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A trichomonas vaginalis é o agente etiológico da tricomoníase, que é uma infecção sexualmente transmissível. Essa IST está envolvida em infecções e coinfecções com indivíduos que apresentam o vírus da AIDS, Herpes e HPV. Além disso, está envolvido no desenvolvimento de tumores no cérvix uterino. Esse agente etiológico pode infectar mulheres e homens, porém, em mulheres, a infecção é sintomática. Pesquisas apontam que pessoas com trato urogenital masculino atuam como muito mais como vetores do protozoário do que como hospedeiros definitivos. 1. Trichomonas tenax; 2. Trichomonas hominis. 1. Tritrichomonas foetus; 2. Tritrichomonas gallinaruim. O trichomonas tenax é encontrado na cavidade da boca em situações de gengivite e periodontite, levando ao agravamento do desequilíbrio da microbiota bacteriana e podendo afetar os ossos. Figura 1. Aspectos celulares dos trofozoítos Os hidrogenossomos possuem uma similaridade com as mitocôndrias, mas é importante lembrar que são organelas diferentes. Os hidrogenossomos realiza: 1. Metabolismo de piruvato oriundo da glicólise; 2. Produção de acetate, ATP e hidrogênio molecular; 3. Acúmulo de cálcio; 4. Alvo de ação de fármacos. Os hidrogenossomos apresentam uma vesícula periférica onde pode encontrar o acúmulo de íons cálcio, magnésio e fosfato. O parasito é altamente dependente da disponibilidade de íons ferrosos, que regulam a transcrição do RNAm, por apresentar regiões que respondem à presença de ferro, e também a produção de proteínas. Além de ser cofator da piruvato ferrodoxina óxido-redutase. O déficit de ferro há uma parada no ciclo celular e uma possível formação de um pseudocisto. O metabolismo de poliaminas é essencial para esses protozoários. No ambiente onde eles proliferam e colonizam, há baixa abundancia de reserva energéticas do tipo glicogênio/carboidratos em geral. Por conta disso, os protozoários realizam o metabolismo baseados nas aminas captadas no ambiente extracelular. Isso implica na morte celular do epitélio, pois há a captação de espermina e liberação de putrescina (tóxica para as células epiteliais) por transportador antiporte na membrana do protozoário. Em dado momento na presença de tecidos epiteliais, há uma completa transformação do citoesqueleto celular para se adaptar ao epitélio humano. Os pseudópodes presente aderem ao epitélio e isso é importante para a captação, infecção e colonização do epitélio. Figura 2. Modificação do citoesqueleto Em dado momento, também é comum ocorrer uma agregação de vários trichomonas e isso é especial para o processo de evasão do sistema imune. Quando as condições ambientais do trato não forem adequadas, o protozoário assume uma forma pseudocistica, que é uma forma arredondada e sem flagelos. Essa forma pseudocistica é causada pelo estresse ambiental. Antes de ocorrer a cito aderência, existe a secreção de uma glicoproteína chamada CFD, que é envolvida na descamação do epitélio. O protozoário expressa várias adesinas (AP63, AP51, AP33 e AP23), que contribuem para o reconhecimento entre a célula e o epitélio vaginal. Além disso, há a presença de lipoglicana, que reconhece as galectinas um e três do epitélio vaginal. Mais do que isso não se pode esquecer da secreção de cisteíno, serino proteases, metaloproteínas e CP65, que possuem um papel de quebrar/atuar em proteínas de membrana do epitélio para abrir espaço para a colonização de trichomonas em regiões mais profundas do epitélio, inclusive a matriz extracelular. Também há participação de exossomos que são definidos como nano vesículas que são excretadas por vários modelos celulares e atuam na regulação de infecção. A cito aderência deflagra sinais intracelulares para o estabelecimento da infecção. Através da cito aderência, as trichomonas levam a formação de agregados celulares contribuindo para a diminuição do sistema fagócito nuclear, fazendo com que as trichomonas sejam mais resistentes ao ataque do sistema imune. Outro desafio encontrado por esses protozoários é se estabelecer no epitélio vaginal de frente a um microbiota, que são os lactobacilos de döderlein/lactobaccili. Dentre as microbiotas vaginais, a do tipo IV favorece a infecção por T. vaginalis. Outro problema decorrente da infecção por trichomonas é o desaparecimento de cílios e micro vilosidades e isso implica em sérios problemas de saúde para os indivíduos. Com a secreção de diversas proteases, há um aumento desses espaços intercelulares cronificando o processo de infecção e estabelecimento do protozoário no hospedeiro. As cisteínas-protease e serino protease agem nas células do epitélio prejudicando e levando à morte das células, que gera um benefício às trichomonas, pois elas podem usufruir dos restos celulares, proteínas, lipídeos e açucares. Além disso, as cisteínas-proteases são capazes de inativar anticorpos. Figura 3. Células sendo trogocitadas Além da fagocitose, as trichomonas também realizam trogocitose, que consiste no processo de pegar pequenos pedaços das células aos poucos e com isso há respostas intracelulares, gerando a morte das células trogocitadas. Também há a desorganização do complexo juncional, que é importante para manter a integridade do epitélio vaginal. 1. Efeito citotóxico: apoptose e/ou necrose devido às proteases ou decorrente da fagocitose/trogocitose. Contribui para o câncer cervical, inflamação pélvica, partos precoces ou abortos. 2. Presença de simbiontes/indução de citocinas: Trichomonas vaginalis vírus, Mycoplasma hominis e Mycoplasma giredii. Existe uma conexão muito estreita da imunidade do sistema do hospedeiro e da evasão do sistema imune por parte das trichomonas. As cepas, que apresentam pseudópodes e realizam simbiontes, são mais virulentas fazem uma modulação da produção de citocinas inflamatórias pelo epitélio em que estão presentes. Uma das outras consequências é a secreção do TVMIF, que é um análogo à MIF. Com isso, há a ligação ao receptor de MIF, levando ao aumento da produção de citocinas. Isso são respostas dadas pela célula por causa da presença do protozoário em seu microambiente. Figura 4. Conexão imunidade do hospedeiro e evasão do sistema imune. A AP65, que é secretada, age sobre glicoproteínas da própria membrana do protozoário e com isso muda o perfil antigênico, contribuindo para a evasão do sistema imune. Não há apenas a imunidade celular que age em cima desses protozoários, mas sobre tudo, ocorrerá um recrutamento de linfócitos B e T, e possivelmente produção de anticorpos. Uma vez que há a mudança do perfil antigênico, estou maquiando esse processo e com isso irei postergar a resposta imune em cima do protozoário. Um dos mecanismos utilizados pelos neutrófilos é a trogocitose. O parasito realiza a trogocitose em cima das células epiteliais, mas ele também é alvo de trogocitose por parte dos neutrófilos. É necessário, em média, cinco neutrófilos para que seja possível trogocitar a trichomonas. Dentre os mecanismos de evasão, há a lise celular de células T e B, e, com isso, temos o freio da imunidade adaptativa e humoral. E como a produção de anticorpos é dependente das células B, teremos uma diminuição da produção. Além disso, ocorre a NETose, que é produzida pelos neutrofilos, gerando a degradação das redes NET. Se há a produção de proteases do tipo cisterina, pode gerar a degração de anticorpos diminuindo a resposta mediadas por anticorpos em cima das trichomonas. Os neutrofilos possuem receptores para anticorpos e sem esses anticorpos, haverá muito menos eventos de trogocitose e isso favorecerá o estabelecimento das trichomonas Há a secreção de proteínas que inativam algumas vias/rotas de ativação das proteínas que fazem parte dosistema complemento. No homem o sintoma da doença é a uretrite, que causa: 1. Ardência miccional; 2. Prurido; 3. Secreção leitosa/purulenta mais abundante pela manhã. Ademais, pode haver complicações sendo essas: 1. Prostatite; 2. Cistite; 3. Pode atingir a bexiga; 4. Vesícula seminal; 5. Balanopostite. Já na mulher há uma probabilidade da ocorrência na fase mais ativa sexual e pode ser assintomática ou aguda intensa. Há os dois tipos de tropismo: endocérvice e exocérvice. Os sintomas são: 1. Leucorréia esbranquiçada-bolhosa; 2. Leucorreia amarelo-esverdeada fluida (vaginite); 3. Aumento do pH vaginal; 4. Odor fedido e intenso após o período menstrual; 5. Disúria; 6. Dispareunia; 7. Prurido; 8. Poliúria; 9. Cervicite; 10. Colpitis maculares (cérvice com aspecto de morango). Uma das complicações associadas à doença é a infertilidade, pois causa danos às células ciliadas da mucosa tubária ou fagocitose de sptz. Além das complicações de câncer cervical e de próstata, aumento do risco de contrair e disseminar HIV. O diagnóstico clínico é muito sujeito a erros, pois o homem, por ser assintomático, não procura o médico e a mulher, que é assintomática, nem sempre apresenta todos os sintomas acimas, e isso gera uma grande variabilidade na intensidade da infecção. Para o diagnóstico é realizado os seguintes exames: 1. pH vaginal; 2. teste de Whiff (teste das aminas ou do cheiro); 3. Exame a fresco; 4. Coletar a zaragatoa num meio TYM (+SFB) a 37º por 24h, posteriormente se retira a alíquota e ocorre a observação do MO, com uma sensibilidade altíssima; 5. Também há a opção de colorir a zaragatoa por Giemsa; 6. Papanicolau; 7. Ensaio por PCR. O tratamento de tricomoníase é através de nitroimidazóis. As profilaxias são: 1. Uso de preservativos; 2. Abstinência de relações sexuais durante o tratamento; 3. Tratamento caso o parceiro tenha a infecção; 4. Lavagem de roupas intimas recém compradas; 5. Não compartilhar toalha; 6. Não frequentar piscinas caso esteja infectado ou banhos em banheiras.
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