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Kaliane Oliveira Os carboidratos são chamados também como hidratos de carbono, glicídios ou açúcares. Estão distribuídos amplamente na natureza e são obtidos na fotossíntese através de carbono e água. Eles possuem função de reserva de energia, como o amido e o glicogênio; ou estrutural, como a celulose; ou fonte de energia como a glicose. A molécula de carboidrato é composta por carbono (nunca menos do que 3 carbonos), hidrogênio e oxigênio. São definidos como polihidroxialdeidos, polihidroxicetonas, polihidroxialcoois, polihidroxiácidos derivados dessas estruturas e, polímeros desses compostos unidos por ligações glicosídicos, ligação covalente entre monossacarídeos que forma moléculas mais compostas. Funções Produção de energia através da molécula de glicose (neurônios e eritrócitos têm como único substrato energético a glicose, na ausência ou diminuição o organismo tenta sintetizar a glicose a partir de AA); Armazenamento no músculo e no fígado (sistêmico) na forma de glicogênio, mantendo a homeostase do organismo durante um jejum; Conversão a triglicerídeos e armazenados no tecido adiposos para necessidades (ingestão maior do que o gasto pode causar problemas como obesidade, diabetes); Regula o metabolismo proteico, impedindo que as proteínas sejam desviadas para satisfazer demanda energia e permitindo que elas sejam usadas na sua função mais adequada como de construção de tecidos, proteção, formação de hormônios, enzimas. AA glicogênicos são impedidos de serem convertidos em glicose pelo processo de gliconeogênese como meio de poupar as proteínas de serem gastas para demandas energéticas, além de que, constitui uma forma de diminuir a produção de corpos cetônicos; Ligados a celulose (amido resistente), um polissacarídeo que não pode ser digerido por humanos e funciona como fibras, fermentando bactérias do colo intestinal e auxiliando na formação do bolo fecal; A lactose, um carboidrato, facilita a absorção do cálcio e tem ação laxativa por servir como fonte de fermentação de bactérias no intestino; Ribose e desoxirribose são constituintes da síntese do RNA e DNA, respectivamente; Ácido glicurônico que se combina com toxinas a fim de excretá-las - desintoxicação do organismo (moléculas lipossolúveis são incapazes de serem excretadas na urina e se conjugam com uma molécula de ácido glicurônico e possibilita assim a sua excreção). Classificações Quanto o número de monômeros ou grau de polimerização: 1. Monossacarídeos: São açúcares fundamentais que não necessitam de qualquer alteração para serem absorvidos. Propriedades: Solúveis em água; Insolúveis em solventes orgânicos; Kaliane Oliveira Brancos e cristalinos; Maioria tem sabor doce; Estão ligados à produção energética. O seu nome genérico depende do número de carbonos mais a terminação ose: 3 carbonos – trioses; 4 carbonos – tetroses; 5 carbonos – pentoses; 6 carbonos – hexoses; 7 carbonos – heptoses. Nomenclatura básica: Glicose: monossacarídeo com 6 carbonos e um grupo funcional aldeído. É a principal fonte de energia celular dos mamíferos, é produto da degradação de carboidratos complexos e é encontrada naturalmente no mel, frutas e tubérculos, por exemplo. A glicose é a forma que o açúcar circula no sangue e se oxida para produzir energia, portanto, no metabolismo humano, todos os tipos de açúcares se transformam em glicose; Galactose: produzido pela degradação da lactose, não sendo encontrada naturalmente nos alimentos. É o açúcar do sistema nervoso, utilizada para a síntese de galactolipídeos e cerebrosídeos; Frutose: monossacarídeo com 4 carbonos e um grupo funcional cetona que é encontrado principalmente nas frutas e no mel e tem a maior capacidade adoçante entre os carboidratos (utilizado muitas vezes em substituição a sacarose). No corpo, a frutose deve ser convertida em glicose para ser utilizada como fonte de energética. 2. Dissacarídeos: São constituídos por duas moléculas de monossacarídeos, os mais comuns são sacarose (glicose mais frutose), lactose (glicose mais galactose) e maltose (glicose mais glicose) e tem também a ribose e a desoxirribose. Sacarose: é encontrada em frutas, vegetais e mel, as suas principais fontes são cana de açúcar e beterraba. Ela é facilmente hidrolisada por soluções diluídas de ácidos minerais ou enzimas (invertases) com formação de D-glucose e D- frutose; Maltose: pode ser produto da hidrolise do amido, a maltose é o açúcar do malte, produzida por hidrólise ácida/enzimática ou fermentação da cerveja; Lactose: está presente, principalmente, nos alimentos lácteos, entre os dissacarídeos, é o que possui menor poder adoçante e de solubilidade, corresponde a 4-5% do alimento e através da hidrólise enzimática forma-se D-glucose e D- galactose. O único carboidrato que não deriva de vegetais é a lactose. 3. Oligossacarídeos: São combinações de açúcares simples que formadas por 2 a 10 moléculas de Ou ainda aldose ou cetose. Kaliane Oliveira monossacarídeos, iguais ou diferentes. Por exemplo: rafinose e estaquiose. Eles são encontrados em alguns legumes, não sofrem hidrólise por enzimas pancreáticas (digestão dificultada) e são fermentados por bactérias colônicas: gás e ácidos graxos de cadeia curta (probióticos) 4. Polissacarídeos: São formados pela combinação de um grande número de unidades de açúcares. Amido: é composto por amilose (polissacarídeo linear que reage com o iodo formando composto azul, em uma reação realizada para identificar a maturação do fruto) e amilopepctina (fração ramificada que na água em alta temperatura forma géis). O amido é a principal forma de armazenamento de carboidrato no vegetal, tendo função nutritiva na planta. Tem uma fácil digestão e ao ser aquecido na presença de água forma géis estáveis (gelatinização). No duodeno, a amilase pancreática é capaz de realizar à digestão completa do amido, transformando-o em dextrina, depois em maltose e se prosseguir, em glicose; Celulose: é o principal componente da parede celular dos vegetais, é insolúvel em água, ácido e álcalis e não é digerível pelo homem devido a ausência da enzima celulase. A sua hidrólise é de difícil realização e só acontece diante de enzimas e ela pode ser absorvida pelos ruminantes por ser degradada por bactérias. A celulose pertence ao grupo das fibras dietéticas juntamente com hemicelulose, pectinas, gomas e mucilagens; Glicogênio: corresponde ao polissacarídeo de reserva energética, o mesmo é armazenado no fígado e no músculo e é constituído por cadeias ramificadas de glicose; Pectina: junto a celulose e a hemicelulose forma a parede celular dos vegetais, ela é o polissacarídeo mais importante na indústria alimentícia. É encontrada em grande quantidade no mesocarpo (parte média dos frutos) – protopectina está presente em frutas verdes, insolúveis em água, em meio ácido formam ácidos pectínios (esses ácidos formam géis na presença de íons metálicos) e na presença de açúcares no meio ácido forma géis. De acordo com a localização da carbonila: Aldose: possui carbonila no início da cadeia carbônica (ex.: glicose, desoxirribose, galactose, manose, ribose); Cetose: possuem carbonila no segundo carbono da cadeia carbônica (ex.: frutose). De acordo com a capacidade de serem hidrolisados (digeridos): Simples: monossacarídeos (glicose, galactose, frutose), dissacarídeos (maltose, sacarose, lactose) Complexos: oligossacarídeos (rafinose, estaquiose), polissacarídeos (amido, pectina, glicogênio, gomas, celulose). Quanto a digestibilidade: Carboidratos digeríveis: sofrem degradação pelas enzimas humanas – amido, sacarose, maltose e isomaltose; Parcialmente digeríveis: não sofrem digestão completa, não são digeridas no intestino delgado, são amido resistentes; Não digeríveis: não sofrem degradação pelas enzimas humanas, podem sofre fermentação Kaliane Oliveira pelas bactérias intestinais – fibras insolúveis: celulose; fibras solúveis: pectina, gomas. Digestão Inicia-se na mastigação (quebra das moléculas por ação mecânica e enzimática com a digestão do amido pela amilase salivar/ptialina cujo pH é 7,0). A ptialina hidrolisa parte dos polissacarídeos ingeridos, ainda na boca, e sua ação cessa no estômago, onde ela é inativada devido a acidez do HCl; O peristaltismo estimula a passagem do alimento da boca para o estômago, no estômago os alimentos são amassados pelas contrações musculares e misturados ao suco gástrico (composto por água, enzimas e HCl); Os polissacarídeos que não sofreram ação da amilase salivar, no intestino delgado, com a ação da amilase pancreática, começam a sofrer hidrólise, gerando como produto do amido a maltose, maltoestriose e glicose. O amido resistente não é digerido por ação enzimática e é fermentado por bactérias, produzindo gases e ácidos graxos de cadeia curta; O bicarbonato de sódio produzido pelo suco pancreático, neutraliza o bolo ácido que veio do estômago e favorece a atuação da amilosina responsável pela degradação do amido em maltose; Dissacarídeos: são hidrolisados pelas enzimas dissacaridases (lactase, sacaras e maltase) a monossacarídeos (glicose, frutose, galactose); Monossacarídeos são absorvidos no intestino delgado através de transportadores específicos (GLUT) para dentro dos enterócitos; Polissacarídeos não digeríveis, como as fibras, são fermentados por bactérias colônicas. Absorção Os monossacarídeos produzidos pela digestão dos polissacarídeos estão prontos para serem absorvidos e transportados pela circulação aos diferentes tecidos do organismo. A absorção dos monossacarídeos resultantes da digestão, ou seja, seu transporte do lúmen intestinal até a circulação, ocorre de duas principais maneiras: difusão facilitada e cotransporte de sódio e glicose. Esses dois processos possibilitam a passagem dos monossacarídeos através das membranas celulares ricas em lipídeos, das seguintes maneiras: Cotransporte por transportador de sódio e glicose 1 (SGLT1): expressos nas células epiteliais absortivas da membrana apical, eles transportam a glicose e a galactose concomitantemente a quantidade de sódio (cotransporte). É um transporte por difusão facilitada sem gasto energético, no entanto, indiretamente ocorre gasto de ATP, pois o sódio, para ser liberado no capilar, utiliza a bomba de sódio e potássio que depende de ATP. Após passar a membrana apical, os íons de sódio são trocados por íons de potássio, por meio da enzima sódio- potássio adenosina trifosfatase (ATPase) encontrada na membrana basolateral, nesse momento, a glicose passa a ser transportada Kaliane Oliveira através da membrana basolateral por difusão facilitada; Difusão facilitada: realizada com auxílio de uma família de transportadores conhecidos como GLUT, proteínas de membrana encontradas em todas as células, capazes de transportar a glicose a favo de seu gradiente de concentração. A energia para a transferência é obtida por meio da dissipação da diferença de concentração da glicose. GLUT 2: expresso na membrana basolateral, é responsável pelo transporte de glicose e galactose; GLUT5: expresso na membrana apical do enterócito, é responsável pelo transporte da frutose. Teor de carboidratos em alimentos Alimentos % Carboidratos Frutas 6-12% sacarose Milho e batata 15% amido Trigo 60% amido Farinha de trigo 70% amido Condimentos 9-39% açúcares redutores Açúcar branco comercial 99,5% sacarose Açúcar de milho 87,5% glicose Mel 75% açúcares redutores Varia muito, no caso, das frutas, quando maduras, tem um teor de sacarose maior, já ela verde, tem um teor de amido maior. Além de variar entre as próprias frutas. Recomendações de carboidratos 45 a 65% de carboidratos; 130g/dia para adultos. Fibras: Homens: de 19 a 50 anos – 38g; maiores de 50 anos – 30g; Mulheres: 19 a 50 anos – 25%; maiores de 50 anos – 21g. Controle na captação da glicose – insulina Com os níveis de glicose mais elevados, o pâncreas sofre influência através das incretinas GIP e GLP1 para secretar a insulina que age na captação da glicose para dentro da célula. A insulina aumenta a taxa de utilização da glicose com os propósitos de oxidação, de glicogênese e de lipogênese. Controle da captação da glicose – glucagon Ação antagonista da insulina, no período de jejum, quando tem uma menor taxa de glicose no sangue, o pâncreas recebe estímulo para secretar o glucagon, para estimular o fígado a pegar o glicogênio armazenado como reserva e quebra-lo (glicogenólise). O intuito da liberação do glucagon é de aumentar a concentração de glicose no sangue. Controle da captação da glicose – adrenalina Tipo de GLUT Principais locais de expressão GLUT 1 Placenta, cérebro, rins e cólon GLUT 2 Fígado, células β pancreáticas, rins, intestino delgado e testículos GLUT 3 Cérebro e testículos GLUT4 Músculo esquelético, tecido adiposo e coração GLUT 5 Intestino delgado e esperma Kaliane Oliveira Produzido pelo córtex da supra renal. A sua ação depende da ligação a receptores específicos (α e β adrenérgicos), ela promove a hidrólise do glicogênio hepático e muscular, diminui a liberação de insulina, aumenta a quantidade de glicose através das suas reservas e aumenta a taxa de mobilização de ácidos graxos das células adiposas para o metabolismo. Lembrar que: Regulação de glicemia X qualidade do carboidrato Precisa ser discutido: quantidade e digestibilidade do carboidrato, absorção, secreção de insulina e sensibilidade dos tecidos periféricos a ação da insulina. O consumo de alimentos com alto índice glicêmico provoca maior liberação de insulina pelas células β-pancreáticas, que pode estimular a enzima acetil CoA carboxilase e HGM-CoA redutase, envolvidos na síntese de ácidos graxos e colesterol, respectivamente. Por outro lado, podem otimizar a recuperação dos estoques musculares de glicogênio após treinamento intenso. Relevância do índice glicêmico e fatores que influenciam: Controle da glicemia; Regulação de colesterol e de triglicerídeos; Otimização do desempenho esportivo; Concentração de frutose no alimento; Concentração de galactose; Presença de fibras; Presença de inibidores de amilase (fitatos); Adição de proteínas e lipídeos às refeições; Relação amilose/amilopectina. Índice glicêmico: É a escala de resposta glicêmica do alimento em relação a quantidade de carboidratos fixa. Carga glicêmica: Ajusta o valor de índice glicêmico ao tamanho da porção. Enquanto o índice glicêmico mede a velocidade com o que o carboidrato se transforma em açúcar (qualidade), a carga indica a quantidade de carboidratos presentes em um determinado alimento. Índice glicêmico Carga glicêmica Alto 70 ou mais 20 ou mais Médio 56-59 11-19 Baixo 55 ou menos 10 ou menos Referências (Fao/OMS): Baixo índice glicêmico: <60 Índice glicêmico moderado: 60-85 Alto índice glicêmico: >85 Carga glicêmica = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜𝑠 𝑋 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑔𝑙𝑖𝑐ê𝑚𝑖𝑐𝑜 100
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