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NOAM CHOMSKY Na década de 1950, Chomsky já estava preparado para entrar na faculdade como um furacão. Quando concluiu a graduação na Universidade da Pensilvânia, em 1957, ele não só dominava a área da linguística como a tinha virado de cabeça para baixo. Naquele período pós-Segunda Guerra, a onda era dar uma cara científica a tudo. Abordagens sociais, como as da sociologia e da antropologia, eram tidas como “moles”. Era preciso endurecer. Foi o que Chomsky fez. Antes mesmo de concluir o doutorado, o intelectual já dava palestras nas universidades de Chicago e Yale, apresentando sua inovadora teoria linguística. Segundo ela, as pessoas não “aprendiam” a linguagem, elas já nasciam com um órgão responsável por isso. O linguista afirmava ter descoberto uma parte da anatomia humana de que ninguém nunca tinha ouvido falar. E ela ficava dentro de um outro órgão: o cérebro. Se tivesse sido comprovada, seria a maior descoberta anatômica desde que William Harvey descobriu o sistema circulatório em 1628. Segundo essa ideia, usando um exemplo do próprio Chomsky, se um linguista marciano viesse estudar as línguas da Terra, descobriria que todos os idiomas aqui são um só, com pequenas variações de “sotaque”. Por isso, não seria preciso visitar lugares distantes, ou tribos isoladas no meio da mata para estudar línguas diferentes. Todas fariam parte de uma mesma estrutura comum. “Ele [Chomsky] fazia o campo de trabalho parecer mais elevado, mais bem estruturado, mais científico, mais conceitual, mais no plano de Platão, e não apenas um amontoado enorme de dados que os pesquisadores de campo traziam de lugares de que ninguém nunca tinha ouvido falar antes”, escreveu o jornalista norte-americano Tom Wolfe (1930-2018), no livro O Reino da Fala (2016). Isso fez com que a linguística, até então um patinho feio (e quase morto) da ciência, ganhasse tanta notoriedade quanto o próprio Chomsky. @carolnasletras
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