Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 Tutorial 15 OBJETIVO 1: DIFERENCIAR CONVULSÃO DE EPILEPSIA. DIFERENÇAS - Convulsões: disfunção transitória de uma parte ou de todo o cérebro com descarga excessiva de uma população de neurônios hiperexcitáveis que leva a manifestações de natureza motora, sensorial, psíquica ou autonômica; quem apresenta uma crise epiléptica não necessariamente é portador de epilepsia; - Epilepsia: é um distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição do cérebro para gerar crises epilépticas e pelas consequências neurológicas, cognitivas, psicológicas e sociais dessa condição; - Uma pessoa pode ter uma ou duas convulsões pontuais durante sua vida toda; neste caso, dizemos que o paciente teve crises, convulsão, mas não tem epilepsia. Por outro lado, o diagnóstico de epilepsia é dado geralmente quando um mesmo indivíduo apresenta duas ou mais convulsões. Nestes casos, caracterizando corretamente a repetição das crises, o seu tipo, e possível causa destas crises convulsivas, denomina-se que o indivíduo tem o diagnóstico de Epilepsia. - As convulsões são manifestações clínicas neurológicas temporárias que resultam da hiper sincronização elétrica das redes neuronais no córtex cerebral, de modo não funcional. - A epilepsia é um distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição persistente do cérebro para gerar crises epilépticas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais desta condição. - As crises epilépticas podem se manifestar com alterações da consciência ou eventos motores, sensitivos/sensoriais e autonômicos (por exemplo: suor excessivo, queda de pressão). Ou seja, a epilepsia pode ter crises convulsivas, mas nem toda convulsão pode ser diagnosticada como epilepsia. Por definição, é preciso que tenha havido duas ou mais crises convulsivas espontâneas (em intervalo > 24h) para se estabelecer o diagnóstico de epilepsia. - Epilepsia. Doença neurológica caracterizada por ocorrência de crises espontâneas recorrentes (duas ou mais). - Crise única (isolada). Uma ou mais crises que recorrem no período de 24 horas. Pode corresponder a uma crise aguda sintomática ou a primeira manifestação de epilepsia. - Crise convulsiva é uma alteração aguda e transitória da função cortical cerebral caracterizada por descargas neuronais anômalas, excessivas e sincronizadas. Dependendo da localização e extensão do processo, um amplo espectro de manifestações clínicas pode ocorrer, desde os típicos abalos musculares até experiências sensoriais ou psíquicas subjetivas. - Por definição, é preciso que tenha havido duas ou mais crises convulsivas espontâneas (num intervalo > 24h) para se estabelecer o diagnóstico de epilepsia. Com frequência é possível identificar alguma condição neurológica crônica de base que justifique o quadro de epilepsia (ex.: lesões pós- - trauma, pós-AVE). - Existem também formas sindrômicas distintivas, que apresentam características clínicas, patológicas e eletroencefalográficas peculiares: são as síndromes epilépticas, que geralmente se iniciam na infância e possuem etiologia genética. Numa parcela de indivíduos, nenhuma causa pode ser identificada (epilepsia idiopática). - Estima-se que 5-10% das pessoas apresentará pelo menos uma crise convulsiva ao longo da vida. Na maioria das vezes, contudo, o fenômeno estará relacionado a um fator precipitante reversível (isto é, tais pessoas não necessariamente possuem epilepsia). A prevalência de epilepsia, por sua vez, gira em torno de 0,5% da população geral. - A convulsão é um tipo de crise epiléptica. - Há, portanto, uma diferença entre a definição de epilepsia e de crise epiléptica. Em geral, o diagnóstico de epilepsia implica uma anormalidade epileptogênica persistente do cérebro, provocando crises recorrentes e espontâneas. Em contraposição, pessoas sem epilepsia podem apresentar crise epiléptica provocada por atividade elétrica anormal como resposta isolada do cérebro a um insulto transitório ou a perda de homeostase. - A crise convulsiva é um tipo especial de crise epiléptica que se caracteriza por episódio de contração muscular excessiva ou anormal, usualmente bilateral, que pode ser sustentada ou interrompida. Ou seja, convulsão é um tipo de crise epiléptica, que é uma das manifestações da epilepsia. - Epilepsia é a predisposição permanente do cérebro para gerar crises epilépticas, sendo, portanto, a convulsão um sintoma da epilepsia. CONVULSÃO 2 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 - Convulsão é a contratura involuntária da musculatura, que provoca movimentos desordenados. Geralmente é acompanhada pela perda da consciência. As convulsões acontecem quando há a excitação da camada externa do cérebro. - Entre cinco e 10% da população apresenta um episódio de crise convulsiva ao longo da vida, com maior prevalência em crianças e em idosos. Podem ser precipitadas por: febre, hipoglicemia, hipoxemia, hiponatremia ou hipernatremia, toxinas e trauma craniano. A convulsão deve ser terminada para prevenir alterações irreversíveis, especialmente no caso de estado de mal epiléptico. - A convulsão acontece por causa de uma falha na condução elétrica no cérebro, levando à maior atividade elétrica em algum ponto suscetível deste, o que provoca os sintomas da crise convulsiva (abalos musculares, perda da consciência, salivação, e em alguns casos perda esfincteriana – diurese e evacuação espontânea durante as crises). - O tipo mais comum e conhecido de convulsões é a crise convulsiva generalizada, onde o indivíduo desmaia, e começa a ter abalos generalizados, sem nenhuma consciência, geralmente revirando os olhos e com hipersalivação acompanhando o quadro. Este tipo de crise, tecnicamente chamado de crise convulsiva generalizada- tônico-clônica, é o caso mais urgente e grave que pode acontecer no manejo das convulsões, uma vez que deve ser prontamente atendido, para evitar lesões cerebrais futuras. - A convulsão é diferente, por ser prontamente reconhecida. Sua principal manifestação é descrita como enrijecimento do corpo (contrações musculares súbitas), causando perda de equilíbrio e queda ao solo, seguida de relaxamento e contração de grupos musculares, podendo ter ou não relaxamento dos esfíncteres vesical e intestinal. - Existem entretanto, outros tipos de crises convulsivas, como as crises de ausência – onde o indivíduo apenas perde a consciência e fica com o olhar parado por segundos, voltando ao normal em seguida; as crises parciais complexas, como explica o próprio nome, são mais heterogêneas, e podem dar sintomas mais diferentes, como movimentos da boca, virada da cabeça, mistura de vários movimentos estranhos, sempre com alguma perda da consciência, mas sem desmaio completo, como ocorre nas crises generalizadas. - Por fim existem ainda as crises parciais simples, onde o indivíduo acometido apresenta apenas sintomas focais sem nenhuma perda da consciência, como estar num momento conversando e de repente ter um abalo involuntário no braço e perna, incontrolável, ritmado, sabendo descrever tudo o que aconteceu depois disso. -Hemorragia, intoxicação por produtos químicos, falta de oxigenação no cérebro, efeitos colaterais provocados por medicamentos, doenças como epilepsia, tétano, meningite e tumores cerebrais. - Perda da consciência ou alteração da mesma acompanhada por alterações de comportamento. Presença de atividade motora involuntária, incluindo contrações tônico clônicas e automatismos (piscar de olhos). Perda de tônus motor (resultando em queda) e incontinência esfincteriana. Geralmente são autolimitadas e de curta duração (menos de um minuto). Disfunção autonômica: diaforese, hipertensão, taquipnéia ou apnéia, taquicardia e salivação. - Convulsão - uma convulsão representa a expressãoclínica de descargas anormais, excessivas e sincronizadas de neurônios que residem principalmente no córtex cerebral. Essa atividade paroxística anormal é intermitente e geralmente autolimitada, durando de segundos a alguns minutos. Na eletroencefalografia, o ictus convulsivo é caracterizado por atividade elétrica sustentada e anormal, com início e fim relativamente discretos, e passa por uma evolução caracterizada pela mudança da morfologia e amplitude (voltagem) das descargas anormais. Uma crise focal tem início regional restrito, seguido de disseminação para regiões cerebrais vizinhas ou remotas. Pode se espalhar para regiões subcorticais profundas e evoluir para uma crise tônico-clônica bilateral (anteriormente referida como uma crise secundária generalizada, para diferenciá-la das crises que são generalizadas desde o início) EPILEPSIA - Epilepsia é uma doença neurológica que pode ser prevenida e controlada em até 70% dos pacientes. O não tratamento é um risco à morte súbita e a traumatismos. As causas da epilepsia podem ser genéticas ou adquiridas. - As causas adquiridas constituem a grande maioria e incluem: traumatismo craniano, lesões perinatais e infecções encefálicas, entre elas a neurocisticercose e o acidente vascular cerebral. Em alguns casos, a causa não é identificada. As crises epilépticas causadas por alteração transitória das atividades neuronais podem se manifestar de formas diferentes. A forma mais comum é a convulsão. - As outras crises, aqui agrupadas como não convulsivas, podem ter apresentações como: alteração sensorial (sentir cheiro, ver luzes), de percepção (sensação de ter visto, sentimento de medo) e comportamentais (ficar parado “ausente”, mexer as mãos sem um propósito). - Essas crises não convulsivas são, muitas vezes, difíceis de serem diagnosticadas, exceto quando evoluem para uma convulsão. - O tecido nervoso possui uma capacidade inerente de gerar, em condições patológicas, uma atividade elétrica anormal que, quando ocorre de forma sustentada, pode manifestar- se clinicamente como uma crise epiléptica. Alguns indivíduos 3 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 apresentam crises epilépticas espontâneas recorrentes e são, portanto, considerados epilépticos. - Epilepsia é uma doença crônica caracterizada por crises epilépticas recorrentes não provocadas. O paciente deve apresentar pelo menos duas crises espontâneas, sem evidência de desencadeantes agudos de crises epilépticas. - Segundo último consenso da ILAE (International League Against Epilepsy) a epilepsia é definida como distúrbio cerebral caracterizado por uma predisposição persistente, que leva ao aparecimento de crises epilépticas e a suas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicossociais. A definição requer a ocorrência de duas ou mais crises epilépticas espontânea. - A epilepsia é uma doença cerebral crônica causada por diversas etiologias e caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas. Esta condição tem consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais e prejudica diretamente a qualidade de vida do indivíduo afetado. Estima-se que a prevalência mundial de epilepsia ativa esteja em torno de 0,5%-1,0% da população e que cerca de 30% dos pacientes sejam refratários, ou seja, continuam a ter crises, sem remissão, apesar de tratamento adequado com medicamentos anticonvulsivantes. - Segundo a International League Against Epilepsy (ILAE), existem 2 definições de epilepsia: uma conceitual ou científica e outra operacional. A definição operacional (prática) determina a epilepsia como uma doença caracterizada por uma das seguintes condições: 1. Pelo menos 2 crises não provocadas (ou duas crises reflexas) ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas; 2. Uma crise não provocada (ou uma crise reflexa) e a estimativa de ocorrência em pelo menos 60% de uma nova crise. As alterações estruturais na ressonância magnética de encéfalo e/ou no eletroencefalograma podem sugerir essa recorrência; 3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica. - Uma crise epiléptica deve ser cuidadosamente avaliada, pois nem todas podem representar epilepsia. Nesta, a pessoa apresenta crises recorrentes devido a um processo subjacente crônico. Dessa forma, alguém que apresente crises isoladas ou recorrentes secundárias a circunstâncias corrigíveis ou evitáveis não tem propriamente epilepsia. - Para ser considerada epilepsia, há necessidade de predisposição persistente do cérebro a novas crises. - A epilepsia ocorre principalmente em crianças, mas pode afetar todas as idades. As causas mais frequentes no adulto são: traumatismo craniano, acidentes vasculares cerebrais (AVC), tumores, malformações vasculares, doenças metabólicas, doenças infecciosas cerebrais ou doenças cardíacas. Na criança, as causas mais comuns são fatores ou doenças genéticas, problemas de oxigenação cerebral ocorridos durante a gestação ou parto, malformações cerebrais, infecções / meningites, e por último as tão conhecidas convulsões febris (decorrentes de febre alta em crianças menores). - As epilepsias podem ser classificadas segundo dois grandes eixos: topográfico e etiológico. No eixo topográfico, as epilepsias são separadas em generalizadas e focais. As generalizadas manifestam-se por crises epilépticas cujo início envolve ambos os hemisférios simultaneamente. Em geral, são geneticamente determinadas e acompanhadas de alteração da consciência; quando presentes, as manifestações motoras são sempre bilaterais. Crises de ausência, crises mioclônicas e crises tônico-clônicas generalizadas (TCG) são seus principais exemplos. - Nas epilepsias focais, as crises epilépticas iniciam de forma localizada numa área específica do cérebro, e suas manifestações clínicas dependem do local de início e da velocidade de propagação da descarga epileptogênica. As crises dividem-se em focais simples (sem comprometimento da consciência) e focais complexas (com comprometimento ao menos parcial da consciência durante o episódio). Por fim, uma crise focal, seja simples ou complexa, quando propagada para todo o córtex cerebral, pode terminar numa crise TCG, sendo então denominada crise focal secundariamente generalizada. - No eixo etiológico, as epilepsias são divididas em idiopáticas (sem lesão estrutural subjacente), sintomáticas (com lesão) ou criptogênicas (presumivelmente sintomáticas, mas sem uma lesão aos exames de imagem 4 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 disponíveis no momento). As causas lesionais mais frequentes das epilepsias focais sintomáticas são esclerose temporal mesial, neoplasias cerebrais primárias, anomalias vasculares e malformações do desenvolvimento corticocerebral. -As epilepsias podem ser divididas em idiopáticas, sintomáticas ou provavelmente sintomáticas. Nas epilepsias idiopáticas, não há causa aparente para as crises, geralmente existe uma herança genética envolvida e os pacientes são clinicamente normais. Já as epilepsias sintomáticas são aquelas em que as crises são um sintoma de uma doença preexistente no cérebro, como os tumores, as malformações corticais, áreas de cicatrizes por traumas, acidentes vasculares isquêmicos ou hemorrágicos, entre outros. - As epilepsias provavelmente sintomáticas são aquelas em que, embora não exista uma lesão cerebral detectável, há uma alteração clínica neurológica no paciente, a qual nos faz desconfiar da presença de alguma alteração cerebral que não pode ser detectada. -Existem duas categorias etiológicas básicas: a) distúrbio epileptogênico específico, que gera epilepsia em indivíduos susceptíveis; b) fatores precipitantes, que são perturbações endógenas ou exógenas e que evocam crises epilépticas agudas em determinados períodos de tempo. - Os distúrbiosepileptogênicos específicos podem ser lesões como trauma, infecção, neoplasia, malformação vascular; malformações congênitas e anormalidades genéticas, como mutações gênicas pontuais ou aberrações cromossômicas. Nos casos em que é possível identificar e tratar esses distúrbios (ex.: remoção cirúrgica de neoplasia), a condição epiléptica é abolida. - Epilepsia - Um indivíduo é considerado como tendo epilepsia quando existe um dos seguintes: Pelo menos duas convulsões não provocadas (ou reflexas) ocorrendo com mais de 24 horas de intervalo. Uma convulsão não provocada (ou reflexa) e uma probabilidade de novas convulsões semelhante ao risco geral de recorrência após duas convulsões não provocadas (por exemplo, ≥60 por cento), ocorrendo nos próximos 10 anos. Esse pode ser o caso de lesões estruturais remotas, como acidente vascular cerebral, infecção do sistema nervoso central ou certos tipos de lesão cerebral traumática. Diagnóstico de uma síndrome de epilepsia. - A epilepsia é considerada uma doença associada ao distúrbio duradouro da função cerebral normal . Pode surgir de uma variedade de causas genéticas, estruturais, metabólicas, imunológicas, infecciosas ou desconhecidas. Convulsões sintomáticas agudas (também chamadas de convulsões provocadas ou reativas) causadas por hiponatremia, hipocalcemia, febre alta, exposição tóxica, sangramento intracraniano ou meningite bacteriana não são classificadas como epilepsia, a menos que se tornem um processo recorrente além da doença aguda MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS -Apresentadas pelos pacientes dependem das regiões envolvidas, podendo o paciente apresentar desde um simples sinal motor focal até crises motoras generalizadas. Neste caso, o paciente perde a consciência e apresenta atividade motora intensa acometendo toda a musculatura estriada. - As manifestações comportamentais das crises epilépticas são ditadas pelas funções normalmente exercidas pelas regiões corticais nas quais a crise começou, isto é, uma crise com origem no córtex motor se manifesta com atividade motora clônica da parte do corpo controlada pela região cortical de origem da crise. Da mesma forma, uma crise com origem no giro pós-central provoca o surgimento de sinais somestésicos na parte do corpo correspondente à zona de recepção cortical sensorial. -Entretanto, a crise parcial pode generalizar-se secundariamente quando, então, se acompanhará de perda da consciência e da presença ou não de sinais convulsivos generalizados. As crises parciais complexas por sua vez são caracterizadas pela presença de sinais focais de origem límbica e são geralmente acompanhadas de alterações da consciência desde o início, com ou sem a presença de automatismos. -Nas crises generalizadas ocorre o envolvimento das regiões corticais de ambos os hemisférios desde o início da atividade epiléptica, sendo acompanhadas de perda da consciência. Crise de ausência, crises mioclônica e tônico-clônica são exemplos de crises generalizadas. Uma crise de ausência é caracterizada por uma interrupção da atividade, acompanhada de olhar para o infinito com duração de 5 a 15 segundos, seguida do retorno à atividade normal. - A crise mioclônica consiste de breves abalos musculares, semelhantes a choques, os quais podem ser confinados a uma extremidade ou generalizados. Uma crise tônica consiste de contração muscular sustentada, enquanto que uma crise clônica consiste de contrações musculares alternantes dos músculos flexores e extensores. - O mais frequente é que o paciente apresente um período inicial de atividade tônica seguido por um período de atividade clônica . As crises parciais complexas são as mais frequentemente observadas na clínica. Caracterizam-se pela presença de automatismos, principalmente orofaciais, acompanhados de embotamento da consciência, e geralmente se iniciam no lobo temporal. Não será epiléptico: -O indivíduo que apresenta crises epilépticas na vigência de processos patológicos em atividade (meningite, distúrbios 5 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 metabólicos, fenômenos hipóxicos) e que desaparecem após a eliminação dos mesmos. -O indivíduo que apresenta uma única crise epiléptica durante a vida ou uma série de crises num certo espaço de tempo que não mais se repetiu. -O indivíduo que apresenta crises epilépticas ocasionais em função de certas afecções que lhe são peculiares (hipocalcemia, hipoglicemia, convulsões febris entre outros). FONTES Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Epilepsia, 2013; MS Epilepsias e hipertensão arterial sistêmica, 2006,Fulvio Alexandre ScorzaI; Convulsões e epilepsia em crianças: classificação, etiologia e características clínicas, Angus Wilfong, MD – 2018 Atualização em epilepsia: revisão de literatura – Lilian Lucia de Oliveira Costa – 2020 Avaliação e Conduta da Epilepsia na Atenção Básica e na Urgência e Emergência – 2018 MS OBJETIVO 2: COMPREENDER OS PRINCÍPIOS DA HEREDITARIEDADE DAS EPILEPSIAS. HEREDITARIEDADE EPILEPSIA - Na década de 1950, os estudos começaram a propor evidências científicas para a predisposição genética a epilepsias generalizadas idiopáticas (EGI). Estes estudos iniciais informaram que o risco de desenvolver epilepsia era de 1,5 a 5 vezes maior para os parentes de pacientes epilépticos do que aquele observado na população geral. - Além disso, o risco para os parentes de pacientes com EGI era o dobro daquele observado para pacientes com epilepsia focal7. Estes resultados foram confirmados por estudos de gêmeos em que os índices de concordância para gêmeos monozigóticos (MZ) foram maiores do que para gêmeos dizigóticos (DZ). - As epilepsias focais, por outro lado, até recentemente eram consideradas não genéticas. Esta noção provavelmente seguia o reconhecimento que a epilepsia após lesões ambientais geralmente é parcial, e que uma proporção maior das epilepsias parciais, em oposição às generalizadas, têm origem ambiental. No entanto, a importância das contribuições genéticas às epilepsias focais hoje está estabelecida. - O estabelecimento da condição epiléptica é um processo complexo e multifatorial, dependente de interações entre fatores epileptogênicos e o componente genético do indivíduo. De acordo com o grau de associação desses fatores na patogênese, as epilepsias podem ser classificadas em mendelianas ou monogênicas, quando uma mutação em um único locus gênico é suficiente para o estabelecimento da condição; e em epilepsias complexas ou poligênicas, quando o componente genético apenas determina um limiar de susceptibilidade. - Durante a última década, grande progresso tem sido feito na descoberta de genes que causam ou que influenciam o estabelecimento da condição epiléptica. Tem-se observado que alteração em canais iônicos é uma das principais causas das epilepsias idiopáticas monogênicas e de predisposição nas epilepsias geneticamente complexas. Por outro lado, também se tem observado que as síndromes nas quais a epilepsia é um aspecto importante do quadro clínico podem ser provocadas por genes envolvidos em diferentes vias celulares, tais como: migração neuronal, metabolismo de glicogênio e atividade na cadeia respiratória. - Assim, acredita-se que diferentes categorias de genes possam atuar na determinação do traço epiléptico. A identificação de tais famílias de genes não apenas nos ajudará a entender as vias moleculares associadas à hiperexcitabilidade neuronal e, por conseguinte, ao processo epileptogênico, mas deverá também levar ao desenvolvimento de novas e mais precisas estratégias de tratamento da epilepsia. -Muitos dos aproximadamente 30 mil genes humanos podem estar associados à epilepsia por meio de alterações genéticas ou de alterações na expressão gênica. As alterações genéticas são aquelas que ocorremna estrutura física do gene, como as mutações ou polimorfismos, e contribuem para epileptogênese agindo diretamente como causa primária ou, indiretamente, no estabelecimento do limiar de susceptibilidade. -Embora algumas dessas alterações possam ser adquiridas de novo, a maior parte delas é transmitida hereditariamente. Por outro lado, as alterações de expressão gênica são aquelas que interferem estritamente na modulação da atividade gênica, sem o envolvimento de lesões físicas no DNA. Esse tipo de alteração geralmente reflete mudanças nos níveis ou na localização dos produtos gênicos e é deflagrada por insultos epileptogênicos. -A alteração genética é causa primária da epilepsia quando o seu efeito é determinante para o estabelecimento das crises recorrentes. Neste caso, os pacientes geralmente são portadores de mutações em um único locus gênico, o que confere ao traço epiléptico um padrão Mendeliano de herança. Tais grupos de epilepsia são os do tipo idiopático, sendo denominadas de epilepsias idiopáticas monogênicas ou Mendelianas (EIM). Por outro lado, quando uma alteração genética atua aumentando discretamente o risco de ocorrência de crises epilépticas recorrentes, diz-se que ela contribui para o estabelecimento do limiar de susceptibilidade, e os genes portadores de tais lesões são denominados de genes de susceptibilidade. https://www.uptodate.com/contents/seizures-and-epilepsy-in-children-classification-etiology-and-clinical-features/contributors 6 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 - Os tipos de epilepsia que ocorrem em famílias incluem epilepsia de ausência na infância (CAE), epilepsia mioclônica juvenil (JME), convulsões fotossensíveis (causadas pela sensibilidade à luz), epilepsia generalizada com crises febris (GEFS +) e convulsões focais. No entanto, o mais comum é que ocorram diferentes tipos de epilepsia na família, ou seja, a criança pode desenvolver um tipo de epilepsia diferente daquela de outros familiares. - As pesquisas sobre a hereditariedade da epilepsia vêm sendo realizadas há muito tempo e nos últimos anos os resultados indicam que será possível compreender melhor as causas genéticas da doença. Até o momento, resumidamente, já sabemos que: O risco de uma criança herdar a epilepsia depende do tipo de epilepsia que está ocorrendo na família, quais membros da família tem a epilepsia, e a idade em que começaram a desenvolver a doença Alguns tipos de epilepsia têm maior risco de serem herdados Algumas pessoas não herdam a epilepsia, mas herdam uma forma leve de convulsão Algumas crianças nascem com alterações em genes específicos que causam o desenvolvimento da epilepsia À exceção das crianças com esclerose tuberosa, menos de 15 em cada 100 crianças nascidas de pais com epilepsia herdarão a doença. - O conceito de etiologia genética aplica-se quando a epilepsia é o resultado direto de uma mutação genética conhecida ou presumida, em que as crises são o principal sintoma da doença. As epilepsias com etiologia genética são bastante diferentes e, na maioria dos casos, os genes implicados não são ainda conhecidos. - Primeiro, a inferência de uma etiologia genética pode basear-se somente numa história familiar sugestiva de hereditariedade autossômica dominante. Por exemplo, na síndrome de epilepsia neonatal benigna familiar, muitas famílias têm mutações de um dos genes dos canais de potássio, KCNQ2 ou KCNQ339. Pelo contrário, na síndrome da epilepsia do lobo frontal noturna autossómica dominante, a mutação responsável é conhecida apenas numa minoria dos indivíduos. - Segundo, uma etiologia genética pode ser sugerida pela investigação clínica em populações com a mesma síndrome como a epilepsia de ausências da infância e a epilepsia mioclónica juvenil. A evidência de uma base genética provém de estudos genéticos clínicos como os estudos de gémeos de Lennox dos anos 50 do século XX e estudos de agregação familiar. - Terceiro, pode ter sido identificada uma base molecular que interfere na função de um ou vários genes com efeitos importantes. Há um número crescente de doentes com alterações genéticas conhecidas que causam tanto epilepsias graves como ligeiras. A genética molecular permitiu a identificação de mutações num grande número de genes que são causadoras de epilepsias em 30-50% das crianças com encefalopatias epiléticas e do desenvolvimento graves, surgindo mais frequentemente de novo. - O exemplo mais conhecido é a síndrome de Dravet em que mais de 80% dos doentes tem uma variante patogénica do SCN1A. É notável que uma etiologia monogénica possa causar um espetro de epilepsias, desde ligeiras a graves, como as mutações SCN1A que estão associadas à síndrome de Dravet e a epilepsias genéticas com crises febris plus (GEFS+), com implicações no tratamento. - Compreender o espetro fenotípico associado a mutações de um gene específico é uma informação crucial, uma vez que a identificação de uma mutação num gene, por si só, pode não permitir predizer o desfecho. A interpretação do seu significado deve ser considerada no contexto da apresentação eletroclínica. Assim, até à data, a maioria dos genes mostrou heterogeneidade fenotípica e a maioria das síndromes revelou heterogeneidade genética. - Além de a epilepsia ter uma hereditariedade complexa, com múltiplos genes implicados, com ou sem contributo ambiental, podem também ser identificadas variantes de suscetibilidade que, apesar de contribuírem para a epilepsia, não são, por si só, a sua causa45,46. Neste contexto, não haverá história familiar de crises porque os outros membros da família não têm variantes genéticas suficientes para serem afetados. - É importante notar que “genético” não é sinónimo de “herdado” já que têm sido identificadas cada vez mais mutações de novo, tanto em epilepsias graves como ligeiras47-52. Isto significa que o doente tem uma mutação que surgiu nele, sendo por isso pouco provável que exista história familiar de crises e que tenha herdado a mutação genética. No entanto, este doente pode ter agora uma epilepsia hereditária. Se o indivíduo tiver uma mutação de novo, a sua descendência terá um risco de 50% de herdar a mutação. Isto não significa necessariamente que as suas crianças terão epilepsia, uma vez que a sua expressão ainda vai depender da penetrância dessa mutação. - A etiologia genética não exclui uma contribuição ambiental. É bem aceite que os fatores ambientais contribuem para distúrbios com crises; por exemplo, muitos indivíduos com epilepsia são mais suscetíveis a ter crises com a privação de sono, tensão e outras doenças. Uma etiologia genética refere-se a uma variante patogénica (mutação) significativa e causadora da epilepsia naquele indivíduo. - A epilepsia genética é o resultado direto de uma mutação genética conhecida ou presumida na qual as crises epilépticas constituem o sintoma central da doença. As epilepsias na quais a etiologia genética tem sido implicada 7 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 são muito diversas e, na maioria dos casos, os genes responsáveis ainda não são conhecidos. - Primeiramente, a inferência de uma etiologia genética pode ser baseada apenas em uma história familiar de uma doença autossômica dominante.Em segundo lugar, uma etiologia genética pode ser sugerida pela pesquisa clínica em populações com a mesma síndrome. Em terceiro, uma base molecular pode ter sido identificada, podendo implicar um único gene ou variações no número de cópias como efeito maior. - Nas formas de epilepsia que seguem herança complexa, a qual implica que múltiplos genes com ou sem contribuição ambiental, podem ser identificadas variantes de susceptibilidade que contribuem para causar a doença mas são insuficientes, por si só, para causar epilepsia. Nesta situação, pode não haverhistória familiar de epilepsia pois outros membros da família podem não ter variantes dos genes de epilepsia suficientes para serem afetados. - É importante ressaltar que genético não é sinônimo de hereditário. O paciente pode ter uma mutação nova que surgiu nele, e que a mutação genética não foi herdada, e assim, é improvável que haja história familiar de crises. No entanto este paciente pode agora ter uma forma hereditária de epilepsia. - Os fenômenos que levam à epileptogênese (alterações que culminam em epilepsia, isto é, crises convulsivas espontâneas e recorrentes) são pouco compreendidos, porém, sem dúvida são heterogêneos. Por exemplo: traumas cranianos penetrantes têm cerca de 50% de chance de resultar em epilepsia subsequente (meses ou anos após o evento)! Acredita-se que redes neuronais previamente hígidas tornem-se hiperexcitáveis após esse tipo de trauma, constituindo focos epilépticos permanentes. AVC, infecções e anomalias do desenvolvimento cerebral (ex.: disgenesia cortical) também são fatores epileptogênicos clássicos. No caso das síndromes genéticas, os genes implicados geralmente codificam a síntese de receptores ou canais iônicos defeituosos que se localizam na membrana neuronal. FONTES Epilepsia e alterações genéticas, Daniel L. G. Gitaí*, 2008; A genética das epilepsias, Iscia Lopes–Cendes 2008. Classificação das epilepsias da ILAE: Relatório da Comissão de Classificação e Terminologia da ILAE - 2017 OBJETIVO 3: DIFERENCIAR CRISE CONVULSIVA FEBRIL DE CRISE CONVULSIVA EM VIGÊNCIA DE FEBRE. CRISE FEBRIL - Na investigação de um quadro convulsivo acompanhado por febre na infância devemos considerar três possibilidades: infecção de sistema nervoso central;7 estar diante de uma criança epiléptica na qual a crise é desencadeada pelo estresse da febre; e uma convulsão febril. - Convulsão Febril (CF) é uma crise epiléptica que ocorre na infância entre os 6 meses e 6 anos de idade – de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) –, associada a episódios de febre e na ausência de infecção do Sistema Nervoso Central (SNC) ou outra doença neurológica de base que curse com episódios de crise convulsiva. - É o problema neurológico mais frequente em Pediatria. Ocorre geralmente associado a infecções virais do trato respiratório e gastrintestinal ou por infecções urinárias e febre pós-vacinação. As CFs são classificadas em: • 1. Simples: crise generalizada (geralmente tônico-clônica) que dura menos de 15 minutos e não se repete em um período de 24 horas. O exame neurológico pós-ictal é normal; • 2. Complexas: crises que duram mais de 15 minutos e/ou recorrem nas primeiras 24 horas. As crises podem começar como focais e/ou apresentam exame neurológico pós-ictal alterado. Geralmente se associam com maior recorrência de crises febris e incidência discretamente aumentada de convulsões sem febre no futuro. - A incidência varia entre 1 e 14%, dependendo do estudo, e em 90% dos casos o primeiro episódio de CF ocorre entre 6 meses e 3 anos de idade. - As crises convulsivas febris são um dos problemas neurológicos mais comuns da infância e estima-se que 2% a 5% das crianças menores de cinco anos de idade apresentarão pelo menos um episódio de convulsão em vigência de febre na vida. - As convulsões febris são um fenômeno dependente da idade, provavelmente relacionado a uma vulnerabilidade do sistema nervoso em desenvolvimento aos efeitos da febre em combinação com uma suscetibilidade genética subjacente. Além da idade, os fatores de risco mais comumente identificados incluem febre alta, infecção viral, imunização recente e histórico familiar de convulsões febris. - O cérebro imaturo das crianças é mais suscetível a convulsões. Estudos clínicos mostram que ocorre uma combinação entre a excitabilidade aumentada e a inibição https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302008000300023#nt 8 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 diminuída no córtex imaturo de algumas crianças, deflagrando o quadro convulsivo. A maioria das CFs é do tipo simples. - As crises mioclônicas e os espasmos infantis não são considerados manifestações das CFs, portanto necessitam de investigação aprofundada. - As CFs ocorrem geralmente nas primeiras 24 horas após o início dos quadros febris e se correlacionam mais com a rápida velocidade de ascensão da temperatura do que com os valores propriamente ditos. - Muitos quadros de crise convulsiva febril têm componente familiar – predisposição genética –, e um episódio aumenta o risco de recorrência futura em aproximadamente 30%. Entretanto os pais devem ser orientados quando à benignidade do quadro, e deve ser explicado que o uso precoce de antitérmicos não reduz o risco de nova crise – a crise é desencadeada pela velocidade de ascensão da temperatura, e não da temperatura propriamente dita. - A CF tem caráter benigno. De modo geral, 70% das crianças apresentam apenas 1 episódio durante a vida; 30% terão 2 CFs; apenas 10% terão chance de várias CFs. A chance de evolução para epilepsia é pequena. Fatores de risco para recorrência: • a) Idade precoce da primeira crise (< 12 meses); • b) Sexo masculino; • c) Antecedente familiar de CF ou epilepsia; • d) Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor; • e) Menor grau e duração de febre no evento; • f) Crises focais; • g) Duração de crise prévia prolongada. - Convulsões febris devem-se a uma suscetibilidade aumentada a crises epilépticas, são dependentes da idade (6 meses - 5 anos) e geneticamente determinadas. As crises são precipitadas por febre, sem evidência de infecção do sistema nervoso central (SNC) ou outra causa. Há uma leve predominância do sexo masculino (60%). A prevalência é de cerca de 3% das crianças. - As crises duram menos de 15 minutos, são generalizadas e não se acompanham de deficits neurológicos. Não há necessidade de medicamentos anticonvulsivantes preventivos. Cerca de 3% das crianças que tiveram crises febris desenvolvem algum tipo de epilepsia na idade adulta. Em geral, o prognóstico é bom, com desenvolvimentos cognitivo e comportamental adequados. - Crises febris ocorrem em uma faixa etária específica entre 3 meses e 5 anos de idade, com pico de incidência antes dos 2 anos, caracteristicamente no contexto de febre, na ausência de infecção do sistema nervoso central (meningite ou encefalite) ou outra causa definida. Por vezes a crise febril pode ocorrer imediatamente antes da elevação da temperatura ou no contexto de doença infecciosa aguda, porém sem febre (crise febril “afebril”). A ocorrência de crises febris é fortemente influenciada por fatores genéticos. - Convulsão febril (CF) é definida como crise convulsiva acompanhada por febre (temperatura maior ou igual a 38ºC por qualquer método de medida) que ocorre em crianças de 6 meses a 60 meses de idade sem evidência de infecção ou inflamação do sistema nervoso central, alteração metabólica e sem história prévia de crise convulsiva. CFs não devem ser confundidas com epilepsia, que se caracteriza por crises epilépticas afebris recorrentes. - Estudos clínicos e experimentais demonstram que o cérebro imaturo apresenta maior susceptibilidade a convulsões. Os mecanismos fisiopatológicos para a convulsão febril ainda não foram claramente estabelecidos. Penfield e Erikson acreditam que a condição de imaturidade do cérebro, a falta de mielina, a diferença de permeabilidade celular e a atividade elétrica do cérebro da criança são algumas das razões que tornam as crianças mais susceptíveis a convulsões febris do que os adultos. - A maioria das crianças tem convulsões febris no primeiro dia da doença e, em alguns casos, é a primeira manifestação de que a criança está doente. O grau de febre associado a convulsões febris é variável e dependedo limiar de temperatura convulsiva da criança. Embora a febre medida seja na maioria das vezes igual ou superior a 39ºC, aproximadamente 25% dos eventos ocorrem quando a temperatura está entre 38 e 39ºC. As convulsões são frequentemente vistas quando a temperatura aumenta rapidamente, mas o grau de febre, não a taxa de aumento da temperatura, é o estímulo precipitante. - A etiologia do processo infeccioso não parece ser determinante para a crise febril. Entretanto, a presença de febre é essencial, embora não se conheça seu mecanismo de ação. Os vírus são normalmente mais envolvidos com convulsões febris, por serem os mais prevalentes na comunidade. É comum a associação com o exantema súbito (Roseolainfantum), e menos frequentemente com o sarampo. O tipo de doença desencadeante da febre mais frequente é a doença respiratória. Alguns estudos observaram sazonalidade na incidência das convulsões febris, sendo maior no outono, quando a taxa de doenças respiratórias é maior. - Crises febris podem manifestar-se com abalos motores generalizados ou, principalmente, em crianças com menos de um ano de idade, sem abalos motores, nas quais a criança permanece arresponsiva, hipotônica, com olhar fixo. - As crises febris podem manifestar-se como crises febris simples, com abalos generalizados de duração menor que 15 minutos ou como crises febris complicadas, que apresentem algumas das seguintes características: duração maior que 15 9 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 minutos, crises reentrantes ou crises com sinais focais (abalos ou enrijecimento muscular unilateral, paresia unilateral pós-ictal). Crises febris complicadas associam-se a maior risco de desenvolvimento de epilepsia. - De modo geral, as convulsões febris são tônico-clônicas generalizadas, de curta duração, únicas e precoces em uma mesma doença febril. Essas características definem as convulsões febris simples ou típicas. Crises com duração maior que dez minutos, parciais, que se repetem durante o mesmo episódio febril, e acompanhadas por sinais neurológicos transitórios são denominadas atípicas ou complexas. 5 Aproximadamente 80% das crises convulsivas febris são do tipo simples. - De um modo geral, a maioria das crianças com CF apresenta um único episódio durante a vida. 1 O risco de recorrência da crise febril varia em torno de 30%, sendo mais comum entre seis meses e três anos de idade. Além disso, a chance de recorrência diminui com o passar do tempo. - Na avaliação inicial de uma criança que se apresente com crise febril é importante excluir infecção do sistema nervoso central e precipitantes agudos como traumatismo craniano e intoxicação medicamentosa. - Crises febris acometem crianças sem antecedentes neurológicos. Nesse contexto, crises febris simples não implicam em lesão neurológica ou desenvolvimento futuro de epilepsia, porém há maior risco de recorrência de outros episódios de crise febril. - Crises associadas a febre que ocorrem em crianças com antecedentes neurológicos significativos (atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, doença neurológica prévia) não devem ser classificadas inicialmente como crises febris, mas como crises associadas à febre. Esses pacientes devem ser investigados, pois existe maior risco de desenvolvimento posterior de epilepsia. DIFERENÇAS - Existe muita diferença entre convulsão febril e convulsão em vigência de febre. Na convulsão febril, a febre é considerada a causa da convulsão. Só acontece em crianças menores de 5 anos. Isso porque nesta idade o sistema nervoso ainda é considerado imaturo.Nestas crianças realizamos o EEG para confirmar nossa hipótese, e o EEG é normal. Confirmando que a febre causou a crise convulsiva. -Tipicamente as crises convulsivas são generalizadas e rápidas, além de não se repetirem no mesmo dia. Quando demoradas ou focais são monitoradas com mais cuidado pelo neurologista por estar fugindo ao padrão típico da crise febril. Já qualquer criança ou adulto que possua epilepsia em seus diversos tipos pode ter crise no momento da febre, ou seja, crise em vigência de febre. Na crise em vigência de febre, a febre não causou a crise convulsiva, apenas desencadeou o que já existia. Descompensou o quadro da epilepsia. E isso é muito comum, durante quadro febril nosso organismo sofre mudança no seu metabolismo. Perdemos a fome, aumentamos a sensação de sede, existe um aumento de diversas substâncias, além de anticorpos e imunoglobulinas. - Uma verdadeira revolução que pode mudar o metabolismo das drogas usadas para o controle de crises. Neste caso a crise terá as características da epilepsia que a criança já possui, o EEG apresenta as alterações da epilepsia em questão. - Nas crises febris a criança normalmente não possui atrasos, pois o motivo da crise se relaciona com a imaturidade do sistema nervoso próprio da idade .As crises são rápidas e não se repetem facilmente, o que também favorece o curso benigno.Existem casos de crises febris complicadas, demoradas e até evoluindo para status, mas não é a regra, é exceção.Tratamos as crises febris exatamente pelo risco de que a repetição delas possa causar prejuízo e aumento da probabilidade de casos de epilepsia no decorre da vida. - A crise na vigência de febre pode acontecer em qualquer idade, até mesmo em adultos que já possuam o diagnóstico de epilepsia. Não se relaciona com imaturidade do sistema nervoso e sim com a mudança do metabolismo do organismo e das drogas em uso. -Portanto torna-se vital o controle rigoroso da febre em pacientes portadores de epilepsia, por este ser um fator desencadeante de crises. - É fundamental estabelecer a diferença entre convulsão febril e crises epilépticas em vigência de febre. Na primeira situação, temos uma condição benigna, autolimitada, que não evolui com anormalidades neurológicas e deficit cognitivo ao longo do tempo. Após os cinco anos, a criança não volta a recorrer em crises e não se transforma em um indivíduo epiléptico no futuro. As crises convulsivas podem ocorrer com maior frequência durante a febre em crianças com epilepsia. A epilepsia é uma doença crônica, caracterizada pela recorrência (mais de uma crise em um intervalo maior que 24h) de crises convulsivas de natureza afebril, na grande parte dos casos. A hipertermia observada durante os processos infecciosos pode reduzir o limiar convulsivo, e estas crianças podem apresentar, então, crises epilépticas em vigência de febre por alguma infecção intercorrente. Este conceito difere daquele apresentado para as crises febris. FONTES Características clínicas e avaliação de convulsões febris -John J Millichap 2019 Convulsões – Adriana Rocha Brito 2017 Convulsão febril: aspectos clínicos e terapêuticos. Artigo de revisão – Sara Pinheiro de Alencar 2015 https://www.uptodate.com/contents/clinical-features-and-evaluation-of-febrile-seizures/contributors https://www.uptodate.com/contents/clinical-features-and-evaluation-of-febrile-seizures/contributors
Compartilhar