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Sistematização Escola, violência e DH

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Atividade de Sistematização de Escola, Violência e Direitos Humanos
TEMA 1.2 BULLYING NO CONTEXTO ESCOLAR
	 Apesar da palavra bullying está em moda nos dias de hoje, nem todas as agressões ou violências ocorridas no ambiente escolar podem ser caracterizadas como tal. Ele possui algumas especificidades que o identificam nas relações entre estudantes. Assim, para que o bullying aconteça, no texto de Candau há a identificação de três tipos de pessoas envolvidas, que são:
a) o agressor, que em geral tem uma posição de poder frente a vítima e as testemunhas, sendo aquele que usa a força para perseguir e coagir os mais fracos, sem motivo aparente. Seu prazer está em humilhar e subjugar os outros alunos pela força e demonstra comportamentos agressivos e violentos.
b) a vítima, de forma geral, passivas, tímidas e submissas. São pessoas que podem desenvolver casos de ansiedade depressão e chegar até a suicídios. A vítima também pode ser provocativa (reagindo aos ataques, mas sem conseguir lidar com eles) ou mesmo se tornar uma nova agressora, espelhando o comportamento sofrido naqueles mais frágeis que ela, fazendo com que o bullying se multiplique.
c) a testemunha, que é quem presencia o bullying, porém sem ação prática no ocorrido, ou seja, não o sofre e nem o pratica diretamente, mas silencia por medo de se tornar também uma vítima. A testemunha também pode acabar replicando o comportamento do agressor, aumentando o número de vítimas. Quando a testemunha reage às agressões, defendendo a vítima e retirando o apoio dos agressores, costuma ter bons resultados e esse comportamento deve ser cada vez mais incentivados.
	Entretanto, o texto pontua que essa dinâmica é flexível, ou seja, os personagens não devem ser rotulados previamente, pois podem mudar de posição dependendo das situações, visto que até as vítimas podem compreender que a violência é uma forma de lidar com as adversidades e se tornarem novos agressores.
	No texto, Candau aponta que tem havido uma generalização do termo “bullying”, ou seja, onde todos os tipos de comportamentos agressivos têm sido assim denominados por mero modismo. Contudo, a autora pontua que o bullying ocorre pela demonstração de poder de um aluno ou um grupo sobre o outro, caracterizado por um desequilíbrio de forças. Assim, surgem os insultos, apelidos cruéis, agressões físicas e verbais, ameaças, boatos, discriminação, intolerância e toda a sorte de ações que ridicularizam outro aluno, causando-lhe danos físicos ou psicológicos, isolamento e exclusão.
	Nesse contexto, é preciso pontuar que bullying não possui motivação aparente que possa justificar o ato violento ou agressivo, já que geralmente a vítima não provocou o agressor. Mas é derivado do preconceito e intolerância de diversas formas, tendo reações irracionais, ou seja, reações que não são explicáveis ou mesmo aceitáveis.
	Portanto, o bullying não se caracteriza por simples agressões ou provocações entre alunos que possuem o mesmo tipo de força. Sua especificidade está nas relações que demonstram desequilíbrio de forças, ou seja, para que o ato de violência – seja ela física, psicológica ou moral - seja caracterizado como bullying, deverá existir uma relação desigual de poder entre os alunos envolvidos, onde os fortes sobrepujem os mais fracos. Há de se pontuar, que o bullying replica no ambiente escolar, o tipo de relação social existente na sociedade, onde os mais fortes se portam como superiores aos indivíduos mais fracos, o que deixa marcas profundas em todos os sujeitos envolvidos.
Texto 1.3 - DIREITOS HUMANOS, EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE: AS TENSÕES ENTRE IGUALDADE E DIFERENÇA
	Após a leitura do texto, é possível compreender que Candau pontua que durante muito tempo, o cerne dos debates públicos e das relações estava focado no viés da igualdade de todas as formas: entre pessoas, raças, opções sexuais, direitos humanos e outras. Contudo, atualmente, o centro dos debates se modificou e o que se evidencia nos dias de hoje são as discussões sobre as diferenças. Assim, a citação de Pierucci, corrobora o entendimento da autora, pois ele pontua que, a partir da segunda metade dos anos 70, houve uma renovação cultural e ideológica que modificou o entendimento sobre o que a sociedade entende como ideal. O que antes era a centralidade dos debates e lutas – a igualdade - deu lugar a consciência de que todos temos diferenças e são essas diferenças que nos identificam e as quais devem ser legitimadas e respeitadas. Fazemos parte de uma humanidade que possui grande diversidade de culturas, opiniões políticas e ideológicas, religiosidade, sexualidade, visões de mundo e futuro. E, para Candau, são as diferenças que colocam em debate hoje, a importância dos direitos humanos concedidos e respeitados a todos os diferentes. Importa salientar que a autora não deslitimiza a igualdade, mas pontua que essa mudança de ênfase deve servir para que os dois polos se articulem nessa busca e construção de direitos, ou seja, deve-se buscar e valorizar a 
	Candau faz algumas considerações sobre o multiculturalismo em seu texto e suas diferentes concepções, mas deixa claro sua opção pelo multiculturalismo aberto e interativo, onde a proposta de interculturalidade se torna mais adequada à construção de sociedades que articulem políticas de igualdade e de identidade.
	Assim, ela pontua sobre os quatro núcleos de preocupação, para ela fundamentais, que são:
a) o questionamento dos estereótipos, onde é necessário que os preconceitos e discriminações sejam discutidos e desconstruídos, visto que a naturalização dos estereótipos não produz discussões que levem a políticas educativas que promovam a interculturalidade. Cabe ressaltar que a autora também pontua sobre a importância de se questionar os critérios elegíveis das políticas educativas e currículos escolares presentes nas escolas, propondo discussões que descontruam a universalidade sobre os conhecimentos, valores e práticas nas ações educativas.
b) a articulação entre igualdade e diferença, que pontua sobre a preocupação do reconhecimento e a valorização das diferentes culturas, saberes e práticas. Nesse sentido, é necessário compreender que todos têm direito ao reconhecimento de suas diferenças e que o entendimento de uma monocultura escolar – onde todos sejam educados de forma igual e para serem iguais - seja desconstruído, visto que a escola e a sociedade abarcam sujeitos múltiplos e diferentes. Assim, a igualdade seja demonstrada na valorização das diferenças, onde elas se complementam.
c) o resgate cultural, que aborda questões como as histórias pessoais e coletivas. Compreende-se que todos os sujeitos já levam para os contextos escolares suas vivências e que essas experiências de vida não devem ser descartadas, mas devem servir para enriquecer o processo educacional, visto que eles se interrelacionam e geram mais experiências e promovem a construção das identidades culturais. A autora também salienta sobre a importância de se integrar as raízes históricas às novas configurações, promovendo um movimento de diálogo dos diferentes grupos culturais.
d) aspectos das relações escolares, onde a autora pontua sobre a promoção do diálogo e de experiências de interação entre diferentes modos de expressão e vivência nas práticas educativas. Assim, a educação intercultural visa promover a reconstrução da dinâmica educacional, de forma onde todos os envolvidos nos processos escolares (alunos, professores e toda a comunidade escolar) e todas a dimensões do processo educativo (elaboração de currículos, práticas curriculares, metodologias utilizadas, por exemplo) sejam participantes. É também empoderar aqueles que não têm voz ou foram de alguma forma silenciados - as minorias, os discriminados ou marginalizados - para que todos os sujeitos possam se sentir capazes e tenham a liberdade de escreverem suas próprias histórias. Dessa maneira, deve-se elaborar estratégias para fortalecer esses indivíduos, pra que consigam participar ativamente da vida em sociedade, como cidadãosde direitos, lutando contra a discriminação e as desigualdades nas mais diversas formas.

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