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[Monografia] O art. 15 do novo Código de processo civil e os critérios de aplicação do direito processual comum ao processo do trabalho (Charles da Costa Bruxel)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
CHARLES DA COSTA BRUXEL
O ARTIGO 15 DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E OS CRITÉRIOS DE
APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL COMUM AO PROCESSO DO TRABALHO
FORTALEZA
2016
http://www.ufc.br/
CHARLES DA COSTA BRUXEL
O ARTIGO 15 DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E OS CRITÉRIOS DE
APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL COMUM AO PROCESSO DO TRABALHO
Monografia apresentada à Faculdade de
Direito, como requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Direito. Área de
concentração: Direito Processual do Trabalho.
Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Teófilo Furtado
FORTALEZA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
B926a Bruxel, Charles da Costa.
 O artigo 15 do novo código de processo civil e os critérios de aplicação do direito
processual comum ao processo do trabalho / Charles da Costa Bruxel. – 2016.
 67 f. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará,
Faculdade de Direito, Curso de Direito, Fortaleza, 2016.
 Orientação: Prof. Dr. Emmanuel Teófilo Furtado.
 1. Código de Processo Civil de 2015 (Novo CPC). 2. Direito Processual do Trabalho. 3.
Princípio da Adequação. 4. Integração. 5. Lacunas. I. Título.
 CDD 340
CHARLES DA COSTA BRUXEL
O ARTIGO 15 DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E OS CRITÉRIOS DE
APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL COMUM AO PROCESSO DO TRABALHO
Monografia apresentada à Faculdade de
Direito, como requisito parcial para obtenção do
Título de Bacharel em Direito. Área de
concentração: Direito Processual do Trabalho.
Aprovada em: 23/06/2016.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Emmanuel Teófilo Furtado (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
________________________________________
Prof. Dr. Sidney Guerra Reginaldo
Universidade Federal do Ceará (UFC)
________________________________________
Prof.ª Dra. Beatriz Rêgo Xavier
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Esta Monografia é dedicada a todos que me
apoiaram, principalmente a minha família e
meus amigos. Obrigado.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Emmanuel Teófilo Furtado pela orientação e grande ajuda.
Aos professores Sidney Guerra Reginaldo e Beatriz Rêgo Xavier por
participarem da banca examinadora, colaborando com seus conhecimentos e
experiências.
Ao amigo e Juiz do Trabalho Iuri Pereira Pinheiro, por ter despertado em mim o
interesse e o gosto pelo Direito.
Ao Desembargador do Trabalho Francisco Tarcísio Guedes Lima Verde Júnior,
por ter me dado a oportunidade de desenvolver e aplicar a ciência jurídica no meu dia a
dia laboral.
Ao amigo e colega Tiago Cruz de Menezes por ter lembrado de mim e me
ajudado em um momento fundamental de minha vida, possibilitando que a Faculdade de
Direito fosse cursada em condições dignas.
À colega Rejane Maria Façanha de Albuquerque por ter gentilmente me
ajudado a ter acesso às fontes de pesquisa necessárias para a realização do presente
trabalho.
RESUMO
Os objetivos principais desta monografia são investigar se o artigo 15 do Novo Código de
Processo Civil (CPC/2015) modificou os critérios de aplicação do direito processual
comum ao Processo do Trabalho; saber se os artigos 769 e 889 da Consolidação das
Leis do Trabalho – que regulavam os critérios de aplicação do direito processual comum
ao Processo Laboral – foram revogados pelo artigo 15 do novel CPC; apurar se existe
forma de conferir interpretação harmonizante entre os critérios de aplicação previstos na
CLT e no artigo 15 do Código de Processo Civil de 2015, a fim de evitar a configuração de
antinomia; e descobrir o melhor critério para definir a aplicabilidade do direito processual
comum ao Processo do Trabalho. Testadas as hipóteses e realizadas as análises,
concluiu-se, em síntese, que, a par da apreciação esmiuçada das normas de integração
da normatização processual laboral, observa-se existir, com fulcro nos Princípios
constitucionais da Adequação, da Eficiência, da Efetividade e da Celeridade, a
possibilidade de aplicação direta (substitutiva), mesmo quando inexistente omissão
normativa, de normas de direito processual comum ao Processo do Trabalho e a
possibilidade de aplicação, por analogia, de normas processuais trabalhistas para suprir
eventuais lacunas axiológicas ou ontológicas do Direito Processual do Trabalho,
prevalecendo, em qualquer caso, o critério de máxima adequação como elemento
definidor da norma que deverá regular o Processo Laboral. Por fim, colocando as
conclusões desenvolvidas em xeque, observou-se que elas foram plenamente capazes de
oferecer respostas racionais e razoáveis para dois problemas relevantes envolvendo o
Processo do Trabalho e o Código de Processo Civil de 2015.
Palavras-chave: Direito Processual do Trabalho. Integração. Lacunas. Aplicação. Direito
processual comum. Código de Processo Civil de 2015. Princípio da Adequação.
ABSTRACT
The main objectives of this work are to investigate if article 15 of the New Brazilian Civil
Procedure Code (CPC/2015) modified the criteria for application of common procedural
law to the Labour Process; if articles 769 and 889 of the Consolidation of Labor Laws
(CLT) - regulating the criteria for applying the common procedural law to the Labour
Process - were repealed by article 15 of the novel Civil Procedure Code; determine if there
is way to give interpretation harmonizing between the application criteria stipulated in the
CLT and Article 15 of the Civil Procedure Code of 2015 in order to avoid the antinomy
configuration; and discover the best criterion for defining the applicability of common
procedural law to the Labour Process. Tested the hypothesis and performed the analyzes,
it was concluded, in summary, that, together with the aprecciation scrutinized the rules of
integration of labor procedural norms, it is observed there, with fulcrum in constitutional
Principles of Adequacy, Efficiency, Effectiveness and Celerity , the possibility of direct
application (substitute), even non-existent rules omission, of the rules of common
procedural law to the Labour Process and the possibility of applying by analogy labor
procedural rules to suplly any axiological or ontological gaps law Procedural Labour,
prevailing in any case, the criterion of maximum suitability as a defining element of the
standard that should regulate the Labour Process. Finally, putting the conclusions
developed in check, it was observed that they were fully able to offer rational and
reasonable answers to two important problems involving the Labour Procedure and the
Code of Civil Procedure 2015.
Keywords: Procedural Law of Labor. Integration. Gaps. Application. Common procedural
law. Brazilian Civil Procedure Code of 2015. Adequacy Principle.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................9
2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................12
2.1 Aplicação normativa...............................................................................................12
2.2 Integração normativa.............................................................................................13
2.3 Interpretação normativa.........................................................................................15
2.4 Conflitos normativos..............................................................................................182.5 Diálogo das fontes..................................................................................................20
3 ANÁLISE DOS ARTIGOS 769 E 889 DA CLT........................................................22
3.1 Âmbito de aplicação das normas processuais trabalhistas..............................22
3.2 Princípio da adequação.........................................................................................24
3.3 Incompletude do sistema processual trabalhista...............................................26
3.4 Art. 769 da CLT.......................................................................................................26
3.5 Omissão...................................................................................................................28
3.6 Compatibilidade do direito processual comum..................................................30
3.6.1 Compatibilidade interna do direito processual do trabalho..............................35
3.7 Art. 889 da CLT.......................................................................................................36
3.8 Conclusões parciais...............................................................................................37
4 O ARTIGO 15 DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL EM COTEJO COM OS 
ARTIGOS 769 E 889 DA CLT...........................................................................................39
4.1 Análise geral do art. 15 do CPC/2015...................................................................39
4.2 CPC/2015: supletividade e compatibilidade........................................................40
4.3 CPC/2015 em confronto com o art. 769 da CLT..................................................41
4.4 CPC/2015 em confronto com o art. 889 da CLT..................................................46
4.5 Conclusões parciais...............................................................................................47
5 O(S) MELHOR(ES) E DEFINITIVO(S) CRITÉRIO(S) PARA A APLICAÇÃO DO 
DIREITO PROCESSUAL COMUM AO PROCESSO DO TRABALHO ..........................49
6 APLICAÇÃO PRÁTICA: INSTRUÇÃO NORMATIVA DO TST N. 39/2016...........54
6.1 Exemplo 1: Concessão de prazo para regularização do preparo.....................54
6.2 Exemplo 2: Inquirição direta das testemunhas pelas partes............................56
6.3 Breves ponderações em torno da Instrução Normativa do TST nº 39/2016....57
7 CONCLUSÃO...........................................................................................................59
 REFERÊNCIAS........................................................................................................62
9
1 INTRODUÇÃO
A aplicação da norma processual adequada para tutelar as lides decorrentes
das relações de trabalho sempre foi um tema bastante instigante. Tal questão ganha
peculiar importância diante da incompletude e, principalmente, do envelhecimento da
legislação processual trabalhista, circunstâncias que somadas à frequente renovação
constitucional e processual civil aprofundam e constantemente reafirmam a necessidade
de um analítico debate em torno da matéria.
Nessa linha, a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105,
de 16 de março de 2015) reacende a temática, ao menos no que se refere aos critérios de
heterointegração das normas processuais trabalhistas. Isso porque o novel diploma, em
seu artigo 15, assim estabelece: “Na ausência de normas que regulem processos
eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão
aplicadas supletiva e subsidiariamente” (BRASIL, 2015).
O suscitado dispositivo, à primeira vista, se destaca por não exigir, ao menos
expressamente, a “compatibilidade” como requisito de heterointegração ao Processo
Laboral. De igual modo, a menção expressa à aplicação “supletiva” força no mínimo o
desenvolvimento de reflexões.
Tais pontos dissonam textualmente dos artigos 769 e 889 da Consolidação das
Leis do Trabalho que, até o advento do CPC/2015, disciplinavam, indubitavelmente, a
matéria:
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária
do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as
normas deste Título.
Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis,
naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o
processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da
Fazenda Pública Federal. (BRASIL, 1943)
Assim, diante da evidente controvérsia sucintamente apresentada e que
representa possível ruptura em torno do tema, constata-se que, a partir da nova era
inaugurada pelo CPC/2015, investigar, à luz da Constituição Federal, a definição, o
conflito e a compatibilidade entre os critérios de aplicação subsidiária/supletiva previstos
nas normas contidas na Consolidação das Leis do Trabalho (artigos 769 e 889) e no
artigo 15 do Código de Processo Civil de 2015 é medida salutar para contribuir com o
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desenvolvimento do Direito Processual do Trabalho e para o oferecimento de respostas
científicas e adequadas ao jurisdicionado e ao operador do Direito.
Indo mais além, é fundamental avaliar a possibilidade e as hipóteses em que a
legislação processual comum poderá vir a ser aplicada em substituição às normas
tipicamente processuais laborais. Tal específica análise, longe de se prender às amarras
dos dispositivos legais mencionados, necessita de um cuidadoso enfoque constitucional.
Nessa trilha, a monografia analisará os critérios de aplicação do direito
processual comum ao Processo do Trabalho, e não se limitará apenas a enfrentar os
“critérios de heterointegração do direito processual comum ao Processo do Trabalho”. Tal
elucidação se faz necessária, haja vista que, à primeira vista, não se mostra evidente a
partir do título do trabalho.
Ou seja, em síntese, buscar-se-á analisar o conflito e a compatibilidade entre
os critérios de aplicação subsidiária/supletiva previstos nas normas contidas na
Consolidação das Leis do Trabalho (artigos 769 e 889) e no artigo 15 do Código de
Processo Civil de 2015 e propor a melhor solução possível para a definição da
aplicabilidade do direito processual comum ao Processo do Trabalho, levando em conta
principalmente os valores constitucionais.
De forma mais detalhada, os objetivos específicos da pesquisa serão os
seguintes: extrair o conteúdo e o alcance das normas decorrentes da Consolidação das
Leis do Trabalho (artigos 769 e 889) e do artigo 15 do Código de Processo Civil de 2015;
analisar se o artigo 15 do Novo Código de Processo Civil revogou, total ou parcialmente,
os artigos 769 e 889 da Consolidação das Leis do Trabalho; averiguar a possibilidade de
conferir interpretação harmonizante entre os critérios de aplicação previstos na CLT e no
artigo 15 do Código de Processo Civil de 2015; investigar a influência das normas
constitucionais na definição e na interpretação dos critérios de aplicação do direito
processual comum ao Processo do Trabalho.
Como se percebe, o artigo 15 do Código de Processo Civil de 2015 é a
inovação legislativa propulsora do corrente estudo. Apesar disso, tal norma não limitará o
escopo do presente trabalho, já que este, como exposto nos parágrafos retros, buscará
esmiuçar, sob diversos enfoques, os critérios de aplicabilidade do direito processual
comum ao Processo do Trabalho.
Para ser possível alcançar os fins a que se destina, parte-se de alguns
questionamentos. O artigo 15 do Novo Código de Processo Civil (CPC/2015) modificou os
critérios de aplicação do direito processual comum ao Processo do Trabalho? Os artigos
11
769 e 889 da Consolidaçãodas Leis do Trabalho – que regulavam os critérios de
aplicação do direito processual comum ao Processo Laboral – foram revogados pelo
artigo 15 do novel CPC? Existe forma de conferir interpretação harmonizante entre os
critérios de aplicação previstos na CLT e no artigo 15 do Código de Processo Civil de
2015, a fim de evitar a configuração de antinomia? Qual o melhor critério para definir a
aplicabilidade do direito processual comum ao Processo do Trabalho?
Importante deixar claro que as respostas a tais inquietações serão
desenvolvidas com base em algumas hipóteses: o artigo 15 do Novo Código de Processo
Civil (CPC/2015) não modificou os critérios de aplicação do direito processual comum ao
Processo do Trabalho; os artigos 769 e 889 da Consolidação das Leis do Trabalho não
foram revogados pelo artigo 15 do novel CPC; é plenamente possível conferir
interpretação harmonizante entre os critérios de aplicação previstos na CLT e no artigo 15
do Código de Processo Civil de 2015, a fim de evitar a configuração de antinomia; o
melhor critério para definir a aplicabilidade do direito processual comum ao Processo do
Trabalho é aquele obtido por meio de ampla inspiração e conformação constitucional.
O trabalho será dividido em 5 seções, sendo a primeira sobre aspectos teóricos
da aplicação, integração e interpretação normativa; a segunda sobre a análise dos artigos
769 e 889 da CLT; a terceira sobre a análise do artigo 15 do Código de Processo Civil de
2015, em cotejo com as disposições celetistas acerca da matéria; a quarta acerca da
análise definitiva em torno do(s) melhor(es) critério(s) para a aplicação do direito
processual comum ao Processo do Trabalho; e a quinta a respeito da Instrução Normativa
do TST nº 39/2016, que será sucintamente analisada a partir do(s) melhor(es) critério(s)
para a aplicação do direito processual comum ao Processo do Trabalho.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Inicialmente, serão analisados e devidamente definidos os principais conceitos
e concepções que serão utilizados no presente trabalho, conforme a seguir. A
circunstância de os temas serem enfrentados de forma separada não significa que não
exista interação e mútua influência entre eles.
2.1 Aplicação normativa
Segundo Houaiss (2009), o termo aplicação pode ser entendido, no sentido
que ora se constrói, como sendo a “colocação de (alguma coisa) sobre (outra);
sobreposição”, “execução, prática, utilização”; a “utilização; emprego”.
Maximiliano (2011, p. 5) ensina o que seria a aplicação do Direito:
8 - A aplicação do Direito consiste no enquadrar um caso concreto em a norma
jurídica adequada. Submete às prescrições da lei uma relação da vida real;
procura e indica o dispositivo adaptável a um fato determinado. Por outras
palavras: tem por objeto descobrir o modo e os meios de amparar juridicamente
um interesse humano.
Em seguida o autor esmiuça um pouco como funciona o processo de aplicação
normativa:
10 - Para atingir, pois, o escopo de todo o Direito objetivo é força examinar: a) a
norma em sua essência, conteúdo e alcance (quoetio ju ris, no sentido estrito); b)
o caso concreto e suas circunstâncias (quoestio facti); c) a adaptação do preceito
à hipótese em apreço. 
As circunstâncias do fato são estabelecidas mediante o exame do mesmo, isolado,
a princípio, considerado em relação ao ambiente social, depois: procede-se,
também, ao estudo da Prova em sua grande variedade (depoimento das partes,
testemunhos, instrumentos etc.) não se olvidem sequer as presunções de Direito
(presumptiones juris et de jure). 
A adaptação de um preceito ao caso concreto pressupõe: a) a Crítica, a fim de
apurar a autenticidade e, em segunda, a constitucionalidade da lei, regulamento
ou ato jurídico; b) a Interpretação, a fim de descobrir o sentido e o alcance do
texto; c) o suprimento das lacunas, com o auxílio da analogia e dos princípios
gerais do Direito; d) o exame das questões possíveis sobre ab-rogação, ou
simples derrogação de preceitos, bem como acerca da autoridade das disposições
expressas, relativamente ao espaço e ao tempo. (MAXIMILIANO, 2011, p. 6-7)
Talvez aplicar o Direito seja algo mais fácil de fazer do que de explicar. A ideia
geral, em síntese, é que, tendo em vista determinados fatos, buscamos qual norma incide
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sobre o caso e, a partir de tal incidência, extraímos as respostas jurídicas para a questão
fática objeto de exame (efeitos, direitos, deveres, procedimentos etc.).
No âmbito processual, ocorrido o ajuizamento de determinada demanda, por
exemplo, devemos nos questionar quais normas incidirão para regular o processo que se
instaura. A incidência da norma pressupõe, conforme adiante será desenvolvido, sua
adequação em abstrato e em concreto ao caso em exame.
Tal visão e conceito será fundamental para o deslinde do trabalho.
2.2 Integração normativa
Novamente conforme Houaiss (2009), o termo integração é o “ato ou efeito de
integrar(-se)”. Por sua vez, integrar pode ser compreendido como sendo “incluir(-se) [um
elemento] num conjunto, formando um todo coerente; incorporar(-se), integralizar(-se)”,
“unir-se, formando um todo harmonioso; completar-se, complementar-se”.
Venosa (2009, p. 178) explica que a integração normativa é problema
relacionado à lacunosidade do ordenamento jurídico:
Como já acenamos, o sistema jurídico deve sempre ser considerado em sua
integralidade. Já foi tempo no passado no qual, perante a lacuna, o juiz deixaria de
decidir. O julgador contemporâneo não pode deixar de aplicar o Direito no caso
que se lhe apresenta. Desse modo, perante a possível ausência de norma, deverá
utilizar-se dos procedimentos de interpretação do sistema para integrá-lo e
apresentar a prestação jurisdicional. O ordenamento é inevitavelmente lacunoso,
porque o legislador não pode prever todas as situações que se multiplicam na
sociedade e, atualmente, o incrível e rápido avanço tecnológico. Por outro lado, o
legislador pode entender oportuno e conveniente deixar o fato ou fenômeno social
em branco, relegando as decisões justamente para o trabalho integrativo dos
tribunais.
A ideia de lacuna ou omissão, por sua vez, diz respeito a “espaço vazio, real
ou imaginário; falha, falta” (HOUAISS, 2009). Diniz (2009, p. 452) classifica em três as
espécies de lacunas:
Três são as principais espécies de lacunas: 1ª) normativa, quando se tiver
ausência de norma sobre determinado caso; 2ª) ontológica, se houver norma, mas
ela não corresponder aos fatos sociais, quando, p. ex., o grande desenvolvimento
das relações sociais, o progresso técnico acarretaram o ancilosamento da norma
positiva; 3ª) axiológica, ausência norma justa, isto é, existe um preceito normativo,
mas, se for aplicado, sua solução será insatisfatória ou injusta.
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Mais adiante, a autora faz uma interessante colocação, demonstrando que a
noção de lacuna, definitivamente, não pode se adstringir à pura e simples ausência de
normas:
Outro argumento que atesta a existência de lacunas no direito é a possibilidade de
inadequação entre os subconjuntos componentes do sistema jurídico. Em razão
da própria evolução interna de cada um, pode surgir uma situação indesejável em
que a norma e o fato que lhe corresponde entrem em conflito com o valor ou com
uma ideologia que os informa, quando o elemento fático em decorrência de uma
mudança qualquer não mais atenda aos ditames ideológicos, ou quando a
ideologia ou elemento valorativo, modificado por circunstâncias fáticas, entre em
conflito com a norma. (DINIZ, 2009, p. 457)
Conectando os ensinamentos apresentados ao caso da legislação processual
trabalhista, percebemos que esta, por constituir sistema normativo especial, apresenta
uma vasta gama de lacunas que, por óbvio, constantemente precisam ser supridas por
alguma outra fonte do Direito.
Em inúmeros temas, a matéria não é tratadaou é tratada pela legislação
processual trabalhista de forma incompleta, se comparada à normatização processual
civil, por exemplo. Nesse contexto, é fundamental realizar juízo valorativo: o legislador, ao
regrar um instituto de determinada forma ou ao não disciplinar determinada temática,
pretendeu afastar a possibilidade de integração normativa? 
Em outras palavras, temos que averiguar se estamos diante de uma real
omissão ou de um “silêncio eloquente”. Sobre tal distinção jurídico-terminológica, Campos
(2011, p. 349) analisa a situação em lição que, apesar de levar em conta elementos
específicos, se aplica com perfeição à conceituação geral que ora se realiza:
A tese é a seguinte: se a lei não disse, é porque não quis dizer. Ainda mais em se
tratando de direito público, como é o caso do Constitucional. Exige-se um mínimo
de segurança jurídica, de modo que não se atribua às autoridades públicas a
faculdade de fazer algo que a lei não comanda. Se não há o comando
constitucional pela reedição de medidas provisórias, isso não significa uma
omissão ou uma inadvertência do legislador constituinte. Não disse, porque não
quis dizer. Não se trata de uma lacuna, mas de um silêncio eloquente. 
A diferença entre uma e outra existe, dado que não há lacuna sempre que a lei se
mantenha em silêncio. Pode haver o silêncio e não haver lacuna jurídica. Basta
que a matéria seja do conhecimento do legislador; e, mesmo assim, ele não haja
disposto sobre ela.
Meireles (2016, p. 68-69) cita exemplo aplicável ao Processo Laboral:
15
Podemos, aqui, então, mencionar a hipótese da regra de nulidade processual. A
CLT, em seu art. 795, estabelece a regra geral de que “as nulidades não serão
declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argui-las à
primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”. Já no § 1º
estabeleceu uma exceção a essa regra, qual seja, de que cabe declarar “ex officio
a nulidade fundada em incompetência de foro”. 
Aqui, a CLT teria esgotado a matéria. Previu a regra geral e estabeleceu uma
exceção. O CPC de 2015, porém, contém a mesma regra geral em seu art. 278
isto é, de que “a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em
que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão”. Contudo, de maneira
mais abrangente, em seu parágrafo único, estabeleceu que “não se aplica esta
disposição às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a
preclusão provando a parte legítimo impedimento”. Ou seja, pelo CPC cabe ao juiz
reconhecer toda e qualquer nulidade absoluta. Tal regra é mais abrangente do que
aquela da CLT. Logo, poder-se-ia pensar em aplicação supletiva. Contudo, do que
se extrai do texto da norma mais especial é que ela somente quis estabelecer uma
exceção apenas, apesar de não ter sido expressa ou peremptória neste sentido.
Teria, assim, o legislador mais especial esgotado a disciplina da matéria,
afastando a incidência supletiva.
O silêncio do legislador quanto a declaração de ofício de outras nulidades que não
aquela mencionada na CLT, configuraria uma omissão eloquente, isto é, não se
cuida de uma omissão propriamente dita, mas de regular a matéria de forma
exaustiva, não deixando margem para a incidência de outras regras ampliativas,
restritivas ou de exceção.
Ou seja, antes de realizar a integração normativa, é essencial averiguar e se
certificar da efetiva existência de lacunas. No mais, as soluções para o problema de
integração normativa do Processo do Trabalho é temática que será enfrentada ao longo
dos próximos capítulos do trabalho.
Avancemos para mais um alicerce do corrente estudo.
2.3 Interpretação normativa
Maximiliano (2011, p. 1), assim conceitua:
Do confronto e da crítica das várias definições transcritas resultará talvez
justificada a preferência pelo conceito seguinte, que é o transunto de todas elas, a
Interpretação tem por objeto determinar o sentido e o alcance das expressões do
Direito.
O sentido e o alcance das normas, como não poderia ser diferente, perpassa
pela correta compreensão e aplicação conjugada de métodos hermenêuticos. Uma
racional e bem desenvolvida interpretação é pressuposto fundamental para uma profunda
análise jurídica. Nesse sentido, é conveniente uma sucinta exposição acerca do tema,
ficando desde já esclarecido que a monografia não se prenderá a um ou outro método,
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mas fará uso de todos eles, sempre que possível. Seguindo a linha de Leite (2012, p. 94-
97), Houaiss (2009), Dimoulis (2011, p. 147-152) e Ferraz Junior (2003, p. 286-294),
passa-se a explicar.
Pelo Método Gramatical, Textual ou Literal, busca-se descobrir o sentido das
palavras empregadas no texto normativo, por meio de regras principalmente de gramática
e linguística. A ordem e o modo com as palavras estão conectadas são aspectos
considerados em tal método. Costuma-se dizer que tal método é o ponto de partida da
interpretação.
Pelo Método Lógico, busca-se desvendar o sentido e o alcance da norma com
base em raciocínios lógicos. Testa-se a validade lógica da norma em diversas situações
hipotéticas, fazendo uso das técnicas de lógica comum, a fim de que se chegue a uma
interpretação consistente. Por exemplo, a averiguação de ausência de harmonia lógica
entre normas pode ser capaz de atrair um menor rigor literal na hora da aplicação do
Direito.
Pelo Método Sistemático, as normas devem ser interpretadas em seu conjunto.
A harmonização e a ponderação do conjunto normativo devem ser capazes de gerar uma
relação de coerência ampla, na qual a análise do todo revela o sentido e o alcance de
determinada norma. Ou seja, o sistema normativo precisa ser analisado como um todo, a
fim de que se extraia uma interpretação harmônica e coerente da parte com o todo e vice-
versa. É método complexo, pois exige amplo domínio e conhecimento do sistema
normativo por parte do intérprete.
Pelo Método Histórico, o processo legislativo e seus documentos, o contexto
histórico/social de elaboração da norma, as normas anteriores, os debates prévios etc.
são investigados e aplicados no desvendamento do sentido e do alcance da norma. Eis
algumas perguntas que devem ser feitas pelo hermeneuta ao realizar a investigação
atinente a este método: quais os motivos e qual a finalidade da elaboração da norma pelo
legislador?
Pelos Métodos Teleológico (sociológico) e Axiológico, temos como ponto de
partida a ideia de teleologia (diz respeito ao estudo da finalidade ou dos fins humanos) e
de axiologia (que, por sua vez, seria o estudo ou teoria de alguma espécie de valor). A
partir dessas noções, o estudo agrupado dos métodos teleológico e axiológico, conforme
disposto por Ferraz Junior (2003), faz-se bastante pertinente. Enquanto o método
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teleológico busca alcançar uma interpretação das normas que gere uma aplicação
coadunada com os fins sociais que a norma se propõe a albergar e com as exigências do
bem comum, o método axiológico, necessariamente, busca desvendar os valores
acobertados pela norma e que devem transparecer após a sua aplicação. De certo modo,
um método complementa o outro, uma vez que a finalidade social da norma anda
alinhada com os valores que esta pretende efetivar ou resguardar. Dimoulis (2011, p. 151)
assim explica o método teleológico:
O último método é a teleologia objetiva. Aqui o intérprete busca a finalidade social
das normas jurídicas, tentando propor uma interpretação que seja conforme a cri-
térios e exigências atuais. O raciocínio é o seguinte: ao criar a lei, o legislador pre-
tendia tutelar determinados interesses ou bens e alcançar certas finalidades. Se
entre a criação da lei e o momento atual houve mudanças sociais, devemos apli-
car a norma após termos identificado qual seria a vontade do mesmo legislador se
ele legislasse em nossos dias. Em outras palavras, essemétodo propõe interpre-
tar a norma de acordo com aquilo que o legislador teria decidido se conhecesse a
situação atual. Tenta-se, assim, atualizar os textos normativos pensando qual é o
melhor caminho para alcançar, hoje, a finalidade que o legislador tinha estabeleci-
do. 
Mesmo quando a lei não necessita de atualização e adaptação à situação atual, a
teleologia objetiva pode ser empregada quando há dúvidas em relação ao seu
sentido. Entre várias interpretações possíveis, deveríamos escolher aquela que
melhor se ajusta à finalidade da lei. Por essa razão sustenta-se, frequentemente,
que a interpretação teleológica não se atém à letra da lei e sim ao seu "espírito".
Constitui, assim, um outro método para constatar a mens legis (a intenção ou o es-
pírito da lei).
Leite (2012, p. 97) ressalta: “[…] o método sociológico é o que mais se
identifica com a gênese do direito processual do trabalho, a fim de que este possa,
efetivamente, constituir-se em instrumento de realização de justiça social no campo das
relações laborais.”
Por fim, Leite (2012, p. 97-98) explica de forma sucinta, porém muito
esclarecedora, a necessária Interpretação Conforme a Constituição:
A interpretação conforme a Constituição permite que o intérprete, depois de
esgotar todas as interpretações convencionais possíveis e não encontrando uma
interpretação constitucional, mas, também, não contendo a norma interpretada
nenhuma violência à Constituição Federal, verifique se é possível, pelo caráter
axiológico da norma constitucional, levar a efeito algum alargamento ou restrição
da norma que a compatibilize com a Carta Maior.
É preciso lembrar, no entanto, que tal amplitude ou restrição da interpretação da
norma não deve ser revestida de afronta à sua literalidade ou à vontade do
legislador.
Pode-se dizer que o princípio da interpretação, conforme a Constituição, permite
uma renúncia ao formalismo jurídico e às interpretações convencionais em nome
18
da ideia de justiça material e da segurança jurídica, elementos tão necessários
para um Estado Democrático de Direito.
Entende-se que o objetivo de harmonizar a interpretação normativa com o texto
constitucional já é suficiente contemplado por meio do uso do Método Sistemático. De
qualquer sorte, a inserção da Interpretação Conforme à Constituição como método
autônomo tem o papel importante de destacar e esclarecer tal necessidade do sistema
(compatibilidade das normas com a Constituição), nem que seja para fins meramente
didáticos.
2.4 Conflitos normativos
Em definição livre, podemos entender que o conflito normativo ocorre quando
duas ou mais disposições normativas que versem sobre a mesma matéria, de forma real
ou aparente, são aptas a incidir sobre determinado caso. Guimarães (2012, p. 87) assim
explica:
Antinomia – Contradição ou conflito, total ou parcial, entre duas leis que versem
sobre a mesma matéria, entre duas disposições de uma mesma lei ou entre duas
decisões, cuja solução não se prevê na ordem jurídica. Para que se caracterize a
antinomia, é preciso: 1) que as normas em conflito sejam realmente jurídicas; 2)
que estejam em vigor; 3) integrem a mesma ordem jurídica; 4) emanem de
autoridade competente num mesmo sistema de referência normativo,
prescrevendo comandos ao mesmo sujeito; 5) o conteúdo de cada uma tem de
negar a da outra; 6) não disponha de critério para solucionar o conflito a pessoa
incumbida de fazê-lo. Resumindo, são necessários três pressupostos essenciais:
incompatibilidade, indecidibilidade e necessidade de decisão. A antinomia pode
ser: real, quando se verifica a impossibilidade de se conciliar duas leis, a atual e a
antiga, ficando uma tacitamente derrogada; aparente, quando existem,
simultaneamente, dentro da mesma lei disposições antagônicas ou colidentes.
Resolve-se pelos critérios da hierarquia das normas (lex superior derogat legi
inferior), da especialidade (lex specialis derogat legi generali), e pelo cronológico
(lex posterior derogat legi priori).
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB (BRASIL, 1942)
estabelece expressamente os critérios cronológico e da especialidade:
Art. 2º […]
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava
a lei anterior. 
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
19
[…]
O critério hierárquico, no caso, decorre da força normativa da Constituição e
dos diferentes graus de força das normas existentes no ordenamento jurídico.
No caso, supondo normas de mesma hierarquia, observa-se que a LINDB
estipula que somente existe conflito normativo: a)entre normas gerais ou entre normas
especiais, nunca entre norma especial e norma geral; b)quando norma posterior
disciplinar a matéria de forma incompatível com o tratamento dado pela norma anterior ou
quando norma posterior regular inteiramente a matéria antes regulada por outra norma.
Em algumas situações, as soluções tradicionais acima previstas se mostram
satisfatórias e manifestamente aplicáveis. Por outro lado, nem sempre é tão fácil
diferenciar norma especial e geral; ou saber quando a norma nova é incompatível com a
norma antiga; ou compreender que a matéria foi inteiramente regulada pela norma nova.
Existe um vasto campo de dúvidas, muito propiciado pelo fato de legislações novas
deixarem de revogar expressamente disposições das leis antigas.
A resolução de tais questões nebulosas passa, necessariamente, pela
interpretação das normas conflitantes. Deve-se evitar concluir pelo conflito entre as
normas e pela consequente revogação de uma delas sem antes realizar profundo e
analítico estudo do sentido e do alcance das normas conflitantes. Em um ordenamento
jurídico complexo e com uma infinidade de normas, deve-se buscar ao máximo a
harmonização entre os dispositivos conflitantes. A revogação precipitada de uma norma
em face de outra pode gerar efeitos adversos e imprevistos, haja vista a coexistência, no
Brasil, de inúmeros microssistemas normativos. Sobre o tema, Maximiliano (2011, p. 110)
assim fundamenta e explica:
140 - Não se presumem antinomias ou incompatibilidades nos repositórios
jurídicos; se alguém alega a existência de disposições inconciliáveis, deve
demonstrá-la até a evidência (1). 
Supõe-se que o legislador, e também o escritor do Direito, exprimiram o seu
pensamento com o necessário método, cautela, segurança; de sorte que haja
unidade de pensamento, coerência de ideias; todas as expressões se combinem e
harmonizem. Militam as probabilidades lógicas no sentido de não existirem, sobre
o mesmo objeto, disposições contraditórias ou entre si incompatíveis, em
repositório, lei, tratado, ou sistema jurídico. 
Não raro, à primeira vista duas expressões se contradizem; porém, se as
examinarmos atentamente (subtili animo), descobrimos o nexo culto que as
concilia. É quase sempre possível integrar o sistema jurídico; descobrir a
correlação entre as regras aparentemente antinômicas (2). 
20
Sempre que descobre uma contradição, deve o hermeneuta desconfiar de si;
presumir que não compreendeu bem o sentido de cada um dos trechos ao parecer
inconciliáveis, sobretudo se ambos se acham no mesmo repositório (3). Incumbe-
lhe preliminarmente fazer tentativa para harmonizar os textos; a este esforço ou
arte os Estatutos da Universidade de Coimbra, de 1772, denominavam
Terapêutica Jurídica (4).
Modernamente, tal forma de pensar encontra desenvolvimento e amparo na
chamada Teoria do Diálogo das Fontes, sobre a qual passaremos a tratar. 
2.5 Diálogo das fontes
Tartuce (2011, p. 57) apresenta brevíssimo históricoe as linhas gerais da
Teoria do Diálogo das Fontes:
A tese do diálogo das fontes foi desenvolvida na Alemanha por Erik Jayme,
professor da Universidade de Helderberg, trazida ao Brasil por Cláudia Lima
Marques, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A essência da teoria é
que as normas jurídicas não se excluem – supostamente porque pertencentes a
ramos jurídicos distintos -, mas se complementam. Como se pode perceber há
nesse marco teórico, do mesmo modo, a premissa de uma visão unitária do
ordenamento jurídico.
Marques (2004, p. 42), enfocando no relacionamento entre o Código Civil de
2002 e o Código de Defesa do Consumidor, assim preceitua:
Diálogo pressupõe o efeito útil de dois (di) e uma lógica ou fala (logos), enquanto o
‘conflito’ leva a exclusão de uma das leis e bem expressa a mono-solução ou o
‘monólogo’ de uma só lei. Este esforço para procurar novas soluções plurais está
visando justamente evitar-se a ‘antinomia’ (conflitos ‘pontuais’ da convergência
eventual e parcial do campo de aplicação de duas normas no caso concreto) pela
correta definição dos campos de aplicação. Evitar, assim, a ‘incompatibilidade’
total (‘conflitos de normas’ ou conflitos entre normas de duas leis, conflitos ‘reais’
ou ‘aparentes’), que leve a retirada de uma lei do sistema, a qual levaria a ‘não-
coerência’ do sistema plural brasileiro, que deixaria desprotegido os sujeitos mais
fracos, que a Constituição Federal de 1988 visou proteger de forma especial, os
consumidores.
O raciocínio se aplica com precisão na apreciação da interação entre as
normas pensadas sob a lógica do Direito Processual Civil e aquelas insculpidas
especificamente para o Direito Processual do Trabalho. De um certo modo, em tais casos
o escopo da análise reside basicamente em saber compreender e delinear o espaço
próprio de uma norma considerada especial e de outra considerada geral, a fim de afastar
eventuais conflitos.
21
Marques (2004, p. 45-46), muito inspirada em Jayme (1995 apud MARQUES,
2004), aponta os três tipos de diálogos possíveis:
1) na aplicação simultânea das duas leis, uma lei pode servir de base conceitual
para a outra (diálogo sistemático de coerência), especialmente se uma lei é geral e
a outra especial; se uma é a lei central do sistema e a outra um microssistema
específico, não-completo materialmente, apenas com completude subjetiva de
tutela de um grupo da sociedade. Assim, por exemplo, o que é nulidade, o que é
pessoa jurídica, o que é prova, decadência, prescrição e assim por diante, se
conceitos não definidos no microssistema (como vêm definidos consumidor,
fornecedor, serviço e produto nos Art. 2,17,29 e 3 do CDC), terão sua definição
atualizada pelo entrada em vigor do CC/2002;
2) na aplicação coordenada das duas leis, uma lei pode complementar a aplicação
da outra, a depender de seu campo de aplicação no caso concreto (diálogo
sistemático de complementariedade e subsidiariedade em antinomias aparentes
ou reais), a indicar a aplicação complementar tanto de suas normas, quanto de
seus princípios, no que couber, no que for necessário ou subsidiariamente. Assim,
por exemplo, as cláusulas gerais de uma lei podem encontrar uso subsidiário ou
complementar em caso regulado pela outra lei. Subsidiariamente o sistema geral
de responsabilidade civil sem culpa ou o sistema geral de decadência podem ser
usados para regular aspectos de casos de consumo, se trazem normas mais
favoráveis ao consumidor. Este ‘diálogo’ é exatamente contraposto, ou no sentido
contrário da revogação ou abrogação clássicas, em que uma lei era ‘superada’ e
‘retirada’ do sistema pela outra. Agora há escolha (pelo legislador, veja art. 777,
721 e 732 da Lei 10.406/2002, ou pelo juiz no caso concreto do favor debilis do
Art. 7 do CDC) daquela que vai “complementar” a ratio da outra (veja também art.
729 da Lei 10.406/2002 sobre aplicação conjunta das leis comerciais);
3) há o diálogo das influências recíprocas sistemáticas, como no caso de uma
possível redefinição do campo de aplicação de uma lei (assim, por exemplo, as
definições de consumidor stricto sensu e de consumidor equiparado podem sofrer
influências finalísticas do novo Código Civil, uma vez que esta lei nova vem
justamente para regular as relações entre iguais, dois iguais-consumidores ou dois
iguais-fornecedores entre si, no caso de dois fornecedores tratam-se de relações
empresariais típicas, em que o destinatário final fático da coisa ou do fazer
comercial é um outro empresário ou comerciante), ou como no caso da possível
transposição das conquistas do Richterrecht (Direito dos Juízes) alcançadas em
uma lei para a outra. É a influência do sistema especial no geral e do geral no
especial, um diálogo de double sens (diálogo de coordenação e adaptação
sistemática). (grifo nosso)
Como se percebe, seja a partir da lição clássica de Carlos Maximiliano, seja
por meio da Teoria do Diálogo das Fontes, devem-se empreender esforços no sentido de
evitar antinomias no sistema normativo. Dentro da zona cinzenta mais acima destacada
(saber o que é norma especial ou geral; o que é regular inteiramente a matéria; e o que é
regular a matéria de forma incompatível com a norma anterior), existe um generoso
espaço para interpretações que garantam a coexistência harmoniosa de normas
possivelmente antinômicas. Tal forma de pensar será adotada ao longo do trabalho.
Apresentado o arcabouço teórico básico do presente trabalho, é chegada a
hora de avançar.
22
3 ANÁLISE DOS ARTIGOS 769 E 889 DA CLT
Nesta sessão analisaremos o conteúdo e o alcance das disposições
normativas processuais trabalhistas atinentes ao âmbito de aplicação e integração do
Direito Processual Laboral.
3.1 Âmbito de aplicação das normas processuais trabalhistas
Preliminarmente, é importante definirmos as hipóteses que atraem a incidência
das normas processuais trabalhistas. Seguindo tal linha, o art. 643, caput, da
Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 1943), com a redação dada pela Lei
7.494/1986 (BRASIL, 1986), estipula um panorama geral acerca da matéria:
Art. 643 - Os dissídios, oriundos das relações entre empregados e empregadores
bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades
reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de acordo
com o presente Título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do
trabalho.
[…]
Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho por meio da Emenda
Constitucional n. 45/2004 (BRASIL, 2004) – que tornou a Justiça do Trabalho competente
para processar e julgar, além de outras questões, os conflitos decorrentes das relações
de trabalho, e não mais apenas das relações de emprego -, o Tribunal Superior do
Trabalho (BRASIL, 2005) buscou pacificar ou ao menos orientar no sentido de que o
Direito Processual do Trabalho e seus procedimentos se aplicam a todas as ações
ajuizadas perante a Justiça do Trabalho, ressalvando-se apenas a prevalência de
procedimentos especiais:
Art. 1º As ações ajuizadas na Justiça do Trabalho tramitarão pelo rito ordinário ou
sumaríssimo, conforme previsto na Consolidação das Leis do Trabalho,
excepcionando-se, apenas, as que, por disciplina legal expressa, estejam sujeitas
a rito especial, tais como o Mandado de Segurança, Habeas Corpus, Habeas
Data, Ação Rescisória, Ação Cautelar e Ação de Consignação em Pagamento.
Pode-se perceber, a partir do exposto acima, que o elemento definidor da
aplicação das normas processuais trabalhistas é, portanto, o trâmite da ação perante a
Justiça do Trabalho. Ou seja, aparentemente a legislação e o Tribunal Superior do
23
Trabalho atrelam a competência da Justiça do Trabalho à aplicabilidade das normas
processuais trabalhistas. Tal linhade raciocínio parece ser realmente a mais acertada, se
for levado em conta o disposto em outras leis que regulam o Processo do Trabalho
(Decreto-Lei 779/1969 e Lei 5.584/1970):
Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou
fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem
atividade econômica:
[…] (BRASIL, 1969, grifo nosso)
Art 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, observar-se-ão os princípios
estabelecidos nesta lei. (BRASIL, 1970, grifo nosso)
Entretanto, devemos levar em conta o elemento teleológico para compreender
melhor o escopo das normas processuais trabalhistas e, consequentemente, do Direito
Processual do Trabalho. A legislação especial trabalhista existe com o fito de oferecer
uma tutela diferenciada aos conflitos individuais e coletivos envolvendo as relações de
trabalho. Assim, atrela-se o âmbito de aplicação das normas processuais trabalhistas aos
feitos veiculados perante a Justiça do Trabalho, pois se parte do pressuposto (verdadeiro)
de que esta Especializada é a competente para tratar desse tipo de lide. É mais fácil e
objetivo vincular a aplicação da norma ao trâmite do processo na Justiça Obreira, do que
especificar os tipos de litígio que atrairiam a incidência das normas processuais
trabalhistas1.
Seguindo esse entendimento, Schiavi (2013, p. 110-111) tece relevantes
ponderações:
Para nós, o Direito Processual do Trabalho conceitua-se como o conjunto de
princípios, normas e instituições que regem a atividade da Justiça do Trabalho,
com o objetivo de dar efetividade à legislação trabalhista e social, assegurar o
acesso do trabalhador à Justiça e dirimir, com justiça, o conflito trabalhista.
[…]
A legislação processual trabalhista visa a impulsionar o cumprimento da legislação
trabalhista, e também da legislação social que não se ocupa só do trabalho
subordinado, mas do trabalhador, ainda que não tenha um vínculo de emprego,
mas que vive de seu próprio trabalho. Nesse sentido foi a dilatação da
competência material da Justiça do Trabalho dada pela EC n. 45/04 para abranger
as controvérsias oriundas e decorrentes da relação de trabalho.
1 Assim, em caso de deslocamento da competência tipicamente trabalhista da Justiça do Trabalho para
outro ramo da Justiça (Justiça Federal, por exemplo), entende-se, por conta da interpretação teleológica,
que as normas processuais trabalhistas permaneceriam sendo aplicadas a tais lides. Tal compreensão parte
da ideia de que o atrelamento das normas processuais trabalhistas aos feitos tramitantes na Justiça Laboral
existe enquanto esta for competente para a apreciação das lides trabalhistas. Havendo modificação desse
estado de coisas, deve ser repensado o âmbito de aplicação do Direito Processual do Trabalho.
24
Assim como o Direito do Trabalho visa à proteção do trabalhador e à melhoria de
sua condição social (art. 7º, caput, CF), o Direito Processual do Trabalho tem sua
razão de existência em propiciar o acesso dos trabalhadores à Justiça, visando a
garantir os valores sociais do trabalho, a composição justa do conflito trabalhista,
bem como resguardar a dignidade da pessoa humana do trabalhador.
Diante do que foi exposto, podemos compreender o Direito Processual do
Trabalho como sendo o ferramental adequado, fornecido pelas fontes do Direito, para o
processamento e para o oferecimento de uma solução justa e efetiva para os conflitos
individuais e coletivos envolvendo as relações de trabalho.
3.2 Princípio da adequação
A partir do conceito de Direito Processual do Trabalho, temos que ter em mente
que a legislação específica que rege tal ramo do Direito existe, em tese, com o fito de
ofertar uma normatização mais adequada do que a legislação processual comum para a
pacificação dos conflitos laborais.
Ou seja, quando a Consolidação das Leis do Trabalho – principal diploma
normativo do Processo Trabalhista - regulou o “Processo Judiciário do Trabalho”, sem
dúvidas o fez com a evidente pretensão de oferecer um regramento mais compatível com
os valores e com o direito que se pretende tutelar por meio do Processo Laboral, no caso,
o Direito Material do Trabalho.
Se não fosse esse o objetivo, não teria porque o legislador ter se incursionado
a elaborar toda uma legislação especializada.
Tal forma de compreender as coisas encontra amparo na própria Constituição
Federal de 1988 que, ao prever os Princípios da Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5º,
XXXV) e do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV), garante a existência, mesmo que
implícita, do Princípio da Adequação:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[…]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;
[…]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal; (BRASIL, 1988) 
25
Ora, o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, também conhecido como
Princípio do Acesso à Justiça ou do Direito de Ação, é decorrência lógica do monopólio
estatal da jurisdição2. Por ser necessário, via de regra, o recurso ao Judiciário para
reparar lesão ou prevenir ameaça a direito, deve tal direito fundamental de Acesso à
Justiça ser exercido de forma facilitada (sem obstáculos desarrazoados) e, ato contínuo,
deve o Estado oferecer a melhor resposta por meio do procedimento o mais adequado
possível.
Já a cláusula geral do Devido Processo Legal, verdadeiro princípio mestre de
todos os direitos fundamentais processuais previstos na Constituição Federal, evidencia a
noção de que deve haver sempre um devido processo, ou seja, um ajustado/adequado
processo3.
Didier Júnior (2015, p. 114-115) sintetiza o Princípio da Adequação e elucida a
sua origem normativa:
O princípio da adequação pode ser visualizado em três dimensões: a) legislativa,
como informador da produção legislativa das regras processuais; b)
jurisprudencial, permitindo ao juiz, no caso concreto, adaptar o procedimento às
peculiaridades da causa que lhe é submetida; c) negocial: o procedimento é
adequado pelas próprias partes, negocialmente. No segundo e no terceiro casos,
a adequação é feita in concreto, em um determinado processo; há quem prefira,
assim designar o fenômeno de adaptabilidade, flexibilidade ou elasticidade do
processo.
Inicialmente, a própria construção legislativa do processo deve ser feita tendo-se
em vista a natureza e as peculiaridades do seu objeto; o legislador deve atentar
para essas circunstâncias, pois um processo inadequado ao direito material pode
importar verdadeira negação da tutela jurisdicional. O princípio da adequação não
se refere apenas à estruturação do procedimento. A tutela jurisdicional há de ser
adequada; o procedimento é apenas uma forma de encarar esse fenômeno.
O princípio da inafastabilidade da jurisdição […] garante uma tutela adequada à
realidade de direito material, ou seja, garante o procedimento, a espécie de
cognição, a natureza do provimento e os meios executórios adequados às
peculiaridades da situação litigiosa. Do princípio da inafastabilidade, é possível
retirar o princípio da adequação. Também é possível retirá-lo do direito
fundamental a um processo devido: processo devido é processo adequado.
Lembre-se que o devido processo legal é uma cláusula geral, de onde se podem
retirar outros princípios, tal como o da adequação.
2 “Evoluindo e fortalecendo-se, o Estado reservou-se a função, antes cometida às partes e aos árbitros
particulares, de resolver as lides. Assumiu o monopólio da dicção do direitoe de sua aplicação in concreto,
assim como já o fizera relativamente à administração da res publica e à elaboração das leis.” (LIMA, 2013,
p. 234)
3 A interpretação ampliativa e, sem dúvidas, criativa dos direitos e garantias fundamentais encontra
fundamento na própria Constituição Federal, que, em seu art. 5º, §2º, assim estabelece: “Os direitos e
garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.” (BRASIL,
1988)
26
Assim, por sua própria razão de existir, a normatização processual laboral foi
eleita pelo legislador como sendo, em tese, a mais adequada para o processamento das
lides decorrentes das relações de trabalho. Entretanto, conforme visto, a compreensão da
adequação da norma, à luz da Constituição Federal, não é tarefa exclusiva do legislador,
uma vez que também incumbe ao Poder Judiciário verificar a adequação normativa, no
caso concreto.
3.3 Incompletude do sistema processual trabalhista
Como toda normatização especial, a legislação processual trabalhista não traz
consigo a pretensão de completude. A disciplinação diferenciada raramente precisa
modificar ou ressignificar todos os institutos ordinários para atender à finalidade para a
qual foi pensada. A lacunosidade do sistema processual trabalhista é algo natural,
portanto.
Corroborando tal linha de raciocínio, Chaves (2007, p. 25) assim pontua:
É plenamente justificável que um subsistema processual, formatado para imprimir
especialidade à jurisdição social não tenha, efetivamente, o escopo de regular
todas as dimensões do panorama processual, notadamente quando sabemos que
a teoria geral do processo é tronco comum a todos os subsistemas processuais.
O sentido ontológico da própria legislação processual especializada é dispor sobre
institutos que garantem o desenvolvimento da jurisdição em razão dos escopos de
sua existência: a realização e a efetividade do direito social disposto no plano
material.
Por essa razão, é muito frequente o manejo de institutos do processo comum no
processo do trabalho, mormente naqueles compartimentos em que não há
expressa previsão na lei processual trabalhista e é com ela manifestamente
compatível.
A partir do cotejo entre a especialidade da legislação processual trabalhista e a
inafastável necessidade de integrar o sistema garantido-lhe completude é que surgem as
disposições atinentes à aplicação subsidiária e/ou supletiva do direito processual comum.
3.4 Art. 769 da CLT4
4 Neste momento, analisaremos o dispositivo sem levar em conta os possíveis impactos causados pelo art.
15 do CPC/2015.
27
Diante da lacunosidade do Direito Processual do Trabalho, o art. 769 da
Consolidação das Leis do Trabalho5 consignou, como regra geral acerca da matéria –
aplicável diretamente à fase de conhecimento e complementarmente à fase de
liquidação/execução -, que a aplicação subsidiária do direito processual comum (e, é
importante adiantar, “direito processual comum” não se resume ao Código de Processo
Civil) deve observar a existência de: omissão nas normas processuais trabalhistas (CLT,
Lei 5.584/1970, Decreto-Lei 779/1969 etc.); e compatibilidade entre a legislação
processual comum e o sistema processual trabalhista.
A respeito do tema, Cordeiro (2007, p. 12) assim analisa:
Toda a norma reguladora da aplicação subsidiária do direito processual civil ao
direito processual do trabalho foi edificada visando à preservação da autonomia da
disciplina laboral. Partiu-se da premissa básica de que o texto da CLT, embora
diminuto, enfeixava uma série de características passíveis de instrumentalizar o
direito material de maneira bem mais efetiva que o direito processual civil. Via-se,
portanto, a inserção do processo civil no âmbito da disciplina laboral, apenas como
uma necessidade de ordem prática, tendo em vista o já reconhecido laconismo da
codificação trabalhista.
(…)
A estrutura normativa das regras de subsidiariedade, portanto, foi edificada no
âmbito de uma postura defensiva da autonomia do direito processual trabalhista e
de um processo mais eficaz para a materialização das garantias do direito material
respectivo. Ao se utilizar a expressão “... exceto naquilo em que for incompatível
com as normas deste Título” (CLT, art. 769, parte final), buscou o legislador
preservar os elementos pontuais de otimização do processo implementados e
evitar uma invasão do formalismo típico do direito processual civil. 
Leite (2012, p. 100-101) destaca a ideia originária de “contenção” embutida no
art. 769 da CLT:
O processo do trabalho surgiu da necessidade de se implementar um sistema de
acesso à Justiça do Trabalho que fosse, a um só tempo, simples, rápido e de
baixo custo para os seus atores sociais.
Daí a necessidade de uma cláusula de contenção das normas do processo civil, o
qual somente seria aplicado subsidiariamente em duas situações: existência de
lacuna no sistema processual trabalhista e compatibilidade da norma a ser
transplantada com os seus princípios peculiares (CLT, art. 769). Afinal, quando o
art. 769 da CLT foi editado (1943), o “direito processual comum”, que poderia ser
aplicado como “fonte subsidiária” do processo do trabalho, era o Código de
Processo Civil de 1939. 
A leitura dos doutrinadores acima revela o rumo acertado do raciocínio
desenvolvido quando se falou acerca do princípio da adequação. O Direito Processual do
5 “Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho,
exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.” (BRASIL, 1943)
28
Trabalho existe com a pretensão de oferecer respostas jurídicas mais adequadas à tutela
jurisdicional das relações laborais. Partindo dessa premissa, o artigo 769 da CLT traz em
si a ideia de barrar invasões normativas inconvenientes e deturpadoras à adequação das
normas processuais laborais. Trata-se, realmente, de uma norma de contenção e seu
objetivo – ao contrário do que pode parecer a uma primeira leitura - não é o de afirmar a
prevalência cega e inócua das normas processuais trabalhistas.
Prosseguindo na apreciação do tema, a noção de omissão e compatibilidade é
relevante para a compreensão do dispositivo.
3.5 Omissão
Com base nos conceitos apresentados quando da análise da integração
normativa, temos que a omissão ou lacuna pode ser parcial ou total. Reforça tal
pensamento o sentido da expressão subsidiariedade que, segundo Houaiss (2009), seria
o “que subsidia, ajuda, socorre”, “que reforça, aumenta, contribui” ou “que reforça ou dá
apoio a (algo anteriormente apresentado)”. Ou seja, tanto a omissão total (ausência
completa de normas sobre determinada matéria) como a omissão parcial (existência de
normas, porém em magnitude insuficiente para tutelar de forma adequada o tema) seriam
em tese aptas a atrair a aplicação subsidiária do direito processual comum.
Importante ressaltar, ainda, que a omissão apta a atrair a integração seria
apenas a normativa. As omissões ontológicas e axiológicas, na realidade, não dariam
ensejo a uma integração propriamente dita, mas sim a um afastamento da normatização
processual trabalhista em prol da aplicação de outras normas. Podemos dizer que nesse
caso teríamos aplicação substitutiva e não integração normativa. Nada impede,
entretanto, que, por força do corrente uso do termo, falemos de integração das lacunas
ontológicas e axiológicas.
Nessa linha, para concluir pela existência de lacunas, temos que fazer um
juízo comparativo e de valor. 
No caso da omissão total, determinada matéria só pode ser tida como não
regulada pelas normas processuais trabalhistas, caso seja devidamente tratada pelas
normas processuais comuns. A configuração da omissãodepende, ainda, do
entendimento de que não houve “silêncio eloquente” do legislador, ou seja, de que não
29
houve omissão proposital justamente com o intuito de afastar a incidência da matéria não
tratada pelo Processo do Trabalho.
Maior relevo merece a noção de omissão parcial. Algo só pode ser
considerado incompleto se comparado com outra coisa, considerada mais completa. Algo
só pode ser considerado incompleto, se entendermos que não houve “silêncio eloquente”
do legislador no trato supostamente incompleto da matéria (temos que averiguar se o
legislador não pretendeu exaurir o tema daquele modo, afastando implicitamente
quaisquer normatizações complementares).
Tomando por inspiração Bebber (2014, p. 182), um exemplo vem a calhar
acerca da integração por omissão parcial. A Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL,
1943), com redação dada pela Lei 9.957/2000 (BRASIL, 2000) e pela Lei 13.015/2014
(BRASIL, 2014), assim regula o recurso de embargos de declaração:
Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de
cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão
subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
§ 1º Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes.
§ 2º Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá
ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida
a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3º Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros
recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a
representação da parte ou ausente a sua assinatura.
Já o revogado Código de Processo Civil de 1973 (BRASIL, 1973) se destaca,
ao normatizar o mencionado recurso, por prever a hipótese de cabimento por
“obscuridade” na decisão embargada (art. 535, I, CPC/73) e por estipular a possibilidade
de aplicação de multa quando os embargos forem considerados manifestamente
protelatórios (art. 538, parágrafo único, CPC/1973). No caso, a disciplina do CPC/1973,
naquilo em que era mais completa do que a CLT, sempre foi invocada para integrar o
sistema processual trabalhista, conforme se extrai dos arestos a seguir:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VÍCIOS DOS ARTS. 897-A DA CLT E 1.022 DO
CPC DE 2015. AUSÊNCIA 1. A finalidade dos embargos de declaração no
processo trabalhista é a emissão de um juízo integrativo-retificador da decisão
impugnada ou o reexame dos pressupostos extrínsecos de admissibilidade do
recurso julgado (CLT, art. 897-A; CPC/2015, art. 1.022). Destinam-se, em
princípio, a sanar tão somente deficiências formais da decisão embargada. 2.
Salvo a presença efetiva de contradição, omissão, obscuridade ou equívoco
30
patente no exame da admissibilidade, os embargos de declaração não ostentam
natureza infringente do julgado. 3. Embargos de declaração a que se nega
provimento. (BRASIL, 2016c)
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS
EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INTUITO
PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO DE MULTA. Embargos rejeitados, diante da
ausência dos pressupostos do artigo 897-A da Consolidação das Leis do Trabalho.
Quando opostos com intuito meramente protelatório, devem ser repelidos e
autorizam a aplicação da multa prevista no art. 538, parágrafo único, do Código de
Processo Civil. (BRASIL, 2016a)
Tal exemplo revela que a omissão parcial acaba sendo, na realidade, a
hipótese mais recorrente a atrair a integração do sistema processual trabalhista, haja vista
que este raramente é completamente omisso em relação a determinada matéria. Bebber
(2014, p. 182-183) explica que tal integração costuma ser realizada de forma bastante
ampla em determinados temas, ao mesmo tempo em que persiste uma contraditória
resistência doutrinária/jurisprudencial em relação a outras questões:
Além disso, utilizamos também de normas conjugadas e da supletividade. Vejam
que fazemos uma conjunção, uma mescla de dispositivos da CLT com dispositivos
do CPC. Fazemos isso, por exemplo, no art. 801, que trata dos casos de
impedimento, suspeição do juiz. Fazemos uma mescla com os arts. 134 e 135 do
CPC, em alguns de seus incisos, porque o restante já está no art. 801. Vejam que
fazemos isso nas hipóteses de suspeição, incapacidade e impedimento de
testemunhas, já tratadas no art. 829, e conjugamos com o art. 405 do CPC. Há
algumas discussões que se estabelecem dizendo que, quando aplicamos norma
do Código de Processo Civil, não podemos trazer parte dele. Estou mencionando
hipótese em que fazemos isso. 
Na remessa necessária, temos Decreto-Lei n.º 779/69 e trazemos do CPC só o §
2.º e o § 3.º do art. 475. Alguns, a propósito, passam a dizer: “Tudo bem.
Podemos, então, trazer um parágrafo, desde que seja inteiro; o que não podemos
fazer é trazer um pedaço”, que é o que se faria se aplicássemos o art. 475-J,
porque tudo já está disciplinado no art. 880 da CLT. Se fôssemos aplicar o 475-J,
dele traríamos só a multa de 10%. Isso, não podemos fazer, trazer só um pedaço.
Essa aplicação supletiva, não podemos fazer. 
Mas isso não é verdade. Fazemos isso, e o fazemos quando admitimos embargos
de declaração por obscuridade. O art. 897-A fala que podemos. Temos embargos
de declaração para as hipóteses de omissão, contradição e manifesto equívoco no
exame dos pressupostos recursais. Não fala de obscuridade. Quando aplicamos o
535, estamos trazendo para o processo do trabalho somente a obscuridade.
Pois bem.
Delineada a ideia de omissão, remanesce o aprofundamento do requisito da
compatibilidade.
3.6 Compatibilidade do direito processual comum
31
Uma vez identificada uma omissão total ou parcial, é necessário realizar o juízo
de compatibilidade da norma que se pretende importar. Nessa toada, temos que levar em
conta que a omissão se configura em face do direito processual comum. Direito
processual comum deve ser entendido como sendo o direito processual não-trabalhista.
Assim, a identidade costumeiramente feita pela doutrina e jurisprudência entre direito
processual comum e código de processo civil é equivocada, seja pela literalidade do art.
769 da CLT, seja pelo fato de que tal interpretação restringe indevidamente e,
normalmente, “maleficamente” o alcance da integração normativa aplicável ao Direito
Processual do Trabalho.
Nesse sentido, temos diversas normas exógenas aptas a servirem de
parâmetro para a aferição da existência de omissão no Processo do Trabalho. Por
consequência, é possível vislumbrar, por exemplo, que o Direito Processual do Trabalho é
omisso no trato de determinada matéria, tanto em relação à disciplina do Código de
Processo Civil, quanto em relação à normatização dada por algumas das Leis dos
Juizados Especiais – Lei 9.099/1995 (BRASIL, 1995), Lei 10.259/2001 (BRASIL, 2001) e
Lei 12.153/2009 (BRASIL, 2009). 
Desse modo, em inúmeros casos em que existentes lacunas no Processo
Laboral, poderemos ter mais de uma norma do direito processual comum em tese
compatível com a normatização processual trabalhista. Em tal cenário, é fundamental
densificar a noção de compatibilidade, a fim de que possamos ter critérios para averiguar
não só a compatibilidade de determinada norma, mas sim, diante de um conjunto de
normas, qual seria a norma mais compatível com o processo do trabalho.
Para tanto, parte-se do pressuposto de que a norma (mais) compatível com o
Processo do Trabalho é aquela que (mais) se alinha com os fundamentos existenciais do
Direito Processual do Trabalho e/ouaquela que garante a melhor observância, por este
ramo especializado, dos princípios constitucionais processuais. 
Oliveira (2016, p. 63) destaca que o Processo do Trabalho se marca pelo fato
de sua instrumentalidade voltada à proteção do trabalhador, pela simplicidade e pela
celeridade.
32
Assim, levando em conta o ensinamento do autor e outras diretrizes e ideias,
podemos entender que o Processo Laboral possui como principais características as
seguintes.
Informalidade, Simplicidade e Oralidade6 que, segundo Schiavi (2013, p. 120-
127), seriam ilustradas pela menor burocracia, maior simplicidade e maior agilidade do
que o sistema de processo comum, com possibilidades de utilização da palavra oral, uso
de linguagem mais acessível e prática de atos processos de forma mais simples, objetiva
e concentrada. Exemplos: possibilidade de petição inicial e contestação verbais; ausência
de “despacho” (decisão) de recebimento da inicial; capacidade postulatória das partes;
concentração dos atos processuais em audiência (por se tratar de diretriz geral, a ideia de
concentração deve permear todo o procedimento, e não só os atos praticados em
audiência); irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias etc.;
Busca pela conciliação como modo de solução dos conflitos trabalhistas.
Segundo Leite (2012, p. 87-88), a aptidão para a conciliação é um alicerce histórico do
processamento das lides perante a Justiça do Trabalho, revelando-se por meio da
possibilidade de solução consensual a qualquer tempo e pela necessária tentativa
conciliatória que deve ser promovida pelo magistrado no início da audiência inaugural e
renovada antes de o feito estar apto para julgamento;
Tratamento diferenciado à parte hipossuficiente (trabalhador) em alguns
pontos, circunstância que demonstra, segundo Leite (2012, p. 80-83) o reflexo da
hipossuficiência do trabalhador (pilar do Direito do Trabalho) na normatização processual
trabalhista (instrumento de efetivação do direito material). Exemplos: inexigibilidade do
depósito recursal para o recurso do trabalhador, mas somente para o apelo empresarial; a
ausência do trabalhador à audiência inicial gera o arquivamento do feito, enquanto a
ausência da empresa acarreta a revelia e a confissão quanto à matéria de fato etc.;
Celeridade7, que se materializa no Processo do Trabalho por meio da
Informalidade, Simplicidade e Oralidade e também por meio da majoração dos poderes do
juiz na condução do processo laboral, conforme destacado por Schiavi (2013, p. 127) e
6 Apresentar-se-á os três princípios em bloco, pois compreende-se que existe excessiva conexão e
interdependência entre os referidos, ao ponto de se considerar que a apresentação especificada de cada
um resultaria em uma divisão artificial e que geraria sobreposição de ideias similares.
7 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: […] LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”
(BRASIL, 1988)
33
evidenciado/corroborado pelo artigo 765 da CLT (BRASIL, 1943): “Os Juízos e Tribunais
do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento
rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento
delas”8;
Efetividade9, haja vista que a concretização da tutela jurisdicional é objetivo
almejado por todo e qualquer processo e que deve, diante do objeto tipicamente tutelado
pela Justiça do Trabalho (crédito de natureza alimentar decorrente da relação de
trabalho), ter enfoque ainda mais privilegiado. A efetividade, tal como a celeridade, é
enfatizada/garantida pela liberdade atribuída ao magistrado na condução do processo
(artigo 765 da CLT, supratranscrito);
Respeito ao contraditório e à ampla defesa10 adequados, seja, devidamente
adaptados às demais linhas mestras que peculiarizam o Processo do Trabalho. Assim, o
exercício do contraditório e da ampla defesa deve ocorrer da forma mais concentrada
possível (deve-se evitar que o seu exercício seja subdividido em inúmeros momentos
ideais, tal como no Processo Civil) e por períodos estritamente necessários, a fim de que
se harmonize a sua observância com o ideal de oferecer, com rapidez, uma solução justa
e efetiva às lides decorrentes das relações de trabalho. O contraditório e a ampla defesa
8 Furtado (2007, p. 62) tece importantes ponderações em torno da “razoável duração do processo”
(expressão a qual a presente monografia adotou como sinônima de celeridade): “Importa também, para que
se tenha uma visão bem abrangente dos dois lados da moeda da plena adoção do processo devido, que se
coteje o modo de tramitar do processo de forma dicotômica, vale dizer, que não só seja buscada a razoável
duração do processo, como também venha a ser evitada a rapidez exagerada, que chega a gerar o
cerceamento de defesa e o atropelamento de fases processuais inafastáveis para uma escorreita aplicação
do processo justo. Não, em absoluto, não é isso que se aspira, qual seja, imprimir velocidade ao feito a que
preço seja. Importa, isto sim, que haja a harmonização entre uma razoável duração do feito, ou seja, que o
mesmo não demore mais que o necessário, mas que, concomitantemente não sejam castradas fases
imprescindíveis a correta condução do processo, pela idéia fixa e esquizoparanóica de que "vale-tudo" para
fazer o processo correr em velocidade que quebra a barreira do som. Daí que a observância da justeza de
determinado processo consiste na aferição da exata medida, nem para mais, nem para menos, do efetivo
tempo mínimo, e por que não dizer, máximo necessário, para que se possa aplicar a justiça adjetiva e
substantiva a uma lide.”. 
9 Bueno (2014) assim explica: “Vale destacar, para bem compreender o significado do princípio da
efetividade do processo que, enquanto o princípio do 'acesso à justiça' e o do 'devido processo legal' e os
que dele derivam […] voltam-se, basicamente à criação de condições efetivas de provocação do Poder
Judiciário e de obtenção da tutela jurisdicional mediante uma devida participação ao longo do processo,
com vistas ao reconhecimento do direito (ameaçado ou lesionado) de alguém pelo Poder Judiciário, o
princípio da efetividade do processo volta-se mais especificamente aos resultados práticos deste
reconhecimento do direito, na exata medida em que ele o seja, isto é, aos resultados da tutela jurisdicional
no plano material, exterior ao processo.”
10 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: […] LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;” (BRASIL, 1988)
34
igualmente podem ser diferidos quando necessário para assegurar a celeridade e a
efetividade do processo, desde que se realize ponderado juízo de valor em torno dos
ganhos e dos prejuízos advindos de uma determinação nesse sentido. Exemplos:
previsão de audiência una de conciliação, instrução e julgamento, mesmo para o rito
ordinário (artigos 843 a 852, CLT), consagrando assim a efetivação do contraditório
concentrado, oral e em “tempo real”; prazo recursal reduzido e normalmente de 8 dias
(enquanto no processo civil o padrão é de 15 dias) etc.
Importante esclarecer que outros princípios processuais

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