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1 Nicole Telles Moreira PEDIATRIA EPIDEMIOLOGIA • 01 episódio sintomático até os primeiros 11 anos de vida de ITU - 3% das meninas - 1,1% dos meninos • Maior incidência de ITU no 1° ano de vida, estimada em cerca de 1,4% das crianças -A prevalência em meninos é maior que em meninos. Porque em meninos até um ano de idade eles vão ter a Fimose fisiológica. A aderência nesse local vai dificultar a higienização, podendo ter proliferação de bactérias naquela região, que por algum motivo eles vão acbar causando ITU. -Após 1° ano passa a ser mais prevalente em meninas até os 6 anos de idade. Está relacionada a higienização do local, por estar no processo de adequação da criança em relação a limpeza, onde a maioria das crianças faz de trás para frente. Como nas meninas vai ter uma continuidade entre a vagina e o anus, elas vão acabar carregando as bactérias do TGI para o trato urinário. • A taxa de recorrência é elevada. O que é recorrência? Tem um episódio de ITU, e aí vai ter outros novos episódios. - 30% das meninas têm um novo episódio no 1° ano após o episódio inicial e 50% apresentam recidiva em até 5anos. - 15 a 20% de recorrência nos meninos, sendo raras após o 1º ano de vida. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pode ter tudo e não ter nada e ter uma infecção urinária. Como assim? Sintomas urinários (disúria, polaciúria) podem ou não estar presentes. O que vai determinar isso primeiro é a idade da criança e segundo a localização da infecção. Na anatomia do trato urinário tem rins, ureter, bexiga e uretra. A infecção pode ocorrer em qualquer altura do trato urinário: Infecção em uretra → Uretrite Infecção em bexiga → Cistite Infecção em rim→ Pielonefrite Fatores de risco: Estado nutricional, presença de alterações anatômicas do trato urinário, número de infecções anteriores e intervalo do último episódio infeccioso. ❖ Recém-nascidos: Vai ser um quadro inespecífico e, normalmente, vai ser via hematogênica (outro foco que através do sangue chega ao trato urinário) podendo causar um quadro séptico (grave). Manifestações inespecíficas: • Ganho de peso insuficiente • Anorexia • Vômitos • Dificuldade de sucção • Irritabilidade • Hipoatividade • Convulsões • Pele acinzentada • Hipotermia - Quadro de infeções bacteriana em recém nascidos dificilmente consegue manter a infecção no local em que ela se iniciou por conta do sistema imune da criança, então vai ter uma disseminação bacteriana. - Alta frequência de mortalidade é cerca de 10%. Por isso deve ter muito cuidado com criança que está hipoativa e anoréxica. Os primeiros sintomas são recusa alimentar e hiperatividade. ❖ Lactentes (2, 3 meses) - Febre (muitas vezes o único sinal) Manifestações não específicas: • Hiporexia • Vômitos • Dor abdominal • Ganho ponderoestatural insatisfatório Raramente: • Polaciúria • Gotejamento urinário • Disúria • Urina com odor fétido • Dor abdominal ou lombar - Esses sintomas dependem da avaliação do observador Disúria→ Bebê calmo e tranquilo que chora (pouca duração) e depois cessa. Ao olhar a frauda, se tiver xixi, pode dizer que o bebê chorou na hora de urinar. Polaciúria→ ao trocar a fralda, a mãe percebe que o bebê fez xixi várias vezes, mais em pequena quantidade. Gotejamento→ quando o bebê sem faz xixi em jato e a mão percebe que agora o xixi vem em gotejamento, ocorre quando há alteração inflamatória ou processo obstrutivo. Urina com odor ferido→ xixi com cheiro estranho. Não é um sinal de infecção, porém pode sugerir. Urina muito concentrada pode cursar com odor fétido Infecção do trato urinário - ITU 2 Nicole Telles Moreira PEDIATRIA Dor abdominal ou dor lombar→ se o bebe não chora ou tá chorando e no momento do exame laboratorial começa a chorar ou aumenta a intensidade do choro, isso pode sugerir uma dor abdominal. ❖ Pré-escolares e escolares • Febre A depender da altura (localização): • Pielonefrite aguda → Queda estado geral, dor abdominal e nos flancos. Já é possível que a manobra de Giordano seja positiva. • Cistite → urgência miccional, polaciúria, disúria, incontinência e/ou retenção urinária, xixi por extravasamento (esfíncter inflamado não consegue fazer esvaziamento direito. Na hora que a pressão dentro da bexiga fica maior do que o esfíncter, o xixi é liberado) com urina fétida e turva. Obs: Disúria (nem toda disúria é infecção urinária). Posso pensar em infecção de ureter localizada. Lesões locais, quando a urina passa, arde. Posso ter tido trauma no local. Fazer exame na genitália para ver se não tem lesão local. Diferenciar se é uma balanite, balanocistite ou realmente uma infecção urinária. ❖ Adolescentes • Disúria • Polaciúria • Urgência miccional • Hematúria • Febre (nem todos os pacientes terão) - Posso ter inflamação localizada, cistite sem febre. - Se tiver febre, já posso pensar em pielonefrite, uma infecção mais alta, sistêmica. NA SUSPEITA DE ITU - Investigar a história familiar de má formação e outras enfermidades (crianças com o furinho na região pré- auricular tem associação com má formação e cistos renais, dever-se fazer ultrassom na criança para detectar). - Exame morfológico fetal por ultrassonografia (analisar o rim). -Exame físico deve ser completo - aspectos nutricionais e o DNPM • Percussão lombar (punho-percussão) • Palpação abdominal das lojas renais (nem sempre observa alterações). Ás vezes, quando se tem um cisto renal, é possível palpar dependendo do tamanho do cisto. • Bexiga palpável. Quando se tem infecção urinária, pode ser possível palpar a bexiga. • Observação do jato urinário (saber se está em fio ou gotejamento). • Exame da genitália externa DIAGNÓSTICO História clínica e exame físico → vão fazer a SUSPEITA Confirmação → UROCULTURA - Só posso dizer que a criança tem infecção urinária se ela tiver uma urocultura positiva Análise da urina: Coleta de urina → falso-positivos ✓ Jato médio: pacientes com controle miccional. Desprezar a primeira urina, pois eu tenho bactérias que colonizam as vias, e coletar jato médio. ▪ Sem controle miccional: ✓ Saco coletor (observar se tem infecção urinária). Se é negativa, eu consigo negar! Se é positiva, dá a suspeita da infecção do trato urinário. O saco coletor pode ficar na criança por 30 minutos. (Geralmente não dá certo). ✓ Pela punção supra púbica (PSP) – Método PADRÃO-OURO. Dá bastante líquido para criança, vai a 2 cm da sínfise púbica, pega a agulha em 30º, 45° e coleta. (nunca é feito) ✓ Cateterismo vesical - Passagem da sonda pela uretra. Higienização, anestésico e passagem da sonda, dizem que é um método doloroso, porém, se for feita com o material adequado, é um método indolor. INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES Piúria: 5 ou mais piócitos (célula de defesa, presente em qualquer processo inflamatório) por campo microscópico sob grande aumento (400 x) ou mais de 10.000 piócitos por mL Cilindros piocitários → processo pielonefrítico. Nitrito → 50% positivo, 95% especificidade. Se eu tenho nitrito positivo, tem infecção urinária. Se vier negativo, não afasta infecção urinária. Coloração pelo Gram: 1 ou mais bactérias (bastonetes Gram-negativos). Método barato, relativamente rápido, mas quase nunca é feito. Sensibilidade é de 94%, especificidade de 92%, valor preditivo de 85% quando associado à piúria. Bacterúria significativa: ≥ 100.000 UFC de uma única bactéria. Se aamostra tem mais de uma bactéria, possivelmente a amostra está contaminada. Urocultura, é o método de certeza do diagnóstico da ITU. Faz a cultura e ela cresceu, tenho o diagnóstico de infecção urinária. Obs: Hemograma, PCR. Não diagnosticam. Posso usar para saber a gravidade da infecção. Presença de mais de 500 bastonetes, PCR acima de 40, eu tenho sugestão de que é infecção bacteriana, porém não dá diagnóstico. AGENTES ETIOLÓGICOS Geralmente bactérias do trato digestório Bacilos Gram-negativos aeróbicos → enterobactérias 3 Nicole Telles Moreira PEDIATRIA - Escherichia → Escherichia coli - Klebsiella - Enterobacter - Citrobacter - Proteus - Serratia • Ficar atento a presença de proteína e hematúria BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA -Sumário com numerosas bactérias. Duas possibilidades: Coleta errada ou Bacteriúria em crianças sem nenhuma sintomatologia. Se confirma o diagnóstico com a urocultura. Bacteriúria assintomática: - Meninas: 1 a 2% (mais frequente) - Meninos: 0,03% Caracterizada por: - 3 uroculturas consecutivas com bacteriúria significativa em um período de 3 dias a 2 semanas - Tratar crianças com crianças portadoras de meningomielocele, bexiga neurogênica e nas que necessitam de cateterismo vesical de repetição. - Não trata se não se encaixar nesse quadro acima. Vai acompanhar essa bacteriúria em 12 meses sem tratamento até desparecer, no memento que ficar sintomática, ai sim, vai tratar. TRATAMENTO - Dois aspectos fundamentais - Erradicação do agente infeccioso (seguida da quimioprofilaxia) - Estudo morfofuncional do trato urinário ERRADICAÇÃO DO AGENTE INFECCIOSO • Alívio dos sintomas: - Dor e febre → analgésicos e antitérmicos em doses usuais - Hidratação (quanto mais hidrata, mais se faz xixi (limpeza do trato urinário) - Correção de distúrbios → sepse, hidroeletrolíticos • Tratamento erradicador (idade da criança, gravidade da infecção) - Hospitalar → utilização da via endovenosa, febre alta, toxemiadas, desidratadas e com vômitos persistentes. - Ambulatorial → Crianças > 3 meses de vida, sem sinais de toxemia, com estado geral preservado, hidratadas e capazes de ingestão oral. É uma criança que aceita antibióticos? Aceita líquidos? Eu posso tratar ambulatoriamente, desde que ela tenha acima de 3 meses. ERRADICAÇÃO DO AGENTE INFECCIOSO - Cefalosporinas de 1ª geração → 2ª geração (cefuroxina) - Sulfametoxazol + trimetoprim - Amoxicilina + Clavulanato. Amoxicilina pura não serve. - Nitrofurantoína (Extremamente difícil de fazer. Depende da mãe e da criança. Macera o comprimido, dilue em água, a mãe aspira e dá pra criança. Chance alta de dar errado. Tem sabor ruim). - Ácido nalidíxico (X menores de 1ano). Ninguém prescreve. Tem chance de hemorragia craniana. PROFILAXIA - Investigação de possíveis alterações morfológicas do trato urinário: - Profilaxia → baixas doses de antibiótico ou quimioterápico Indicação: - Durante a investigação morfofuncional, após o primeiro episódio de ITU; - Anomalias obstrutivas do trato urinário, até a realização da correção cirúrgica; - Refluxo vesicoureteral (RVU) de graus III a V; - Recidivas frequentes da ITU, com estudo morfofuncional dentro da normalidade (6 a 12 meses) AVALIAÇÃO MORFOFUNCIONAL DO TRATO URINÁRIO - 1° episódio bem documentado, em qualquer idade e para ambos os sexos Objetivos: - Detectar condições predisponentes da infecção e dos surtos de recidivas - Avaliar a presença de lesão renal e estabelecer conduta apropriada para prevenir o surgimento da lesão renal ou o seu agravamento 4 Nicole Telles Moreira PEDIATRIA Abaixo de 2 anos: Peço ultrassom e uretrocisto Acima de 2 anos: Ultrassom Ultrassonografia (US)- quando se faz uma US de fase aguda se espera encontrar: Aumento de volume renal→ pielonefrite Redução de tamanho → já tinha alguma doença (doença crônica) Exames radiológicos - Uretrocistografia miccional (UCM) → morfologia do trato urinário inferior → (RVU, divertículos, ureteroceles, estenoses ou válvula de uretra posterior – VUP) Urografia excretora (UE): - Pouco utilizado - Especialmente alterações ureterais (duplicação, implantação anômala e ureter ectópico) Ressonância magnética e angioressonância dos vasos renais: - Identificação da anatomia do trato urinário e estudo dos vasos renais - Custo elevado. EXAMES DE MEDICINA NUCLEAR - Cintilografia renal estática com DMSA → avaliação morfológica e funcional quantitativa (captação relativa ou absoluta) → diagnóstico precoce das lesões corticais agudas - Cintilografia renal dinâmica com DTPA → avaliar se o sistema excretor urinário está pérvio, diferenciando os processos obstrutivos funcionais dos anatômicos Estudo urodinâmico → estudar a capacidade, a pressão vesical, a atividade do detrusor e da musculatura do assoalho pélvico durante o enchimento da bexiga e o ato miccional, indicado nos casos de ITU associado à bexiga neurogênica e em alguns casos de distúrbios miccionais. Estudo endoscópico→ (uretrocistoscopia) Resumo baseado na aula da professora Cecília – 4º semestre Medicina Uniftc
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