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LARISSA MENEZES – GASTRO Cirrose hepática • Profundo remodelamento da citoarquitetura do parênquima hepático e extensa fibrose tecidual • Processo patológico irreversível do parênquima hepático caracterizado por dois componentes: fibrose hepática “em ponte”, com formação de shunts vasculares no interior dessas traves fibróticas e rearranjo da arquitetura lobular nos nódulos de regeneração, desprovidos de comunicação com uma veia centrolobular TESTES LABORATORIAIS HEPÁTICOS • São exames complementares, dependem do contexto clínico de anamnese e exame físico • A repetição dos testes deve ser sempre considerada, sobretudo em pacientes assintomáticos • Avaliar a condição do fígado • Testes anormais podem estar presentes em outras doenças não hepáticas • Nem todos os testes avaliam precisamente a função do fígado • Pacientes cirróticos tem muita fibrose, não faz lesão em mitocôndria e citoplasma, não produzem ALT e AST (pode está normal ou discretamente elevado) • AST e ALT não vê função hepática, não da prognóstico de doença (TAP e albumina), é para o acompanhamento da doença • Enzimas: AST/ALT, GGT e FA • Pigmentos: BT/BD/BI • Proteínas: albumina isolada, eletroforese de proteínas • Fatores de coagulação: TAP • AST/ALT: necrose ou lesão celular • FA e GGT: colestase • Albumina e atividade de protrombina: síntese hepática • Aumento predominante de AST/ALT a lesão é hepatocelular • Aumento predominante de FA, GGT e BB a lesão é colestática TRANSAMINASES o Elevadas na lesão hepatocelular: vírus da hepatite C, esteatose hepática, uso de álcool (lesa mitocôndria do hepatócito) o Capacidade de síntese hepática o Reação imune o Infecção viral o Doenças genéticas o ALT (ALANINA AMINOTRANSFERASE: ▪ 10-50U/L ▪ TGP (Transaminase Glutâmica Pirúvica) ▪ LSN: é o importante saber de cada laboratório e se guiar por ele ▪ É do fígado e minimamente produzida por outros órgãos o AST (ASPARTATOAMINOTRANSFERASE): ▪ TGO (Transaminase Glutâmica Oxalacético) LARISSA MENEZES – GASTRO ▪ Fígado, coração, musculo esquelético, rim, cérebro, pâncreas, pulmão e hemácias/leucócitos ▪ Só AST aumentada considera outras doenças o AST+ALT elevadas: doença hepática o AST e ALT <5-10x o LSN (ALT>AST): ▪ Esteatose hepática, hepatites virais crônicas, doenças autoimunes, hemocromatose, D. Wilson, def AAT, drogas, doença celíaca ▪ Pacientes assintomáticos ▪ Principal causa é a esteatose hepática secundaria a obesidade o Elevações de ALT/AST >10-20x o LSN: ▪ Eventos agudos, pacientes sintomáticos ▪ Hepatites virais agudas, hepatite induzidas por drogas ou toxinas, hepatite isquêmica, hepatite autoimune crônica com exacerbação aguda, reativação de hepatite B crônica, superinfecção de VHD em portador crônico do VHB o Atenção nos casos agudos: queda brusca de aminotransferase + elevação progressiva de bilirrubina serica + aumento do tempo de protrombina podem indicar insuficiência hepática fulminante o ALT e AST falsamente diminuída: insuficiência renal crônica e Doença de Crhon o Valores normais de aminotransferase na presença de doença hepática: ▪ Hemocromatose ▪ VHC ▪ DHGNA ▪ Lesão hepática induzida por amiodarona e metotrexate FOSFATASE ALCALINA o Causas de elevação extra-hepáticas: ▪ Adolescência: aumento 3x mais na fase do desenvolvimento do crescimento ósseo rápido ▪ Após os 40-60 anos sobretudo em mulheres ▪ Estágios tardios da gravidez: crescimento placentário ▪ Na doença de Paget ▪ Dosa a isoenzima para avaliar a fração predominante o Associada a GGT elevada: doença hepática colestática GAMA-GT o Presente em fígado, pâncreas, rim, baço, coração, pulmão, cérebro e hemácias (não é especifica do fígado) o Quando elevadas isoladamente: considerar fatores indutores como uso crônica de álcool ou drogas o GGT e FA aumentadas: considerar doença hepática crônica ou agudizada o Doenças extra-hepaticas associadas com elevação de GGT: ▪ Diabetes mellitus ▪ Hipertireoidismo ▪ Artrite reumatoide ▪ DPOC o Aumento isolado de GGT: doença extra- hepática, uso de álcool ou medicamentos (anticonvulsivantes) o GGT e FA aumentadas: doença hepática colestática AVALIAÇÃO DE SÍNTESE HEPÁTICA o Albumina: ▪ Doença extra-hepática: desnutrição, inflamação sistêmica, catabolismo, síndrome nefrotica o Atividade de protrombina: ▪ Fígado sintetiza 11 dos 13 fatores que envolve o coágulo, incluindo o Fator II (Protrombina) o Bilirrubinas: ▪ Elevação por falta de excreção canalicular ▪ Sua conjugação está preservada ESTADIAMENTO/CRITÉRIOS DE CHILD- PUGH o Child C mobimortalidade em 2 anos >50% LARISSA MENEZES – GASTRO MELD o Bilirrubina + INR + Creatinina o Consegue colocar o paciente na fila de transplante hepático CRITÉRIOS DE KING COLLEGE ETIOLOGIA DA CIRROSE • Tem que descobrir a etiologia antes do fígado virar cirrótico, porque nessa fase o estudo histológico é o mesmo • Vírus hepatotrópicos, principalmente o C • Álcool: consumo alcoólico em um período médio de 5 a 10 anos, com ingestão superior a 80g de etanol para homens e 60g para mulheres • Drogas: metotrexate, isoniazida, alfametildopa • Hepatopatias autoimunes • Doenças metabólicas • Hepatopatias colestáticas • Doenças da infância • Cirrose criptogênica (idiopática): não consegue definir a etiologia • Biliares • Obstrução do fluxo venoso hepático (Sd de Budd-Chiari) O PACIENTE TEM CIRROSE? ANAMNESE E EXAME FÍSICO o Icterícia o Hemorragia digestiva alta ou baixa o Ascite o Sinais incipientes ou manifestos de encefalopatia hepática o Hepatomegalia e/ou esplenomegalia o Detecção de estigmas periféricos de insuficiência hepatocelular crônica o Assintomático o Sinais e sintomas sugestivos de carcinoma hepatocelular (CHC) EXAMES LABORATORIAIS o Aminotransferases podem estar normais na cirrose inativa. Quando aumentadas sugerem atividade inflamatória do parênquima o Hepatopatia sem cirrose: ALT>AST. Quando se instala a cirrose o ALT<AST o Fosfatase alcalina e gamaGT: elevam-se de maneira mais significativa nas hepatopatias colestáticas o Bilirrubinas: aumentada é pior prognostico na cirrose hepática, principalmente as custas de BD. o Hipoalbuminemia: insuficiência crônica de síntese hepatocelular, se associa a desnutrição proteicocalorica LARISSA MENEZES – GASTRO o Alargamento do tempo de protrombina e diminuição da atividade de protrombina: redução significativa da função hepática resulta em coagulopatia (tendência hemorrágica) o Plaquetopenia o Hipergamaglobulinemia: O cirrótico apresenta tendência aumentada à ocorrência do fenômeno de translocação intestinal bacteriana (bacteremia espontânea a partir do trato gastrointestinal). O menor clearance hepático de bactérias presentes no sangue portal, bem como a “fuga” dessas bactérias pelos shunts portossistêmicos, explicam tal fato. Assim, o braço humoral do sistema imunológico (linfócitos B) sofre um certo grau de hiperestimulação constante na cirrose hepática, o que pode resultar em hipergamaglobulinemia policlonal quando da presença de cirrose hepática avançada e hipertensão porta grave. Lembrar também que na doença hepática alcoólica há típico aumento da fração IgA; na cirrose biliar primária há aumento característico da fração IgM, e na hepatite autoimune há elevação de IgG o Sódio sérico: hiponatremia é péssimo prognostico na cirrose avançada com ascite o Pancitopenia: Na cirrose avançada complicada por hipertensão portal há esplenomegalia e hiperesplenismo, com consequente redução do número de plaquetas circulantes (sinal mais precoce), mas também da hematimetria e da contagem de leucócitos (sinais mais tardios). A anemia do paciente cirrótico,na verdade, costuma ser multifatorial (ex.: desnutrição, sangramento digestivo crônico, supressão medular pelo álcool ou por vírus), sendo muito comum, ainda, a ocorrência de anemia de doença crônica, secundária à doença de base. Na hepatite C, a plaquetopenia pode surgir mesmo na ausência de hiperesplenismo o Marcadores séricos diretos e indiretos de fibrose avançada/cirrose: para o futuro EXAMES DE IMAGEM o USG de abdome o USG de abdome com doopler o TC de abdome o RM o Angio RM o Arteriografia com ou sem lipiodol (AG) o Na fase inicial podem estar normais o Alterações encontradas na cirrose hepática bem estabelecida: o Nodularidade da superfície hepática o Heterogeneidade do parênquima hepático o Alargamento da porta hepatis e da fissurinterlobar o Redução volumétrica do lobo hepático direito e do segmento médio do lobo hepático esquerdo o Aumento volumétrico do lobo caudado e do segmento lateral do lobo hepático esquerdo o Identificação de nódulos regenerativos. Neste caso, a RM constitui método superior aos demais o USG (e com menor frequência, a TC) é utilizada no rastreamento semestral de CHC em pacientes sabidamente cirróticos, juntamente com a dosagem sérica da alfafetoproteína. Em caso de dúvida diagnóstica, a AG com lipiodol LARISSA MENEZES – GASTRO pode ser empregada, dada sua alta especificidade para o diagnóstico de CHC! o EDA: varizes esofágicas, varizes gástricas e/ou gastropatia hipertensiva o Elastografia transitória pelo Fibroscan: mede o grau de fibrose hepática por um método não invasivo, não pode ser realizado em ascite, obesos e espaço intercostal estreito BIÓPSIA HEPÁTICA o Histopatologia é o padrão ouro para diagnostico de cirrose hepática o Ascite é contraindicação absoluta para realizar biopsia hepática transcutânea (risco de hemorragia) o Confirma o diagnóstico e sugere pistas da etiologia o Quando os dados clínicos, laboratoriais e radiológicos são extremamente sugestivos de cirrose avançada (ex.: ascite, esplenomegalia, hipoalbuminemia, INR alargado, fígado atrofiado, heterogêneo e nodular) a biópsia geralmente é desnecessária (e até arriscada) CIRROSE HEPÁTICA • É a via final comum de uma lesão hepática crônica e persistente em individuo geneticamente predisposto, de qualquer etiologia • Fibrose, formação nodular difusa e desorganização da arquitetura lobular e vascular do órgão • Álcool, vírus, doença genética e metabólica • 30% dos casos de etilista crônico ou infectados cronicamente pelo VHC evoluem para CH • Fisiopatogenia: achados morfológicos de fibrose difusa, nódulos regenerativos, arquitetura lobular alterada e derivações vasculares intra-hepáticas • Capilarização dos sinusoides, fibrose perissinusoidal, trombose vascular e obliteração no trato portal e veias hepáticas • Hipertensão portal e suas complicações (nem todo paciente com hipertensão portal é cirrótico) • Qualquer doença crônica que acometa o fígado pode resultar em cirrose a partir da instalação de necrose hepatocelular difusa e da consequente tentativa de regeneração dos hepatócitos LARISSA MENEZES – GASTRO COMPLICAÇÕES DA CIRROSE HEPÁTICA ACHADOS PERIFÉRICOS o Sinais de hiperestrogenismo e/ou Hipoandrogenismo: eritema palmar, telangiectasias, ginecomastia o Baqueteamento digital HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA o Hidratação venosa o Manter HB entre 7 e 8g/dL, se tiver maior precisa de transfusão sanguínea (não transfundir plasma e plaquetas) o Ceftriaxone (Rocefin): antibiótico profilaxia o Drogas vasoativas: terlipressina, somatostatina e octeotride o EDA: 12 horas após estabilização hemodinâmica DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS o Teoria do Underfilling: a hipertensão portal da cirrose provoca o extravasamento de líquido intravascular para a cavidade peritoneal, através dos sinusoides hepáticos. Essa pequena queda da volemia estimula os barorreceptores a ativar o sistema renina- angiotensina-aldosterona, o sistema nervoso simpático e a liberação de ADH (Hormônio Antidiurético). A ativação desses sistemas, por sua vez, promove a retenção de líquido pelos rins, na tentativa de restaurar a volemia. Porém todo o líquido retido volta a extravasar para a cavidade peritoneal e, assim, forma-se um ciclo vicioso no qual “quanto mais líquido extravasa, maior a tendência hipovolêmica” e “quanto maior a tendência hipovolêmica, maior a retenção hidrossalina renal” e “quanto maior a retenção hidrossalina renal, mais líquido extravasa para o peritônio”. Com isso, o paciente vai formando a sua ascite e mantém-se sempre com uma tendência hipovolêmica o Vasodilatação sistêmica (queda da resistência arterial periférica) o Aumento do debito cardíaco o Aumento real da volemia total o Ascite marca uma nova fase de hipertensão portal e determina pior prognóstico o Portadores de cirrose hepática com ascite são candidatos ao transplante hepático GRAU INTENSIDADE CARACTERÍSTICA 1 Leve Só identificada por USG e exames de imagem 2 Moderada Macicez nos flancos, distensão moderada e simétrica do abdome, piparote - 3 Grave Importante e tensa, piparote + o Paracentese diagnóstica: ▪ Indicação: primeiro episódio de ascite e em todos os pacientes cirróticos hospitalizados ▪ Complicações: hematoma de parede abdominal, hemoperitôneo e perfuração de alças intestinais ▪ Local de punção: linha imaginaria entre a espinha ilíaca anterossuperior e a cicatriz umbilical, aproximadamente entre a junção do terço lateral e dois terços mediais/inferior ▪ Cirrose não complicada: líquido amarelo citrino, leucócitos < 250, GASA>1,1, proteínas totais 2,5 e cultura gram negativo ▪ ICC: amarelo citrino, leucócitos <1000, GASA<1,1, proteínas totais >2,5 e cultura gram negativo ▪ Peritonite bacteriana espontânea: turvo ou purulento, Polimorfos nucleares >250, GASA> 1,1 e proteínas totais <1,0 ▪ Peritonite secundaria: turvo ou purulento, PMN >10000, GASA <1,1, proteínas totais >2,5, gram com bactérias ▪ Peritonite tuberculosa: claro, turvo, hemorrágico, linfócitos de 250 a 4000, GASA <1,1, proteínas totais >2,5, esfregaço para BAAR ▪ Solicita analisa do líquido com celularidade total e diferencial, proteínas totais, LARISSA MENEZES – GASTRO albumina, cultura em frascos de hemocultura, glicose, DHL e amilase o GASA: ▪ Diferença entre o gradiente de albumina soro-ascite ▪ Estabelece o diagnostico diferencial de ascite ▪ Albumina serica – Albumina do liquido ascético ▪ GASA ≥ 1,1 sugere hipertensão portal ▪ GASA < 1,1 sugere carcinomatose peritoneal, TB, ascite pancreática e síndrome nefrotica o Recomenda-se que o tratamento diurético para a ascite promova uma redução em torno de 0,5 kg/dia no peso do paciente e de 1 kg/dia se, além da ascite, houver também edema de membros inferiores ENCEFALOPATIA HEPÁTICA o Síndrome neuropsiquiátrica potencialmente reversível que pode surgir em pacientes portadores de hepatopatia crônica avançada ou mesmo na insuficiência hepática aguda o É causada pela passagem de substâncias tóxicas (provenientes do intestino) para o cérebro, que em uma pessoa normal seriam depuradas pelo fígado o Uma das substâncias mais implicadas na gênese da encefalopatia hepática é a amônia (NH3)! A hiperamonemia é um achado quase universal na insuficiência hepática grave o Reversibilidade parcial o Ausência de alterações neuropatológicas orgânicas o Mudanças morfológicas e funcionais dos astrócitos tipo II, decorrentes de edema celular (astrocitose tipo II de Alzheimer) o Neurotoxinas como amônia aumentam indiretamente a atividade dos moduladores GABA, por isso o Flumazenil – antagonista benzodiazepínico – melhora os sintomas de encefalopatia em alguns pacientes o Encefalopatia hepáticamínima ou subclínica: ▪ Alterações neuropsiquiátricas só detectadas pelos testes neuropsicométricos, muito sutis ▪ Presente em até 70% dos cirróticos, mas difícil diagnóstico o Encefalopatia hepática aguda esporádica: ▪ Desorientação, agitação psicomotora, torpor ou coma hepatico, inversão do ciclo sono-vigilia, fala arrastada com bradipsiquismo, incoordenação muscular e hipertonia, asterixis ou flapping (não é patognomonico), escrita irregular, reflexos tendinosos exacerbados ou alentecidos, sinal de Babinski, crises convulsivas e postura de descerebração ▪ É preciso identificar o fator precipitante, que podem ser hemorragia digestiva alta, hipocalemia, alcalose metabólica ou respiratória, desidratação/hipovolemia, diuretivos tiazídicos ou de alça (furosemida), infecções, uso de sedativos, dieta hiperproteica, procedimentos cirúrgicos, constipação, hipoxia, shunts portossistêmicos ▪ O tratamento se baseia primariamente no controle dos fatores precipitantes e na redução da produção e absorção de amônia pelo cólon ▪ A lactulose (ou betagalactosidofrutose) é considerada a “pedra mestra” na terapia da encefalopatia hepática aguda esporádica, tendo uma eficácia oscilando entre 70-80%. A dose da lactulose deve ser LARISSA MENEZES – GASTRO 20-30 g (30-45ml da solução disponível no mercado) de duas a quatro vezes por dia. A “meta” é fazer com que o paciente tenha de 2-3 evacuações pastosas por dia ▪ Antibióticos orais podem ser administrados com o intuito de reduzir a flora bacteriana colônica produtora de amônia. O mais tradicional é a neomicina, na dose 2-8g/dia VO, em quatro tomadas (6/6h). o Encefalopatia hepática crônica: ▪ Permanência dos sintomas neuropsiquiátricos por longo período, com certo grau de variabilidade ▪ A sobrevida é curta, caso não sejam transplantados ▪ O tratamento deve se basear na troca de proteínas de origem animal para vegetal, coma menor restrição proteica possível, no tratamento da constipação intestinal e na administração crônica de lactulose, com ou sem antibiótico associado DÉFICIT DA SÍNTESE HEPÁTICA o Nas hepatopatias agudas, a hipoalbuminemia não é um evento comum o Albumina plasmática < 3,0 g/dl sugere muito que, na realidade, o paciente tem um quadro crônico ou então crônico “agudizado” o A reposição de albumina exógena não apresenta beneficio clinico o A disfunção hepatocelular grave compromete a síntese dos fatores da coagulação. De todos os fatores, aquele que tem a meia-vida mais curta é o fator VII – o fator da via extrínseca o Considera-se um sinal laboratorial de insuficiência hepática quando: ▪ Atividade de Protrombina < 50% ▪ INR > 1,7 (na cirrose hepática, o INR não possui correlação direta com o risco de sangramento!) o Todo hepatopata com TP alargado deve ser submetido a uma prova terapêutica com vitamina K exógena, dose única, ou por até três dias, de 10 mg SC ou IV, obtendo-se novo TP (INR) 24h depois. Se houver resposta significativa do coagulograma, há uma boa chance do paciente ter colestase MANIFESTAÇÕES HEMATOLÓGICAS o Anemia da hepatopatia crônica o Hiperesplenismo SÍNDROME HEPATORRENAL o Insuficiência renal funcional o Perda progressiva da função renal, secundaria a vasoconstrição renal e vasodilatação extra- renal o Tipo 1: rápida progressão da insuficiência renal (< 2 semanas), havendo aumento da creatinina sérica para além do dobro do valor inicial (atingindo, por definição, níveis superiores a 2,5 mg/dl), ou uma queda no clearance de creatinina para < 50% do valor inicial, atingindo um nível absoluto < 20 ml/min o Tipo 2: creatinina sérica é > 1,5 mg/dl e/ou o clearance de creatinina é < 40 ml/min, mas a evolução é mais insidiosa e o prognóstico a curto prazo, mesmo sem tratamento, é melhor o O tratamento conservador compreende medidas gerais, tais como: repouso, manutenção do estado euvolêmico e retirada de agentes nefro tóxicos (principalmente aminoglicosídeos e anti-inflamatórios). Paracenteses de alívio (de pequeno volume) podem ser necessárias para amenizar o desconforto da ascite o O tratamento farmacológico está baseado na combinação de drogas com ação vasoconstrictora esplâncnica + infusão de albumina (1 g/kg no primeiro dia seguido de 20-40 g/dia). O vasoconstrictor de escolha é a terlipressina o O transplante hepático é considerado o tratamento de escolha da SHR, sendo o único LARISSA MENEZES – GASTRO tratamento que efetivamente aumenta a sobrevida SÍNDROME HEPATOPULMONAR o Doença hepática crônica + Hipoxemia com gradiente alvéolo arterial aumentado (shunt arteriovenoso) + Evidências de alterações vasculares intrapulmonares o Platipneia + Cirrose Hepática + Ortodeoxia o A gasometria arterial permite avaliar a presença ou não de hipoxemia, hipocapnia, alcalose respiratória e ortodeoxia (redução da PaO2 na posição ortostática). É importante lembrar que a saturação de O2 pode estar falsamente diminuída nos pacientes com hiperbilirrubinemia. A hipoxemia arterial pode ser definid como PaO2 em ar ambiente e em posição supina < 70 mmHg. Um gradiente alvéolo-arterial de oxigênio acima de 15-20 mmHg sugere a presença de shunt. A ortodeoxia é definida como um decréscimo = 10% na PaO2 quando se passa da posição supina para a posição sentada ou em pé. A ortodeoxia é importante para a definição clínica da SHP o A radiografia de tórax geralmente é normal, mas pode revelar um tênue infiltrado intersticial bilateral, com acentuação dos vasos pulmonares tanto na região hilar como na periferia, ou aspecto mosqueado com imagens nodulares, principalmente nas bases pulmonares o Ecocardiograma constrastado: mais importante para o diagnóstico o Cintilografia pulmonar o Angiografia pulmonar o O transplante hepático constitui a única modalidade de tratamento eficaz na SHP HIPERTENSÃO PORTOPULMONAR o Hipertensão pulmonar primaria associada a Hipertensão porta o O quadro clínico é marcado por dispneia progressiva aos esforços e sinais de sobrecarga de o Pré-sinusoidal: ▪ Intra-hepática: esquistossomose ▪ Extra-hepática: trombose de veia porta ou de veia esplênica o Sinusoidal: cirrose hepática o VD no exame clínico, além de hiperfonese do componente P2 da segunda bulha. Pode haver síncope e dor torácica o A radiografia de tórax pode mostrar um abaulamento do segundo arco da silhueta cardíaca esquerda (correspondente ao tronco da artéria pulmonar) e um aumento da área cardíaca à custa de VD o O diagnóstico começa pelo ecocardiograma, para mostrar a sobrecarga do VD e estimar a pressão sistólica da artéria pulmonar (PAPsist); depois passa pela cintilografia pulmonar V/Q (para afastar tromboembolismo pulmonar recorrente) e é confirmado pelo cateterismo cardíaco direito, com mensuração direta da pressão sistólica da artéria pulmonar (PAPsist), que deve estar superior a 25 mmHg o Na ausência de contraindicações pode- se instituir anticoagulação crônica com warfarim, objetivando manter o INR em torno de 1,5, isto é, faz-se uma anticoagulação de “baixa intensidade”, devido ao risco aumentado de hemorragia em hepatopatas crônicos o Deve-se associar também um vasodilatador arterial pulmonar, sendo a primeira escolha na atualidade o epoprostenol (prostaciclina), ministrado em infusão contínua por uma bomba implantada no subcutâneo o Transplante hepático caso PAPsist atinja níveis inferiores a 35 mmHg – acima deste valor, a mortalidade do transplante torna-se proibitiva TRATAMENTO • Cirrose hepática é irreversível, o tto é o manejo se suas complicações: encefalopatia hepática, hipertensão portal, ascite etc • Tratar o agente causal com erradicação (se for hepatite viral) • Terapia antifibrotica • Terapia nutricional: ▪ Necessidade energética de 30 a 40kcal/kg de peso ideal ▪ Proteínas 1,2 a 4,5 g/kg de peso ideal, com alto teor de proteínas vegetais e lácteas associadas a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada ▪ Restrição de sódio não pode ser inferior a 2g/dia LARISSA MENEZES – GASTRO ▪ Restrição hídrica se hiponatremia (Na<131) ▪ Deficiência de vitaminas hidrossolúveis: Tiamina ▪ Vitaminas lipossolúveis: A, D, K e E ▪ Suplementação de probióticos em cirróticos com encefalopatia hepática graus I e II ▪ L-ornitina e L-aspartato diminui os níveis de amônia sanguínea ▪ Consumo regular de café diminui a evolução da fibrose hepática, prevenindo a cirrose e o carcinoma hepatocelular • Tratamento específico da causa • Tratamento das complicações da cirrose • Transplante hepático • Colchicina: cirrose alcoólica e biliar primaria • Varizes de esôfago: ▪ Profilaxia primária (paciente nunca sangrou): betabloqueador ou ligadura elástica ▪ Profilaxia secundaria: betabloqueador e ligadura elástica o Ascite grau I: restrição de sódio o Ascite grau II: restrição de sódio + diuréticos (Espirolactona ou Furosemida) ▪ Pacientes com edema em MMII perdem 1kg/dia ▪ Pacientes sem edema em MMII perdem 0,5kg/dia o Ascite grau III: ▪ Paracentese de alívio ▪ <5L: considera expansores ▪ >5L: albumina 6-8/L do total do líquido retirado (para cada 1 litro de líquido retirado usar 1 frasco de albumina) ▪ Após: restrição de sódios e diuréticos
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