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Artigo de Dinâmica Aluno: Pablo Vinicios Travassos Aires Faculdade Isl Wyden Temas: Movimento retilíneo uniforme, movimentos em duas e três dimensões e Leis de Newton. Resumo ⎯ Neste artigo, discutimos a estrutura das leis de movimento da mecânica clássica advinda de hipóteses gerais de simetria do espaço-tempo e do entendimento dessa teoria como sendo uma descrição efetiva para fenômenos macroscópicos. Usando argumentos de análise dimensional inspirados nas técnicas de teoria de campos efetivas, sustentamos em favor da naturalidade das leis de Newton da mecânica clássica. Palavras-chave: Leis de movimento, Mecânica Clássica, Leis de Newton, Teorias efetivas, Simetrias emergentes I. INTRODUÇÃO Neste artigo, discutimos a estrutura das leis de movimento da mecânica clássica advinda de hipóteses gerais de simetria do espaço-tempo e do entendimento dessa teoria como sendo uma descrição efetiva para fenômenos macroscópicos. Usando argumentos de análise dimensional inspirados nas técnicas de teoria de campos efetivas, sustentamos em favor da naturalidade das leis de Newton da mecânica clássica. De modo geral, a mecânica é uma área da Física que se propõe a descrever os princípios básicos que regem os movimentos dos corpos no espaço enquanto o tempo flui. Dessa forma, para sua completa consistência, deve-se definir precisamente o que se entende por tempo, espaço e objeto. Tais conceitos, evidentemente, extrapolam o escopo da mecânica e influenciam na descrição das demais áreas da Física. Além disso, diferentes noções dessas estruturas levam a distintas realizações da mecânica. O foco deste artigo é a análise da estrutura do que entendemos por mecânica clássica, que também nos referimos por mecânica Newtoniana. Movimento retilíneo uniforme Define-se Movimento Retilíneo Uniforme como sendo aquele movimento que tem velocidade escalar constante. Movimentos que se realizam ao longo de trajetórias retilíneas não são comuns. As grandes retas das estradas dificilmente correspondem a trajetórias retilíneas. Elas quase sempre possuem desníveis que acabamos não considerando. Na verdade, a maioria dos corpos que se movem próximos à superfície da Terra não descreve trajetória retilínea. Menos frequentes, ainda, são os movimentos que além de descreverem trajetória retilínea, o fazem com velocidade constante. O movimento retilíneo uniforme (MRU) é o movimento mais simples e menos frequente que existe na natureza. Pode-se dizer ainda que o móvel percorre distâncias iguais em intervalos de tempos iguais. Neste caso, a velocidade escalar instantânea coincide com a velocidade escalar média em qualquer instante. Pode-se obter então a equação horária do Movimento Retilíneo Uniforme: x(t) = x0 + vt A Eq. mostra que a posição x(t) de um corpo em Movimento Retilíneo Uniforme em função do tempo t se comporta como uma função linear, do tipo y = ax + b O movimento é uniforme quando a velocidade escalar do móvel é constante em qualquer instante ou intervalo de tempo, significando que, no movimento uniforme o móvel percorre distâncias iguais em tempos iguais. O movimento é retilíneo uniforme quando o móvel percorre uma trajetória retilínea e apresenta velocidade escalar constante. Fig. 1. Movimento retilíneo uniforme. O movimento do carro apresentado acima é um exemplo de movimento uniforme. Em qualquer instante ou intervalo de tempo a velocidade é sempre igual a 10m/s. Como a velocidade escalar é constante em qualquer instante ou intervalo de tempo no movimento uniforme, a velocidade escalar média é igual à instantânea: V = Vinst = Vmédia =∆S/∆t Equação horária do movimento uniforme A equação horária de um movimento mostra como o espaço varia com o tempo: S = f(t) No movimento uniforme temos que: V = Vmédia = Vinst =∆S/∆t = (S - S0 )/(t - t0 ) Assim, obtemos: S - S0 = V (t - t0 ) Para t0 = 0 S - S0 = V t Resolvendo para S: S = S0 + V t (Equação horária do Movimento Uniforme) onde: S: espaço final S0: espaço inicial t: instante final No movimento uniforme a equação horária é uma função do 1ͦ grau. Para definirmos corretamente o movimento de um corpo, é necessário escolher um referencial. Na Física, entendemos que referencial é a posição em que o observador se encontra. A figura abaixo mostra alguns veículos que se movem em diferentes sentidos ao longo da direção horizontal. O referencial adotado na figura (marcado pelo ponto 0) é onde o observador se encontra. Segundo esse referencial, os carros,à esquerda,encontram em posições negativas, enquanto os carros, à direita, encontram-se em posições positivas. Fig 2. O referencial indica o sentido dos movimentos. É importante perceber que a escolha de outro referencial implicaria a mudança das posições iniciais de cada veículo e também a classificação dos seus movimentos. A figura abaixo mostra o que o referencial escolhido percebe: para ele, o carro laranja e o carro prata, à esquerda, afastam-se, enquanto o carro prata, à direita, aproxima-se dele. Dizemos que quando um móvel aproxima-se do seu referencial, seu movimento é regressivo. Caso o móvel afaste-se do seu referencial, seu movimento é progressivo. Além disso atribuímos o movimento progressivo o sinal positivo para a velocidade. Paro o movimento regressivo ultilizamos o sinal negativo, indicando que o a distância entre o móvel e seu referencial siminui com o tempo. Gráficos de movimento retilíneo uniforme Podemos relacionar a posição de um móvel em função do tempo usando os gráficos. Para o movimento uniforme, os gráficos de posição em função do tempo formam retas com inclinação para cima ou para baixo, relacionadas ao movimento progressivo e regressivo, respectivamente. Confira um exemplo de gráfico da posição em função do tempo para o movimento uniforme progressivo: Na figura abaixo, temos um gráfico que representa a posição em função do tempo para um móvel que executa um movimento uniforme e regressivo (ou retrógrado). Os gráficos de posição em função do tempo podem ser usados para determinar a velocidade do movimento. Para isso, basta percebermos que a velocidade do móvel é dada por sua tangente, ou seja, a razão entre o cateto oposto (ΔS) e o cateto adjacente à reta (Δt). Os gráficos de velocidade em função do tempo para o movimento uniforme, por sua vez, são retas paralelas ao eixo horizontal, de módulo negativo ou positivo, de acordo com a sua classificação (progressivo ou regressivo). Por meio do gráfico de velocidade, é possível calcular o deslocamento do móvel. No gráfico anterior, a área pintada de azul é numericamente igual à área de um retângulo. Movimento em duas e três dimensões O movimento unidimensional é um caso particular de uma classe mais ampla de movimentos que ocorrem em duas ou três dimensões. Se o movimento de um corpo está completamente restrito a um plano, ele é denominado movimento plano ou bidimensional. A nossa experiência cotidiana está repleta de exemplos de movimentos bi e tridimensionais. Podemos até dizer que são raras as situações com movimentos unidimensionais. Quando saímos de nossa cama para a sala, certamente usamos um movimento bidimensional ao chegar até a porta e caminhando pelo corredor para atingir a sala. Num automóvel em movimento, além do movimento bidimensional, segundo os pontos cardeais, as estradas têm elevações e baixos, de modo que percorremos um caminhotridimensional. Posição, velocidade e aceleração: Vetores Posição e velocidade: O vetor posição de uma partícula P é um vetor desenhado da origem de um sistema de coordenadas até a posição da partícula. r . = r . - r . A localização de uma partícula pode ser especificada através do vetor posição r, um vetor que liga um ponto de referência (em geral a origem de um sistema de referência) à partícula. Sendo: r r = xî + yˆj + zkˆ Onde xiˆ, yˆj, zkˆ são os componentes vetoriais r e x, y e z são os componentes escalares. As quais fornecem as localizações das partículas aos longos dos eixos de coordenadas em relação á origem. A figura acima mostra uma partícula cuja a posição é: e cujas coordenadas retangulares são (-3m, 2m, 5m). Ao longo do eixo x a partícula está a 3m da origem, no sentido contrário ao do vetor unitário î . Ao longo do eixo y, ela está a 2m da origem, no sentido do vetor unitário ĵ . Ao longo eixo z ela está a 5 m da origem, no sentido do vetor unitário k̂ . Velocidade Média e Velocidade Instantânea: Para todo movimento podemos associar uma grandeza chamada velocidade que é o quociente entre a variação de espaço e a variação de tempo utilizado pelo móvel neste percurso. A velocidade mede a variação da posição do móvel no tempo, e nos fornece um valor que expressa o quanto o móvel está rápido ou devagar ao realizar um percurso. Quando, em algum exemplo ou exercício de cinemática, estiver o termo velocidade escalar, nos referirmos a uma grandeza escalar (que tem apenas valor numérico), sem nos preocupar com direção e sentido, que são características de um vetor. O conceito de velocidade média ou velocidade escalar média é diferente do conceito de velocidade instantânea. A velocidade média está ligada a um intervalo de tempo ∆t enquanto a velocidade instantânea a um instante de tempo t. Se uma partícula se move de um ponto para outro, podemos estar interessados em saber com que rapidez ela se move, definindo assim as velocidades média e instantânea. No caso de um movimento 2D ou 3D devemos considerar essas grandezas como vetores e usar a notação vetorial. Se uma partícula sofre um deslocamento r r Δ em um intervalo de tempo Δt , sua velocidade média vméd é dada por: Velocidade média = deslocament̶̶̶̶o/intervalo de tempo Sabemos que a variação de espaço do móvel foi de 100m e a variação de tempo do móvel foi de 10s, logo, a velocidade média é dada por: Vm = ∆S/∆t Vm = 100m / 10s Vm = 10m/s A velocidade média do móvel foi de 10m/s. Isto não significa que ele estava sempre com velocidade 10m/s, já que parte do repouso (velocidade inicial zero) e ao longo do percurso aumenta sua velocidade. Para saber a velocidade instantânea do móvel no instante 6s, sabendo que a aceleração do mesmo é de 2m/s2, devemos utilizar a equação abaixo: V = V0 + a.t Esta é a função da velocidade para o movimento uniformemente variado, onde: V: é a velocidade final do móvel. V0: é a velocidade inicial do móvel. a: é a aceleração do móvel. t: é o tempo. Substituindo os valores fornecidos, temos: V = V0 + a.t V = 0 + 2 . 6 V = 12 m/s Logo, a velocidade do móvel no instante 6s é igual a 12m/s e esta pode ser chamada de velocidade instantânea já que se refere ao instante 6s. Aceleração média aceleração instantânea Sempre que a velocidade de um móvel varia dizemos que esse móvel está acelerando. A aceleração é, portanto, uma medida da variação da velocidade por intervalo de tempo. A aceleração calculada dessa forma é chama de aceleração média porque entre o intervalo de tempo usado, a velocidade pode apresentar valores diferentes do final ou do inicial. No entanto, se aproximarmos os instantes final e inicial cada vez mais, maiores são as chances de a velocidade sofrer variações cada vez menor. Assim, o Δt fica cada vez menor, cada vez mais próximo de 0 (mas nunca sendo 0, em absoluto). Teremos então a velocidade escalar instantânea. E,a partir dela, a aceleração escalar instantânea. Movimento de projéteis Um caso especial de movimento bidimensional: Uma partícula que se move em um plano vertical com velocidade inicial v0 e com uma aceleração constante, igual a aceleração de queda livre g , dirigida para baixo. Uma partícula que se move desta forma é chamada projétil (o que significa que é projetada ou lançada), e seu movimento é chamado de movimento balístico. Um projétil pode ser uma bola de tênis ou de pingue-pongue, mas não um avião ou um pato. Muitos esportes envolvem os movimentos balísticos de uma bola; jogadores e técnicos estão sempre procurando controlar esses movimentos para obter o máximo de vantagem. O jogador que descobriu a rebatida em Z na raquetebol na década de 70, por exemplo, vencia os jogos com facilidade porque a trajetória peculiar da bola no fundo da quadra surpreendia os adversários. Durante o movimento bidimensional, o vetor r e a velocidade v do projétil mudam constantemente, mas o vetor aceleração a é constante e está sempre dirigido verticalmente para baixo. O projétil não possui aceleração horizontal. Leis de Newton De modo geral, a mecânica é uma área da Física que se propõe a descrever os princípios básicos que regem os movimentos dos corpos no espaço enquanto o tempo flui. Dessa forma, para sua completa consistência, deve-se definir precisamente o que se entende por tempo, espaço e objeto. Dessa forma, para sua completa consistência, deve-se definir precisamente o que se entende por tempo, espaço e objeto. Tais conceitos, evidentemente, extrapolam o escopo da mecânica e influenciam na descrição das demais áreas da Física. Além disso, diferentes noções dessas estruturas levam a distintas realizações da mecânica. O foco deste artigo até então é a análise da estrutura do que entendemos por mecânica clássica, que também nos referimos por mecânica Newtoniana. Como geralmente ocorre no processo de construção de uma teoria científica, o desenvolvimento da mecânica Newtoniana traçou um caminho altamente sinuoso. Por tentar extrair princípios gerais de fenômenos facilmente acessíveis, diversos conceitos informais do cotidiano foram sendo incorporados na descrição científica, muitas vezes sem a devida precisão. As leis de Newton do movimento Como resultado de séculos de observações e conhecimento acumulado, Newton foi capaz de condensar os princípios que regem a dinâmica dos corpos em suas três leis do movimento. Numa formulação moderna, estas leis podem ser enunciadas da seguinte forma: Primeira Lei Todo corpo persiste em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme a menos que seja compelido a modificar este estado pela ação de forças sobre ele. Segunda Lei A soma das forças que atuam sobre um corpo é igual ao produto de seu coeficiente de inércia pela sua aceleração: F = ma. Terceira Lei A toda ação que um corpo exerce sobre um segundo corpo, corresponde uma reação do segundo sobre o primeiro de mesma intensidade e sentido oposto. A primeira lei, também chamada lei da inércia, serve para limitar o escopo da segunda lei, de modo que a validade desta última é restrita à classe de referenciais inerciais (aqueles que obedecem a lei da inércia). A segunda lei introduz o coeficiente de inércia m, que é uma constante positiva característica de cada objeto. A lei de forças F deve serobtida, em última análise, de forma empírica e a solução do problema mecânico pressupõe seu conhecimento. Além disso, a segunda lei afirma que o estado de um objeto é completamente determinado por sua posição e velocidade em qualquer instante do movimento, pois qualquer derivada da posição de ordem maior ou igual a dois pode ser obtida recorrentemente de. De certo modo, a terceira lei complementa a primeira, pois um objeto composto, onde os seus constituintes interagem somente entre si e não sofrem ação externa, obedecerá a lei da inércia. Ambas as leis equivalem à conservação do momento linear total do sistema. Como bem sabemos, desde sua concepção, esse conjunto de leis tem sido usado com sucesso para descrição de vários sistemas físicos. Um de seus grandes triunfos apareceu já no terceiro volume dos Principia, onde Newton demonstrou que essas leis, combinadas com sua lei da Gravitação universal, eram capazes de descrever as leis de Kepler dos movimentos planetários. tais leis são capazes de descrever os fenômenos observados numa escala macroscópica e de baixas velocidades. Como já mencionamos, a relatividade especial introduz uma nova constante com dimensão de velocidade que coincide com a velocidade da luz no vácuo c e que pode ser usada como referência para separar movimentos lentos, v << c, de movimentos rápidos, v ~ c. O conceito, por outro lado, pode variar de sistema para sistema. O importante é que os efeitos quânticos não sejam importantes o suficiente para invalidar o tratamento clássico. O importante é que os efeitos quânticos não sejam importantes o suficiente para invalidar o tratamento clássico. Em geral, podemos definir uma escala de comprimento que separa os fenômenos quânticos dos fenômenos clássicos, como o comprimento de onda de Broglie. Simetrias e Leis de Conservação Apesar de as propriedades de simetria do espaço-tempo não terem sido explicitamente invocadas na construção das leis de Newton, pode-se averiguar a posteriori quais são essas propriedades e suas consequências na dinâmica dos sistemas físicos. Notemos, por exemplo, que o lado direito da segunda lei de Newton não introduz nenhuma estrutura externa referente ao espaço-tempo. Ou seja, não há nenhum ponto ou direção espacial ou temporal privilegiadas advindas desse termo. Assim, as propriedades de simetria de um sistema com N partículas, necessariamente fundamentais, dependem da forma dos campos de forças. Aplicações das leis de Newton Como vimos, as leis de Newton são as leis básicas da Mecânica Clássica. Em princípio, qualquer problema de dinâmica pode ser resolvido através de sua aplicação. Na primeira, conhecemos as forças que agem sobre o corpo e queremos encontrar seu efeito, expresso através de mudanças na velocidade e posição. Na segunda categoria, conhecemos o movimento do corpo e a partir disto queremos determinar o conjunto de forças agindo sobre ele. A solução de um problema pode ser encontrada através de urna sequência natural de análises. Primeiramente, o problema deve estar claramente colocado e se ele apresentar várias partes, cada uma delas deve ser analisada antes de se considerar o sistema como um todo. Sempre que houver contato entre corpos, lembre-se que ação e reação agem em corpos diferentes. As forças que agem sobre o corpo serão representadas por setas com a origem num ponto do corpo escolhido como representativo do corpo. Um sistema é formado por um ou mais corpos, e qualquer força exercida sobre os corpos do sistema por corpos fora do sistema é chamada de força externa. Se os corpos pertencentes a um sistema estão rigidamente ligados uns aos outros, podemos tratar o sistema como um único corpo, e a força resultante F r é a que está submetido este corpo é a soma vetorial das forças externas. REFERÊNCIAS A. Eason, B. Noble, and I. N. Sneddon, “On certain integrals of Lipschitz- Hankel type involving products of Bessel functions”, Phil. Trans. Roy. Soc. London, vol. A247, pp. 529-551, April 1955. J. Clerk Maxwell, A Treatise on Electricity and Magnetism, 3rd ed., vol. 2. Oxford: Clarendon, 1892, pp. 68-73. I. S. Jacobs, “Fine particles and thin films”, in Magnetism, vol. III, G. T. Rado and H. Suhl, Eds. New York: Academic, 1963, pp. 271-350. K. Elissa, “Not published yet, even if submitted”, unpublished.
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