando se entra nas igrejas construídas e decoradas nesse tempo, compreende-se a pompa e a exibição das pedras preciosas, de ouro e estuque, como usados deliberadamente para suscitar uma visão de glória celestial.
Arquitetos, pintores e escultores foram convocados para transformar igrejas em grandiosas exibições.  Essa arte suprema da decoração teatral foi desenvolvida por artistas como GUERCINO Giovanni Francesco Barbieri (1591-1666) e Pietro da CORTONA (1596-1669).
As cenas lotam as molduras dos tetos, transbordando em nuvens carregadas de imagens. Os artistas eram soberbos decoradores de interiores, famosos por sua habilidade no trabalho de estuque e grandes afrescos em Trompe l’oeil.
O arquiteto que mais trabalhou essa tendência foi Johann Balthasar NEUMANN (1687-1753). Entre suas admiráveis obras, encontra-se o Palácio Episcopal de Wurzburgo, no estilo Barroco final, contendo um salão decorado no estilo do século XVIII.
 FINAL DO BARROCO - A PINTURA DE AFRESCOS
O maior pintor representante do período final do Barroco e início do Rococó foi Giovanni Battista TIEPOLO (1600 -1682). Veneziano de nascimento e formação, o domínio da luz e da cor e a graça da pincelada levaram sua fama além da terra natal.
  
SAIBA MAIS
Leia “O conceito de Barroco” em HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003, pp. 442 a 452. 
Assista o filme  Moça com brinco de pérola. Um filme delicado e bem feito. Veja se você tiver a oportunidade. 
 [1] Bacon, Francis (1561-1626). Professor de Direito, publica em 1605, Da Proficiência e do Progresso do Saber Divino e Humano. Em 1622, publica História Natural.
[2] Descartes, René (1596-1650). Escreve em 1637, Discurso do Método. Em 1641, Meditações sobre os Princípios da Filosofia.
[3] Galileu Galilei, astrônomo e físico italiano (1564-1642)
[4] Isaac Newton (1642-1727), cientista inglês, desenvolve a Teoria da Gravidade.
[5] Copérnico, Nicolau (1473-1543) Astrônomo e matemático. Desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Cônego de Igreja, administrador, jurista, astrólogo e médico.
[6] Kepler, Johannes (1571-1630) Astrônomo. Formulou as três leis fundamentais da mecânica celeste, conhecidas como leis de Kepler. Dedicou-se também ao estudo da óptica.
[7] Locke, John (1632-1704) foi um filósofo do predecessor Iluminismo. Tinha como noção de governo o consentimento dos governados diante da autoridade constituída, e, o respeito ao direito natural do homem, de vida, liberdade e propriedade.
Aula 07_Final do século XVII e início do século XVIII
O absolutismo, no século XVII, ganhou força nas mãos de monarcas poderosos. Com Luís XIV, auxiliado por grandes homens de visão comercial e cultural, a França alcançou o apogeu na Europa. O século XVII foi chamado de Idade do Barroco, nome de um estilo que se caracterizou pela tendência ao maravilhoso e extravagante.
 
FINAL DO SÉCULO XVII – ARQUITETURA INGLESA
Coube ao arquiteto Sir Christopher WREN (1632-1723) a tarefa de reconstruir as igrejas de Londres após o terrível incêndio em 1666.
Nas obras inglesas, permanecem a sobriedade e ecos do classicismo Renascentista e o estilo Barroco inicial.
FINAL DO SÉCULO XVII E INÍCIO DO SÉCULO XVIII
A IDADE DA RAZÃO: O ILUMINISMO
O princípio do Iluminismo surgiu no Renascimento e se propagou na cultura filosófica e científica do século XVII, através da exaltação da pesquisa e entusiasmo pela técnica. Nascido na Inglaterra, difundido pela França, o Iluminismo pregou a razão, a liberdade do espírito, a livre crítica e a tolerância religiosa, contrapondo-se ao peso da tradição, ao absolutismo eclesiástico e monárquico e, em geral, a todos os preconceitos do passado.
Os iluministas acreditavam que, derrotadas as convenções, triunfaria a razão. Sonhavam com um mundo perfeito, sem guerras e sem injustiças sociais.
Entre os defensores do humanismo encontravam-se os filósofos: Hume[1], Voltaire[2], Rousseau[3], Montesquieu[4], Lessing [5]e Kant[6].
Na literatura, os principais escritores foram Goethe[7] e Schiller[8], que escreveram sobre a instrução social e o melhoramento moral dos homens, a elegância dos costumes, o prazer da intimidade e o amor pela vida. A música, por sua vez, também soube traduzir o novo gosto: Em Viena, desenvolveu-se o gosto pelo clássico da sonata, com Haydn[9] e da sinfonia com Mozart[10].
O iluminismo leva alguns soberanos, chamados de déspotas esclarecidos, a amenizar os impostos, incentivando a agricultura e estimulando a educação, como Catarina II da Rússia[11] Maria Teresa e José II da Áustria[12]
  
A ESTÉTICA A PARTIR DO SÉCULO XVIII
A partir de meados do século XVIII, os tratados e conceitos em Arte do Renascimento e do Barroco vão sendo substituídos para um nível teórico mais elevado, ou seja, por uma filosofia da arte ou Estética.
A Estética é um ramo da filosofia que tem o objetivo de estudar a natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda entre outras coisas, o julgamento e as emoções estéticas, as diferentes formas de arte, do trabalho artístico, e a ideia de obra de arte e de criação.
Nunca a teoria e a fruição das artes tinham sido tão comentadas quanto no século XVIII por filósofos e ensaístas ingleses. Parece que o impulso estético emergiu do fundo da natureza humana para a consciência e os homens passaram a dar-se conta da palavra e do conceito de estética.
Nesse período, a Estética estava ligada aos conceitos de arte e beleza, que hoje julgamos ultrapassados, mas não podemos esquecer o fato de que, em todos os outros sentidos, o movimento foi fértil e revolucionário. Hume, por exemplo, acreditava que os preconceitos de idade e tempo, o temperamento e a sociedade não podiam interferir na reação à obra de arte. Esse pensamento permaneceu e foi fundamental para os novosconceitos modernistas.
A substituição da razão pelo sentimento acontece a partir do final do século XVII, quando os críticos passam a acreditar,
“que a literatura e a arte não devem ser julgadas segundo cânones clássicos de correção, mas antes, pela atração direta que exercem sobre homens de sensibilidade” (OSBORNE, 4ª edição, p. 145)
A tendência no século XVIII se acentua cada vez mais no destaque e importância da emoção e do sentimento da apreciação.
Termos, como sentimento, emoção, impressão, imaginação, sensibilidade, passaram a ser as novas deixas numa tendência para afirmar o princípio fundamental da resposta individual contra a autoridade da razão e da regra. (OSBORNE, 4ª edição, p. 145)
Conceitos como gosto, apreensão estética, sentimento como fonte de experiência estética, emoção romântica, são desenvolvidos pelos filósofos do século XVIII.
A teoria de que a nossa apreensão da beleza é uma questão de sentimento e a teoria de que ela é uma forma de intuição direta, relacionada com a percepção dos sentidos, seguiram cursos paralelos de pensamento, que atravessaram quase todos os escritos teóricos do século XVIII. (OSBORNE, 4ª edição, p. 148)
Baumgarten[13], em 1735, escreveu sobre os problemas da Estética, os quais foram desenvolvidos em A Crítica do Juízo[14], livro lançado por Kant[15] em 1790. Na obra filosófica, Kant indicou a origem do conflito entre o padrão universal de gosto e o reconhecimento de que sentimento e emoção são essenciais para a apreciação estética.
Hegel[16] continuou a discussão em Estética, utilizando a dialética[17]. A definição de gênio, como aquele que dá as regras na arte e que recebe o dom natural foi descrita por Kant e foi aceita como uma qualidade importante que o artista deve ter para a produção de uma obra de arte.
 ___
[1] Hume, David (1711 - 1776) foi um filósofo e historiador escocês. Foi entre outros, uma das figuras mais importantes do chamado iluminismo escocês.
[2] Voltaire ou François-Marie Arouet (1694 - 1778) foi um poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e historiador iluminista francês.
[3] Rousseau, Jean-Jacques (1712 - 1778) Filósofo suíço, escritor, teórico político. Uma das figuras marcantes do Iluminismo francês, Rousseau é também um precursor do romantismo.
[4] Montesquieu (1689 - 1781) escritor e filósofo francês. Célebre pela sua teoria da separação dos poderes.
[5] Lessing, Gotthold Ephraïm, considerado um dos maiores escritores alemães do século XVIII, é um autor de extrema importância para o neoclassicismo de Goethe e Schiller.
[6] Kant, Immanuel (1724-1808) Em 1790 publica Crítica da Faculdade de Julgar.
[7] Goethe, Johann Wolfgang Von (1749- 1832) Escritor alemão, além de cientista e filósofo. Uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX.
[8] Schiller, Johann Christoph Friedrich Von (1759 - 1805) Poeta, dramaturgo, filósofo e historiador alemão. Um dos líderes do movimento literário romântico alemão.
[9] Haydn, Franz Joseph (1732 - 1809) Um dos mais importantes compositores do período clássico e, ao lado de Mozart e Beethoven, um dos mais apreciados mundialmente. Viveu a maior parte de sua vida na Áustria, como músico da corte.
[10] Mozart, Wolfgang Amadeus (1756 - 1791) foi um compositor e músico da música erudita, um dos expoentes máximos da música clássica.
[11] Catarina da Rússia (1762-1796) leva o domínio da Rússia até o Mar Negro.
[12] A Casa de Habsburgo foi uma das famílias mais importantes da História da Europa. A família tem origem no século XII e floresceu sob o comando de Maria Teresa (1717 - 1780) e seu filho José II (1741 - 1790). O século de Maria Teresa e de José II foi a época de apogeu da monarquia austríaca. Seus reinados correspondem ao florescimento da cultura da Europa central. A unidade do Império se viu assegurada pela língua alemã e pela centralização do poder.
[13] Baumgarten, Alexandre Gotlieb (1714-1762) denominou de Estética a ciência das sensações.
[14] Crítica do Juízo (1790) trata das noções de beleza e da arte, buscando, desse modo, uma passagem que una o mundo da natureza ao mundo moral onde reina a liberdade.
[15] Kant, Immanuel (1724-1808) Passou a vida investigando o universo espiritual do homem. Sua obra constitui a fonte da qual brota a maior parte das reflexões dos séculos XIX e XX.
[16] Hegel, Georg Willhem Friedrich (1770 -1831) foi um filósofo alemão. Recebeu sua formação em um seminário da Igreja Protestante em Württemberg, onde manteve amizade com o futuro filósofo Friedrich Schelling. Deixaram-lhe fascinado as obras de Spinoza, Kant e Rousseau, assim como a Revolução Francesa. Muitos consideram que Hegel representa o cume do movimento alemão no que se refere ao idealismo filosófico do século XIX.
[17] Dialética: Arte do diálogo ou da discussão. Na filosofia hegeliana, parte-se do pressuposto de que a negatividade é inerente ao real e o positivo só se realiza através do negativo.
 
Aula 08_Arquitetura - Decoração – Jardins
Luís XIV, rei da França, deixou construído um novo mapa político da Europa. A moda, a cultura e as maneiras elegantes da vida das classes altas do século XVIII em todo mundo refletiam os exemplos dos franceses. A arte barroca imperava nos palácios e nas igrejas.
 A ARQUITETURA BARROCA E A DECORAÇÃO NO ESTILO ROCOCÓ.
Após a morte do Rei Sol em 1715, a França entra no período da Regência, pois Luís XV, seu neto, era jovem demais para assumir o trono, deixando uma nobreza livre para sair da vigilância real na corte de Versalhes. Os palacetes longínquos já não interessavam à nova geração e Paris era a cidade procurada para a construção das elegantes residências. Os espaços dos terrenos urbanos, porém, exigiam construções mais modestas do que os grandes palácios apresentando como consequência uma decoração interior mais delicada e confortável.
O melhor exemplo dessa mudança é a construção do palacete para a Madame de Pompadour[1] a favorita do rei Luís XV, no parque de Versalhes.
 
Chamado de Petit Trianon, Versalhes, 1762 a 1768, é uma construção clássica, com o interior íntimo, planejado para que seus donos tivessem a liberdade que não tinham na corte. O prazer é o princípio da Arte Rococó.
 
O ROCOCÓ
A palavra rococó deriva de rocaille, uma espécie de decoração de conchas ou seixos usados em grutas e jardins na Itália e França. A arquitetura clássica, com suas sóbrias colunas e cuidadosas proporções adquirem vida nos capitéis coríntios que agora sobem ou descem se enrolando e se contorcendo num crescente vigor. As formas vigorosas e angustiadas do barroco se transformam em gavinhas encaracoladas e em formosas conchas que se movimentam em delicada sensualidade.
Enquanto os artistas barrocos transmitem sua mensagem de modo simples e convincente e a arquitetura barroca sustenta o dogma político e religioso, a decoração rococó afirma o princípio do prazer, seja em resposta à gloriosa salvação, seja diante da reação dos sentidos e imaginação da aristocracia.
Mas se na França os artistas usaram de recursos construtivos na adaptação do espaço e uma decoração mais graciosa, os outros Estados Absolutistas refletiram na Arte as preocupações e os preconceitos da sociedade.
A Áustria e os Estados alemães se mantiveram no tocante às crenças religiosas, fiéis à Igreja Católica, adaptando-se muito bem ao novo estilo. O arquiteto que mais trabalhou nessa tendência e nos legou uma obra inigualável foi Johann Balthasar NEUMANN (1687-1753) responsável pela construção do Palácio Episcopal de Wurzburgo, na Baviera; onde dividiu o projeto com Johann Lukas Von Hildebrandt e Johann Maximilian Von Welsch, no estilo Barroco final. Neumann construiu uma obra emblemática do barroco germânico, onde no coração do palácio se encontra uma monumental escadaria com frescos pintados por Giovanni Battista TIEPOLO (1696-1770)
O Palácio de Schönbrunn (Schloss Schönbrunn) construído entre 1696 e 1701, em Viena, na Áustria é um exemplo de arquitetura barroca e interior decorado no estilo Rococó
 
DECORAÇÃO ROCOCÓ
Detalhescaracterísticos encontrados no estilo Rococó nos palácios do século XVIII: Fachada de dois ou três andares; janelas maiores, sem ornamentos; paredes internas divididas, onde se encaixam painéis pintados ou espelhos. Cores pastéis e paredes brancas.
Muito dourado, lustres venezianos em quantidade muito grande numa mesma sala, móveis no estilo Luís XV, relógios e porcelanas, escadarias abertas com corrimão de ferro fundido, tapeçarias, uma construção circular, que servia de zoológico ou ambiente de caça, ou para ouvir música ou, ainda, para ser usada como uma espécie de motel, chamada de pavilhão.
Finalmente, os jardins ligados à natureza, mais leves e amplos do que o barroco.
 
JARDINS NO ESTILO ROCOCÓ
A primeira sugestão de que se podia modificar a paisagem em volta de uma construção, partiu dos pintores. Os italianos chamaram de pitoresco, o modo de pintar castelos, torres e ruínas clássicas envoltas em jardins idealizados. Daí, foi apenas um passo para que jardineiros, arquitetos e clientes aplicassem esse princípio na criação de jardins e parques.
Onde não houvesse edifícios históricos numa paisagem que atraíssem o olhar, estes eram projetados e construídos; onde não corresse água, abriam-se canais, erguiam-se colinas e escavavam-se vales. A geometria das grandes alamedas e dos canteiros de flores era quebrada de forma acidental, mas, na verdade, cuidadosamente planejada. Árvores e gramados imitavam a natureza.
Os jardins franceses no século XVIII se transformaram em projetos desvairados circundando casas que imitavam ruínas, construções as mais estranhas e bizarras, edifícios góticos e pagodes[2]. Em inglês, as construções inúteis e fúteis eram chamadas de folly.
   1] Poisson, Antoinette, conhecida como Madame de Pompadour (1721-1764) foi uma das mulheres mais poderosas de sua época. Criada para ser amante do rei Luís XV de França. Teve aulas de grego, inglês e piano. Apresentada ao rei por seu tutor, tornou-se amante real e conselheira do rei.
[2] Pagode é uma construção que imita os templos chineses. O gosto chinês foi uma moda extrema, pois desenvolveu-se a partir da década de 1720. Floresceu ao longo de todo o século e recebeu o nome de Chinouserie.
Aula 09 _A pintura de afrescos – A pintura rococó
Observamos a arquitetura barroca do final do século XVII transformada e adaptada para o novo estilo francês, os jardins e os interiores no mais puro rococó francês. Acredito que você irá se encantar com os afrescos e a pintura desse período em que a sensualidade, delicadeza e intimidade convivem com a exuberância do estilo da realeza francesa do século XVII. Uma arte tão extravagante quanto o barroco.
 
OBSERVEM
Até aqui, os estilos demoravam, às vezes séculos para se transformarem. Mas com a modernidade, você perceberá que novos estilos surgem muito mais rapidamente. Uma construção, porém, não pode ser derrubada por questão de um novo estilo que venha a surgir, por isso você deve ficar atento nas datas das construções, quando folheia um livro ou viaja na Internet, olhando fotos e reconhecendo estilos e períodos. Você verá, com certeza, muitos edifícios acabados exteriormente e interiormente em diversos estilos.
É comum encontrarmos uma construção no estilo Barroco e o seu interior no estilo Barroco, Rococó e até Neoclássico. Também é possível uma construção no estilo Barroco sofrer alterações em sua fachada, recebendo por exemplo portas e janelas em um estilo posterior.
Também deve-se ficar atento às datas de construção quanto ao Neobarroco, neoclássico, neogótico, neorrenascentista, pois são releituras de períodos. Não se fala aquela construção é barroca, para uma construção executada em 1900, mas fala-se "aquele edifício foi executado no estilo barroco."
Também, a partir do século XVIII, iniciamos certa divisão de estilos conforme a região. Fique atento! Nessa unidade, por exemplo, existem grandes diferenças entre estilo Rococó francês e Rococó Inglês.
  
PINTURA DE AFRESCOS
Na arte Rococó existe um prazer e uma alegria que não se observa em outro estilo. O Salão elíptico, chamado de Kaisersaal (um dos salões do Palácio Episcopal de Wurzburgo, na Baviera) executado por Balthasar NEUMANN (1687-1753) e decorado em branco, ouro e tons pastel, é um exemplo da transformação da arquitetura barroca final em decoração de interiores no estilo rococó, com a ajuda da pintura de afrescos.
O teto do salão foi pintado pelo veneziano Giovanni Battista TIEPOLO (1696-1770) em 1751 e exprime a jovialidade e despreocupação da nobreza no período do século XVIII. As paredes e tetos brancos são cobertos com desenhos ornamentais, rendilhados e ondulados.
O teto como uma membrana, proporciona tantas aberturas ilusionistas de toda espécie que deixa de ser sentido como um limite espacial. Nestas aberturas, [...] abre-se um céu azul e nuvens banhadas de sol, com uma ou outra criatura alada a vagar nessa vastidão sem limites, orlada por sólidos grupos de figuras. (JANSON, 1992, p. 521)
Fig. 10: Kaisersaal.
Palácio Episcopal de Wurzburgo. Salão elíptico decorado em branco, ouro e tons pastel.
Ref. Imagem: Power Point. Kaiserssal Gif. 480 x 360 pixels. 8 bits. 139 KB. MARTINI, Fátima R. Sans. 27 ago. 2014.
  
A ACADEMIA REAL
O surgimento de Academias nos moldes da Antiguidade clássica se deu já no final do século XVI com as associações de artistas que ambicionavam uma formação teórica ao lado do fazer artístico.
Em 1663, estabeleceu-se, na Academia Real de Pintura e de Escultura de Paris, as regras que determinaram um padrão específico de arte mundial. Nesse momento os membros acadêmicos dividiram-se em facções a favor do desenho e a favor da cor. Os conservadores eram a favor do desenho e do ideal francês de Nicolas POUSSIN (1594-1665) e os artistas a favor da cor procuravam inspiração em Peter Paul RUBENS (1577-1640).
Quando Luís XIV morreu, em 1715, a influência de Rubens dominava os artistas do período.
 
SÉCULO XVIII
Neste século em que, pouco a pouco, a cidade prevaleceu sobre o campo e grandes massas humanas, começaram a concentrar-se nos centros urbanos, a arte, a escultura; e a pintura, sobretudo, trataram frequentemente da volta à natureza.
Os franceses Jean Antoine WATTEAU (1684-1721), Jean-Baptiste Siméon CHARDIN (1699-1779); François BOUCHER (1703-1770); Jean-Honoré FRAGONARD (1732-1806); e os ingleses William HOGARTH (1697 -1764); Thomas GAINSBOROUGH (1727-1788) e Sir Joshua REYNOLDS (1723-1792) foram mestres na pintura de paisagens.
O espírito renovador conduziu, igualmente, a um profundo estudo das ciências, em que o progresso foi enorme, e ao espírito aventureiro, mas também científico, da exploração de terras desconhecidas.
Nascia assim uma nova civilização destinada a desenvolver-se plenamente no século XIX, quando novas ideias e uma renovação do gosto levariam a humanidade a novos rumos.
  
SAIBA MAIS
JONES, Stephen. A Arte do século XVIII, 1988, p. 26-30. Leia sobre a arquitetura, os jardins e a natureza do século XVIII nas pp. 56 a 73.
Conheça mais sobre a Estética e as teorias da Arte em HEGEL, Georg W.F. Estética in Coleção Os Pensadores. Tradução Orlando Vitorino. São Paulo: Nova Cultural, 1999, pp. 27-113 e 259-288.
Aula 10_A pintura rococó francesa e inglesa
A PINTURA ROCOCÓ FRANCESA
As excitantes possibilidades do uso da tinta pelo pintor flamengo Peter Paul Rubens, levaram outros artistas a realizar experimentos numa pintura muito mais informal.
No período da regência[1], enquanto se aguardava a maioridade do herdeiro Luís XV, a corte mudou-se de Versalhes para Paris, entrando em contato com os ricos comerciantes. A próspera classe média tornou-se, então, consumidora dos pequenos quadros para uso doméstico, adaptando a pintura rococó para um estilo mais feminino, delicado e íntimo.
Na pintura desaparecem os contrastes de claro-escuro, sombra e luz, passando para as tonalidades claras e luminosas.
Os artistas mais conhecidos desse período são: Os franceses Jean Antoine WATTEAU (1684-1721), Jean-Baptiste Siméon CHARDIN (1699-1779); François BOUCHER (1703-1770); Jean-Honoré FRAGONARD (1732-1806).Jean-Marc NATTIER (1685-1766) pintor preferido das filhas de Luís XV é mais conhecido pelos retratos refinados e embelezados, e pelas pinturas em miniatura. O artista Jean-Baptiste GREUZE (1725-1805) é classificado atualmente como um pintor do Rococó tardio, visto que tendia para um estilo mais próximo da pintura heroica.
  
1-  Watteau
O primeiro e mais destacado dos artistas considerados do estilo Rococó é Jean Antoine WATTEAU (1684-1721) que também projetou decorações de interiores para os palácios da nobreza. Watteau começou a pintar suas próprias visões em obras onde se vive em alegres piqueniques em parques de sonho, saraus musicais com belas damas e enamorados graciosos; uma sociedade em que todos se vestem de sedas e não trabalham. Embarque para Cítera, de 1717. Um óleo sobre tela, que se encontra-se no acervo do Museu do Louvre, em Paris, é uma de suas obras mais apreciadas.
2-  Chardin
O artista Jean-Baptiste Siméon CHARDIN (1699-1779) produziu uma obra em que retratou a vida doméstica da burguesia, de forma calma, forte e límpida.
3-  Boucher
François BOUCHER (1703 -1770) tornou-se famoso pintando quadros da mais famosa favorita de Luís XV, a marquesa de Pompadour.
4-  Fragonard
Jean-Honoré FRAGONARD (1732-1806), discípulo de Boucher, pintou abertamente os gostos sensuais dos clientes, expressando a sociedade da época. Sua pintura lembra a espontaneidade e colorido de Rubens e a delicadeza dos volumes do veneziano Tiepolo.
Uma das obras mais conhecidas de Fragonard é O Balanço (Swing). Uma obra sensual, exemplo da Arte rococó francesa, executada em 1767. Um óleo sobre tela.Presente no The Wallace Collection,  Hertford House, em Londres, Inglaterra.
As pinturas do Rococó na França lembram um tempo infinitamente distante, onde a vida bucólica e os devaneios faziam parte da sociedade em tempo integral. Mas reparem nas diferenças entre a arte francesa de meados do século XVIII e a arte inglesa do mesmo período. Lembrando que o inglês nesse período convive mais intimamente com o campo e com as novas ideias iluministas.
 
A PINTURA ROCOCÓ INGLESA
1-  Hogarth
Willian HOGARTH (1697-1764) o mais brilhante artista do começo do século assimilou o livre manuseio da tinta e das cores pastel da arte rococó, escarnecendo implacavelmente as convenções inglesas.
2- Gainsborough
Thomas GAINSBOROUGH (1727-1788) pintou obras primas no estilo, retratando pessoas com a graça e espiritualidade da época, unindo a pintura de paisagens rurais ao fundo. O pintor nunca permitiu que, em suas obras, a paisagem ficasse em segundo lugar.
3- Reynolds
Sir Joshua REYNOLDS (1723-1792) Retratista cuidadoso e competente, seu talento desenvolveu-se, sobretudo, após estudar os mestres renascentistas e os artistas do estilo barroco.
[1] Período da regência na França: de 1715 a 1723.
Aula 11_Final do século XVIII - As Revoluções
Nas aulas anteriores observamos a arte francesa no período chamado de rococó, ou Luís XV, e a arte inglesa no final do século XVIII.   
FINAL DO SÉCULO XVIII – TEMPO DE REVOLUÇÕES
As ideias liberais do Iluminismo baseadas no princípio de que o governo deveria existir em beneficio e não para o prestigio dos povos, estimularam movimentos revolucionários destinados a acabar com o absolutismo.
Após a Guerra dos Sete Anos com a França, a Inglaterra inicia um período em que o Parlamento regulamenta leis que descapitalizam o comércio das colônias em benefício da Metrópole.
Em 1773, o Parlamento autoriza a venda de chá na América, prejudicando os comerciantes americanos, resultando em várias manifestações revoltosas nas colônias.
No dia 04 de Julho de 1776, num congresso em Filadélfia, delegados das colônias proclamam a Declaração de Independência, apoiados pela França.
Visando minar a Inglaterra, a França ainda ajudou economicamente os americanos, entrando numa crise financeira, que trouxe à tona vários problemas, inclusive acelerando o processo da Revolução Francesa.
  
REVOLUÇÃO FRANCESA
O exemplo dos Estados Unidos influenciou diretamente a França, descontente com as desigualdades existentes no velho regime absolutista.
A fim de equilibrar as finanças, o rei Luís XVI[1] encarregou vários ministros de elaborar programas de reformas, que esbarraram diretamente na aristocracia e no clero. Constituiu-se a Assembleia Nacional, a fim de extinguirem-se os privilégios dos nobres e clero, dando à França uma constituição dentro de ideias divulgadas pelo Iluminismo. Foi o primeiro passo para abolir o poder absoluto do rei, o qual, considerando essa atitude um desafio, concentrou tropas reais às portas de Paris e Versalhes.
O povo armado tomou de assalto a fortaleza de Bastilha em 14 de Julho de 1789, forçando o rei a fugir com suas tropas e os nobres a se refugiarem em outras cortes, deixando o país. A Assembleia Constituinte decretou a abolição de todos os privilégios e antigos direitos feudais, aprovando a Constituição, que marcou o fim do absolutismo, confiando o governo a três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Ao rei cabia apenas o direito de um veto bastante restrito, passando a ser chefe representativo da nação.
Luís XVI, que fora confinado pelo povo no Palácio das Tulherias, reconhecendo a gravidade da situação tentou fugir com a família para juntar-se aos nobres no exterior, mas próximo à fronteira da Bélgica, foi preso e reconduzido à França.
Temendo uma agressão das monarquias europeias e, ao mesmo tempo, desejando difundir no exterior os ideais revolucionários, a Assembleia Nacional declarou guerra à Áustria e aos prussianos. Após a vitória francesa sobre os prussianos, a Convenção Nacional depôs Luís XVI e proclamou a República.
O rei foi julgado e guilhotinado em janeiro de 1793, levando várias nações europeias, como Áustria, Prússia, Inglaterra, Rússia, Espanha e Portugal, a se aliarem contra a França.
Em face do perigo, a Convenção chamou às armas 300.000 homens e criou o Comitê de Salvação Pública, chefiado por Robespierre[2]. Milhares de pessoas morreram no período chamado de Terror. Com a mobilização das massas, a França não mais precisou do líder que foi preso e guilhotinado também.
O Regime de Terror foi substituído pelo Diretório de 1795 a 1799.
  
ARQUITETURA NO FINAL DO SÉCULO XVIII - INGLATERRA
No final do século XVIII, autores ingleses lançam romances e poemas com temas medievais e românticos. Horace WALPOLE (1717-1797), autor de um desses romances constrói uma casa de campo no estilo gótico como um castelo.  
Construções e reformas no estilo Neogótico proliferam no período, expandindo-se por todo final do século XVIII e início do século XIX em quase todas as regiões do mundo.
Um dos principais exemplos é o Palácio de Westminster. Construído no século XII, incorpora o estilo Neogótico ainda em voga na Inglaterra, após reforma, em meados do século XIX.
Enquanto, no mesmo período, os arquitetos Sir William CHAMBERS (1723-1796), Robert ADAM (1728-1792) e seu irmão James, disputam projetos inovadores com construções e jardins no estilo chinês, ou palacetes totalmente inspirados nas construções greco-romanas.
  
A ARTE DO FINAL DO SÉCULO XVIII – VISÃO NEOCLÁSSICA
A descoberta de Pompeia e Herculano, em meados do século XVIII, sob as cinzas, fez de Nápoles um forte ponto de interesse[3], depois de Roma, para os entusiastas neoclássicos.
Magníficas edições de desenhos arquitetônicos estimulavam a imaginação dos novos arquitetos, que viajavam para Roma, estudando os mausoléus, monumentos e templos em ruínas. O ideal de Paris, reconstruída e adornada com nobres edifícios públicos e grandiosos planos de urbanização estava no âmago dos criativos arquitetos franceses.
As construções de pequenos hotéis e residências absorvem o estilo Neoclássico.
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[1] Luís XVI de Bourbon (1754-1791). Rei da França de 1774 a 1791. Vacilante, mal aconselhado por sua esposa austríaca Maria Antonieta da Áustria, não pôde evitar a Revolução nem tornar-se líder popular, por não compreender as aspirações do povo.
[2] Maximilien François Marie de Robespierre (1758-1794). Líder revolucionário francês juntocom Danton e Marat.   Em 1794, mandou executar Danton.
[3] Somente no início do século XIX iniciaram-se as escavações, por profissionais e engenheiros.
Aula 12_Neoclássico e Romantismo
Na aula anterior, falamos sobre o estilo da Arte Rococó. Comentamos sobre a pintura de nome pitoresco na Itália e a adaptação na elaboração de jardins românticos de meados do século XVIII. Esse romantismo estava de acordo com os ideais iluministas em que a natureza era, de certo modo, adaptada aos sentimentos humanos e à vida social. Essas novas ideias foram diversificadas e teorizadas no período conhecido como Arte Neoclássica.
  
NAPOLEÃO BONAPARTE
Com um governo mais brando, a França permitiu que um homem forte, como Napoleão Bonaparte[1] tomasse o poder, de início como 1º Cônsul em 1802, depois como Imperador em 1804.
No Império, a França ganhou vitórias militares e consolidou várias reformas. Mas em 1814, Napoleão foi vencido e a França restaurou a monarquia dos Bourbon, subindo ao trono o irmão de Luís XVI, o rei Luís XVIII. Napoleão foi derrotado novamente na batalha de Waterloo[2] após cem dias do seu retorno triunfal. Abdicando novamente foi deportado para Santa Helena, uma pequena ilha do Atlântico, onde morreu em 1821.
 
CONGRESSO DE VIENA
Entre os anos de 1814 e 1815, as grandes nações aliadas reuniram-se em Viena, a fim de deliberar como garantir a paz à Europa e estabelecer um equilíbrio de forças entre as várias potências. Do congresso resultou um novo mapa na Europa, traçado segundo três princípios fundamentais: Legitimidade, Fortalecimento dos Estados limítrofes com a França e equilíbrio de forças entre as nações.
  
A ARTE NO INÍCIO DO SÉCULO XIX
Em fins do século XVIII, atinge-se a época moderna propriamente dita, quando a Revolução Francesa de 1789, pôs fim a tantos pressupostos que haviam sido tomados por verdadeiros; durante séculos, se não por milênios. As raízes das inquietações artísticas remontam os primórdios do século XVIII, quando artistas começam a se descontentar com a tradição artística e empenham-se em criar um gênero de pintura para um novo público.
  
ACADEMIA
A palavra Academia derivou do nome da residência onde o filósofo grego Platão ensinava seus discípulos e foi gradualmente aplicada às reuniões de homens eruditos em busca de sabedoria.
No século XVIII, essas academias assumiram a função de ensinar arte a estudantes e apresentar os mestres famosos. Sob patrocínio régio, manifestando o interesse que o rei tomava pelo florescimento das artes em seu reino, as academias, porém, se distanciavam dos pintores vivos e modernos.
Para remediar tal situação, as academias em Paris e Londres, começaram a organizar exposições anuais de seus membros. Essas exposições converteram-se em eventos sociais que serviram de tema de conversação da sociedade que faziam ou desfaziam reputações. Alguns artistas desprezaram a arte oficial das academias, surgindo um choque de opiniões entre aqueles que atraíam o público e aqueles que se viam excluídos.
Talvez o efeito mais imediato e visível dessa profunda crise tenha sido que os artistas buscaram por toda a parte novos tipos de assuntos. De súbito, os artistas sentiram-se livres para escolher diversos temas que apelassem para a imaginação e despertassem o interesse.
  
NEOCLÁSSICO E ROMANTISMO
O Neoclassicismo é um ressurgimento da arte da Antiguidade Clássica, mais coerente com os primeiros classicismos, enquanto o Romantismo, referindo-se a uma atitude de espírito, é mais difícil de definir, tendo como fonte de inspiração a literatura, com uma nova gama de assuntos, emoções e atitudes.
 
PINTURA
A pintura do novo estilo começa como uma reação, em nome da razão e da natureza, contra o artificial na arte Barroca e Rococó, que adotavam os clássicos e a teoria acadêmica de Nicolas POUSSIN (1594-1665); conjugando-os com o maior número possível de pormenores arqueológicos colhidos das escavações de Pompeia.
Essa ruptura com as tradições é realizada em parte por americanos que trabalham na Inglaterra, como Benjamin WEST (1738-1820) e John Singleton COPLEY (1738-1815), dispostos a tentar novas experiências. Suas obras realizadas sobre cenas históricas, fez com que muitos artistas pintassem somente momentos históricos por mais de cem anos subsequentes.
Artistas como STUBBS (1724-1806), John Henry FUSELI ou Johann Heinrich FÜSSLI (1741-1825), William BLAKE (1757-1827) também rompem com as técnicas antigas em estilos diferentes e independentes.
 
1- West
O quadro A Morte do General Wolfe, um óleo sobre tela, pintado em 1770, em Londres, por Benjamim WEST (1738 – 1820), artista de origem americana, dá origem às pinturas heroicas, representadas sem ligação com a mitologia. A obra se encontra no National Gallery of Canada, Ottawa. Canadá.
2- Copley
Em Watson e o tubarão, um óleo sobre tela, executado em 1778, John Singleton COPLEY (1738 - 1815) representa o exato momento em que acontece o ataque fatal do animal. Presente no acervo de Ferdinand Lammot Belin Fund. National Gallery of Art. Washington, DC.
O quadro A Morte do Major Peirson, de 1784, representa o ataque das tropas francesas em Jersey, contra as tropas inglesas, em 1781. O lugar era um ponto estratégico para a Independência Americana (1776 - 1781). A paz e a independência do novo país (constituído pelas treze colónias da costa atlântica) foi reconhecida pelo Tratado de Paris de 1783. O major Peirson morre logo no início da batalha, mas Copley representa-o no momento da vitória britânica, abaixo da bandeira da união. O óleo sobre tela faz parte da Tate Collection, em Londres, Inglaterra.
3-Stubbs
O inglês George STUBBS (1724-1806) sofreu por ser reconhecido somente como pintor de animais, um gênero considerado inferior. O museu de Liverpool, na Inglaterra está repleto de obras do artista. 
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[1] Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi o dirigente da França a partir de 1799 e foi Imperador de França de 18 de Maio de 1804 a 6 de Abril de 1814, adotando o nome de Napoleão I.
[2] Batalha de Waterloo, a 18 de Junho de 1815 na Bélgica, foi um combate decisivo entre forças francesas, britânicas, russas, prussianas, austríacas. Ocorreu durante os Cem Dias de Napoleão, entre seu exército de 72 mil homens recrutados às pressas e o exército aliado de 68 mil homens comandados pelo britânico Wellington.
Aula 13_Poéticas - Temas heroicos e conservadores
Na aula anterior, observamos as primeiras rupturas com as antigas tradições.
   POÉTICA DO SUBLIME
O termo Sublime entra em uso no final do século XVIII como uma nova categoria estética, distinta do que seria considerado beleza e do que se denominava pitoresco. O termo remete a uma ampla gama de reações estéticas e a uma nova sensibilidade voltada para os aspectos extraordinários e grandiosos da natureza. Para o sublime, a natureza é ambiente hostil e misterioso que desenvolve no indivíduo um sentido de solidão.
Em pleno período em que a arte remete ao passado clássico, a poética do sublime, apoia-se na ideia do temor à natureza, interpelando os valores reinantes ligados à ordem, ao equilíbrio e à objetividade. O sublime se dirige ao ilimitado, ultrapassando o homem e todas as medidas ditadas pelos sentidos. 
1- Fuseli
É do pintor suíço, John Henry FUSELI, também conhecido por Johann Heinrich FÜSSLI (1741-1825), a obra em óleo sobre tela, Pesadelo,1781. A obra encontra-se no Detroit Institute of the Arts, Detroit, Estados Unidos.
A figura da mulher é neoclássica. O diabo e o cavalo vêm de um mundo imaginário do folclore medieval. Fuseli mistura a arte neoclássica com o neogótico.
2- Blake
Visionário, o poeta, tipógrafo e pintor inglês, Willian BLAKE (1757-1827) produziu seus próprios poemas, com o texto gravado e ilustrações pintadas à mão e sentia grande admiração pela Idade Média e pelas iluminuras da época.
Do acervo da Tate Collection, na Inglaterra, uma das obras mais conhecidas do artista é Newton, de 1795.  
POÉTICA DO PITORESCO
Os italianos chamaram de pittoresco, o modo de pintar castelos, torres e ruínas clássicas envoltas em jardins idealizados, noestilo rococó francês. Os jardineiros, arquitetos e clientes aplicaram esse princípio na criação de jardins e parques. Onde não houvesse edifícios históricos numa paisagem que atraíssem o olhar, estes eram projetados e construídos; onde não ocorresse água, abriam-se canais, erguiam-se colinas e escavavam-se vales. A geometria das grandes alamedas e dos canteiros de flores era quebrada de forma acidental, mas, na verdade cuidadosamente planejada. Árvores e gramados imitavam a natureza.
Esse romantismo estava de acordo com os ideais iluministas em que a natureza é de certa forma arrumada para se adaptar aos sentimentos humanos e à vida social.
Outro ramo da pintura que tirou grande proveito da nova liberdade do artista em sua escolha de temas foi a pintura paisagística; que não era bem vista, sendo considerada um ramo secundário da arte. Graças ao espírito romântico do final do Século XVIII, os grandes artistas se dedicaram a esse tipo de pintura. Dois paisagistas ingleses ficaram famosos e mostraram esse tema bem diferente: John CONSTABLE (1776 -1837) e Joseph Mallord William TURNER (17751851). Na Alemanha encontramos o artista Caspar David FRIEDRICH (1774-1840)
 
1 Constable
O pintor inglês, John CONSTABLE (1776 -1837) pintava o que via com seus próprios olhos e desprezava todos os artifícios que alguns artistas utilizavam para transformar um quadro eficiente e agradável. Seus quadros apresentam uma pintura comedida e simples, sem pretensão de ser mais impressionante que a própria natureza.
2          Turner
As obras de Joseph Mallord William TURNER (17751851) são plenas de luz, cor e movimento.
            
3          Friedrich
Caspar David FRIEDRICH (1774-1840) refletiu em suas paisagens, o estado de espírito da poesia lírica romântica. Também classificado como Gótico-romântico.
  
NEOCLASSICISMO
Os elementos e valores da arte clássica (grega e romana) são resgatados no período chamado de Neoclassicismo. Inicia-se por volta de 1770, na França e Inglaterra, e estende-se para o resto dos países europeus, chegando ao apogeu em 1830.
Entre as mudanças filosóficas, ocorridas com o iluminismo, e as sociais, com a revolução francesa, a arte torna-se eco dos novos ideais da época: subjetivismo, liberalismo, ateísmo, heroísmo e democracia.
A arte, dessa forma, recorre à equilibrada e democrática antiguidade clássica.
Na pintura, o tema principal é a antiguidade greco-romana. As figuras parecem fazer parte de uma encenação teatral e são desenhadas numa posição fixa, como que interrompidas no meio de uma solene representação. Na pureza das linhas e na simplificação da composição, busca-se uma beleza deliberadamente estática. Os contornos são claros e bem delineados, as cores, puras e realistas, e a iluminação, límpida. As figuras são rígidas, sem vida, e os rostos, completamente sem expressão, simulando máscaras das antigas tragédias gregas. As túnicas e capas caem em dobras pesadas e angulosas, cobrindo as formas do corpo. Um enquadramento arquitetônico fecha a composição atrás e nos lados. O fato histórico se subordina à teatralização e ao passado.
 
PINTURA DE TEMAS HEROICOS E TEMAS CONSERVADORES
Os revolucionários franceses consideravam-se gregos e romanos renascidos, e suas pinturas e obras arquitetônicas refletiam o gosto que era designado como grandeza romana.  Há uma incidência maior do desenho e da linha sobre a cor. O heroísmo e o civismo são temas muito explorados neste período. Dentre os artistas desse período encontram-se: Jacques-Louis DAVID (1748-1825); e Jean-Auguste-Dominique INGRES (1780-1867)  
1          David
O principal artista do estilo neoclássico, com temas heroicos, é o pintor oficial do governo revolucionário francês, Jacques Louis DAVID (1748-1825)
2          Ingres
O principal pintor conservador, na primeira metade do século XIX, é Jean-Auguste-Dominique INGRES (1780-1867). Discípulo e seguidor de David, Ingres admirava a arte heroica da antiguidade clássica. Sua obra é coerente na representação de formas e possui fria clareza na composição.   
  
SAIBA MAIS
Sobre as diferenças entre as poéticas do sublime e pitoresco em: ARGAN, G. C. Arte Moderna.  São Paulo: Cia. das Letras, 2001, pp. 17 a 20.
Aula 14_Estética – Neobarroco e Romantismo.
Observamos, nas aulas anteriores, a diversidade da pintura do final do século XVIII e início do século XIX, com os artistas que romperam as tradições e procuraram novas soluções picturais.
ESTÉTICA
Segundo Kant, em Crítica do Juízo, a beleza artística deve estar livre de regras, mas condicionada ao talento ou gênio de quem produz a arte. Ou seja, a produção do gênio condiciona a legalidade da imaginação.
Os conceitos de gênio, inspiração e imaginação foram considerados elementos do romantismo, em que o artista expressava os próprios sentimentos através da aptidão mental natural e consequentemente através da obra de arte o espectador estabelecia um contato emocional com o artista.
A inspiração era para os românticos a fonte do próprio ser e a imaginação o meio de transcender as limitações da experiência individual, através do espírito inventivo e da originalidade. A imaginação era destaque na filosofia de Hume, que afirmava que o pensamento é a fonte de ideias, por conseguinte a fonte das imagens. A concepção de gênio e a originalidade estavam ligadas no processo de criação.
 [...] tomou corpo uma noção muito bem definida de gênio artístico como tipo psicológico, assaz apreciada entre os românticos, uma pessoa dotada de um sentido anormalmente robusto de vocação, que trabalha espicaçada por um sentimento obsessivo de compulsão, expresso na necessidade angustiada de dar vazão a capacidades latentes – de “ser ele mesmo” – ou descobrir alguma verdade transcendental e inexprimível, que só se pode concretizar numa determinada forma de arte. (OSBORNE, 4ª edição, p.191)
No fervor do entusiasmo romântico, as noções de inspiração e imaginação se uniram à ideia do gênio artístico.
 
O ROMANTISMO NA LITERATURA
O Romantismo definiu-se como escola literária nas letras universais, a partir do final do século XVIII. Na Alemanha, em 1774, Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), publicou o romance Werther, um verdadeiro marco do novo movimento literário, de cor violentamente romântica, um documento eloquente do chamado mal do século. Essa obra escrita aos 24 anos, em parte autobiográfica, teve enorme repercussão em toda Europa, provocando verdadeira mania de suicídio. Em 1781, Schiller, publicou Os Salteadores, inaugurando a volta ao passado histórico, e mais tarde o drama Guilherme Tell, em que transformou seu personagem em herói nacional lutando pela independência.
Na Inglaterra, o Romantismo se manifestou nos primeiros anos do século XIX, com destaque para Lorde Byron e Walter Scott, autor do célebre Ivanhoé, onde desenvolveu o gênero romance histórico.
Mas, se coube à Alemanha e à Inglaterra um papel pioneiro com relação à nova tendência, a França fez o papel de divulgar o Romantismo.
Com a chegada do romantismo, alguns artistas trilham caminhos semelhantes, compartilhando o gosto pelos temas exóticos e patrióticos e os traços limpos e carregados de tensão; o que torna difícil estabelecer limite entre uma ou outra tendência.
No Romantismo, toda a forma de expressão individual é única e insubstituível, e esta é a grande aquisição que a Revolução deu à arte. O movimento Romântico passa a ser uma luta de libertação, não só contra as academias, igrejas, patronos, críticos e mestres, mas também contra o próprio princípio da tradição, da autoridade e das normas. Sem a atmosfera intelectual criada pela Revolução, esta luta era inconcebível e a ela se deve o seu desencadeamento e a sua influência. Toda a arte moderna é, até certo ponto, o resultado deste combate romântico pela liberdade.  
NEOBARROCO
 1-  Goya 
Francisco José de GOYA y Lucientes (1746-1828), pintor espanhol da mesma geração dos neoclassicistas franceses não renunciou ao que aprendera com os antigos mestres em favor da grandeza clássica, apesar de ver com olhos diferentes os modelos do passado.

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