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DEFINIÇÃO Perda involuntária de peso maior que 10% do peso basal em um período de 6 a 12 meses. EPIDEMIOLOGIA Associada a aumento da morbidade e da mortalidade e maior suscetibilidade a infecções oportunistas. Presente em torno de 80% dos pacientes com câncer. 15 a 20% de todos adultos com mais de 65 anos terão emagrecimento involuntário se acompanhados e observados por um período de 5 a 10 anos. ETIOLOGIA Neoplasias: TGI, hematológicas, genitourinário, pulmão. Doenças gastrointestinais: DRGE, celíaca, ulcerosa péptica, inflamatória intestinal, insuficiência pancreática. Inflamatórias: LES, esclerodermia, artrite reumatóide. Endocrinopatias: DM, hipertireoidismo, doença de Addison, feocromocitoma, hipopituitarismo. Infecciosas: HIV, tuberculose, esquistossomose, leishmaniose, hepatite C. Psiquiátricas: anorexia, bulimia, depressão, ansiedade. Drogas: álcool, cocaína, opióides, anfetaminas. FISIOPATOLOGIA Diminuição do aporte de energia E/OU aumento do gasto energético E/OU perda energética via urinária ou fecal. Anorexia fisiológica da idade Aumento da CCK e diminuição do metabolismo. Máximo peso corporal: homens 40 anos e mulheres 50 anos. Perda de massa magra (extremidades e estoque de gordura central). A colecistocinina ou colecistoquinina (CCK) é um hormônio gastrointestinal que estimula a contração da vesícula biliar e secreção de enzimas do pâncreas, com digestão de carboidrato, gordura e proteínas. Neoplasias Emagrecimento secundário a anormalidades metabólicas. Grande produção e liberação de citocinas como a TNF alfa, IL-1, IL-6, as quais são anorexígenas e geram saciedade precoce. Além disso, podem promover a perda de massa magra, através do estímulo aos processos de lipólise e proteólise. O sítio específico acometido pela neoplasia também pode gerar mecanismos para o emagrecimento. Em exemplo, cânceres de cabeça e pescoço podem gerar anosmia, ageusia, hiporexia, disfagia, bem como em neoplasias do Trato Gastrointestinal (TGI) pode ocorrer náuseas, vômitos, diarreia e má absorção intestinal. CLASSIFICAÇÃO Perda de peso involuntária com aumento do apetite Associada com o aumento do gasto energético ou perda de calorias pelas fezes ou urina. A quantidade de calorias ingeridas é insuficiente para suprir o déficit energético. Causas: hipertireoidismo, diabetes mellitus (DM) descompensado, síndrome de má absorção, feocromocitoma, aumento importante de atividade física. Perda de peso involuntária com diminuição do apetite Neste grupo de doenças incluíam-se as doenças psiquiátricas como depressão, fase maníaca do distúrbio bipolar, distúrbio de personalidade e paranóia, uso crônico de drogas, doenças como câncer, endocrinopatias, doenças crônicas, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças gastrointestinais. QUADRO CLÍNICO Caracterização da perda de peso, do apetite e da presença de sintomas associados. DIAGNÓSTICO Anamnese Apetite, atividade física, padrão da perda de peso (flutuante ou estável), por quanto tempo vem perdendo peso e se a perda é voluntária ou involuntária. Nove “D”s Dentição: alteração na cavidade oral Disfagia Disgeusia: distúrbio do paladar Diarréia Depressão Doença crônica Demência Disfunção (física, cognitiva e psicossocial) ou dependência. Drogas MEALS ON WHEELS Medication: medicamentos Emotional problems: problemas emocionais, principalmente depressão Anorexia nervosa, alcoolismo Late Life paranoia Swallowing: deglutição Oral factors: fatores orais No Money: problemas financeiros Wandering ou comportamentos alterados H: hiper/hipotireoidismo, hiperparatireoidismo, hipoadrenalismo Enteric problems: problemas entéricos Eating: problemas para se alimentar sozinho Low salt, low cholesterol: dieta sem gordura e sal Stones, social problems: problemas sociais Exame físico O exame físico do paciente com perda de peso deve ser detalhado e incluir exame da pele (observar sinais de desnutrição, deficiência vitamina e oligoelementos), cavidade oral, avaliação da tireóide, propedêutica cardiovascular, pulmonar e abdominal, toque retal, palpação de linfonodos, exame neurológico, incluindo o Mini Exame do Estado Mental, medidas antropométricas para cálculo do IMC (kg/m2), além dos sinais vitais. Exames Laboratoriais Hemograma, PCR, VHS, bioquímica sérica, hemograma, enzimas hepáticas, albumina, TSH, urina I, sangue oculto nas fezes, mamografia, papanicolau, PSA, EDA, colonoscopia TRATAMENTO DEFINIÇÃO Perda de peso associada a perda de massa muscular, podendo haver ou não perda de gordura. Estado mais grave do emagrecimento. Parte de uma doença subjacente e pode estar presente em várias doenças crônicas (HIV, doença renal crônica, DPOC, doença hepática crônica, insuficiência cardíaca congênita, tuberculose, câncer). Esta síndrome está associada à anorexia, inflamação, resistência à insulina e degradação de proteínas musculares. A perda de gordura resulta, quer da anorexia, quer da inflamação, e a perda de massa muscular provém tanto de uma inflamação a nível muscular, da resistência à insulina e hipogonadismo. A perda de peso e fadiga, são dois sintomas importantes na caquexia, que agravam uma variedade de doenças crônicas, levando a uma diminuição da qualidade de vida e a um pior prognóstico da doença de base. FISIOPATOLOGIA Fisiopatologia da caquexia no câncer Multifatorial. O aumento do consumo energético pelo tumor, a liberação de fatores que agem no centro da saciedade diminuindo o consumo alimentar e as citocinas produzidas pelo hospedeiro e pelo tumor levam às anormalidades metabólicas características da síndrome. A caquexia pode ser classificada em: primária ou secundária. 1) primária: relacionada às consequências metabólicas da presença do tumor associada a alterações inflamatórias. Resulta em consumo progressivo e frequentemente irreversível de proteína visceral, musculatura esquelética e tecido adiposo. 2) secundária: resultante da diminuição na ingestão e absorção de nutrientes por obstruções tumorais do TGI, anorexia por efeito do tratamento e ressecções intestinais maciças. As duas condições aparecem concomitantemente em um só indivíduo. A caquexia secundária ao câncer é decorrente de uma complexa interação entre o indivíduo, seu status social e psicológico, e a resposta endócrino-metabólica desencadeada pela doença e pelas múltiplas opções de tratamento. CLASSIFICAÇÃO Caquexia oncológica: EPIDEMIOLOGIA Presente em cerca de 80% dos doentes que se encontram num estado avançado de câncer. Principal causa de morte em 20% destes doentes. Prevalência maior em doentes com tumores sólidos como o câncer gástrico, pancreático, pulmão, colorretal e cabeça, estimando-se que a caquexia oncológica esteja presente em cerca de 83-85% no câncer do pâncreas e câncer gástrico, 54-60% no câncer do pulmão, próstata e cólon e 32-48% no câncer da mama, sarcomas, linfomas e leucemias. QUADRO CLÍNICO Este tipo de doenças causa inflamação, anorexia, baixos níveis de testosterona (hipogonadismo) e hormonas anabólicas, resistência à insulina e anemia, sendo que a presença destes fatores pode estar associada à caquexia. DIAGNÓSTICO Fadiga: incapacidade de continuar o exercício físico na mesma intensidade e pode também ser mental. Anorexia: ingestão calórica total inferior a 20 kcal/kg de peso corporal por dia, um consumo de alimentos inferior a 70% das necessidades e falta de apetite. Os testes laboratoriais mais comuns na avaliação do EN são a dosagem plasmática de transferrina, proteína transportadora de retinol, e creatinina urinária, embora tenham valor limitado em pacientes com câncer, ante o aspecto crônico da desnutrição. A albumina sérica é, então, o parâmetro mais utilizado, frente ao baixo custo e a alta acurácia (na ausência de disfunção hepática e/ ou renal), seguida da pré-albumina e dos linfócitos. TRATAMENTO Tratamento da doença de base. Terapia nutricional (TN): não se recomenda suplementação altamente calórica. Os corticoides aumentam o apetite e podem melhorar o senso de bem-estar, mas fazem pouco para aumentar o peso corporal. Igualmente, oscanabinoides (maconha, dronabinol) aumentam o apetite, mas não o peso. Progestógenos, como acetato de megestrol 40 mg 2 ou 3 vezes ao dia, podem aumentar o apetite e o peso corporal. DEFINIÇÃO A má absorção é a assimilação inadequada de substâncias alimentares em razão de defeitos na digestão, na absorção e no transporte. FISIOPATOLOGIA A má absorção resulta do distúrbio em pelo menos uma das quatro fases da absorção de nutrientes: - A digestão intraluminal, na qual proteínas, carboidratos e gorduras são quebrados em formas adequadas para a absorção. - A digestão terminal, a qual envolve a hidrólise dos carboidratos e peptídios através das dissacaridases e peptidases da mucosa da borda em escova do intestino delgado. - O transporte transepitelial, no qual nutrientes, fluido e eletrólitos são transportados e processados dentro do epitélio do intestino delgado; e - O transporte linfático dos lipídios absorvidos. A digestão e a absorção ocorrem em três fases: 1. Hidrólise intraluminal de gorduras, proteínas e carboidratos pelas enzimas: sais biliares aumentam a solubilização das gorduras nessa fase 2. Digestão por enzimas da borda em escova e absorção dos produtos finais 3. Transporte linfático dos nutrientes O comprometimento da fase 1 envolve uma má digestão, em vez de uma má absorção. Digestão de gorduras Enzimas pancreáticas (lipase e colipase) dividem os triglicerídeos de cadeia longa em ácidos graxos e monoglicerídeos, os quais se juntam aos ácidos biliares e fosfolipídeos para formar micelas que passam pelos enterócitos jejunais. Os ácidos graxos absorvidos são ressintetizados e combinados com proteínas, colesterol e fosfolipídeos para formar quilomícrons, os quais são transportados pelo sistema linfático. Os triglicerídeos de cadeia média podem ser absorvidos diretamente. Gorduras não absorvidas adsorvem vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e possivelmente alguns minerais, causando sua deficiência. O hipercrescimento bacteriano provoca desconjugação e desidroxilização de sais biliares, limitando sua absorção. Sais biliares não absorvidos estimulam a secreção de água no cólon, causando diarreia. Digestão de carboidratos A amilase da enzima pancreática e enzimas com borda em escova nos microvilos quebram carboidratos e dissacarídeos em monossacarídeos constituintes. Bactérias colônicas fermentam os carboidratos não absorvidos em dióxido de carbono, metano, hidrogênio e ácidos graxos de cadeia curta (butirato, propionato, acetato e lactato). Esses ácidos graxos provocam diarreia. Os gases causam distensão abdominal e excesso de gases. Digestão de proteínas A pepsina gástrica inicia a digestão das proteínas no estômago (e também estimula a liberação de colecistocinina que é crucial para a secreção das enzimas pancreáticas). Enterocinase, uma enzima da borda em escova, ativa o tripsinogênio em tripsina, que converte muitas proteases pancreáticas em suas formas ativas. As enzimas pancreáticas ativas hidrolisam as proteínas em oligopeptídeos, que são absorvidos diretamente ou hidrolisados em aminoácidos. CLASSIFICAÇÃO - Distúrbios na mistura - Distúrbios na digestão dos nutrientes - Distúrbios na formação de micelas - Distúrbios na hidrólise da borda em escova - Distúrbios na absorção pela mucosa - Distúrbios no transporte de nutrientes - Mecanismo não totalmente esclarecidas EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO Os efeitos das substâncias não absorvidas, especialmente na má absorção global, são diarreia, esteatorreia, distensão abdominal e meteorismo. Outros sintomas resultam de deficiências nutricionais. Com frequência, os pacientes costumam perder peso, a despeito da ingesta alimentar adequada. A diarreia crônica é o sintoma mais comum e o que geralmente exige avaliação do paciente. A esteatorreia — fezes gordurosas, típicas de má absorção — ocorre quando são excretadas > 7 g/dia de gordura. A esteatorreia produz fezes em grande quantidade, pálidas, com gotículas de gordura e bastante mal cheirosas. Deficiências graves de vitaminas e minerais ocorrem nos casos avançados de má absorção; os sintomas estão relacionados a deficiências de nutrientes específicos. A deficiência de vitamina B12 pode ocorrer na síndrome da alça cega ou depois de extensa ressecção do íleo distal ou estômago. A deficiência de ferro pode ser o único sintoma em um paciente com má absorção leve. A amenorreia pode resultar de desnutrição e é uma manifestação importante da doença celíaca em mulheres jovens. DIAGNÓSTICO - História clínica e exame físico - Exames laboratoriais - Avaliação da absorção de gorduras - Avaliação da absorção e perda de proteínas - Avaliação de absorção de carboidratos - Exames de imagem (radiografia simples do abdome, trânsito intestinal de delgado, enterotomografia e enterorressonância abdominal) - Exames endoscópicos (endoscopia digestiva alta, colonoscopia, enteroscopia, cápsula endoscópica e colangiopancreatografia endoscópica retrógrada) - Avaliação da má absorção por insuficiência pancreática. TRATAMENTO Doença de base CONSEQUÊNCIAS Deficiência de nutrientes específicos ou globais, associada ou não à perda de peso. - Redução do crescimento físico e menor desempenho intelectual e atraso no desenvolvimento em crianças; - Grave perda de peso; - Baixa imunidade, favorecendo o aparecimento de doenças; - Anemia; - Dificuldade na cicatrização das feridas; - Pele, cabelos e unhas frágeis; - Rugas mais visíveis; - Mau funcionamento intestinal; - Infertilidade A má absorção, que se apresenta mais comumente como diarreia crônica, é caracterizada pela absorção defeituosa de gorduras, vitaminas lipo e hidrossolúveis, proteínas, carboidratos, eletrólitos e minerais e água. A má absorção crônica pode ser acompanhada por perda de peso, anorexia, distensão abdominal, borborigmos e fraqueza muscular. Um marco da má absorção é a esteatorreia, caracterizada pela gordura excessiva nas fezes e por evacuação volumosa, espumante, gordurosa e de cor amarela ou de barro. Os distúrbios crônicos de má absorção, mais comuns são a insuficiência pancreática, a doença celíaca e a doença de Crohn, enquanto nos países tropicais os quadros infecciosos ganham uma maior relevância. 5 REGRAS Regra 1: dilatação do lúmen do intestino delgado significa obstrução ou disfunção do músculo do intestino delgado. Regra 2: espessamento das pregas do intestino delgado significa infiltração da submucosa. Regra 3: espessamento reto, uniforme e regular significa infiltração por líquido (edema ou sangue). Regra 4: espessamento nodular, irregular e com distorção significa infiltração por células ou material não líquido. Regra 5: diagnóstico específico exige correlação do padrão do intestino delgado com os dados clínicos. DOENÇA CELÍACA DO ADULTO Espru não tropical, manifesta-se como mal absorção, esteatorréia e perda de peso. O glúten atua como agente tóxico para a mucosa do intestino delgado. A mucosa torna-se achatada e o número de células absortivas diminui; as vilosidades desaparecem. As camadas submucosa, muscular e serosa ficam normais. Achados e sintomas desaparecem com uma dieta rigorosa, sem glúten. Os achados radiográficos clássicos são: - Dilatação do intestino delgado - Pregas normais ou mais finas - Redução do número de pregas por polegada (2,5 cm) no jejuno - Aumento do número de pregas por polegada (2,5 cm) no íleo (≥ 5). Os achados são mais bem mostrados por enteróclise (com exame contrastado baritado). Em TC pode ser observada a distensão de alças do intestino delgado, com aumento do volume de líquido intraintestinal. DEFICIÊNCIA DE LACTASE É necessário que exista lactase nas células absortivas do jejuno para que seja possível a digestão correta de dissacarídeos. Diversos grupos populacionais, incluindo chineses, árabes, bantos e esquimós, apresentam deficiência total de lactase na vida adulta. Deficiência de lactase secundária ocorre no alcoolismo, doença de Crohn e uso de fármacos como neomicina. A lactose não digerida no intestino delgado provoca aumento do líquido intraluminal e dilatação do intestinodelgado, com pregas normais. ENTERITE POR RADIAÇÃO Ocorre quando grandes doses de radiação são dadas aos órgãos adjacentes. O intestino é o órgão mais radiossensível no abdome. Segmentos longos dele podem ser envolvidos, com espessamento das pregas e da parede intestinal. O peristaltismo é prejudicado. Fibrose progressiva leva à estenose crônica, geralmente envolvendo segmentos longos. O intestino pode ser dobrado e obstruído por aderências. Também podem formar fístulas para a vagina ou outros órgãos. A TC mostra espessamento da parede e aumento da densidade do mesentério, além de fixação das alças intestinais. DOENÇA DE WHIPPLE Doença sistêmica que acomete trato gastrintestinal, articulações, SNC e linfonodos. A doença é causada pelos bacilos de Whipple, bactérias gram-positivas em forma de bastonete encontradas dentro dos macrófagos em vários órgãos e tecidos. Os pacientes podem apresentar artrite, sintomas neurológicos ou esteatorréia. Geralmente há linfadenopatia generalizada. Enteróclise mostra o espessamento irregular das pregas, mais proeminente no jejuno. Os nódulos minúsculos (1 mm), como grãos de areia, espalhados de maneira difusa sobre a mucosa ou em pequenos grupos representam um forte indício da doença. É comum o aumento do líquido luminal. A TC revela pregas espessas, especialmente no jejuno, sem dilatação significativa. É característica a existência de nódulos de baixa densidade ou com densidade de gordura no mesentério. ENTERITE DA AIDS Além de linfoma e sarcoma de Kaposi, pacientes com AIDS apresentam predisposição a diversas infecções oportunistas do trato GI. Os agentes infecciosos ocorrem geralmente em combinação e em vários locais do trato. GI. Cryptosporidium e Isospora belli são protozoários que podem infestar o intestino proximal e causar diarreia que lembra cólera, com perda de líquido que representa risco à vida. Os exames com bário mostram pregas espessadas e acentuado aumento do líquido. Citomegalovírus provoca doença no intestino delgado e no cólon, bem como nos pulmões, no fígado e no baço. A principal manifestação intestinal é a ulceração da mucosa, com sangramento e perfuração. Os exames com bário mostram pregas espessadas, separação das alças intestinais, úlceras e fístulas. Mycobacterium avium-intracellulare é uma infecção sistêmica comum em pacientes com AIDS, que envolve pulmão, fígado, baço, medula óssea, nódulos linfáticos e o trato intestinal. Os exames com bário mostram pregas nodulares espessadas com padrão de grãos de areia na mucosa. A TC mostra linfadenopatia retroperitoneal e mesentérica e lesões focais no fígado e no baço. Em pacientes com AIDS, também podem desenvolver-se infecções por Candida, Entamoeba histolytica, Giardia, Strongyloides, herpes-vírus simples e Campylobacter. DOENÇA DE CROHN É uma doença inflamatória comum de etiologia incerta, que pode envolver o trato gastrintestinal do esôfago até o ânus. Caracteriza-se por erosões, ulcerações, inflamação com espessamento de toda a parede intestinal e formação de granulomas não caseosos. Geralmente se manifesta durante a adolescência, a terceira e a quarta décadas de vida com diarreia, dor abdominal, perda de peso e, muitas vezes, febre. O curso típico é de remissão, recidiva e progressão da doença. Os padrões de envolvimento GI incluem o cólon e o íleo terminal (55%), apenas o intestino delgado (30%), apenas o cólon (15%) e o intestino delgado proximal sem afetar o íleo terminal (3%). As principais características radiográficas da doença de Crohn são: - Erosões aftosas - Ulcerações profundas confluentes - Pregas espessadas e distorcidas - Fibrose com espessamento das paredes, contratura e estenose - Envolvimento do mesentério - Envolvimento assimétrico tanto no sentido longitudinal como em torno do lúmen - Áreas salteadas de intestino normal entre os segmentos afetados pela doença - Formação de fístulas e trajetos fistulosos. Enterografia por TC e RM são utilizadas para determinar a atividade da doença e para a pesquisa e diagnóstico de suas complicações. ENTEROCOLITE POR YERSINIA Causada por infecção pelos bacilos gram-positivos Y. enterocolitica ou Yersinia pseudotuberculosis. A infecção provoca enterite aguda, com dor abdominal, febre e diarreia, muitas vezes sanguinolenta, que se assemelha a apendicite aguda ou doença de Crohn aguda. Crianças e adultos jovens são mais frequentemente afetados. A infecção tem curso autolimitado de 8 a 12 semanas. O diagnóstico é confirmado por coprocultura. As alterações radiográficas são mais pronunciadas nos 20 cm distais do íleo. Os achados incluem úlceras aftosas, nódulos de até 1 cm de tamanho, espessamento da parede e das pregas, as quais se mostram apagadas com o aumento do edema. Durante a fase de resolução, pode aparecer hiperplasia linfóide nodular. A infecção por Campylobacter fetus jejuni é clínica e radiograficamente similar à infecção por Y. enterocolitica. A doença geralmente dura de 1 a 2 semanas, mas as recaídas são comuns. O diagnóstico é feito por coprocultura.
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