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Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 ¨ Conceito: Costuma-se utilizar a expressão pagamento para significar o desempenho voluntário da prestação devida. ® Como a linguagem comum nos sugere, o termo pagamento não significa apenas a entrega de um dinheiro. Pode também, ter o sentido de cumprimento voluntario de qualquer espécie de obrigação. O pagamento possui três elementos fundamentais: ® Vinculo obrigacional = fundamento da causa ® Sujeito ativo do pagamento = devedor (solvens) ® Sujeito passivo do pagamento = credor (accipiens). Será estudado as condições subjetivas e objetivas legalmente exigidas para que o pagamento seja considerado válido. Condições subjetivas do pagamento: ¨ De quem deve pagar É claro, que o sujeito passivo da relação obrigacional é o devedor, portanto, é este que está legitimado a efetuar o pagamento. Mas, também poderá solver o débito pessoa diversa do devedor, sendo terceiro interessado, podendo estar ou não juridicamente interessada no cumprimento da obrigação. ¨ Art. 304 do CC. O Código Civil apresenta dois tipos de terceiros: ® Terceiro interessado: é aquela que sem integrar o polo passivo da obrigação (diretamente), se interessa em pagar. Exemplo: o fiador que se obriga ao cumprimento da obrigação caso o devedor não o faça. ® Terceiro NÃO interessado: A pessoa não guarda vinculação jurídica com a relação obrigacional. O interesse meramente moral. É um sentimento de solidariedade familiar ou social. Exemplo: pai que paga a divida do filho maior, ou do provecto amigo. A partir disso, pode ocorrer 2 situações: 1. Terceiro não interessado paga a divida em nome e à conta do devedor. ¨ Art. 304, paragrafo único do CC. Aqui, o terceiro não tem o direito de cobrar o valor que foi pago, uma vez que o fez, não por motivos patrimoniais, mas por “sentimentos”. Porém, processualmente, o terceiro não interessado, que paga a divida em nome e conta do devedor, deverá demonstrar sua legitimidade para faze-lo, tendo em vista que ajuizará a ação para que receba a quitação. 2. Terceiro não interessado paga a dívida em seu próprio nome. ¨ Art. 305 do CC. Teoria do Pagamento Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Aqui, o terceiro tem o direito de reaver o que pagou, mas não se sub-roga no direito de credor. Só poderá cobrar o devedor o que pagou. Exemplo: fiança criminal (está na doutrina o exemplo completo) Há casos em que pessoas poderão valer-se de legitimidade conferida ao terceiro não interessado para se tornarem credoras do devedor, piorando a situação econômica do devedor. Isto é, pessoas que agem de má-fé. Para evitar isso, o CC reconhece ao devedor a faculdade de opor-se ao pagamento da dívida por terceiro, quando houver justo motivo para tanto. ¨ Art. 306 do CC. Havendo o desconhecimento ou oposição do devedor, e o pagamento ainda assim se der (terceiro pagar), o terceiro não terá direito ao reembolso, desde que o devedor, obviamente, disponha de meios para solver a obrigação. ® Diz-se que há uma obrigação natural atípica. Há situações do pagamento que importe transferência de domínio/ propriedade. ¨ Art. 307 do CC. Aqui, por razões obvias, o pagamento só poderá ser feito pelo titular do objeto cuja propriedade se pretenda transferir. Isto é, somente o dono da casa, por exemplo, pode transferir sua casa como pagamento. ® Deseja evitar a alienação a non domino (não proprietário). ¨ Pagamento de coisa fungível. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. ¨ Art. 307, parágrafo único, CC. Nesse caso, o devedor pagou para a pessoa errada. O verdadeiro proprietário da coisa deverá exigir, não do credor de boa-fé, mas do próprio devedor, as perdas e danos devidas por forca da alienação indevida. ¨ Daqueles a Quem se Deve Pagar ¨ Art. 308 do CC O pagamento poderá ser feito às seguintes pessoas: ® Credor; ® Representante do credor: Pode ser o representante legal ou convencional do credor, para efetuar o pagamento. Há também a representação judicial. ® O terceiro: O pagamento pode ser realizado por terceiro, nas hipóteses em que a lei autoriza. Observação: Mas se o devedor não tomou cuidado a quem foi pagar, efetuando um pagamento a um qualquer, poderá sofrer as consequências. “Quem paga mal, paga duas vezes” Poderá ocorrer a transferência Inter vivos = cessão de crédito Pode ocorrer por post mortem = morte do credor originário. Pagamento feito ao credor cujo crédito foi penhorado ou impugnado: Aqui, caso o devedor seja intimado de penhora feita sobre crédito do credor, ou de Direito Civil III | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 impugnação oposta a ele por terceiro, NÃO DEVERÁ PAGAR O CREDOR. ® Pois o pagamento não seria valido com relação a terceiro, e poderá constranger o devedor a pagar novamente. ® Nesse caso o devedor terá direito de regresso, art. 321 do CC. Exemplo: Pontes deve a Rui R$ 1.000,00, e descobre que o crédito se encontra penhorado. Mesmo assim, paga a Rui. Posteriormente, o exequente exige pagamento de Pontes. Dada a invalidade do pagamento feito a Rui, Pontes terá de pagar novamente, mas poderá cobrar de Rui os R$ 1.000,00 que lhe deu. Pagamento feito ao credor putativo Nesse caso, o pagamento feito de BOA-FÉ ao credor aparente é considerado pela lei válido, ainda que se prove posteriormente que o acipiente não era o credor. ¨ Art. 309 do CC Pagamento feito ao credor incapaz de dar quitação: Aqui diz respeito ao pagamento feito a quem, embora CREDOR, era INCAPAZ de dar quitação. Dispõe o art. 310 do CC: Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. Pergunta-se: Incapacidade a que se refere o artigo é a relativa, a absoluta ou ambas? Não importa se a incapacidade é absoluta ou relativa; basta que se trate de credor incapaz de quitar, ou seja, que não tenha capacidade plena. Se o devedor paga ao credor incapaz sem ter ciência da situação, é válido o pagamento? Sempre que o pagamento é feito ao credor incapaz SEM QUE O DEVEDOR TENHA CIÊNCIA DO FATO, o pagamento é válido, não sendo sequer anulável. Problemática: provar na alegação do processo.
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