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● Síndrome clínica caracterizada por alterações agudas da consciência e das funções cognitivas, com um caráter flutuante. ● Alteração cognitiva característica: desatenção. Pode ser acompanhada de desorientação, desorganização do pensamento e pode ocorrer quadros alucinatórios e delucionais. ● Pode ocorrer torpor e sonolência, mas o estado de hipervigilância é o mais comum. ● Acomete principalmente indivíduos que já possuem comprometimento da reserva cognitiva. ● Fator de risco: diagnóstico prévio de demência, idoso acima de 70 anos e polifarmácia. ● Em 98% dos casos a causa base é um insulto orgânico, sendo o quadro infeccioso o mais comum. ● É uma condição comum em pacientes idosos atendidos no departamento de emergência, e associa-se a um aumento da mortalidade durante a internação. ● Principais desencadeantes: pneumonia e infecções do trato urinário. ● Faz-se necessário compreender os fatores de risco (fatores predisponentes e precipitantes) ● A fisiopatologia é complexa, multifatorial e pouco compreendida. ● Acredita-se que no delirium há acometimento do sistema ativador reticular ascendente e comprometimento global da função cerebral e cortical. Estudos de neuroimagem e de eletrofisiologia mostraram acometimento de estruturas subcorticais, notadamente nos lobos frontais. ● Por fim, a presença de uma resposta inflamatória sistêmica desencadeada pela causa precipitante do delirium, levando ao aumento da quantidade circulante de citocinas e ativação endotelial, parece atuar sobre o fluxo sanguíneo cerebral e sobre a atividade neuronal. Achados Clínicos ● Diagnóstico clínico (12-35% são reconhecidos) ● Alteração qualitativa e quantitativa da consciência, com caráter flutuante ao longo do dia. Pensar em delirium quando o paciente apresentar evolução aguda e flutuante das seguintes alterações: alteração na atenção, desorientação e confusão, alteração do nível da consciência (sonolência e torpor), alterações comportamentais, mudança no ciclo sono-vigília, distúrbios de percepção (delírio, alucinação, ilusão, delusão), comprometimento da funcionalidade. Critérios de diagnóstico do DSM5 ● Os episódios de delirium podem se classificar de 3 formas: ○ Delirium hiperativo: hiperatividade, labilidade emocional, agitação, pode ocorrer recusa ao tratamento. ○ Delirium hipoativo: letargia, apatia, pouco reativo a estímulos externos. ○ Delirium misto: alternância entre os dois primeiros. ● Rastreio do delirium com o sCAM (Short Confusion Assessment Method) Exames complementares ● Serve para identificar a causa precipitante e afastar e/ou confirmar diagnósticos diferenciais. ● Todo paciente admitido com alteração neurológica deve ser submetido ao ABC do paciente grave, a mensuração de glicemia capilar e de oximetria de pulso. ● Na ausência de suspeição clínica da doença subjacente, deve ser realizado rastreio infeccioso e metabólico: ○ Hemograma, hemocultura, gasometria arterial, creatinina, ureia ○ Eletrólitos: sódio, cálcio, magnésio e fósforo. ○ Urina 1, urocultura ○ Raio x de Tórax ○ Eletrocardiograma ○ Estudo toxicológico deve ser realizado em pacientes em uso de drogas com considerável potencial tóxico (benzodiazepínico, antipsicóticos, lítio, digoxina). ○ Avaliação de função hepática, tireoidiana e adrenal pode ser útil, assim como dosagem de vitamina B12. ○ Nos pacientes em que a causa não foi identificada, realizar tomografia do crânio. Diagnóstico diferencial ● Possíveis doenças psiquiátricas e demência. Tratamento ● Departamento de emergência: Verificação dos sinais vitais, suporte circulatório e respiratório. ● Eliminar o fator precipitante é o principal. ● Mnemônico para orientação ao manejo: ADEPT. A → Asses: avaliar o paciente através da história clínica completa e exame físico. D → Diagnoses: rastrear o delirium em qualquer paciente idoso agitado ou confuso, pesquisar outro distúrbio neurocognitivo. E→ Evaluate: avaliação focada na queixa de agitação/ confusão P → Prevent: levantar fatores para a prevenção do delirium. T → Treat: tratamento não farmacológico e medicamentoso. ● Medidas não farmacológicas → uso de aparelhos auditivos, linguagem clara, estímulo à deambulação, ambiente calmo e escuro à noite, controle da dor, disponibilização do relógio, etc. ● O tratamento farmacológico deve ser limitado a pacientes muito agitados ou psicóticos e delirantes ou ainda quando representar risco para si ou terceiros. ● O uso de antipsicóticos está embasado para diminuição da agitação do paciente e não como o tratamento para o delirium. Logo, não é necessário sedar o paciente. Uso de haloperidol: dose inicial 1 a 2 mg, com possíveis doses adicionais a cada 30 - 60 minutos até o efeito desejado. Outras opções: olanzapina e risperidona. ● Benzodiazepínicos são utilizados em caso de abstinência alcóolica ou no uso dos próprios benzodiazepínicos. Também são indicados como segunda opção em pacientes que responderam a outras formas de tratamento da agitação. ● O paciente pode ter alta quando o fator precipitante e a agitação tiverem sido resolvidas, mesmo que não tenha voltado ao seu estado basal. Referências VELASCO, Irineu T. et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 14 ed. Barueri, SP: Manole, 2020
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