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Enzimas Eduarda Pupe Rosas - Medicina Enzimas As enzimas são catalisadores biológicos fundamentais para os processos bioquímicos celulares, que têm como objetivo diminuir a energia de ativação das reações, tornando-as mais rápidas e com menor gasto energético. As enzimas atuam em alto grau de especificidade, na chamada hipótese chave-fechadura, ou seja, uma dada enzima catalisa uma única reação. Tal especificidade provém da complementaridade das formas da enzima e do substrato. Entretanto, essa relação não deve ser entendida como um modelo rígido. A aproximação e a ligação do substrato induz uma mudança conformacional na enzima, tornando-a ideal para o encaixe. Chave-fechadura Fatores influentes Cada enzima possui um pH ideal para o seu funcionamento. A velocidade das reações aumentam com o aumento da temperatura até atingir a velocidade máxima; depois, a velocidade começa a decrescer. Por ser um complexo proteico, as enzimas podem ser desnaturadas em altas temperaturas, o que explica a diminuição da velocidade ao aumentar demais a temperatura. Classificação CLASSE 1 - OXIDORREDUTASES: - Catalisam reações de oxirredução. - Desidrogenases e oxidases. CLASSE 2 - TRANSFERASES: - Catalisam reações de transferência de grupamentos funcionais. - Quinases e transaminases. CLASSE 3 - HIDROLASES: - Catalisam reações de hidrólise. - Peptidases. CLASSE 4 - LIASES: - Catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico. - Dehidratases descarboxilases. CLASSE 5 - ISOMERASES: - Catalisam reações de interconversão entre isômeros ópticos ou geométricos. - Epimerases. CLASSE 6 - LIGASES: - Catalisam reações de formação de novas moléculas a partir de duas já existentes. - Sintetases. Coenzimas A coenzima é uma molécula orgânica que se liga às enzimas para ativar uma reação. Elas agem como carreadores transitórios de grupos funcionais específicos. As vitaminas são coenzimas muito importantes. Os cofatores são pequenas moléculas orgânicas ou inorgânicas que podem ser necessárias para a função de uma enzima. APOENZIMA = enzima. HOLOENZIMA = enzima + cofator. Cinética Enzimática A cinética enzimática trata do estudo da velocidade das reações enzimáticas e dos atores que influenciam nesta velocidade. Reação enzimática: E + S <=> [ES] => E + P. Na velocidade máxima (Vmáx), todos os centros ativos estão ocupados com substrato, ou seja, não existe enzima livre para ligar mais substrato e a concentração de ES é igual a concentração de E. A velocidade da reação é definida de acordo com a etapa lenta, no caso, é a segunda etapa da reação. Inibição Enzimática Alguns compostos são capazes de diminuir a atividade de uma enzima, os chamados inibidores enzimáticos. Há dois tipos de inibição: a inibição irreversível e a reversível. A inibição irreversível envolve ligações moleculares covalentes. Os inibidores irreversíveis podem ser extremamente seletivos, e se ligam covalentemente às enzimas, deixando-as inativas. Nessa caso, a substância reage com o grupo funcional no sítio ativo bloqueando o local do substrato, deixando a enzima cataliticamente inativa. Já a inibição reversível envolve ligações não covalentes e a reversão é feita pela remoção do inibidor. Ainda, a inibição reversível é dividida em competitiva e não competitiva. A molécula do inibidor competitivo apresenta estrutura semelhante ao substrato da enzima, se ligando ao sítio ativo, competindo com o substrato. Nesse caso, o efeito pode ser revertido aumentando a concentração de subtrato. A molécula do inibidor não competitivo se liga em um segundo local na superfície enzimática, não no sítio ativo, modificando a forma da enzima e dificultando a catálise. Nesse caso, a enzima não compete com o substrato pelo sítio ativo. Erro inato do metabolismo O erro inato do metabolismo é o conjunto de distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. Eles ocasionam alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. O erro inato é dividido em duas categorias. A Categoria 1 representam as alterações que afetam um único sistema orgânico ou apenas um órgão. Já a Categoria 2 representa os defeitos bioquímicos que comprometem uma via metabólica comum a diversos órgãos ou restrito a um órgão apenas, mas com manifestações sistêmicas. Intolerância à lactose A digestão da lactose é realizada principalmente pela enzima lactase. A lactase hidrolisa a lactose em glicose e galactose, monossacarídeos capazes de serem absorvidos pela mucosa intestinal. A intolerância à lactose é devida ao desaparecimento, após a infância, da maior parte ou de toda a atividade lactásica das células epiteliais do intestino. Na ausência de lactase, a lactose não pode ser completamente digerida e absorvida no intestino delgado, passando para o intestino grosso, onde bactérias a converte em produtos tóxicos que causam cólicas abdominais e diarreia. A intolerância primária caracteriza-se pelo declínio total ou parcial na produção de lactase, resultante de uma condição autossômica recessiva. Já a intolerância secundária resulta da perda das células produtoras de lactase, por lesão tecidual, quimioterapia, radioterapia, gastroenterites e diarreia crônica. Por fim, a intolerância congênita é uma doença autossômica recessiva que representa uma herança genética que acomete recém-nascidos após a ingestão de lactose. Muitas pessoas confundem a intolerância à lactose com a alergia à proteína do leite, a caseína. A maior diferença entre elas é que a intolerância representa um problema na digestão da lactose, enquanto que a alergia à caseína representa uma resposta imunológica do corpo à proteína. Nesse caso, o sistema imunológico identifica algumas proteínas como nocivas e desencadeiam a produção de anticorpos para neutralizar a proteína. Bibliografia NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. BRANCO, M.; DIAS, N.; FERNANDES, L.; BERRO, E.; SIMIONI, P. Classificação da intolerância à lactose: uma visão geral sobre causas e tratamentos. Revista de Ciências Médicas 2017; 26 (3): 117-125. Eduarda Pupe Rosas - Medicina
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