Buscar

EMPRESARIAL I - CONCEITO EMPRESÁRIO EMPRESA ESTABELECIMENTO REQUISITOS PARA EMPRESARIAR DEVERES OBRIGAÇÕES E PRERROGATIVAS DOS EMPRESÁRIOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DIREITO EMPRESARIAL I
1. DIREITO EMPRESARIAL. CONCEITO. OBJETO. EVOLUÇÃO. FONTES
2. EMPRESÁRIO. EMPRESA. ESTABELECIMENTO. REQUISITOS PARA EMPRESARIAR
3. DEVERES. OBRIGAÇÕES E PRERROGATIVAS DOS EMPRESÁRIOS. TRATAMENTO FAVORECIDO ÀS PEQUENAS EMPRESAS
1.1. DIREITO (em geral): Conjunto de normas (leis, costumes e princípios) que disciplina direitos e deveres entre as pessoas (físicas e jurídicas), visando a solução harmônica das controvérsias. 
1.2. DIREITO PÚBLICO: Há uma maior intervenção estatal para preservar o interesse social. Exemplos: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Econômico, Direito Financeiro, Direito Processual, Direito Penal, Direito Internacional (público), Direito Tributário e Direito Previdenciário. 
1.3. DIREITO PRIVADO: As pessoas possuem uma maior autonomia de vontade e o Estado apenas interfere quando se fizer necessário. Exemplo: Direito Civil, Direito do Trabalho, Direito Internacional (privado), Direito Previdenciário (privado), Direito do Consumidor e Direito Empresarial. 
1.4. DIREITO EMPRESARIAL: Ramo do Direito Privado que disciplina direitos, obrigações e deveres dos empresários (individuais ou sociedades empresárias) e regulamenta as suas organizações econômicas (empresas). 
1.5. OBJETO: Regula o Direito de Empresa, estabelecendo obrigações específicas e prerrogativas para o exercício profissional da classe empresária.
1.6. AUTONOMIA: O fato do Código Civil definir as regras básicas do Direito de Empresa revogando a parte geral do Código Comercial (1850), não retira a autonomia do Direito Empresarial, pois este ramo possui leis, costumes e princípios específicos. Vejamos as principais normas em vigor:
	Lei 4.595/1964 
	Sistema Financeiro Nacional 
	Lei 4.728/1965 
	Mercado de Capitais 
	Decreto 57.663/1966 
	Convenção de Genebra (Letras de Câmbio) 
	Lei 6.385/1976 
	Comissão de Valores Mobiliários 
	Leis 6.404/1976 
	Sociedades Anônimas 
	Lei 7.357/1985 
	Cheques 
	Lei 8.934/1994 
	Registro Mercantil (Junta Comercial) 
	Lei 9.279/1996 
	Propriedade Industrial 
	Lei 11.101/2005 
	Lei de Recuperação e Falência Empresarial 
	Lei Complementar 123/2006 
	Microempresas/Empresas de Pequeno Porte 
1.7. EVOLUÇÃO: O Direito Empresarial foi desenvolvido em três fases: 
 Fase Subjetiva: Na Antiguidade praticamente não havia Direito Comercial. Predominava o Corpus Juris Civilis, onde as regras eram conservadoras e não atendiam às necessidades dos comerciantes. Os mercadores criaram alguns institutos, a exemplo do Nauticum Foenus (mútuo e seguro marítimo). Criaram, mais precisamente na Idade Média, um direito subjetivo/classista/corporativo, ou seja, legislado, fiscalizado e julgado pelos próprios interessados, através de suas corporações, desenvolvido paralelamente ao Direito do Estado. 
 Fase Objetiva: Com a Revolução Francesa (1789) surge o Estado Democrático de Direito em substituição ao Estado Absolutista. Assim, cabe ao Estado criar normas (Poder Legislativo), fiscalizar (Poder Executivo) e julgar os conflitos (Poder Judiciário). Em 1808, Napoleão Bonaparte instituiu o Code de Commerce, tornando o Direito Comercial objetivo, aplicado pelo Estado e não mais pelos próprios destinatários (comerciantes). 
 Fase Empresarial: Em 1942 os italianos ampliaram a aplicação do Direito Comercial aos imprenditores (empresários), dedicando um capítulo especial no Código Civil. Gradativamente, vários países implantaram o Direito Empresarial. No Brasil, a rigor, a fase empresarial começa com o atual Código Civil, em vigor a partir de 11.01.2003, não obstante ter reconhecido algumas atividades empresariais através .das Leis 4.068/1962 (empresas de construção), 4.591/1964 (incorporadoras) e 6.019/1974 (locação de mão-de-obra). 
1.8. FONTES: As fontes do Direito (em geral) são dividas em materiais/reais (acontecimentos e fatos) e formais (normas jurídicas). 
Assim, podemos afirmar que as fontes materiais (reais) do Direito Empresarial são os acontecimentos e os fatos que repercutem no exercício da atividade empresária, fazendo incidir as fontes formais (normas jurídicas). Exemplo: compra de produtos para revender (mercadorias), assumindo resgatar a duplicata emitida pelo vendedor. 
As fontes formais do Direito Empresarial, por sua vez, são divididas em diretas e indiretas: 
 Fontes Diretas (ou imediatas, ou primárias, ou principais): Leis específicas do Direito Empresarial, a exemplo do Livro II do Código Civil (Direito de Empresa, Arts. 966 a 1.195), das leis extravagantes (Sistema Financeiro Nacional - Lei 4.595/1964; Mercado de Capitais - Lei 4.728/1965; Convenção de Genebra - Decreto 57.663/1966; Comissão de Valores Mobiliários - Lei 6.385/1966; Sociedades Anônimas - Lei 6.404/1976; Registro Mercantil - Lei 8.934/1994; Propriedade Industrial - Lei 9.279/1996; Estatuto das Micro e Pequenas Empresas - Lei Complementar 123/2006; Lei de Recuperação e Falência - Lei 11.101/2005). 
 Fontes Indiretas (ou mediatas, ou subsidiárias, ou acessórias): Leis de outras áreas, preenchendo as lacunas da legislação empresarial. Os costumes também integram a cadeia normativa, complementando (costumes secundo legem) ou suprindo a legislação (costumes praeter legem), embora excepcionalmente admite-se a aplicação de costumes contra legem (leis demasiadamente desatualizadas). Os princípios são elencados como normas subsidiárias, não obstante a doutrina predominante considera-los como razão de ser de todas as normas, pois norteiam o interprete na compreensão da finalidade do Direito. 
A doutrina (opinião dos juristas) e a jurisprudência (decisões reiteradas dos Tribunais Superiores) são consideradas fontes informais (facultativas), pois apenas fazem recomendações acerca de determinadas controvérsias. 
A Súmula Vinculante (art. 103-A da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional n° 45/2004), no entanto, é um ato jurisdicional a ser seguido obrigatoriamente pelos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública (federal, estadual e municipal), tratando-se de medida excepcional, tendo o legislador autorizado o STF a produzir ato jurisdicional com força de lei. 
1.9. PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL: Os princípios gerais do Direito são valores fundamentais que orientam qualquer ramo da ciência jurídica, expressando as idéias de justiça, liberdade, igualdade, democracia, dignidade, dentre outros valores, que serviram, servem e poderão continuar servindo de alicerce para o edifício do Direito, em permanente construção. 
Alguns princípios estão explícitos (constam da lei), outros implícitos (deduzidos da lei). Exemplos de princípios explícitos: legalidade e igualdade. Exemplos de princípios implícitos: razoabilidade e proporcionalidade. 
Sem prejuízo dos princípios gerais do direito (igualdade, legalidade, liberdade, ampla defesa, função social da propriedade, não ignorância do direito, boa fé, direito adquirido, dentre outros), o Direito vem se tornando cada vez mais especializado, dando origem a vários novos ramos. 
Assim, a boa integração das normas deve considerar os costumes e princípios específicos de cada ramo do Direito, antes da aplicação dos costumes e princípios gerais do Direito, considerando também que a Lei de Introdução ao Código Civil foi promulgada há mais de 75 anos. O Direito Empresarial, pois, possui os seguintes princípios específicos: 
 Propriedade Relativa: O titular ou os sócios são proprietários do ativo líquido e não do ativo total, de modo que somente podem dispor da parte que não afeta seus credores. 
 Entidade: Não pode haver confusão patrimonial e negocial do titular da empresa ou de seus sócios da sociedade empresária. 
 Função Social da Empresa: A empresa é uma organização econômica, com importância econômica (geradora de riqueza, postos de trabalho, lucro e tributos) e social (fornecimento de bens e/ou serviços), mas não pode desenvolver suas atividades sem respeitar o meio ambiente, os direitos de seus trabalhadores e o pagamento dos tributos. 
 Prudência:O titular da empresa ou os sócios desta devem fazer retiradas que não comprometam a continuidade da organização (Art. 1059 do Código.Civil e Arts. 193 a 197 da Lei 6.404/1976). 
 Viabilidade Empresarial: Para a criação de uma empresa é necessário verificar a sua viabilidade, embora tal exigência seja específica para sociedades anônimas abertas (Lei 6.404/1976) e como pressuposto para concessão de recuperação de empresas insolventes (Lei 11.101/2005), sob pena de ser declarada a falência. 
 Preservação da Empresa: A empresa, insolvente ou não, é uma unidade econômica que interage no mercado, na economia, repercutindo na esfera social (geradora de riquezas, lucros, empregos, tributos, etc). Daí a necessidade do regime jurídico de insolvência dirimir não só a crise econômico-financeira de um empresário, mas também preservar, quando viável, a continuidade da atividade econômica (empresa). 
 Relevância do Interesse dos Credores: Tal princípio é específico em caso de insolvência (recuperação ou falência), levando em consideração não apenas a viabilidade da empresa em recuperação, mas possibilitar a satisfação daqueles que titulam haveres contra o empresário. A legislação atual condiciona a recuperação ao consentimento dos credores. 
 Par Conditio Creditorum: Também relacionado à insolvência empreaarial, visa oferecer tratamento eqüitativo dos créditos (a equidade é um princípio geral do Direito). Cada crédito deve observar a sua posição na classificação geral (o tratamento eqüitativo ocorre dentro de cada categoria). Quando não há verba suficiente em determinada classe, paga-se proporcionalmente ao crédito de cada pessoa. 
 Maximização dos Ativos: Aqui o princípio trata da capacidade de gestão da empresa devedora. Na recuperação fica mais evidente: é preciso ampliar os ativos, até porque a finalidade do instituto é a recuperação (plena) da empresa. Na falência deve-se pelo menos preservar os ativos e, se possível, maximizá-los (diminuindo os seus efeitos negativos). 
 Juízo Universal: Outro princípio relacionado à recuperação ou falência, o juízo universal absorve todos os procedimentos contra o patrimônio do devedor insolvente (vis attractiva). Assim, as ações contra o empresário serão atraídas para o juízo universal, mas comporta exceções, principalmente no que diz respeito às questões trabalhistas, ações da União, execuções fiscais e ações personalíssimas aqui o princípio trata da capacidade de gestão da empresa devedora. 
 Principal Estabelecimento: Mais um princípio decorrente da insolvência empresarial. Estabelece o lugar onde o empresário possui uma maior concentração patrimonial, mas nem sempre corresponde à sede constante do contrato social (“sede abstrata”). O mais importante é a “sede real”. Cabe ao juiz analisar qual o estabelecimento que é principal no sentido de permitir um melhor êxito, seja na recuperação, seja na falência (na insolvência interessa onde a empresa possui a maior concentração patrimonial.
2. EMPRESÁRIO. EMPRESA. ESTABELECIMENTO. REQUISITOS PARA EMPRESARIAR
2.1. EMPRESÁRIO: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou serviços, conforme disposto no Art. 966 do Código Civil. 
Empresário, pois, é toda pessoa natural (empresário unipessoal) ou jurídica (sociedade empresária ou organização unipessoal), que desenvolve atividade profissional (efetiva) por intermédio de uma empresa (organização econômica) para a produção/circulação de bens ou de serviços. 
Com o advento da Lei 12.441/2011, que inseriu o Art. 980-A no Código Civil, foi criada a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), dotada de personalidade jurídica (organização unipessoal). Para constituir é necessário que o capital seja no mínimo equivalente a 100 (cem) salários mínimos (R$ 104.500,00 – 2020). 
Não confundir com o empresário individual que é uma pessoa natural e responde ilimitadamente pelas obrigações decorrentes de sua atividade (o CNPJ é apenas atribuído para fins de tributação, mas não confere personalidade distinta do proprietário da firma individual). 
2.2. NÃO EMPRESÁRIO: Quem exerce profissão intelectual de natureza científica (advogados, contadores, administradores, engenheiros, médicos, químicos, enfermeiros, dentistas, etc), literária (escritores, jornalistas, dramaturgos, etc) ou artística (cantores, dançarinos, atores, etc), ainda com ajuda de colaboradores ou auxiliares, desde que não possua elemento de empresa (o que caracteriza não é a estrutura, mas a impessoalidade do serviço, gerando lucro para o capitalista-investidor).
 
2.3.EMPRESÁRIO POR EQUIPARAÇÃO: Quando o exercício dessas atividades passa a ser elemento de empresa (deixar de ser uma parceria entre profissionais intelectuais da mesma área, ou quando o serviço intelectual for prestado através de terceiros - empregados ou prestadores de serviço - a atividade será considerada empresarial). Exemplos: Editoras, Empresas Jornalísticas, Hospitais, Faculdades/Universidades, Construtoras, etc. 
2.4. PRODUTORES RURAIS: Os produtores rurais são, por natureza, empresários, mas a lei faculta a inscrição na Junta Comercial (Art. 971 do Código Civil). Inscritos, serão tratados como empresários. Não inscritos, serão tratados como agentes econômicos civis. 
2.5. ECONOMIA DE SUBSISTÊNCIA: Os ambulantes, feirantes e prestadores de serviços de pequeno porte (carpinteiros, marceneiros, eletricistas, pintores, etc) não são considerados empresários porque não possuem uma estrutura econômica organizada (empresa). Objetivamente são considerados como microempreendedores individuais quando o faturamento anual for até de R$ 81.000,00 (R$ 6.750,00 por mês - 2020). Não precisam de registro na Junta Comercial, mas podem ser cadastrados através do SEBRAE, passando a ter acesso à Previdência Social, pagando uma tributação ínfima (R$ 53,45 comércio/manufatura; R$ 57,45 prestação de serviço - 2020).
 
2.6. EMPRESA: O conceito de empresa é econômico. Empresa é uma organização econômica para produção e/ou circulação de bens e serviços de maneira padronizada, com o gerenciamento de mão-de-obra para proporcionar remuneração ao capital (mais valia). 
Os serviços intelectuais, geralmente prestados com pessoalidade são atividades econômicas civis salvo se houver elemento de empresa (impessoalidade). 
2.6. PERFIL OBJETIVO DA EMPRESA: Muitas vezes a empresa é confundida com expressão sinônima de pessoa jurídica. Empresa não é pessoa. É uma propriedade/coisa (res). É claro que não é uma simples propriedade, pois é uma estrutura capitalista organizada, que proporciona remuneração ao seu titular (empresário unipessoal ou sociedade empresária). Toda empresa somente possui um titular (uma pessoa natural ou pessoa jurídica, esta por sua vez pode ter vários investidores/sócios). 
2.7. PERFIL SUBJETIVO DA EMPRESA: A própria lei utiliza com muita freqüência a palavra empresa como sinônimo de empresário. A CLT, por exemplo, no Art. 2º diz que considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que admite e assalaria a prestação pessoal de serviço (quer dizer: empregador é o empresário unipessoal - empresa individual - ou sociedade empresária - empresa coletiva). A Constituição Federal, no Art. 179, assegura tratamento jurídico favorecido às pequenas empresas (quer dizer: tratamento favorecido aos pequenos empresários). 
2.8. ELEMENTO DE EMPRESA: O § único do art. 966 do CC dispõe, in fine, que a atividade intelectual passa a ser considerada como empresária se existir elemento de empresa. Na verdade quer dizer: elemento determinante de empresa (“DNA”), pois a empresa tem vários elementos: i) estrutura organizada (padronização do processo produtivo); ii) centralização das informações (o empresário concentra as informações do processo produtivo); iii) remuneração do capital (a exploração da atividade econômica visa a obtenção de vantagem: lucro); iv) impessoalidade (a atividade fim é explorada através de empregados). 
Dos elementos acima, o que é determinantepara alterar a natureza de agente econômico civil para empresária é a impessoalidade. Já um hospital deixa de ser associação civil para sociedade empresária se visar resultado (lucro). 
2.9. ESTABELECIMENTO: É o complexo de bens corpóreos (materiais) e incorpóreos (imaterais) necessários ao exercício da atividade empresarial (Art. 1.142 CC). Ou seja, a empresa é a organização (a concepção ideologia) enquanto que o estabelecimento é a unidade produtiva/administrativa da empresa (materialização). 
A empresa é um conjunto de estabelecimentos (cada estabelecimento deve ser individualmente considerado para fins de escrituração contábil). É atribuído CNPJ único para a empresa, mas cada estabelecimento é individualizado na parte final do CNPJ. Supondo que uma empresa denominada Padaria Ramos Ltda tenha duas lojas: CNPJ 01.234.423/0001-33 (0001=estabelecimento 1 da empresa) CNPJ 01.234.423/0002-36 (0002=estabelecimento 2 da empresa). 
2.10. REQUISITOS PARA EMPRESARIAR: Para empresariar, é necessário que o empresário cumpra os pressupostos exigidos pela legislação, ou seja, seja plenamente capaz, não possua impedimento e faça o registroi) de sua atividade na Junta Comercial. Em se tratando de sociedade empresária, o(s) sócio(s) controlador(es) ou administrador(es) deve(m) preencher tais requisitos. 
2.11. CAPACIDADE: O empresário deve ser uma pessoa em pleno gozo da capacidade civil, ou seja, ser maior de 18 anos (maioridade) ou ser uma pessoa emancipada (voluntaria, legal ou judicialmente). 
O incapaz não pode, pois, abrir uma empresa ou controlá-la. No entanto, o Art. 974 do Código Civil permite que o incapaz dê continuidade a uma empresa por ele antes exercida (interdição civil) ou herdada. 
No caso de menor, deverá ser representado (até 16 anos) ou assistido (a partir de 16 até 18 anos). Na hipótese de interdição, a empresa passará a ser administrada através de seu curador. 
2.12. INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO: Não basta ter capacidade civil. Para ser empresário é preciso que a pessoa não esteja impedida pela lei. Vejamos as pessoas impedidas: i) Magistrados/Juízes (Art. 95, § único, da Constituição Federal); ii) Membros do Ministério Público (Art. 128, § 5o, inciso II, c, da CF); iii) Funcionários Públicos (Art. 117, inciso X, da Lei 8.1112/1990); iv) Militares da Ativa (Art. 29, Lei 6.880/1980); v) Falidos não Reabilitados (Art. 158 da Lei 11.101/2005: ocorrerá a reabilitação quando o falido pagar todas as dívidas ou, no caso de decurso de 5 anos, se não tiver sido condenado por prática de crime falimentar, ou após 10 anos, se tiver sido condenado por crime falimentar); vi) Estrangeiro com Visto Provisório (Art. 96, da Lei 6.815/1989); vii) Leiloeiros (art. 36, do Decreto 21.891/1932); viii) Despachantes Aduaneiros (Art. 10, do Decreto 646/1992); ix) Corretores de Seguros (Art. 20, da Lei 6.530/1978); x) Médicos para o exercício simultâneo de empresa farmacêutica (Lei 5.991/1973); xi) Prepostos (empregados, contadores, etc), salvo autorização expressa (Art. 1.170 do Código Civil); xii) Parlamentares (Art. 54 da CF: não podem, desde a posse, ser proprietários, controlar ou administrar empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, no âmbito de sua jusrisdição); xiii). 
Os impedimentos são de caráter pessoal, não se comunicando com os parentes dos impedidos. A lei não proíbe, no entanto, que os impedidos possuam quotas ou ações de sociedades empresariais, desde que não as controlem, nem as administrem. 
2.13. REGISTRO: O empresário deve ser registrado na Junta Comercial (Empresarial), sob pena de sofrer diversas sanções, tais como multas, encerramento compulsório de suas atividades, sem prejuízo de ser responsabilizado criminalmente. O não registro também implica em não gozar das prerrogativas conferidas aos empresários.
3. DEVERES. OBRIGAÇÕES E PRERROGATIVAS DOS EMPRESÁRIOS. TRATAMENTO FAVORECIDO ÀS PEQUENAS EMPRESAS
3.1. DEVERES DO EMPRESÁRIO: O exercício da atividade empresarial requer que o empresário seja uma pessoa ética, administrando a sua empresa sob a égide da sua função social, fornecendo produtos e/ou prestando serviços de qualidade, respeitando o consumidor, cumprindo as obrigações trabalhistas, pagando os tributos devidos, agindo com lealdade e boa fé nos negócios, além de não comprometer o meio ambiente. 
3.2. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO: A legislação impõe ao empresário obrigações específicas para que possa exercer regularmente a sua atividade profissional, tais como: i) registro na Junta Comercial; b) escrituração contábil; c) livros fiscais. 
3.3. REGISTRO NA JUNTA COMERCIAL: O Art.967 do Código Civil consigna a obrigatoriedade de inscrição do empresário, antes de iniciar a sua atividade empresarial. O não registrado será considerado empresário de fato (irregular), sujeito às implicações legais e desprovido de prerrogativas inerentes ao segmento empresarial. 
3.4. CONTABILIDADE UNIFORME: O empresário e a sociedade empresária estão obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros (Art. 1.179 do Código Civil), que deze ser materializada através dos livros empresariais específicos. 
3.5. LIVROS EMPRESARIAIS: Todo empresário deve possuir o Livro Diário (para escrituração as suas operações ativas, passivas e acessórias). A lei faculta resumir mensalmente a escrituração, desde que possua livros auxiliares (Caixa ou Razão). 
Em se tratando de Bancos e Seguradoras, a lei exige também o Livro de Balancetes Diários e Balanços (que deve registrar a posição diária de cada uma das contas). 
Para os empresários que fornecem bens/serviços a prazo, é obrigatório o Livro de Registro de Duplicatas. 
As Sociedades Anônimas devem possuir, além dos livros acima, os Livros de Registro de Ações; Registro de Debêntures e Outros Títulos; Atas de Assembléias; Atas da Diretoria; Atas do Conselho de Administração e Atas do Conselho Fiscal. Adepender do porte da Sociedade Limitada, alguns livros tambpem são devidos. 
Os livros empresariais devem ser autenticados pelo Junta Comercial. 
3.6. BALANÇO PATRIMONIAL: Anualmente, os empresários devem realizar a apuração de resultado econômico, para exprimir com fidelidade e clareza a situação real da empresa, demonstrando a existência de lucro ou prejuízo, bem como o ativo (bens e direitos) e o passivo (obrigações). A data-base do balanço patrimonial é 31.12 de cada ano. Os Bancos devem realizar balanços semestrais (30.06 e 31.12 de cada ano). 
3.7.BALANÇO SOCIAL: Alguns países exigem a publicação do balanço social, devendo as empresas prestar contas de suas atividades sociais. No Brasil, não é obrigatório, embora algumas empresas o façam, a exemplo da Vale S.A., Azaléia, Bibi Calçados, dentre outras. 
3.8. LIVROS FISCAIS: Embora tais livros sejam exigidos pelas legislações tributária e trabalhista, convém relacioná-los abaixo: 
 Livro de Registro de Inventário (levantamento dos bens, direitos e obrigações em 31.12 de cada ano) 
 Livro de Apuração de ICMS (atividades de produção e circulação de bens, bem como prestação de serviço de comunicação e transporte intermunicipal e interestadual) 
 Livro de Apuração de IPI (estabelecimentos industriais ou semi-industriais) 
 Livro de Apuração de ISS (prestadoras de serviços, exceto serviços de comunicação e de transporte intermunicipal ou interestadual)
 Livro de Registro de Empregado (lançar todas as informações acerca dos empregados, tais como dados pessoais, férias, licenças, acidentes, etc) 
 Livro de Inspeção do Trabalho (para uso da fiscalização trabalhista) 
 Quadro de Horário (que deve ser fixado em local visível) 
 Controle de Ponto (empregadores com mais de 10 empregados). Recomenda-se fazer o controle em qualquer hipótese. 
Os livros acima devem ser autenticados nas repartições competente (Fazendas Federal, Estadual ou Municipal, conforme o tipo do tributo; Delegacia do Trabalho) 
3.9. EMPRESÁRIOS OPTANTES PELA TRIBUTAÇÃO SIMPLIFICADA: Os pequenos empresários (proprietáriosde microempresas ou de empresas de pequeno porte) que optarem pela tributação simplificada (LC 123/2006) são dispensados, pela legislação tributária, do livro diário, devendo manter apenas o livro caixa, registro de inventário e documentação correspondente. 
A dispensa, no entanto, somente produz efeitos fiscais, pois qualquer empresário (independentemente do porte ou do regime tributário) deve manter o livro diário para os demais fins de direito, posto que não se relaciona apenas com o fisco. 
Considera-se microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP) organizações econômicas, civis ou empresárias, cujo faturamento anual bruto não ultrapasse a R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00, respectivamente. 
3.10. PRERROGATIVAS: A condição de empresário confere prerrogativas inerentes ao seu exercício profissional, embora quase todas sejam extensivas a alguns agentes econômicos civis (especialmente quando se tratar de sociedades simples constituídas por profissionais intelectuais). 
3.11. NOME EMPRESARIAL: O empresário, como vimos, age em nome próprio. Logo, deve ser identificado. A partir do registro, o empresário passa o direito de exclusividade quanto ao seu nome dentro da jurisdição da Junta Comercial (proteção estadual). Se desejar proteção nacional, deverá requer junto ao DNRC (Departamento Nacional do Registro do Comércio) para que o órgão notifique as juntas das demais unidades da federação. O § único do Art. 1.155 do Código Civil equipara as sociedades simples às sociedades empresárias, para fins de nome empresarial, embora a proteção seja restrita ao âmbito estadual. Outrossim, o nome empresarial é regido pelos princípios da veracidade (o nome deve retratar o nome de pelo menos um dos sócios ou o objeto da sociedade) e da novidade (não ser imitação de outro já existente).
 
O Empresário Unipessoal é identificado através de uma Firma Individual, que pode coincidir com o seu nome completo ou abreviado. Sendo empresário de pequeno porte ou microempresário, deverá acrescentar EPP ou ME. Exemplos: Marcos Antônio Oliveira Camargo ME; M.A.Oliveira Camargo EPP; Oliveira Camargo; A exclusividade da firma individual é limitada, porque a pessoa física não é obrigada a renunciar ao seu nome. Para evitar confusão com outro empresário registrado anteriormente, a firma individual deverá ser acrescida de algum adjetivo. Exemplo: M.A Oliveira Camargo – Livreiro.
A Sociedade Empresária. pode ser identificada através de uma Firma Social (indica o nome de todos os sócios ou pelo menos um deles acrescentando a expressão “& cia”) ou Denominação (indica o objeto social), conforme o tipo de sociedade. Sendo sociedade empresária de pequeno porte ou microempresária, deverá acrescentar EPP ou ME. 
A Sociedade Limitada pode utilizar Firma Social ou Denominação, acrescentando no final a expressão Limitada ou Ltda. Exemplos de Firma Social: Gomes & Batista Ltda; Gomes & Cia Ltda; R.Gomes e M.Batista Ltda. Exemplos de Denominação: Pão de Ouro Ltda EPP; Xororó Veículos Ltda ME. 
A Sociedade Anônima somente pode usar Denominação, usando a expressão compánhia (Cia) no início ou sociedade anônima (SA) no final. Exemplos: Cia vale; Companhia de Seguros Aliança da Bahia; Cresauto SA. 
A Sociedade em Nome Coletivo apenas pode usar Firma Social, podendo constar o nome de todos os sócios ou pelo menos um deles mais a expressão & cia. Exemplos: Gomes & Araújo; Gomes & Cia. 
A Sociedade em Comandita Simples somente pode usar Firma Social, mas apenas os administradores podem constar do nome empresarial. Exemplo: Gomes & Cia (significa que o sócio gomes é administrador; os não administradores são citados genericamente como & cia). 
A Sociedade em Comandita por Ações pode usar Firma Social (somente os nomes dos administradores mais a expressão & cia comandita por ações) ou Denominação (acrescentando a expressão comandita por ações – ca). Exemplos: Gomes & Cia CA (firma social); Minascar CA (denominação). 
A Sociedade Simples (não empresária) utiliza apenas Denominação, acrescentando S/S mais Ltda (se adotou a responsabilidade dos sócios for limitada). Exemplo: Clínica Santa Maria S/S Ltda. 
3.12. TÍTULO DO ESTABELECIMENTO: É a identificação do estabelecimento empresarial. Também conhecido como Nome Fantasia. Quer dizer, não identifica formalmente o empresário. Exemplo: Gomes & Cia Ltda (nome empresarial/firma social) Guga Presentes (nome fantasia). 
Enquanto o nome empresarial tem proteção estadual (a partir do registro na Junta Comercial) ou nacional (registro no DNRC), o Nome Fantasia fica restrito ao município ou até mesmo ao bairro de uma grande cidade. Por esta razão, muitos empresários fazem coincidir o nome fantasia com o nome empresarial. Exemplo: Guga Presentes Ltda (nome empresarial/denominação). Guga Presentes (nome fantasia). 
As Sociedades Simples (não empresárias) também usam, por costume, Nome de Fantasia. A proteção ao título de estabelecimento é restrita aos empresários e às sociedades empresárias (Lei 8.934/1994), mas é possível reconhecer exclusividade no âmbito de uma mesma localidade em relação a outra sociedade simples. 
3.13. MARCAS: São sinais utilizados pelos empresários para individualizar produtos ou serviços de uma empresa (Lei 9.279/1996). No direito brasileiro a marca produz efeito somente em relação a produtos ou serviços da respectiva classe de registro. São três as espécies de marcas: 
 Marcas de Produtos ou Serviços: Destinam-se a distinguir produtos ou serviços de outros idênticos, semelhantes ou afins, de origem diversa. Exemplos: McDonald’s; O Boticário. 
 Marcas de Certificação: Atestam a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas. Exemplos.: selo ABO (Associação Brasileira de Odontologia); selo ABIC (Associação Brasileira das Indústrias de Café; selo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). 
 Marcas Coletivas: Identificam produtos ou serviços provindos de grupos sociais/comunitários. Exemplos: MST; Pastoral da Criança; LBV. 
As marcas de produtos/serviços, por sua vez, se dividem em quatro categorias: 
 Marcas de Fantasia: Constituídas por elementos novos que não possuem significado. Geralmente possuem maior proteção.Exemplos: KODAK, BIMBOKA, YOKI. 
 Marcas Arbitrárias: São criadas a partir de palavras existentes, mas não guardam relação com o produto. Exemplos: APPLE, para computador; SENADOR, para sabonete, etc). 
 Marcas Sugestivas: Sugerem atributo ou benefício dos produtos ou serviços. Exemplos: NEGÓCIO DA CHINA, BOMPREÇO, PAGUE MENOS. 
 Marcas Descritivas: Descrevem o produto ou uma característica. Geralmente possuem menor proteção. Exemplos: FÁBRICA DE ÓCULOS, ALÔ CHINA, VITAMILHO. 
A marca deve ser registrada no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). O prazo de vigência é de 10 (dez) anos, podendo ser prorrogado por período iguais e sucessivos. O registro caducará (perderá a validade) se o proprietário não iniciar o uso da marca no prazo de 5 (cinco) anos. 
As marcas de renome, como Coca Cola, Pepsi, Samsung , gozam de proteção além da sua especialidade, pois são universalmente consagradas. 
Não obstante a Lei 9.279/1996 tratar da propriedade industrial, qualquer pessoa, natural ou jurídica, empresária ou não, pode registrar uma marca, embora deva demonstrar que a sua criação será utilizada em razão de um produto ou serviço, bem como para proteger interesses de certas categorias sociais. 
3.14. PATENTES: A patente assegura a propriedade de Invenção ou de Modelo de Utilidade ao seu autor. Para patentear uma invenção é importante reunir novidade (o que não está sob o domínio da técnica) + inventividade (não decorra de coisa evidente, vulgar) + industriabilidade (aptidão industrial). Já o modelo de utilidade diz respeito à melhoria de uma invenção (aperfeiçoamento).
Quando se tratar de patente internacional, os direitos são consagrados através de tratado ou convenção em vigor no Brasil, desde que o proprietário formule pedido de prioridade (reconhecimento do direito brasileiro).A concessão de patente assegura o prazo de 20 (vinte) anos para invenções e 15 (quinze) para modelos de utilidade. O titular tem o direito de impedir que terceiros utilizem de tais descobertas, sem autorização expressa (licença). 
A patente pode ser concedida voluntariamente ou compulsoriamente. A licença é voluntária quando concedida através de contrato devidamente registrado no INPI, mediante remuneração periódica (royalties). 
Em caso de interesse público ou abuso de poder econômico, a patente poderá ser concedida compulsoriamente (licença compulsória), sem prejuízo dos direitos do titular, a exemplo da “quebra” de patente de alguns conquetéis antirretrovirais utilizados no tratamento da AIDS, no governo de Fernando Henrique Cardoso (1998) e no governo Luiz Inácio Lula da Silva (2007). 
3.15. DESENHO INDUSTRIAL: Trata-se de um conjunto ornamental de linhas e cores (desing) que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original e que possa servir de fabricação industrial. O prazo de registro é de 10 (dez) anos, podendo ser prorrogado por mais três períodos sucessivos de 5 (cinco) anos. A proteção máxima é de 25 anos, pois. 
3.16. SOFTWARE: A proteção de programas de computador decorre dos acordos internacionais, a exemplo da Convenção de Berna (recepcionada no Brasil pela Lei 9.610/1998). O registro no INPI garante ao titular o prazo de exclusividade de 50 (cinquenta) anos. 
3.17. SIGILO EMPRESARIAL/CONTÁBIL: O empresário é dono de sua escrituração e responde por ela. Dái tem o direito de guardá-la e de não revelar seu conteúdo a outrem, salvo quando a lei determinar (exibição por ordem judicial, em processo de recuperação ou falência, bem como relativas à sucessão, comunhão ou sociedade; para fiscalização tributária ou previdenciária). Também é garantido às sociedades simples (não empresárias). 
3.18. KNOW HOW: Também integra o sigilo empresarial, o segredo industrial (know how), que consiste em não ser obrigado a revelar o seu modo operandis na linha de produção. É a velha máxima: o segredo é a alma do negócio. Evidentemente, tal prerrogativa não é registrável, como ocorre com a patente. Geralmente é garantida através de contrato, impondo multa ao contratante que revelar tal segredo, ainda que extinta relação contratual (responsabilidade pós contratual). 
3.19. PONTO EMPRESARIAL: O ponto empresarial não é simplesmente o local da empresa ou de seu(s) estabelecimento(s). É o local qualificado pelo fato de lá situar-se a empresa. O ponto representa um valor imaterial que integra o patrimônio do empresário, pois tem o poder de atrair a clientela, em virtude de sua visibilidade + atratividade. Por isso, se o empresário for locatário, terá a prerrogativa de conservar o ponto, através da ação renovatóra de locação, caso não consiga fazê-lo amigavelmente. O conceito de ponto empresarial é amplo, podendo proteger a sociedade simples (não empresária).
Para que ocorra a conservação do ponto, é preciso que sejam preenchidos os seguintes requisitos: 
 Prova de que Explora o mesmo Ramo de Atividade Econômica há mais de 3 (três) anos, em imóvel locado por prazo determinado mínimo de 5 (cinco) anos (pode somar vários contratos). 
 Ajuizar no Prazo Decadencial, entre um ano, no máximo, a seis meses, no mínimo, imediatamente anteriores ao término do contrato em vigor. 
 Prova de Quitação dos Tributos sobre o Imóvel da Locação (IPTU, taxa de lixo, taxa de iluminação pública, taxa de esgoto, etc). 
 Prova de Quitação dos Aluguéis. 
 Indicação de Fiador (quando houver), no contrato a renovar ou, quando não for o mesmo, indicar a qualificação. 
 Prova de Pagamento das Contas de Consumo (luz, telefone, gás, água, provedor de internet, etc). 
 Prova de Quitação de Condomínio (taxas ordinárias), quando o ponto for situado em shopping center. 
 Prova de ser Cessionário ou Sucessor (em caso de mudança de propriedade da empresa). 
 Proposta de Justo Valor de Locação (em caso de divergência, será determinada perícia judicial). 
3.20. CLIENTELA: Clientela corresponde à potencialidade do estabelecimento otimizar o faturamento da empresa. Clientela é o conjunto de pessoas que habitualmente negociam com o estabelecimento, que o empresário sabe consumidor de suas mercadorias ou serviços. Já a freguesia supõe a viabilidade de atrair futuros clientes. A legislação brasileira trata indistintamente cliente e freguês. Prerrogativa também extensiva às sociedades não empresárias. 
3.21. REGIME ESPECIAL DE INSOLVÊNCIA: Quando o empresário não dispor de condições para honrar seus compromissos, a lei assegura os institutos da recuperação (possibilidade de conservar a empresa, concedendo prazo para pagar as dívidas através de plano de recuperação, se houver viabilidade econômica) e da falência (liquidação gradual da empresa). 
Em se tratando de empresário irregular (empresário individual ou a sociedade empresária não inscritos na Junta Comercial) apenas pode ser submetido à falência. 
A Lei 11.101/2005 é específica para empresários e sociedades empresárias, não contemplando sociedades simples (não empresárias). Em caso de insolvência, as sociedades não empresárias são sumariamente submetidas ao concurso de credores (liquidação compulsória), sem a oportunidade de recuperação. Boa parte da doutrina entende que isso representa atraso e ignorância, pois os dois tipos de sociedades (simples e empresárias) desempenham papel econômico relevante, gerando tributos e postos de trabalho.
3.22. TRATAMENTO FAVORECIDO ÀS PEQUENAS EMPRESAS: A Constituição Federal dispõe que as pequenas empresas devem ter tratamento jurídico favorecido. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes principios: 
(..) 
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. 
Atualmente, temos a Lei Complementar 123/2006 é denominada de Estatuto Nacional das ME´s e EPP´s, que unificou tratamento jurídico em geral com o direito tributário (regido pela Lei 9.317/1996). A LC 123/2006 também concede benefícios às sociedades simples (que possuem natureza civil), mas não as submete ao direito falimentar.
 
	EMPRESAS QUE GOZAM O TRATAMENTO FAVORECIDO: 
	PESSOA FÍSICA (EMPRESÁRIO UNIPESSOAL) 
	PESSOA JURÍDICA (SOCIEDADE EMPRESARIAL ou EIRELI) 
	SOCIEDADE SIMPLES (NATUREZA CIVIL) 
	RENDA BRUTA ANUAL (*) 
	MICROEMPRESA 
	EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
	ATÉ R$ 360.000,00 
	ACIMA R$ 360.000,00 ATÉ R$ 4.800.0000,00 
NÃO SÃO CONSIDERADAS ME/EPP) 
	PESSOA JURÍDICA QUE TENHA PARTICIPAÇÃO DE: OUTRA PESSOA JURÍDICA 
	PESSOA FÍSICA QUE SEJA TITULAR DE FIRMA INDIVIDUAL RECEBA TRATAMENTO DE ME/EPP 
	PESSOA FÍSICA SEJA SÓCIA DE OUTRA EMPRESA QUE RECEBA TRATAMENTO ME/EPP, SALVO QUANDO A PARTICIPAÇÃO É DE ATÉ 10% (NESTA HIPÓSTESE, DEVERÁ SER CONSIDERADO O FATURAMENTO GLOBAL DAS DUAS EMPRESAS) 
O Enquadramento é feito mediante declaração do empresário perante a Junta Comercial, dispensando-se as certidões que são exigidas dos demais empresários (inexistência de condenação criminal, prova de dívida tributária e previdenciária). Não é necessário fazer qualquer tipo de alteração contratual. As pequenas empresas deverão, independentemente de qualquer alteração contratual, adotar em seguida ao seu nome empresarial a expressão ME ou EPP, conforme o enquadramento na Junta Comercial. 
As empresas em constituição (novas) farão o enquadramento conforme estimativa, mas será verificada o faturamento proporcional no final do exercício(31.12 do ano de fundação). 
Haverá Desenquadramento ou Reenquadramento quando os faturamentos excedem ou não são alcançados daqueles inicialmente previstos na inscrição da ME/EPP, ou seja, a ME passa à condição de EPP (quando o faturamento exceder a R$ 360.000,00 ao ano) e a EPP é excluída do regime (se o faturamento anual ultrapassar a R$ 4.800.000,00) ou retornará à condição de ME (quando o faturamento se tornar inferior a R$ 360.000,00). A comunicação deverá ser feita no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ocorrência. Em caso de desenquadramento/reenquadramento durante dois anos consecutivos ou três anos alternados num período de cinco anos, a organização perderá em definitivo a condição de ME/EPP. 
As ME´s e EPP´s têm direito a um tratamento jurídico diferenciado (simplificado e favorecido) em diversas áreas e não apenas na dimensão tributária, como amplamente alardeado. Vejamos:
	ADMINISTRATIVO 
	-Dispensa de Certidões (criminais, tributárias e previdenciárias) por ocasião da inscrição na Junta Comercial 
	
	TRABALHISTA 
(*) recomenda-se fazer o controle de ponto e as anotações das férias, para proporcionar uma melhor defesa na Justiça do Trabalho 
	-Dispensa de Quadro de Horário 
-Dispensa de Controle de Ponto (*) 
-Dispensa de Anotação das Férias no 
Livro de Registro de Empregados (*) 
-Dispensa do Livro de Inspeção do Trabalho 
-Dupla Fiscalização para Lavratura de Auto de Infração, salvo em caso de falta de assi- natura de CTPS, ou na ocorrência de reinci- dência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização 
	
	PREVIDENCIÁRIO 
	-Dupla Fiscalização para Lavratura de Auto de Infração, salvo em caso de falta de assinatura de CTPS, ou na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização
 
-Dispensa da Contribuição Patronal (somente as empresas optantes ao SIMPLES) 
	
	CREDITÍCIO 
	-Linhas de Crédito Específicas, com juros subsidiados (amplamente divulgadas), pelas Instituições Financeiras Oficiais 
-Capacitação Empresarial articulada com os Financiamentos 
-Apoio Creditício à Exportação 
	DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL 
	-Incentivos Fiscais 
-20% dos Recursos destinados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação empresarial pelo governo federal 
-Facilitação para as que atuarem no mercado internacional (desburocratização/capacitação) 
-Redução de custos de importação/exportação 
	PROCESSUAL 
	-Acesso aos Juizados Especiais de Pequenas Causas (inclusive na Justiça Federal) 
	GARANTIA SOLIDÁRIA 
	-Sociedade para concessão de garantia em operações de crédito 
	TRIBUTÁRIO Condicionado à OPÇÃO das ME`s/EPP´s 
	-Tributação Simples: Sistema Integrado e Pagamento de Impostos e Contribuições 
3.23. REGIME TRIBUTÁRIO SIMPLES: A pessoa jurídica ou empresário unipessoal (equiparado à pessoa jurídica para fins tributários), ou ainda algumas sociedades simples (não empresárias) que se enquadrem como ME/EPP podem optar pelo SIMPLES -Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições implica na unificação (mensal) dos seguintes tributos, variando as alíquotas – sobre o faturamento bruto – de 4,00 a 11,61% (comércio); de 4,50 a 12,11% (indústria); de 6,00 a 17,42% (serviços em geral) e de 16,93 a 22,45% (serviços especializados). 
TRIBUTOS INCLUSOS NA TRIBUTAÇÃO SIMPLIFICADA
Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas 
Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido-CSLL 
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social-COFINS 
Contribuições Previdenciárias Patronais 
PIS/PASEP 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços-ICMS 
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza-ISS 
2

Continue navegando