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Conceito de Pagamento Já vimos que as obrigações tem um ciclo vital: elas nascem de diversas fontes, como a lei, contrato, as declarações unilaterais e os atos ilícitos, vivem e desenvolvem-se por meio de suas várias modalidades: dar, fazer e não fazer, e finalmente extingue-se. A extinção ocorre pelo cumprimento, que a nossa Lei Substantiva (o Código Civil) denomina de PAGAMENTO. Os romanos chamam de Solucio, palavra derivada de Solvere. O cumprimento ou solucio (solução constitui a forma maus natural de extinção das obrigações. A obrigação; a dívida SOLVE-SE, RESOLVE-SE, PAGA-SE. De acordo, com os melhores doutrinadores, pagamento é uma forma de liberação do devedor, mediante o cumprimento da obrigação (adimplemento). Natureza jurídica do pagamento A doutrina tem se manifestado na dificuldade de expressar a natureza jurídica do pagamento. Embora a palavra pagamento seja usada comumente, para indicar a solução em dinheiro de uma alguma dívida, o legislador a empregou no sentido técnico-jurídico de execução de qualquer espécie de obrigação, assim: O devedor que cumpre a obrigação quando realiza a prestação que está vinculado. O pagamento é um FATO Jurídico. O pintor que termina um retrato que foi encomendado. Esse fato jurídico se transformou em um ATO Jurídico, no momento em que ele comunica o término do trabalho ele coloca à disposição daquele que fez a encomenda. O pagamento é, também um NEGÓCIO Jurídico uma vez que, as partes fazem dele um meio de extinguir a obrigação. O pagamento é o principal modo de extinção das obrigações e pode ser DIRETO e INDIRETO. Pagamento Indireto: é o cumprimento por meio diferente do pagamento originariamente definido. Entre os meios indiretos encontram-se, a Novação, a Sub-rogação, a Consignação em pagamento, a Imputação em Pagamento, a Dação em Pagamento, a Compensação, a Remissão e a Confusão. O novo Código Civil preferiu inserir o Compromisso e a Transição entre negócio jurídico. Novação Extingue a obrigação anterior Sub-rogação Não extingue a obrigação anterior Dação em pagamento Extingue a obrigação anterior Consignação em pagamento Depósito judicial do bem Imputação em pagamento Indicação da prestação que é cumprida Compromisso Arbitragem Remissão Perdão Confusão A mesma pessoa é credora e devedora Compensão Reciprocidade de obrigação Transação Concessões mútuas Requisitos do pagamento REQUISITOS SUBJETIVOS Quem paga = devedor SOLVENS O Art. 304 afere quem deve efetuar o pagamento, imputando tal dever a qualquer interessado. O adimplemento será realizado pelo SOLVENS, que significa aquele que paga. Quem paga? O próprio devedor, a pessoa interessada e o terceiro não interessado. PAGAMENTO EFETUADO PELO PRÓPRIO DEVEDOR O pagamento efetuado pelo devedor não constitui apenas uma forma de extinguir a obrigação. É um direito seu. A lei oferece meios coercivos para forçar o credor a receber. Ele deverá consignar. PAGAMENTO EFETUADO POR PESSOA INTERESSADA (CAPUT DO ART. 304) Só se considera interessado quem tem interesse jurídico na extinção da dívida, como por exemplo, a pessoa do fiador que está vinculada a um contrato, ou o codevedor solidário. Ao efetuar pagamento, o terceiro interessado sub-roga-se no crédito, assumindo a posição idêntica ao do credor originário (Art. 346, III), cabe a ação in rem verso. PAGAMENTO EFETUADO POR TERCEIRO NÃO INTERESSADO A pessoa não interessada não tem interesse jurídico na solução da dívida, mas tem outras espécies de interesse, como moral, decorrente de amizade ou relacionamento. Exemplo: pai que paga a dívida de filho ou o filho que paga o débito alimentar do pai perante sua esposa. O faz por simples liberalidade, ou por mero espirito de filantropia. Os terceiros não interessados podem até mesmo consignar pagamento, em caso de recusa do credor em receber, desde que, porém, o façam em nome e à conta do devedor, agindo assim como seu representante. Pode ocorrer que o devedor tenha justos motivos para não pagar a dívida e se surpreenda ao ver que um terceiro se adiantou no pagamento. É o caso de dívida não exigível, dívida prescrita. O Art. 306 diz: Daquele a que se deve pagar (Art. 308 a 312) Quem recebe = credor ACCIPIENS A figura do credor é de vital importância na relação obrigacional. O pagamento pelo devedor é substituível por terceira pessoa, com facilitação do ordenamento jurídico neste sentido. O ACCIPIENS normalmente será o credor, a quem sem dirige a utilidade da prestação. Para se evitar duplo pagamento, a regra geral preceitua que o pagamento fará ao Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Art. 304 Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. credor ou a quem o representante legal, judicial ou convencionalmente. 1. PAGAMENTO EFETUADO DIRETAMENTE AO CREDOR O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente. No entanto, podem ocorrer exceções, pois credor não é somente aquele em cujo favor se constitui originalmente o crédito. Pode ocorrer que, no momento de ser efetuado o pagamento, o credor originário já tenha sido substituído. Tal substituição pode ter sido efetivada por ato entre vivos, como a cessão de crédito, como por ato de morte, quando o herdeiro ou legatário estará na posição de accipiens. Se forem vários os credores, como nas obrigações solidarias, qualquer um deles pode receber o crédito. 2. PAGAMENTO EFETUADO AO REPRESENTANTE DO CREDOR O Artigo 308, diz que é valido (eficaz) o pagamento feito ao representante do credor. O representante do credor em nome do interessado, no lugar do representado. A representação pode também, decorrer de bia judicial como é o caso do sindico em uma falência, de um administrador de bens penhorados. 3. PAGAMENTO EFETUADO A TERCEIRO QUE NÃO É O CREDOR Podem os contraentes estipular que o accipiens seja um terceiro. Este não pode ter nenhuma relação material com a dívida, apenas está autorizado a recebê-la. 4. PAGAMENTO EFETUADO AO CREDOR PUTATIVO Também está autorizado a receber o credor putativo, nos termos do Art. 309. Cuida- se de mais uma aplicação da teoria da aparência. O direito não pode prescindir da aparência. A lei condiciona a validade do pagamento ao fato de o accipiens ter a aparência de credor e estar o solvens de boa- fé. O Código Civil 2002 não modificou o preceito trazido pelo Código anterior. Credor putativo é aquele que se apresenta como verdadeiro credor aos olhos de todos. Exemplo de credor putativo: alguém que paga uma dívida a um assaltante, que se instalou no guichê de recebimento de um estabelecimento comercial. 5. PAGAMENTO EFETUADO AO CREDOR INCAPAZ O Art. 310, refere-se ao pagamento cientemente feito ao incapaz de quitar. Nesta situação o solvens tem pleno conhecimento da incapacidade civil do accipiens. O representante legal pode impugnar o pagamento. Cabe ao solvens provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz. É o caso, por exemplo, de pagamento efetuado a um prodígio. Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. Art. 309. O pagamento feito de boa-féao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. 6. PAGAMENTO EFETUADO AO CREDOR CUJO CREDITO FOI PENHORADO Requisito essencial que o solvens tenha tomado ciência da penhora. Se pagar ao credor assumira o risco. REQUISITOS OBJETIVOS DO PAGAMENTO 1. Do objeto do pagamento; 2. Da prova do pagamento; 3. Do local do pagamento; 4. Do tempo do pagamento. De acordo com o Art. 313, o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. O dispositivo consagra o princípio da exatidão da prestação, nos termos do contrato, segundo os ditames da boa-fé objetiva. Ou seja, o pagamento deve compreender, como objeto, aquilo que foi acordado. Nos termos do Art. 314, ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber por partes, se assim não se convencionou. Nos termos do Art. 315, as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento em moeda corrente e pelo valor nominal, como regra geral. O Art. 317, se aproxima no Art. 6.º do Código de Defesa do Consumidor, ao permitir a revisão contratual e correção do desequilíbrio das prestações. Prova é a demonstração material de um fato, pois quem paga tem o direito de se munir de prova desse pagamento, da quitação regular (Art. 319). O Art. 320, fala sobre os requisitos do recibo, instrumento de quitação. Recibo é o documento idôneo para comprovar o pagamento das obrigações de dar e de fazer. Nas obrigações de não fazer, a prova cabe ao credor. São requisitos do recibo: QUITAÇÃO O termo quitação cem do latim quietare, que significa deixar tranquilo, acalmar. É dever do credor dar quitação, pois é um direito do dever. A Lei 8.245/91, Lei do Inquilinato, no Art. 44, I diz que é crime a recusa do fornecimento de recibo de aluguel. A posse do título pelo credor é presunção de que o título não foi pago, dai o credor terá de declarar que inutilizará o título desaparecido. A entrega do título ao devedor firma a presunção de pagamento (Art. 324). PRESUNÇÕES DE PAGAMENTO (ART. 322) Quando o pagamento for em quotas periódicas, com a quitação da última presume-se que as anteriores sejam pagas. há situações em que a quitação da última conta não faz presumir a quitação dos débitos anteriores, como no caso das contas de fornecimento de energia elétrica. O artigo 327CC diz que o pagamento deve ser efetuado no domicilio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente. Quando o pagamento é efetuado no domicílio do devedor a dívida é quérable. Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante Quando o devedor procura o credor em seu domicílio, ou no local por ele indicado e a dívida é portable. Se forem designados dois ou mais lugares para o pagamento a escolha cabe ao credor (Parágrafo único). Quando o pagamento tiver que ser feito em outro lugar, arcará o devedor com as despesas do credor. Outra regra importante: O pagamento feito reiteradamente em outro local, presume-se que o credor renunciou ao estabelecido em contrato. Obrigações puras quando as partes ou a lei não estipulam prazo para pagamento. A prestação pode ser exigida a qualquer momento. Obrigação a termo são as obrigações com prazo fixado, até as 24 horas do dia. Entre nós o prazo presume-se em favor do devedor (Art. 133). Nada impede que ele cumpra antecipadamente a obrigação. O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, sob pena de ter que descontar os juros correspondentes. No dia, na data o pagamento, termo final, pode ser feito até a expiração das 24 horas do dia, com exceção do horário comercial, bancário ou forense. No caso do credor ele poderá cobrar a dívida antes do vencimento, em três situações, nos termos do Art. 333. I- Quando o passivo do devedor supera o ativo e ele não tem condições de alterar a situação (falência do devedor); II- Quando há garantia real, representada por hipoteca ou penhor, os bens dados em garantia sofrem penhora por outro credor; III- Quando há uma diminuição na garantia pessoal ou real, ou mesmo sua perda. Exemplo: morte do fiador ou desaparecimento da coisa caucionada. O devedor deve ser intimado para reforçar a garantia. Se não o fizer, a lei autoriza a cobrança antes do vencimento da dívida.
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