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FÍGADO E VIAS BILIARES AUTORIA DE Rebeca Zilli ANATOMIA DO FÍGADO E VIAS BILIARES O fígado é um órgão que fica em HD, dividido em dois lobos (direito e esquerdo) e 8 segmentos, que auxiliam a topografar as lesões hepáticas. A maior parte de sua vascularização vem da V. Porta (75%), sendo apenas 25% de responsabilidade das A. Hepáticas. A V. Porta é formada pelas veias mesentérica superior e esplênica, fazendo a drenagem do intestino e trazendo muitos nutrientes ao fígado. Em íntimo contato com ele está a vesícula biliar e as vias biliares, que armazenam, transportam e eliminam a bile durante a digestão. Há vias intra e extra-hepáticas, sendo a segunda composta por: ducto cístico, ducto hepático comum e ducto colédoco. Os ductos hepáticos D e E se juntam para formar o ducto hepático comum, que se junta com o ducto cístico originado na vesícula, formando o ducto colédoco, que desce com a bile até a segunda porção do duodeno, para eliminá-la durante a alimentação. MÉTODOS DE IMAGEM ► RADIOGRAFIA (RX): não é um bom estudo para essas estruturas, trazendo poucas informações. Pelo RX conseguimos perceber aumento de tamanho do fígado (hepatomegalia), mas não consigo identificar s natureza desse aumento ou outros aspectos hepáticos, apenas o tamanho. Ainda, assim como na TC, a radiação ionizante não capta os cálculos biliares, sendo esses radiotransparentes e raramente vistos como radiopacos na radiografia. D. Cístico D. Hep. Comum TC de abdome Na tomografia, os segmentos mais superiores são I, II, IVa, VII e VIII; os mais inferiores são III, IVb, V, VI. RX de abdome superior Pela radografia, conseguimos ver as delimitações do fígado, e perceber que este está com seu tamanho aumentado. No entanto, não é possivel identificar outras informações ou motivos para este achado, sendo este um método limitado. ► ESTUDO CONTRASTADO: neste alvo de estudo, recebe o nome de Colangiorafia, sendo o contraste administrado por via percutânea: insere-se agulha em HD, guiada pela USG, até achar a via biliar e injetar o contraste. Atualmente é pouco utilizado pois é um exame invasivo, desagradável e fornece informações limitadas. É método indicado para: ● CPRE ou colangioRM não podem ser realizados; ● Pesquisa de coledocolitíase; ● Avaliação de estenose de via biliar. ► ULTRASSONOGRAFIA (USG): é um ótimo método para fígado e vias biliares, sobretudo quando faz o uso da Elastografia Hepática, uma técnica do ultrassom que permite a medida direta da elasticidade de tecidos hepáticos, podendo explorar o fato de doenças crônicas alterarem as propriedades elásticas dos tecidos envolvidos (tornando-os geralmente mais duros) e permitindo uma identificação precoce de cirrose hepática por medida da dureza. É método indicado para: ● Pesquisa de cirrose hepática; ● Pesquisa de esteatose; ● Avaliação de nódulos hepáticos; ● Pesquisa de colelitíase; ● Pesquisa de colecistite; ● Estudo de pólipos vesicais. Colangiorafia Na primeira imagem vemos vários “risquinhos” em preto, que são as vias biliares intra-hepáticas. A segunda imagem mostra uma dilatação dessas vias, com outra área sem passagem de contraste, que indica alguma obstrução, neste caso por um tumor chamado Colangiocarcinoma, que comprime via biliar. USG de fígado Ao ultrassonografar o fígado, o transdutor é muito pequeno para captar toda sua extensão em uma imagem apenas, mas nesta imagem conseguimos identifica-lo por seus contornos, seu parênquima hipoecoico, veias (1) e ducto biliares (2), que se apresentam anecoicos pela presença de sangue/ bile. (1) (2) USG de vesícula biliar Esse outro utrassom mostra uma área anecoica com reforço acustico posterior, que representa a vesícula biliar; e dentro delas observamos uma imahem hiperecoica com sombra acústica posterior, indicativo de cálculo biliar. ► TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC): é um ótimo método para fígado, mas é de avaliação limitada para vias biliares (não é muito bom). Faz o uso de contraste venoso (iodo) para Estudo Trifásico, que permite avaliar o comportamento de alterações hepáticas frente as fases do contraste. É método indicado para: ● Pesquisa de cirrose hepática; ● Pesquisa de esteatose; ● Avaliação de nódulos hepáticos; ● Dilatação de vias biliares (não é bom estudo). ► RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM): é um excelente método para fígado e vias biliares (é o mais adequado, porém nem sempre disponível). Faz o uso de contraste venoso (gadolínio) para Estudo Trifásico. É método indicado para: ● Pesquisa de cirrose hepática; ● Pesquisa de nódulos hepáticos; ● Pesquisa de esteatose; ● Avaliação de vesícula biliar; ● Avaliação de cálculos biliares. TC de abdome alto corte axial Vemos este estudo com contraste em suas 4 etapas: É percebido um nódulo hepático que muda completamente ao longo dessas quatro fases. No caso da TC ao lado, é um Hemangioma, que será estudado a frente, mas outros nódulos hepáticos podem apresentar alteração de comportamento de captação de contraste, o que auxilia o diagnóstico. 1) Sem contraste 2) Arterial 3) Venosa 4) Tardia (1) (2) (3) (4) RM de abdome alto corte axial Vemos este estudo com contraste em suas 4 etapas: 1) Sem contraste 2) Arterial aorta captando contraste 3) Venosa orgãos captando contraste 4) Tardia excreção do contraste (1) (2) (3) (4) ► COLANGIORESSONÂNCIA: é um tipo de RM voltada unicamente para vias biliares e qualquer alteração destas. Apresenta-se na sequência T2, sendo as vias em alto sinal. É método indicado para: ● Avaliação da vesícula biliar; ● Avaliação de vias biliares; ● Pesquisa de colelitíase; ● Pesquisa de estenoses. PRINCIPAIS DOENÇAS ESTEATOSE HEPÁTICA É a doença crônica hepática mais comum no mundo e consiste na presença de gordura o fígado. Pode ser desencadeada por etilismo, dislipidemias, uso de esteroides, drogas (quimioterapia), mas é uma doença reversível se tratada em associação à dieta e atividade física. Pode ser avaliada por USG, TC e RM. Colangioressonância Vemos tudo em baixo sinal, exceto a vesícula e vias biliares, que se apresentam em alto sinal, por deterem a bile. Assim, a visualização de comorbidades ligadas à essas estruturas é facilitada. USG de fígado É geralmente o método de escolha para essa condição. A primeira imagem mostra um fígado normal, que tende a ser mais hipoecoico, com bordas definidas, diferente do que é visto na segunda imagem: um fígado mais hiperecoico (aumento da ecogenicidade hepática), com perda de suas bordas, indicando Esteatose. TC de abdome alto corte axial A TC conta com uma ferramenta que permite medir a densidade dos órgãos. Assim, fisiologicamente a densidade medida no fígado deve ser superior à do baço. Se esta relação estiver invertida, sei que há redução da densidade hepática e posso fazer diagnóstico de Esteatose Hepática. normal→ densidade do fígado > densidade do baço patológico→ densidade do fígado < densidade do baço CIRROSE HEPÁTICA É uma hepatopatia crônica que consiste na presença de fibrose no fígado, em resposta a agressões contínuas ao longo dos anos, principalmente por etilismo (70%) e hepatites virais (10%), mas pode ter origem idiopática, de doença biliar ou autoimune. Pode ser avaliada por USG, TC e RM. OBS.: uma técnica que a USG e a RM detém é a Elastografia Hepática, que mede a dureza do fígado e permite um diagnóstico e tratamento precoce de hepatopatias crônicas, visto que inicialmente a morfologia pode estar preservada, mas já haver fibrose. Quando a doença já está instaurada,os exames de imagem permitem visualizam um fígado com: → dimensões reduzidas; → hipertrofia relativa de lobo esquerdo e caudado; → contornos irregulares; → presença de nódulos de regeneração (nódulos fibróticos no parênquima); → ecogenicidade heterogênea; → presença de Carcinoma Hepatocelular (CHC) O CHC é um tumor hepático primário que mais acomete o fígado, e está extremamente ligado à cirrose. Assim, é importante realizar exames de imagem continuamente neste paciente cirrótico a fim de buscar uma detecção precoce deste tipo de tumor. Ainda, concomitantemente à fibrose no fígado, surge e Hipertensão Porta, uma vez que a Veia Porta, responsável por levar o maior aporte sanguíneo ao fígado, tem dificuldade de passar por um fígado endurecido pela fibrose, acumulando sangue e ocasionando alterações como: → esplenomegalia; → ectasia de V. Porta e V. Esplênica; → circulação colateral (periesplênica, esofagiana e umbilical); → ascite. USG de fígado Na USG de um fígado cirrótico, este está com seu tamanho reduzido, além de contorno irregular e apresentação da ecogenicidade de forma heterogênea. Acima do fígado, ainda, vemos uma grande área anecoica, que indica líquido livre na cavidade abdominal, a ascite. TC de abdome axial/ coronal No corte axial, vemos claramente o contorno irregular do fígado, com líquido livre ao seu redor (hipodenso). No corte coronal, fica evidente a redução do tamanho hepático e o volume da ascite. É normal também achar esplenomegalia no exame de imagem, por conta da congestão resultante da Hipertensão Porta. NÓDULOS HEPÁTICOS Podem ser achados benignos, como o Hemangioma, Hiperplasia nodular focal (HNF) e Adenoma; ou malignos, como Metástase hepática, CHC, Colangiocarcinoma. Podem ser avaliados pelo USG, TC e RM. ► Hemangioma: é um tumor benigno originário de malformação vascular, muito comum, sobretudo no sexo feminino. Como diagnóstico diferencial, temos outros tumores benignos como o Adenoma e HNF. USG: quando vemos um nódulo hiperecoico em meio à parênquima hepático, podemos dizer que é provavelmente um Hemangioma. Para ter certeza, peço a TC ou RM. TC e RM: por esses métodos, consigo fazer o diagnóstico pelas características que assume frente à captação de contraste. RM de fígado em T2 axial/ coronal Nessa sequência, líquido fica em alto sinal. Logo, a coleção em alto sinal a direita, ao redor do fígado, é representativa da ascite. Também vemos os contornos irregulares do fígado. USG de fígado A ultrassonografia é efetiva para identificar nódulos, não é limitada para avaliar sua natureza, ou seja, não é capaz de dizer se é benigno, maligno, etc Na imagem ao lado, nota-se uma figura hiperecoica no meio do parênquima hepático, a qual podemos dizer ser um nódulo hepático. São necessários outros métodos, TC e/ou RM, para caracterizar esse nódulo, sendo a RM superior, mas nem sempre disponível. Por vezes, a TC basta para o diagnóstico. TC em Estudo Trifásico Na fase sem contraste, nota-se uma lesão hipodensa em meio ao parênquima hepático. Na fase arterial, esse nódulo começa a captar contraste perifericamente, por ser um Nódulo Hipervascular, e conforme passam as demais fases, há uma progressão centrípeta da captação do contraste (para o centro). Até que, na fase tardia, o nódulo está de mesma densidade que o resto do fígado. Essa característica da imagem permite diagnosticar o Hemangioma, cujo tratamento é conservador, não precisando nem de acompanhamento. ► Carcinoma Hepatocelular (CHC): é um tumor maligno primário mais comum no fígado, e o 5º mais comum do corpo todo. Está fortemente associado à Cirrose Hepática, sendo importante fazer a pesquisa deste nódulo regularmente para diagnóstico precoce. É um dos poucos tumores que não preciso do exame histopatológico (biópsia) para diagnosticar, sendo o diagnóstico radiológico, por TC ou RM. A interpretação da imagem é padronizada pelo LI-RADS (BI-RADS para o fígadao), tal como o estadiamento do achado. TC e RM: por esses métodos, consigo fazer o diagnóstico pelas características que assume frente à captação de contraste. ► Metástase: é um tumor maligno secundário à um sítio primário (mama, pulmão, intestino), o mais comum do fígado, que se apresenta com múltiplos nódulos no parênquima hepático. USG: as múltiplas nodulações se apresentam hipoecoicas. TC e RM: os nódulos assumem aspecto hipovascular (o oposto do hipervascular, que capta contraste em fase arterial), podendo te impregnação periférica por contraste e restrição à difusão na RM (que só ocorre em abcesso, morte celular, multicelularidade→ que é o caro dos tumores). RM T2 em Estudo Trifásico Vemos novamento um Hemangioma, em alto sinal, captando contraste de forma parecida com a vista na TC. TC de abdome em Estudo Trifásico Seja na TC, ou na RM, vemos um fígado com hepatopatia crônica (com aqueles achados da cirrose), além de Nódulo Hipervascular, que capta muito contraste em fase arterial. No entanto, na fase tardia, o contraste é perdido, na chamada lavagem do contraste. Este achado é característico do CHC e, quando visto, pode fechar diagnóstico para esse tipo de tumor. COLELITÍASE É a presença de cálculo na vesícula biliar, sendo a maioria dos pacientes são assintomáticos, mas pode cursar com cólica biliar: dor em HD após alimentação gordurosa. Geralmente não se usa RX e TC para investigação dessa condição, uma vez que a grande maioria dos cálculos são radiotransparentes e não irão aparecer nesses métodos. USG e RM: são os melhores estudos para visualização de cálculo, sendo estes hiperecoicos com sombra acústica posterior na USG e alto sinal na RM T2. USG de fígado Vemos nódulo no fígado com componente cístico no centro. TC de abdome alto Há multiplos nódulos hipodensos que podem aumentar o fígado. RM de abdome alto Vemos nódulos em alto sinal, indicativos de Metástase. RX de abdome É uma radiografia pouco usual, pois raramente vejo cálculos neste método, pois são radiotransparentes. USG de vesícula biliar Vemos dentro da vesícula anecoica o cálculo hiperecoico com sombra acústica posterior. TC de abdome Também é raro ver cálculo pela TC; estes são visíveis pois estão calcificados. RM de abdome em T2 Como nessa sequência vemos líquido em alto sinal, os cálculos são as bolinhas em baixo sinal. É o melhor método. COLECISTITE É a inflamação da vesícula biliar, sendo geralmente uma evolução da colelitíase. Desconfio desta condição quando as cólicas biliares persistem por mais de 6 horas. USG e RM: são os melhores estudos, mas a USG é o método mais utilizado pela disponibilidade e preço. Permitem uma boa avaliação do espessamento parietal, além de possibilitar a identificação de cálculos. TC: é um método de menor sensibilidade, de rara visualização do cálculo, mas que permite a identificação de sinais de inflamação, como o espessamento parietal e densificação da gordura adjacente. COLEDOCOLITÍASE É uma outra complicação de colelitíase, que ocorre quando o cálculo, até então dentro da vesícula biliar migra para o ducto colédoco, impactando e dilatando as vias biliares. Esse paciente vai cursar com clínica de dor, icterícia, colúria e acolia fecal. Pode ser avaliada por USG, TC e RM. USG: é, geralmente, o primeiro estudo a ser escolhido, no qual é possível observar dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas, mas há dificuldade de detectar o cálculo. TC: também revela dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas e pouca sensibilidade de detecção do cálculo. RM ou colangiorressonância: são os melhores estudos para avaliação da árvore biliare cálculos presentes nesta. USG de vesícula biliar Vemos o espessamento da parede, que é determinante para o diagnóstico de colecistite, além de colelitíase associada. TC de abdome alto A TC está em fase venosa, permitindo visualização do espessamento da parede e borramento da gordura RM T2 de abdome alto Além da parede espessada e gordura borrada, observa-se uma coleção líquida em alto sinal, indicando um cisto. USG de via biliar A seta aponta para o ducto colédoco distendido pela impactação de um cálculo (*). Nesse caso, consegui localizar o cálculo pela USG. TC de abdome corte coronal Vemos na imagem um ducto colédoco obstruído e dilatado e o cálculo (hiperdenso) causador da obstrução. * CASOS CLÍNICOS 1. Sexo masculino, 40 anos, dor abdominal, náuseas e vômitos. O RX permite observar que há uma distensão de alças, mas não dá muitas informações adicionais quanto a causa. Para melhor elucidar, pode ser solicitada a TC, que é o melhor exame para estudo de obstrução quando se procura o nível, causa e complicações desta. A USG não é um bom para avaliar obstrução, pois há muito gás, o que atrapalha a visualização no USG. RM/ colangiorressonância Esses exames delimitam melhor o ducto colédoco, que fica em alto sinal. Assim, visualiza-se melhor a presença dos cálculos, em baixo sinal (preto) dentro do ducto, dilatando a via biliar. RX de abdome É possível notar que há alças dos cólons ascendente, transverso e descendente distendidas. Em contrapartida, não vejo gás em cólon sigmoide e reto. Esses são indícios de um processo obstrutivo intestinal baixo (de cólon). Sei que se trata do I. grosso pois essas alças têm haustrações, além de disposição mais periférica, formando uma moldura no abdome. A principal hipótese é de Tumor, por ser a principal causa de obstrução intestinal baixa. TC de abdome Nas imagens, é possível ver o cólon distendido e uma área de redução abrupta do calibre (setas), que está causando a obstrução. Esse achado me leva a pensar em tumor, mas também pode se tratar de complicação de Diverticulite, que é a causa do caso ao lado. Também é observado o borramento da gordura adjacente, indicando a inflamação dos divertículos (*). * * OBS.: o diagnóstico diferencial entre diverticulite e tumor no caso de obstrução intestinal é muito difícil. Por isso, é indicado fazer colonoscopia após passar o processo inflamatório a fim de confirmar se é apenas a diverticulite. 2. Sexo masculino, 70 anos. Dor abdominal difusa, náuseas e vômitos, cirurgia prévia de hérnia abdominal. Novamente, para avaliar causa, solicita-se TC, por ser um exame mais sensível à detecção da redução do calibre da alça. 3. Sexo masculino, 45 anos, dor abdominal intensa e de início súbito. RX de abdome É possível notar que há alças do delgado distendidas, e sei que se trata do I. delgado pois essas alças têm calibre menor que as do cólon, além de disposição mais central e do aspecto dado pelas válvulas coniventes em empilhamento de moedas. Trata-se de outro tipo de obstrução, uma obstrução intestinal alta. A principal hipótese é obstrução por brida, por ser a principal causa de obstrução intestinal alta. Neste caso, a informação de cirurgia prévia já foi entregue, mas quando vejo esta condição, devo sempre indagar sobre realização de cirurgias abdominais prévias, pois podem gerar brida a qualquer tempo após (meses, anos). OBS.: os pontinhos brancos à direita representam tela subcutânea deixada após a cirurgia prévia de hérnia. RX de abdome em ortostase Observa-se hipertransparência em formato crescente infradiafragmática e bilateralmente. Com esse achado, pensa-se em Pneumoperitônio. São causas dessa condição: úlcera perfurada, trauma, tumor perfurado, isquemia mesentérica (com rompimento da alça), obstrução intestinal (também com rompimento da alça). O tratamento é cirúrgico, não preciso pedir outro método. Mas posso pedir para diferenciar a causa e coletar informações para a cirurgia a ser feita. É importante conhecer o diagnóstico diferencial de Pseudopneumoperitônio para não confundir o diagnóstico. Neste, não há ar livre na cavidade como no pneumoperitonio, mas uma interposição de alça, geralmente entre fígado e diafragma, no chamado Sinal de Chilaiditi. 4. Sexo masculino, 90 anos, distensão abdominal, parada de eliminação de gases. 5. Sexo masculino, 75 anos, dor abdominal intensa, ausência de irritação peritoneal. TC de abdome axial/ coronal Na primeira imagem, vemos apenas o intestino distendido, mas não vemos a causa. Já na segunda, uma TC a nível de bexiga (em que vemos até a cabeça do fêmur), é possível identificar uma alça intestinal a frente da parede abdominal, local onde não deveria se encontrar. Esse achado indica Hérnia Inguinal. Às vezes, quando um orifício herniário é muito pequeno, pode acabar comprimindo a alça e levar ao seu encarceramento, sem suprimento sanguíneo. Na imagem, a hipodensidade ao redor da alça herniada sugere presença de líquido e aponta para sofrimento desta estrutura. RX de abdome A primeira imagem é em decúbito dorsal, e a segunda em ortostase, pois vejo nível hidroaéreo. Nesta radiografia, suspeito de obstrução intestinal alta, pois não é normal ter toda essa quantia de gás em delgado. Sei que é delgado pela distribuição central no abdome e calibre, além de poder ver um pouco do aspecto de empilhamento de moeda, característico de distensão de delgado. RX de abdome A idade e clínica deste paciente me levam a pensar em Isquemia Mesentérica. Na radiografia, observa-se a presença de pneumatose (seta), ar na parede do intestino, indicando que a alça está necrosada e não é mais viável. No entanto, nem todos os pacientes com isquemia mesentérica apresentam um RX com alterações como a pneumatose. Por isso é importante investigar o paciente que reclama de muita dor, mas ao exame não há achados muito significativos. Devo solicitar outros exames de imagem para elucidação diagnóstica, e o de escolha é a AngioTC de vasos mesentéricos, pois a lesão pode ser arterial ou venosa. 6. Sexo feminino, 28 anos, USG de rotina. 7. Sexo masculino, 60 anos, dor e distensão abdominal, história de trauma grave na adolescência com necessidade de transfusão sanguínea. TC de abdome axial Vejo gás circundando toda a alça intestinal, penso logo em isquemia mesentérica. É uma condição de alta mortalidade, sendo importante o rápido diagnóstico. USG de fígado Vemos uma lesão nodular em parênquima hepático, de aspecto hiperecoico e limites bem definidos. Minha principal hipótese vai se Hemangioma, o principal nódulo benigno a acometer o fígado. Para ter certeza do meu diagnóstico, o ideal é solicitar TC ou RM em estudo trifásico, de modo a observar a forma como este nódulo vai captar o contraste durante as fases do estudo: se há evolução centrípeta do contraste, fecho diagnóstico de hemangioma, informo e tranquilizo a paciente. RX de abdome Está um pouco distendido, mas não vejo obstrução (há gás até no reto). No entanto, há uma opacificação periférica com alças intestinais em posição mais central, sugerindo que algo está empurrando centralmente as alças. Também não é possível visualizar o m. íliopsoas. Esses achados indicam que o abdome está cheio de líquido, caracterizando um quadro de Ascite. 8. Sexo masculino, 56 anos, desconforto abdominal, fígado palpável e doloroso. USG de fígado/ baço Na primeira imagem vemos um fígado de contornos irregulares, de tamanho reduzido, ecogenicidade heterogênea. Ao redor, vemos líquido livre, indicando Ascite.Na segunda imagem, vemos um baço aumentado, bem maior em relação ao fígado (esplenomegalia). Esses achados corroboram para um diagnóstico de Cirrose Hepática com Hipertensão Portal. TC de abdome axial/ coronal Vemos também um fígado todo irregular, reduzido em relação ao baço, além de uma área hipodensa ao seu redor, que representa líquido livre (Ascite). Toda essa quantia de líquido explica o por que das estruturas intestinais estarem centrais na radiografia: o líquido está empurrando. RX de abdome Vemos um fígado aumentado, mas não consigo mais informações sobre ele na radiografia. Preciso de outro método para ajudar a diagnosticar e saber o motivo O mais indicado é a USG, que é bom pra avaliar fígado e barato. USG de fígado Nota-se a presença de vários nódulos hepáticos hipoecoicos, que nos levam a pensar em Metástase Hepática. O exame seguinte a ser pedido é a TC ou RM. Se confirmada a hipótese, devo procurar o sítio primário. 9. Sexo feminino, 29 anos, dor abdominal em cólica de longa data, com piora após alimentação (principalmente após comidas gordurosas). A suspeita é de Colelitíase, visto que há uma queixa clássica de cólica biliar. O primeiro exame a ser solicitado pra investigação é a USG. Não preciso fazer rotina radiográfica, pois não é abdoem agudo e não visualizo bem os cálculos no RX. Se a mesma paciente evoluir com dor abdominal intensa e contínua, além de icterícia, penso que evoluiu para quadro de Coledocolitíase, sendo a colangiorressonância o estudo de escolha. USG de vesícula biliar Na imagem, vemos a vesícula biliar anecoica, além de várias “bolinhas” hiperecoicas com muita sombra acústica posterior: são os cálculos biliare. Quanto menor o cálculo, mais perigoso, pois fica mais fácil de sair no colédoco e fazer alguma obstrução. Não há espessamento de parede vesicular, então afasto diagnóstico de colecistite. TC de abdome corte coronal Na TC, muitas vezes os cálculos estão radiotransparentes, então não é um estudo muito confiável para tal avaliação. No entanto, essa tomografia revela a presença de cálculos na vesícula. Colangiorressonância É o exame mais sensível para verificação de cálculos em vias biliares. Na imagem, vemos a vesícula em alto sinal, repleta de cálculos em baixo sinal. Também vemos cálculos no ducto colédoco, que confirmam nossa hipótese diagnóstica.
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