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1 PRÁTICAS DE GESTÃO EM SAÚDE: FUNDAMENTOS DA GESTÃO PÚBLICA Larissa Catherine Gomes Domiciano – RU 3382500 Taubaté – SP Fundamentos da Gestão de Saúde – Serviços Públicos em Saúde Para analisar ou descrever serviços de saúde no Brasil temos que ter em mente que, quando se aborda qualquer dos seus níveis de competência, entende-se no âmbito de suas ações as bases definidas nas Leis no 8.080 e 8.142 de 1990. No Brasil, a busca pela Reforma Sanitária reuniu estudiosos da área da saúde, trabalhadores e movimentos populares que buscavam por mudanças do modelo assistencial e das políticas públicas de saúde. Idealizava-se um novo padrão de saúde inspirado em modelos e propostas internacionais. Na ocasião, a assistência à saúde do país não respondia às principais demandas da população, e os indicadores epidemiológicos eram muito negativos. A partir da criação do SUS, o Ministério da Saúde (MS) passa a criar portarias, normas operacionais, documentos norteadores de programas, entre outras recomendações. O conjunto de esforços para implantação do SUS se deu de maneira desigual no território nacional, mas de forma geral possui o seguinte fluxograma hierárquico: Tal fluxo de gestão produz ações de saúde voltados para à Atenção Básica e no cotidiano dos serviços, como: cadastramento da população, ações de vigilância em saúde, territorização, atendimentos, consultas médicas, de enfermagem, odontológicas, visitas domiciliares e outros procedimentos que se estendem ao território como respostas às necessidades de saúde específica da população como um todo. Desta forma, a implantação do SUS, se torna um desafio de integralidade Ministério da Saúde Secretarias Estaduais Secretarias Municipais 2 direcionado a ampliar as ações de saúde oferecidas na Atenção Básica, assim como integrar as os profissionais ao atendimento da população. Com o avanço do processo de municipalização do SUS, a gestão dos serviços de saúde pública está cada vez mais em consonância com o plano de governo municipal. Em diversas situações, o município opta por incorporar programas e estratégias idealizadas no nível federal, havendo incentivos financeiros específicos para áreas prioritárias. Quanto à participação do governo estadual há grandes disparidades em todo país, mas ela é de fundamental importância para ordenar redes de assistência, sobretudo em municípios menores, sem recursos e com pouca capacidade de oferecer assistência integral aos cidadãos. Desta forma, a gestão dos serviços de saúde acompanha movimentos macro políticos de diferentes instâncias, que em maior ou menor grau gera impactos diretos nos diferentes processos de trabalho que realizamos. Entretanto, acreditamos que cada rede geralmente esteja apta a resolução dos problemas a ela atribuídos, mas nem sem sempre podemos concordar com esta afirmativa, pois embora que esta afirmativa seja largamente repetitiva, este longe de constituir uma verdade, pois a rede básica pode variar de acordo com o nível de atenção. Na Rede Básica, por exemplo, a rede será capaz de atender e solucionar cerca de 80% dos casos se esses indicarem corretamente qual a Especialização em Gestão em Saúde Gestão dos Sistemas e Serviços de Saúde e quais os recursos necessários para tratá-los. Em todo nível de atenção existem algumas questões que influenciam diretamente a resolubilidade da situação, seja ela positiva ou nem tanto. No primeiro nível, uma das questões centrais que influenciam o baixo nível de resolução de problemas é a noção de que é possível resolver a maior parte dos problemas de saúde apenas por meio de medidas de promoção e de prevenção da saúde. Isso pode ser verdade, mas apenas para determinados perfis epidemiológicos ligados à extrema pobreza e caracterizados por doenças infecciosas e parasitárias. Portanto, para a resolução de boa parte dos casos mais comuns apresentados ao sistema de saúde, não bastam medidas preventivas, mas são necessários também o tratamento e o acompanhamento. 3 Nesse contexto, esperamos que a Atenção Primária à Saúde: Seja eficiente para atender de forma resolutiva a maior parte dos problemas de saúde da população; Coordene as referências, contra referências, informações e demais etapas que compreendam as redes de atenção à saúde; Se responsabilize pela vigilância em saúde do território e população adstrita. Estas atribuições são complexas e o sucesso das mesmas depende de investimentos em infraestrutura e mão de obra, profissionais qualificados e gestão eficiente dos processos de trabalho e dos serviços que compõem a rede. Em uma rápida exemplificação: temos que executar políticas abrangentes, como Política Nacional de Humanização, Política Nacional de Atenção Básica, Política Nacional de Imunização, Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, entre outras. Executamos um amplo processo de mudança no modelo de atenção à saúde por meio da Estratégia Saúde da Família, e, mais recentemente, pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Nas Redes de Assistência à Saúde, além de oferecer um extenso repertório de ações, ficamos com a responsabilidade de coordenar o percurso terapêutico dos usuários nos demais níveis de complexidade. Temos ainda uma lista de ações programáticas e vigilância em saúde, visando o atendimento de grupos específicos na perspectiva de promoção, prevenção e recuperação da saúde desses grupos. A competência do gerenciamento local de saúde possibilita boas práticas de liderança e agrega valor ao trabalho, aumentando o potencial da equipe. Segundo André e Ciampone (2007), conjuga esforços para utilizar recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos de modo a ampliar a resolutividade do serviço na área de abrangência, em conformidade com o modelo assistencial pautado na epidemiologia social. Por fim, ressalto que o SUS tem conseguido superar obstáculos importantes. Progressivamente, temos ampliando o número de serviços e profissionais na Atenção Básica em praticamente todos os municípios do país, mas ainda há espaço para ampliação da ESF e melhorias na infraestrutura e redes de atenção à saúde. A descentralização do SUS é uma realidade, cabe agora valorizar o trabalho participativo e os mecanismos de controle social. 4 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 16 ed. Organização de Alexandre de Moraes. São Paulo: Atlas, 2000. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual para a Organização da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 1999. Disponível em: < http://dab.saude.gov.br/docs/geral/manual_organizacao_ab.pdf>. Acesso em: 17/07/2021. CARVALHO, A.I.; BARBOSA, P.R. Políticas de saúde: fundamentos e diretrizes do SUS. – 2. ed. reimp. – Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC; Brasília: CAPES-UAB, 2012. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Competência para o trabalho em uma unidade básica de saúde sob a Estratégia de Saúde da Família: médico e enfermeiro. Brasília, 2000. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Sistema de Informação em Atenção Básica. Indicadores 2002. 5. ed. Brasília, 2002. AGUIAR, Z.N. SUS: Sistema Único de Saúde – antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011.
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