Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Potencial de Membrana Maria Alice M30 Potencial de membrana é provocado por dois fatores: o desequilíbrio elétrico que existe entre o líquido extracelular (LEC) e o líquido intracelular (LIC) e a membrana seletivamente permeável. Essa diferença de carga é provocada pela concentração de determinados íons em cada face da membrana. No interior da célula temos como principal cátion o K+ e como principal ânion as proteínas, tornando o LIC negativo. Já no exterior o domínio é do Na+ e do Cl-, o que deixa o LEC carregado positivamente. Equilíbrio eletroquímico Para entender a relação do potencial de difusão e do potencial de membrana, e assim a fórmula de Nernst é necessário antes, entender o conceito de equilíbrio eletroquímico. Vamos lá! Suponha que temos uma célula sem canais de transporte, na qual a quantidade de K+ e de Ânions são iguais dentro da célula e que fora da célula a quantidade de Na+ e Cl- também são iguais, assim teremos uma célula com meio interno e externo neutra. Ao colocarmos um canal de K+ na célula, esses cátions começam a sair por diferença de concentração, a favor do seu gradiente, mas os ânions não podem sair pois não possuem canais de transporte. Assim, já na saída de um íon de K+ há a formação de desequilíbrio elétrico. Temos duas forças agindo: a química (concentração) puxando o K+ para fora e a elétrica puxando ele para dentro. Nesse instante, a química é mais forte, por isso o K+ sai da célula, mas com o passar do tempo elas vão se igualando pois conforme a diferença de concentração diminui, a elétrica aumenta, ao passo que quando elas se igualam o K+ sai e entra na célula na mesma velocidade, chegando ao ponto de equilíbrio eletroquímico. Potencial de Nernst Para qualquer íon, o potencial de membrana que se opõe exatamente a um determinado gradiente de concentração é denominado potencial de equilíbrio (Eíon). Para calcular o potencial de equilíbrio para qualquer gradiente de concentração, utilizamos a equação de Nernst: Não é necessário decora-la para cálculos, apenas compreender para quer ela serve. E essa é a fórmula usada pra quando a célula é permeável apenas para UM íon, o que não acontece na realidade. Quando é necessário o cálculo do potencial de membrana para mais de um íon usa-se a fórmula de Goldman, na qual leva-se em consideração três fatores: - Polaridade de cada íon - Permeabilidade da célula para ele - Concentração do íon no interior e exterior Equação de Goldman: A análise dessa fórmula induz algumas afirmativas (isso é importante entender): 1- Na+, K+ e Cl- são os íons mais importantes envolvidos nos potenciais de membrana no impulso nervoso. 2- Cada íon é permeável de acordo com um valor de voltagem específico. 3- Se um íon positivo sai da célula ele produz eletronegatividade (um “chama” para elétrons) no interior celular e vice-versa. 4- A permeabilidade dos íons Na+ e K+ são os mais determinantes na transmissão do impulso nervoso devido a sua rápida variação de permeabilidade. Potencial de repouso Quando a célula nervosa não estar sob a indução de nenhum sinal elétrico, ou seja, quando não está excitada, dizemos que ela estar no potencial de repouso. O valor desse potencial é -90mV, o qual é encontrado por meio da equação de Goldman, usando os valores de difusão do K+ (o fator que tem mais “peso”), de difusão do Na+ e da bomba de Na+-K+. (Calculo explicado no Guyton, mas que não precisa de muito aprofundamento além disso). Potenciais de ação É a inversão do potencial de membrana, colocando carga negativa para fora e positiva para dentro. São eles que transmitem os sinais nervoso, os quais são variações rápidas nos potenciais de membrana que fluem ao longo da membrana da fibra nervosa. Eles possuem três estágios: POTENCIAL DE REPOUSO (A/D) O potencial de -90Mv antes do início do potencial de ação. ETAPA DE DESPOLARIZAÇÃO (B) É uma variação brusca no potencial de membrana provocada pela abertura dos canais de Na+, permitindo o fluxo intenso deles para o interior do axônio. Normalmente, ultrapassam o valor zero, chegando ao overshoot (ultrapassagem) de +35Mv. ETAPA DE REPOLARIZAÇÃO (C) Logo após a despolarização, os canais de Na+ se fecham e os de K+ se abrem intensamente, a rápida passagem desses íons para o exterior acaba por reestabelecer o potencial normal negativo de repouso da membrana. CANAIS VOLTAGEM-DEPENDENTES Para entender melhor como acontece a variação de permeabilidade dos íons na transmissão, é necessária a compreensão dos mecanismos de abertura e fechamento dos canais voltagem-dependentes. CANAL DE SÓDIO A ativação dos canais de Na+ possuem duas “portas”, a externa (comporta de ativação) e a interna (comporta de inativação). A voltagem provoca uma mudança conformacional abrindo a comporta externa e fechando a interna, mas a velocidade de abertura é maior que a de fechamento, fazendo com que ambas fiquem abertas por milionésimos de segundos, o que permite a passagem do Na+ para dentro da célula. Uma importante característica desse canal é que comporta de inativação não reabrirá até que o potencial de membrana tenha retornado (essa informação será usada e explicada a sua importância adiante). CANAIS DE POTÁSSIO Esses canais são lentos, pois quando passa a voltagem ele só abrirá realmente quando os de Na+ já tiver fechando. Assim, a diminuição da entrada de sódio acontece em conjunto com o aumento da saída de potássio, isso aumenta a velocidade de repolarização. Esses canais entram em um ciclo vicioso de feedback positivo pois a abertura de um canal induz de outro e isso acontece até que todos estejam abertos. Para ocorrer esse processo é necessário ultrapassar o limiar (instante no qual a entrada de Na+ é maior que a saída de K+), costuma ter um valor de -65mV. PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO Até agora foi mostrado a excitação de um ponto da membrana, mas essa excitação excita as regiões de membrana adjacentes. Como mostrado na imagem, a abertura dos canais de difusão de Na+ e K+ provoca um potencial de ação que atinge o limiar das regiões adjacentes da membrana e por feedback positivo abrem esses outros canais que assim propaga o potencial de ação. Quando isso ocorre em células nervosas e musculares é chamado de impulso nervoso ou muscular. Outra observação dessa imagem é que esse potencial de ação na membrana excitável não tem um único sentido mas se propaga em todas as direções – até mesmo por ramificações da fibra nervosa – até que toda membrana esteja despolarizada. PRINPÍPIO DO TUDO OU NADA: O processo só acontece se todas as condições forem adequadas. Se o potencial de ação alcançar um local onde não gerará uma voltagem suficiente para estimular a área adjacente ele é cessado. (Ou tudo ou nada, exigente) REESTABELECIMENTO DOS GRADIENTES DE SÓDIO E POTÁSSIO Quando há a abertura desses canais, os íons passam por difusão de acordo com o seu gradiente de concentração, porém sabe-se que a célula necessita do estabelecimento do antigo gradiente, e ela faz isso usando a bomba de Na+ e K+ (transporte ativo primário), só assim ela estará apta para receber outro estímulo. PLATÔ No músculo cardíaco tem um atraso na repolarização, chamado de platô, ele tem função de impedir o tétano (uma despolarização descontrolada e manter o caminho certo da contração). Ele ocorre devido a presença de canais muito lentos de Ca+, a difusão lenta e prolongada de Ca+ aumenta o tempo de repolarização. RITMICIDADE E DESCARGAS RETETITIVAS No coração, nos músculos lisos e em muitos neurônios do sistema nervoso central são mantidas descargas repetitivas auto-induzidas, chamadas de ritmicidade. Elas provocam o batimento rítmicodo coração, movimentos peristálticos e o controle rítmico da respiração. Essas repetidas descargas só acontecem porque não se deixa chegar ao potencial completo de repouso da membrana de -90mV, onde os canais estariam totalmente fechados e demorariam quase 1 segundo para abrir novamente (isso para uma célula é muuuito tempo). Em vez disso, próximo ao término de cada potencial de ação e continuando por um pequeno período de tempo depois, a célula fica em um estado excessivamente permeável ao K+ (condutância de potássio), isso provoca uma negatividade muito intensa no interior da membrana, chamada de hiperpolarização. Enquanto houver a hiperpolarização não acontece outra reexcitação, quando ela acaba aí sim a célula está disponível para ser excitada e atingir o limiar e assim dar início a outro potencial de ação, com isso o processo ocorre repetidamente. (Essa parte é meio chata de entender mesmo, mas olhando para gráfico fica melhor). CONDUÇÃO SALTATÓRIA O impulso nervoso transmitido nas fibras nervosas é chamado de condução saltatória. Isso porque as fibras nervosas mielínicas têm a bainha de mielina que servem como isolante elétrico, assim o potencial de ação só passa nos espações entre essas células chamados de nodos de Ranvier. Os benefícios disso são o aumento da velocidade, por que o processo de despolarização salta por longos trechos ao longo do eixo da fibra nervosa, diminuindo o espaço percorrido total; outro benefício é uma menor energia necessária para regenerar o gradiente antigo, porque a região da membrana despolarizada é menor. PERÍODO REFRATÁRIO Um novo potencial não pode ocorrer em fibra excitável, enquanto a membrana ainda estiver despolarizada pelo potencial de ação antigo. Isso porque, os canais de íons se encontram indisponíveis para outra despolarização, esse período é chamado de período refratário. É dividido em dois, o absoluto (onde não importa a intensidade do estímulo, não acontece o potencial) seguido do período refratário relativo (onde se o estímulo for mais intenso que o normal pode ocorrer a excitação).
Compartilhar