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Direito civil Teoria do pagamento ou do adimplemento Pagamento: é o cumprimento voluntário de qualquer obrigação/prestação; não se refere só a valores. Não há um consenso na doutrina. Uns entendem que é um Ato jurídico stricto sensu; Outros entendem que é um Negócio Jurídico; Roberto de Ruggiero entende que ora será uma coisa e ora será outra. Vai depender da natureza jurídica da obrigação. 1. Exatidão O pagamento deve ser exato; Deve ser integral, não parcial; Quando for exato, deverá ser direto. Ex: Se eu devo 10 vacas, tenho que pagar as 10 vacas. Se eu paguei somente 9, ainda estou inadimplente. Devo pagar a pessoa certa e no valor correto, se não será pagamento indevido. Porém este pagamento poderá ser feito de forma indireta: Será indireto (forma especial de pagamento) quando ocorrer de forma diversa. Ex: Alguém entra com uma ação exigindo o pagamento por uma tutela Obrigações Conceito Natureza jurídica – o que significa para o direito? Requisitos de validade do Pagamento específica – haverá o pagamento de forma indireta, não foi de forma voluntária. Outro ex. é: Devo 10 vacas e a prestação vence, não tenho condição e ofereço meu carro como forma de pagamento – instituto dação em pagamento. Se o pagamento for errado, estaremos diante de um pagamento indevido. 2. Licitude O pagamento tem que ser lícito, e, a obrigação anterior deve ser válida. Se a obrigação for inválida, o pagamento será inválido – então estaremos diante de um pagamento indevido. Ex: Pagamento feito a pessoa errada: estaremos diante de um pagamento subjetivamente indevido. Ex: Pagamento feito a pessoa certa, mas no valor errado: objetivamente indevido. Nas hipóteses de pagamento indevido caberá uma ação: - Ou a repetição de indébito, ou; - Actio in rem verso – Art. 876, CC. (efeito processual do pagamento indevido) 3. Espontaneidade Animus solvendi (intenção de pagar); Se a pessoa não houver a intenção de pagar irá se configurar em um pagamento indevido, ou em uma forma especial de pagamento. Se não houver a espontaneidade poderá estar ocorrendo algum dos vícios já estudados, como por ex. a coação. 4. Sujeitos do Pagamento Sujeito ativo: “Solvens” (quem paga) ou o pagador. Devemos nos atentar, pois o devedor nem sempre será o “solvens”, outra pessoa poderá pagar por ele. Sujeito Passivo: “Accipiens”(quem recebe) ou recebedor. Atenção: os sujeitos do pagamento deverão ser analisados na hora do adimplemento! 1. Devedor 2. Terceiro interessado 3. Terceiro não interessado Devedor Regra geral: o devedor é o sujeito ativo do pagamento, ou o “solvens”. Terceiro interessado Interessado: todos aqueles que possuem um vínculo com a relação obrigacional e, portanto, tem interesse no pagamento da dívida. Exemplos de Terceiro interessado: fiador, avalista, herdeiro, sublocatário, co- devedor solidário, etc. Regra geral: Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la. O interessado poderá utilizar de todos os remédios jurídicos para o pagamento da dívida, mesmo que o credor se oponha ao pagamento – exceto se a obrigação for personalíssima. Obrigação personalíssima: O credor não é obrigado a aceitar pagamento de terceiro quando a obrigação do devedor primitivo for personalíssima, nesse caso a obrigação deverá ser paga pelo próprio devedor. Consequências jurídicas do pagamento efetuado pelo terceiro interessado: Ocorre a sub-rogação da obrigação – transfere todos os direitos e deveres (art. 349, CC); Esta sub-rogação é automática (art. 346, CC): “Ope legis” ou “ipso juri” Terceiro não interessado O terceiro não interessado não tem relação jurídica com a relação obrigacional. Ele pode ter um interesse moral ou sentimental em relação ao devedor, ou quanto à dívida, mas não tem relação jurídica com a obrigação. Ex: pai que paga a dívida de um filho. Art. 304, CC – Quem deve pagar a dívida? Solvens Pode pagar a dívida de duas formas: 1. Em nome e à conta do devedor (art.304, par. Único, do CC) O terceiro não interessado que pagar a dívida em nome do devedor não terá direito a reembolso. 2. Em seu próprio nome (Art. 305 do CC) Sub-roga nos direitos do credor: o terceiro não interessado que pagar a dívida em seu próprio nome terá direito a ser reembolsado, no entanto, não poderá assumir todos os demais direitos do credor. Obs: Se pagar em seu próprio nome e exigir cláusula de sub-rogação, ocorrerá a sub-rogação convencional (art. 347, CC). Diferentemente da sub-rogação do terceiro interessado prevista no art. 346, CC, no caso do terceiro não interessado, não ocorrerá automaticamente (em regra). Art. 305 par. Único: se o terceiro não interessado pagar a dívida antes de vencida, somente terá direito ao reembolso na data do vencimento da dívida. O terceiro pagou o credor: a) Sem conhecimento b) Com a oposição do devedor Não obriga o devedor a reembolsar se tinha meios de ilidir a ação. Ilidir a ação: o devedor tinha meios de defesa para extinguir a dívida/obrigação. Aqui é o próprio devedor que está efetuando o pagamento representado por alguém; Representante convencional: contrato (procuração); Representante legal: pais, tutor, curador; Representante judicial: inventariante, administrador judicial. Art. 306 – Pagamento sem conhecimento ou oposição do devedor Representante do devedor Se o devedor (ou terceiro) pagar a dívida com objeto (bem móvel ou imóvel) o pagamento da dívida somente terá eficácia se a pessoa que deu o objeto/bem em pagamento era proprietária do bem ou tinha legitimidade para dar o bem em pagamento. Art. 307 par. Único: Há três requisitos para que o pagamento tenha eficácia, mesmo que o devedor tenha dado em pagamento um objeto que não lhe pertencia: 1. Que o bem seja fungível; 2. Que o credor tenha agido de boa-fé ao receber o pagamento; 3. Que o bem fungível já tenha sido consumido pelo credor. Art. 307 – Pagamento da dívida com objeto
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