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MARÍLIA ARAÚJO – P1 Enzimas Caso clínico: Alcaptonúria • Paciente, sexo masculino de 39 anos encaminhado para avaliação oftalmológica. Sua principal queixa foi a descoloração escura nos olhos. História de dores nas articulações do joelho e estigma de articulações metacarpianas. Em exame geral, houve descolorações de palmas em preto azulado, pés e cartilagem do pavilhão auricular • Erro inato do metabolismo da fenilalanina e tirosina (aromáticos) – são importantes para a geração de alguns receptores • Doença genética autossômica recessiva • Deficiência de 1,2-dioxigenase de homogentisato (HGD), uma enzima que converte o ácido homogentísico (HGA) – (ele é acumulado, sofre acumulação, gera a captonia, que polimeriza e se acumula nos tecidos) em ácido maleilacetoacético na via de degradação de tirosina • A alcaptonúria é um erro inato do metabolismo dos aminoácidos fenilalanina e tirosina, causado pela deficiência da enzima dioxigenase do homogentisato (HGD), que origina a acumulação do ácido homogentísico no sangue e urina. • Quando há interferência com essa via catabólica (de degradação) por deficiência enzimática da HGD, o ácido homogentísico acumula-se no sangue e é eliminado em grandes quantidades na urina. Em contato com o ar, o ácido homogentísico oxida-se e polimeriza, dando origem a um pigmento negro, a alcaptona, que dá cor à urina dos indivíduos com esta doença, daí o seu nome (alcaptonúria). Este pigmento deposita-se também no tecido conjuntivo (ocronose), dando-lhe um aspeto acinzentado e causando a sua degeneração. Quando se deposita nas articulações causa uma artropatia degenerativa dolorosa e incapacitante. • À medida que o polímero se acumula na cartilagem, os tecidos normalmente transparentes tornam-se preto-azulada e isso não é visto até a idade adulta (é um processo lento) • As três principais características: a presença de HGA na urina, pigmentação preto-azulada no tecido conjuntivo e artrite da coluna vertebral e articulações maiores • A oxidação do HGA excretado na urina produz um produto parecido com a melanina e faz com que a urina fique escura • Caracteriza-se por uma urina de cor escura, ocronose (pigmentação do tecido conjuntivo) e artrose degenerativa das articulações • Diagnóstico: detecção de grande quantidade de HGA na urina • Não tem cura – a terapia médica é usada para melhorar a taxa de deposição de pigmento • Redução da fenilalanina e tirosina reduz a excreção de HGA • Consumo de vitamina C (até 1g/dia) – A natureza antioxidante do ácido ascórbico ajuda a retardar o processo de polimerização que é depositado em tecídos cartilaginosos • Uso limitado de nitisinona, um inibidor de enzima 4-hidroxifenilpivurato dioxigenase, que medeia a formação de HGA, foi relatado • Nenhuma das opções resolve o problema pela cura – falta da HGD • Doença rara e subnotificada MARÍLIA ARAÚJO – P1 Enzimas • Proteínas globulares → Estrutura tridimensional (possui até a estrutura quaternária) • OBS: Com exceção de um pequeno grupo de moléculas de RNA com propriedades catalíticas chamadas de RIBOZIMAS, todas as enzimas são proteínas • Proteínas especializadas na catálise das reações biológicas • Especificidade e poder catalítico, que são muito superiores aos dos catalisadores sintéticos • O homem não consegue sintetizar em laboratório um catalisador tão perfeito quanto uma enzima • Catalizam praticamente todas as reações que caracterizam o metabolismo celular • Não alteram o equilíbrio das reações • Como catalisadores celulares extremamente poderosos, aceleram a velocidade de uma reação, sem, no entanto, participar dela como reagente ou produto • Desempenham um papel importante no metabolismo, diagnóstico (muitas doenças podem ser detectadas em exames de sangue pela dosagem de enzimas. Ex: alta quantidade de TGO e TGP – indicativo de doença hepática) e terapêutico (enzimas digestivas podem ser usadas terapeuticamente. Ex: consumo da lactase para intolerantes à lactose, promovendo a digestão do açúcar do leite. Sem a enzima, o leite vai ser fermentado, gerando desconfortos intestinais) • Todas as reações bioquímicas são catalisadas por enzimas no organismo vivo • O nível de enzima no sangue é de importância diagnóstica, e é um bom indicador em doenças como o infarto do miocárdio Catálise enzimática • Mesmo uma reação tão simples quanto a hidratação do CO2, é catalisada por uma enzima (anidrase carbônica) • Essa reação ocorreria naturalmente na água, mas tão devagar, que seria incompatível com as trocas de gases que ocorrem constantemente para a manutenção da vida • A transferência de CO2 dos tecidos para o sangue e depois para o ar alveolar seria menos completa na ausência desta enzima • A anidrase carbônica é uma das enzimas mais rápidas conhecidas. Essa reação catalisada é 107 vezes mais rápida do que a não catalisada • Substrato – substância que vai ser reconhecida pelo sítio catalítico da enzima para sofrer a ação enzimática • O sítio de ligação do substrato de uma enzima é dado por um arranjo 3D especial dos aminoácidos de uma determinada região molécula, geralmente complementar à molécula do substrato, e ideal espacial e eletricamente p/ a ligação do mesmo • Este sítio pode conter um segundo sítio, chamada sítio catalítico ou sítio ativo, ou estar próximo dele • É neste sítio ativo que ocorre a reação enzimática → complexo enzima-substrato • Quando a reação se completa, a enzima está inalterada e livre para catalisar novamente a mesma reação em um novo substrato • Glicose 6-fosfatase – pega a glicose fosforilada e retira um grupo fosfato, transferindo-o para um ADP, que irá se transformar em ATP. Importante para o processo de glicemia em jejum https://pt.wikipedia.org/wiki/Gases MARÍLIA ARAÚJO – P1 • O substrato possui características químicas que permitem a sua interação (forças de van der waals, forças eletrostáticas, pontes de hidrogênio, interações hidrofóbicas) com os resíduos de aminoácidos que formam o sítio ativo da enzima. Formando o complexo enzima → substrato. Quando ocorre essa ligação, o substrato sofre a reação de forma rapída, se transforma em produtos, e é liberado pelo sítio ativo • Há enzimas que reconhecem mais de um substrato • Emil Fischer (1894): alto grau de especificidade das enzimas originou → Chave- Fechadura , que considera que a enzima possui sitio ativo complementar ao substrato • Koshland (1958): Encaixe Induzido, enzima e o substrato sofrem conformação para o encaixe. O substrato é distorcido para conformação exata do estado de transição Nomenclatura das enzimas • Em função do substrato: - Urease: catalisa a desaminação da uréia - Arginase: catalisa a hidrólise da arginina - Amilase: catalisa a hidrólise do amido • De acordo com a função metabólica da enzima: - Descarboxilase: catalisa a reação de descarboxilação Classificação da Enzimas Oxidorredutases • São enzimas que catalisam reações de transferência de elétrons, ou seja, reações de oxi-redução. Ex. as desigrogenases e as oxidases • Oxidação: diminuição no número de hidrogênios. O malato é oxidado a oxaloacetato • Redução: o número de hidrogênios aumenta. O NAD+ vira NADH, liberando H+ / o FAD vira FADH2 • O par químico sempre vai ser ou NADH ou FADH2 (transportadores de elétrons/energia na forma de hidretos) • Enzima: malatodesidrogenase *Reação do ciclo de Krebs (matriz mitocondrial) Transferases • Enzimas que catalisam reações de transferência de grupamentos funcionais como grupos amina, fosfato, acil, carboxil, etc. Subtipos: transaminases, quinases MARÍLIA ARAÚJO – P1 • O ATP transfere um grupo fosfato para a glicose (transferase do tipo quinase) •Assim que a glicose entra na célula, para ser metabolizada ela precisa ser fosforilada • Transferência de fosfato - quinase • Transferência de axil e caboxil – transferases • Transferência de amina – transaminases Hidrolases • Enzimas que catalisam reações de hidrólise de ligação covalente. Ex. peptidases, lipases, sacaridades • Todas as enzimas digestivas são hidrolases *Triacilglicerol (lipídio) • Entrada de água com quebra de reações covalentes • Algumas pessoas que estão de dieta tomam inibidores de lipases, então a gordura não vai ser digerida e nem absorvida, sendo eliminada no bolo fecal • Quebra da ligação peptídica pela entrada da água (numa ligação simples – hidrólise) Liases • Catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico. Ex. desidratases e descarboxilases • Liase do tipo descarboxilase - Quebra de ligação com a liberação de carboxila (sai na forma de gás carbônico) • Liase do tipo desaminase - Retirada de grupos amino na forma de amônia • Liase do tipo desidratase (catalisa desidratação) - Retirada de hidroxilas que saem na forma de moléculas de água Isomerases • Catalisam reações de interconversão entre isômeros ópticos ou geométricos. Ex. epimerases *Isomeria de posição • Apresentam mesma fórmula molecular Ligases • Catalisam reações de formação de novas moléculas a partir da ligação entre duas já existentes, sempre às custas de energia (ATP). Ex. sintetases que catalizam a formação de ligações C-C, C-N, C-O e C-S • Entrada de carboxila (co2): carboxilação – carboxilase • Entrada de água numa ligação dupla (quebra apenas uma ligação): hidratação – hidratase • Entrada de amônia ou grupos amino: aminação – aminase MARÍLIA ARAÚJO – P1 Teoria da catálise • Energia de ativação – obstáculo energético para que a reação aconteça • As enzimas aceleram a velocidade de uma reação por diminuir a energia livre de ativação da mesma • Não alteram a termodinâmica da reação, ou seja, a energia dos reagentes e produtos da reação enzimática e de sua equivalente não enzimática são idênticas Energia de ativação sem enzima / energia líquida liberada da divisão de lactose Energia de ativação com enzima / energia líquida liberada Fatores que alteram a velocidade de reações enzimáticas • Condições ambiente - Temperatura: temperatura extrema é a mais perigosa. Temp. elevada pode desnaturar (desdobrar) a enzima. As enzimas funcionam bem perto da temperatura corpórea - pH: o pH ótimo depende do tipo de ambiente e da função da enzima - Concentração de substrato: a velocidade da reação, com a adição de substrato, aumenta a formação de complexo enzima-substrato (até o ponto em que todos os complexos estiverem suficientemente formados) MARÍLIA ARAÚJO – P1 Ponto de saturação – velocidade máxima A Constante de Michaelis-Menten Km – constante de Michaelis-Menten: Concentração do substrato que faz com que a enzima atinja metade da sua velocidade máxima (potencial catalítico). Serve para medir qual é a especificidade de um substrato por uma enzima Km alto – a enzima tem baixa afinidade pelo substrato Km baixo – a enzima tem alta afinidade pelo substrato Cofatores e coenzimas • A atividade catalítica de muitas enzimas depende da presença de pequenas moléculas denominadas cofactores, embora o papel preciso varie com o cofator e a enzima MARÍLIA ARAÚJO – P1 *Apoenzima – parte puramente proteica de uma enzima (sem o cofator) *Cofator do tipo ativador *Enzimas que contêm ou necessitam de elementos inorgânicos como cofatores *Importância dos sais minerais e das vitaminas como cofatores *Enzima com 2 sítios catalíticos Inibição enzimática • Os inibidores enzimáticos são compostos que podem diminuir a atividade de uma enzima • Inibição Enzimática Reversível Competitiva: - O inibidor tem semelhança estrutural com o substrato - O inibidor se liga reversivelmente ao mesmo sítio de ligação do substrato Coenzima Abrev. Reação catalisada Origem Coenzima A CoA-SH Transferência de grupo acil Pantotenato ou Vitamina B5 Biotina Transferência de CO2 Biotina ou Vitamina H Piridoxal fosfato PyF Transferência de grupo amino Piridoxina ou Vitamina B6 Metilcobalamina Transferência de unidades de carbono Cobalamina ou Vitamina B12 Tetrahidrofolato THF Transferência de unidades de carbono Ácido fólico Tiamina pirofosfato TPP Transferência de grupo aldeído Tiamina ou Vitamina B1 Inibidores Reversíveis Inibição Competitiva Inibição Incompetitiva Inibição Mista Inibidores Irreversíveis Inibição Não competitiva MARÍLIA ARAÚJO – P1 - O efeito é revertido aumentando-se a concentração de substrato • Inibição Enzimática Reversível Incompetitiva: - Liga-se a um sítio ativo diferente do substrato - Liga-se ao complexo Enzima-Substrato • Inibição Enzimática Reversível Mista: - Liga-se a um sítio ativo diferente do substrato - O inibidor pode se ligar tanto à enzima quanto ao complexo Enzima-Substrato • Inibição Enzimática irreversível – Não - Competitiva - O inibidor não tem semelhança estrutural com o substrato - O inibidor se liga irreversivelmente ao terminal sulfidrila da enzima proteica - O efeito não é revertido aumentando-se a concentração de substrato - São metais pesados Regulação alostérica Enzimas alostéricas: - Funcionam através da ligação não-covalente e reversível de um metabólito regulador chamado modulador; - Moduladores podem ser inibidores ou ativadores; Enzimas reguladas pela modificação covalente reversível: - Grupos químicos são ligados covalentemente e removidos da enzima reguladora por enzimas ≠, podem ser: fosfato, adenosina monofosfato, grupos metil, etc. Medicamentos • Muitos inibidores de enzimas são usados para tratar doenças; desde as dores de cabeça até a AIDS • Penicilina (Alexander Fleming, 1928) - Interfere na síntese do peptideo glicano - Inibem reação de transpeptidase →(síntese da parede celular) MARÍLIA ARAÚJO – P1 • Tratamento da GOTA - Alopurinol – inibidor da xantina oxidase
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