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na enfermagem Dimensões ético-legais RESPONSABILIDADE LEGAL DO ENFERMEIRO A despeito dos avanços tecnológicos e da evolução dos recursos humanos na área da saúde, a possibilidade de cometer um erro no exercício profissional continua bastante presente. Na atualidade, mostra-se cada vez mais evidente a preocupação com as repercussões destes erros, principalmente no que tange aos aspectos ético legais que envolvem as situações geradas a partir de uma falha técnica. Decorre, daí, a necessidade de os enfermeiros também voltarem suas atenções à temática do erro e suas consequentes implicações, no intuito de prevenir os danos aos clientes e possíveis problemas judiciais. A responsabilidade consiste no dever jurídico de responder pelos atos que violem direitos e reparar os danos causados. Porém, o termo responsabilidade pode ser observado pelo aspecto da consciência individual, referente à transgressão de uma norma moral ou pela imposição legal, no caso da responsabilidade jurídica, presente somente quando houver prejuízos morais ou materiais. A ação ou omissão do profissional que resultar em dano ao cliente pode ser intencional, ou seja, com desejo e previsão de resultado prejudicial, caracterizando o dolo ou sem intenção, nos casos culposos. De qualquer forma, o profissional responde ética, civil e criminalmente pelos danos que sua conduta acarretar, como atos lesivos contra a vida, lesões corporais, periclitação da vida e da saúde, maus tratos e abandono de incapaz. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ENFERMEIRO A responsabilidade civil do Enfermeiro está regulamentada tanto no Código Civil quanto na Legislação específica da profissão. No Código Civil, artigo 186, tal conceito está disposto como "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". Sendo que o artigo 927 estabelece que "aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo". Nas Normas específicas da profissão, como é o caso da Resolução COFEN 240/2000, que aprova o Código de Ética dos Profissionais da Enfermagem e contêm os princípios fundamentais, direitos, deveres, proibições, infrações e penalidades que cabem aos profissionais da Enfermagem no exercício de sua profissão, destacam- se algumas responsabilidades. Dentre elas, destacam-se: → "Art. 16 Assegurar ao cliente uma assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência". → "Art. 18 Manter-se atualizado, ampliando seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, em benefício de clientela, coletividade e do desenvolvimento da profissão". → "Art. 20 Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, independentemente de ter sido praticada individualmente ou em equipe” A adoção dos princípios contidos no instrumento que normatiza a profissão do Enfermeiro deveria, pois, orientar qualquer ação deste profissional como alternativa para a prevenção de ocorrências que impliquem na responsabilidade civil. RESPONSABILIDADE PENAL DO ENFERMEIRO A responsabilidade penal dos profissionais e a vigência do Código Penal Brasileiro Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, mormente nos capítulos I, II e III que tratam dos Crimes Contra a Vida, vislumbra-se os principais aspectos relacionados com a responsabilidade penal que recairá sob a atividade desenvolvida pelos profissionais de enfermagem, quando restar evidenciado um ato iatrogênico no cuidado. Por oportuno, devem ser pormenorizados os dispositivos normativos que por ventura deverão ser materializados pelo Poder Judiciário em face dos profissionais de enfermagem, os quais no desenvolvimento do seu mister, de forma culposa adotem condutas iatrogênicas no cuidado. Deve ser transluzido que, os imbróglios que geram as principais controvérsias jurídicas residem no crime de omissão de socorro, tendo em vista que tal delito pode ser traduzido em duas vertentes, quais sejam, na ocorrência de uma omissão genérica ou específica, esta última qualificada pela ocorrência de circunstância que a torne relevante. No que concerne ao crime de omissão de socorro, tipificado no artigo 135 do Código Penal merece relevo o fato de que o profissional de enfermagem incorrerá nas penas deste tipo, quando se verifique de forma insofismável de que haja a necessidade de uma intervenção terapêutica no cliente, e, não obstante, permaneça inerte, sob a justificativa de que a atividade profissional que deveria ter sido adotada no caso concreto, seria de competência de um profissional habilitado em medicina. Denota-se, portanto, que o profissional de enfermagem mesmo que não tenha a competência legal salvaguardada pelos preceitos do Decreto nº. 94.406/87, ou por eventuais Resoluções dos COREN’s ou do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), deverá inclinar todos os seus esforços no sentido de atuar indiretamente no caso, como, por exemplo, efetuar o quanto antes uma comunicação ao profissional habilitado, a fim de que haja uma célere prestação do devido cuidado.
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