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HISTÓRIA DO DIREITO NA IDADE MEDIA

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INSTITUTO SUPERIOR E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS 
LICENCIATUARA EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 História do Direito Na Idade Media 
 
 
 
 
 
 
 
Adelaide Júlio Jorge 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maxixe, 21 de Junho de 2021 
 
 
 
 
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 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO 
LICENCIATURA EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
História do Direito Na Idade Media 
 
Trabalho de Campo a ser submetido na 
Coordenação do Curso de Licenciatura 
em Direito do ISCED. 
 
 
 
 
 
Adelaide Júlio Jorge 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maxixe, 21 de Junho de 2021 
 
 
 
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Índice 
Introdução .............................................................................................................................. 4 
Objectivos .............................................................................................................................. 4 
CAPITULO I: HISTÓRIA DO DIREITO NA IDADE MEDIA ............................................. 5 
1. Direito Canónico ................................................................................................................ 5 
1.1. Jurisdição Eclesiástica: Competência na Época do apogeu (Séculos X a XV) .................. 5 
1.2. Formação do Direito Canónico ........................................................................................ 6 
1.3. Desenvolvimento do Direito Canónico ............................................................................ 6 
1.4 Colecções de Cânones ...................................................................................................... 7 
1.5 O Decreto de Graciano ..................................................................................................... 8 
1.6 O Corpus Iuris Canonici ................................................................................................... 9 
1.2. Direito Hebraico ............................................................................................................ 10 
1.2.1. O Direito Hebraico Antigo: Características ................................................................. 10 
1.2.2. Fontes da Lei .............................................................................................................. 10 
1.2.2.1.Talmud ..................................................................................................................... 10 
1.2.2.2 Torah ........................................................................................................................ 11 
1.3. Direito no Egipto e na Mesopotâmia.............................................................................. 11 
1.3.1. O Direito no Antigo Egipto ........................................................................................ 11 
1.3.2. O Direito na Mesopotâmia: Características Gerais ...................................................... 12 
Conclusão ............................................................................................................................ 14 
Referencias Bibliográficas ................................................................................................... 15 
 
 
 
 
 
4 
 
Introdução 
O Direito revela-se de várias formas, isso depende de cada época em que foi formado. Por sua 
vez, caracteriza-se pelas características específicas. Portanto, o presente trabalho versa sobre a 
história do direito na idade média. 
A idade média teve o seu início com a queda do Império Romano no Ocidente, no século V, 
precisamente no ano de 476 d.C. Terminou com a decadência do Império Romano no Oriente, 
que marcou a queda de Constantinopla no ano de 1453 d.C, no século XV. 
Nesta ordem de ideia, este trabalho objectiva compreender a contribuição das tecnologias de 
informação e comunicação para a sociedade. Este propósito será alcançado por meio de uma 
análise dos campos sociais por onde as tecnologias de informação e comunicação actuam 
veementemente. 
Objectivos 
Geral: Compreender a história do Direito na idade média. 
Específicos 
 Identificar os tipos de direito existentes na idade média; 
 Apresentar as características do direito canónico, hebraico e egípcio; 
 Descrever a formação do direito canónico, hebraico e egípcio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPITULO I: HISTÓRIA DO DIREITO NA IDADE MEDIA 
1. Direito Canónico 
1.1. Jurisdição Eclesiástica: Competência na Época do apogeu (Séculos X a XV) 
Nesta época, as jurisdições laicas estão em plena decadência na sequência do enfraquecimento 
do poder real pelo feudalismo. A igreja na maior parte da Europa ocidental, atinge o seu 
apogeu e teve a possibilidade de conhecer um largo domínio de poder judicial, mesmo em 
relação ao leigos. 
Segundo Jorge (2016:84), os tribunais eclesiásticos eram competentes para julgar em razão da 
Personalidade ou em razão da matéria. Em razão da personalidade os tribunais eclesiásticos 
eram competentes para julgar: 
 Os eclesiásticos, tanto clérigos regulares como clérigos seculares; 
 Os cruzados (aqueles que tomaram a cruz, que partem em cruzadas); 
 Os membros da universidade (professores e estudantes), uma vez que as universidades 
eram eclesiástica até então; 
 As viúvas e órfãos quando pediam protecção a igreja. 
Em razão da matéria eram competentes em (Idem): 
 Em certas matérias penais e civis, julgavam todas as pessoas, leigos e clérigos. Em 
matéria penal julgam todas as pessoas: 
 Em caso de alguma outras infracções, desde que atentassem contra as regras 
canónicas. Ex. Adultério, usura. 
 Em caso de infracções contra a religião (heresia, feitiçaria, etc) 
Para Jorge (2016:84), em matéria civil, as jurisdições eclesiástica são competentes para julgar 
todas constatações que digam respeito á: 
 Benefício eclesiástico (rendimentos atribuídos a um eclesiástico sobre os bens da 
igreja para permitir exercer a sua missão); 
 Aos testamentos (quando estes continham um legado pio a favor de uma instituição 
eclesiástica). 
6 
 
1.2. Formação do Direito Canónico 
Desde as decisões do Concílio de Jerusalém (Act. 15, 1-33), e perante os problemas surgidos 
no decorrer da sua expansão, a Igreja viu-se na necessidade de definir a doutrina e de 
estabelecer regras de conduta (Cunha, 2004). 
Do Século I ao Século IV, os membros da Igreja sofreram perseguições e torturas. Cada 
comunidade cristã era dirigida por um Bispo. O Bispo e os seus colaboradores formavam o 
Clero, que se reunia em Concílios ecuménicos, universais e regionais. As decisões desses 
Concílios receberam o nome de Cânones8 ou Decretos. 
Com a oficialização da Religião Cristã no Império Romano (a. 380), 
deu-se a cristianização das instituições jurídicas, por um lado, e a 
romanização das instituições jurídicas da Igreja, por outro. A Igreja 
passou a ser uma instituição do Império Romano; daí que as 
organizações eclesiásticas se tenham adaptado ao sistema de 
organização do próprio Império. (p. e., diocese era uma circunscrição 
administrativa do Império Romano e é uma circunscrição eclesiástica 
administrada por um bispo ou por um arcebispo.) O Direito Divino (Ius 
Divinum) contido nas Sagradas Escrituras já não era suficiente para o 
governo da Igreja e das relações com os povos que constituíam ou 
vinham chegando ao Império. (Jorge, 2016:85). 
A Igreja, espalhada pelo vasto Império, teve que legislar sobre muitas situações concretas, leis 
que algumas vezes foi alterando e adaptando às diversas regiões do mesmo Império. 
Apareceram heresias que se tornou necessário combater. 
1.3. Desenvolvimento do Direito Canónico 
A partir dos séculos VII e VIII, com as invasões dos povos que 
possuíam um direito consuetudinário, a Igreja sofreu grande impacto e 
no século XI começou a acentuar-se uma certa tendência paraa 
centralização na pessoa do Papa. Essa centralização contribuiu para que 
as Cartas Decretais do Bispo de Roma tivessem ainda maior 
importância. Lembremos, a esse propósito, a importância da chamada 
Reforma Gregoriana que se deve ao Papa Gregório VII. O poder 
espiritual e pontifical do Papa atingiu, então, o seu apogeu, suplantando, 
muitas vezes, o poder dos Reis das Nações da Europa. (Jorge, 2016:87). 
O Direito da Igreja, em constante construção e produzido em função das necessidades que iam 
surgindo, passou a ser o Direito Novo que mantinha a ideia de unidade nos povos da Europa 
Ocidental, já que o Direito Romano, com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e 
7 
 
com a pulverização de Estados, perdera o seu vigor e passou a ser considerado o Direito 
Antigo. 
Pinto (2002), a subsistência do Direito Romano e da sua influência ao longo dos tempos deve-
se à sua recepção pelo próprio Direito Canónico e ao seu estudo nas Universidades. Por 
influência do Cristianismo, o antigo Direito Romano foi suavizado e modificadas algumas das 
suas prescrições menos conformes com a doutrina cristã. Foram os próprios canonistas que 
estudaram o direito civil romano e iniciaram o movimento de formação do Ius Commune ou 
Utrumque Ius, ao longo do século XII, considerado o Direito Comum da Cristandade e da 
Europa pós-clássica ou medieval. 
Podemos referir que também dos Povos invasores do Império e nele fixados, por direito de 
conquista ou acordo com os Romanos, provieram algumas normas, embora de reduzida 
projecção, como, por exemplo, do direito germânico acerca do regime beneficial (benefícios 
eclesiásticos) e o cômputo dos graus de parentesco, ou do Código Visigótico ou Liber 
Iudicialis para a Península Ibérica. 
Com efeito, o Utrumque Ius formado pelo Direito Romano e pelo Direito Canónico era o 
direito comum pelo qual se regia a Cristandade do Ocidente. “As pessoas eram 
simultaneamente súbditas dos Estados e membros da Igreja. Por isso, podemos afirmar que a 
ideia de unidade, nomeadamente ao nível espiritual, não desapareceu graças à Igreja e ao 
próprio Direito Canónico” (Jorge, 2016:88). 
Nessa época, o Direito Canónico era integrado por um conjunto de princípios e doutrinas que 
foram passando para os direitos modernos dos Estados, sobretudo latinos, como o 
reconhecimento da liberdade e igualdade de todos os cidadãos, a regulamentação do 
casamento e muitas normas do direito processual civil e criminal. Assim, para uma completa 
compreensão e interpretação do conteúdo desses direitos, tem que se ter em conta aquele 
elemento básico da sua formação histórica, já pelas relações com o Direito Canónico, já pelo 
papel que a Igreja desempenhou ao longo dos tempos. Através dos textos legislativos 
eclesiásticos conhecem-se os principais factos da vida social dos povos. 
1.4 Colecções de Cânones 
Sabe-se que desde os tempos da Igreja primitiva se estabeleceu o costume de coligir os 
sagrados cânones, a fim de os tornar conhecidos e mais facilmente poderem ser aplicados, 
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nomeadamente pelos ministros sagrados a quem não era lícito ignorar os cânones, como 
advertia o Papa Celestino em carta aos Bispos da Apúlia e da Calábria (dia 21 de Julho de 
429). 
O Clero estudava as Sagradas Escrituras, os Cânones e as Cartas Decretais. O IV Concílio de 
Toledo (a. 633) prescreveu "os sacerdotes saibam as sagradas escrituras e os cânones" porque 
"se deve evitar, principalmente nos sacerdotes de Deus, a ignorância, mãe de todos os erros" 
(cân. 25; Mansi, X, col.627). 
Cunha (2004), os primeiros códigos de leis estão datados dos tempos antes da entrada da era 
cristã. As leis do Antigo Testamento foram sendo codificadas ao longo dos séculos, figurando 
especialmente no Pentateuco (a Thorah). O mais importante deste código é o Decálogo (Ex 
20,2-17; Dt 5,6-21; cf. Mt 5,17-48), seguindo-se o "Código da Aliança" (Ex 20,22-23,19), o 
"Código Deuteronómico" (Dt 11,29 a 26,15), o "Código da Santidade" (Lv 17,1 a 26,46) e o 
"Código Sacerdotal" (Lv 1,1 a 16,34). 
As colecções de normas escritas na Igreja surgiram logo de início com o objectivo de 
transmitir ciência a todos sobre a existência dessas normas e zelar pela sua uniformidade. Há 
sinais de codificação destas leis desde o Papa Celestino (século V) e do Concílio de Toledo do 
ano 633. Ao longo dos séculos foram aparecendo diversas colecções de cânones. 
1.5 O Decreto de Graciano 
Dada a diversidade de normas e colecções, o Clero, que devia conhecer os Cânones dos 
Concílios e as Cartas Decretais, sentia alguma dificuldade. Havia, na verdade, várias 
colecções de Cânones e de Cartas Decretais já compiladas. Essas colecções eram necessárias 
para o ensino dos Cânones nas escolas e nas Universidades que a Igreja ia fazendo 
desabrochar por toda a Europa. (Cunha, 2004). 
Pessoas interessadas na conservação dessas colecções foram fazendo compilações das 
mesmas. Porém, para além da sua conservação e estudo, era necessário harmonizá-las, 
sistematizá-las e codificá-las, dar-lhes uma nova e coerente organização. 
Segundo (Jorge, 2016:93): 
Ora, no século XII, o monge camaldulense João Graciano, mestre de 
Teologia que ensinava Direito Canónico em Bolonha, no Mosteiro de S. 
9 
 
Félix e Nabor, tomou a iniciativa de compilar de novo o acervo destas 
colecções e normas existentes. Uniu as diversas compilações de 
normas, harmonizou-as e deu-lhes uma organização que até aí não 
tinham, ou seja, para além de compilar os cânones conciliares, as 
decretais e outros textos patrísticos, introduziu simultaneamente 
comentários de natureza consuetudinária com que procurava encontrar 
um sentido de coerência entre os vários cânones. A esses comentários 
aos cânones estabelecidos chamou "Dictum". A essa obra deu o título 
de Concordia Discordantum Canonum, mas é vulgarmente conhecida 
por Decretum ou Decreta. 
Bolonha já era célebre pelos estudos de Direito Romano, mas os teólogos ainda não tinham 
uma codificação como os romanistas. O Decreto de Graciano, colecção privada que alcançou 
notoriedade no foro e nas escolas, veio marcar o início de uma nova época na história do 
Direito Canónico. O seu êxito fez esquecer todas as colecções canónicas existentes. Trata-se, 
na verdade, de um trabalho de grande valor intrínseco e perfeição, uma séria concordância de 
leis e de colecções. 
O Decreto de Graciano foi dividido pelos seus comentadores em três partes. A primeira 
compreende 101 distinções que tratam de uma maneira geral das fontes do Direito Canónico, 
dos clérigos e da disciplina eclesiástica. A segunda divide-se em 36 causas subdivididas em 
questões sobre direito patrimonial, procedimento judicial, simonia, direito matrimonial e um 
tratado sobre a Penitência. A terceira, denominada De consecratione, compreende 5 
distinções e trata de matéria sacramental e matéria litúrgica. 
1.6 O Corpus Iuris Canonici 
De acordo com (Jorge, 2016:95): 
O Corpus Iuris Canonici constitui o direito clássico da Igreja Católica. 
Contém as normas mais antigas, ou seja: o "Decreto de Graciano"; o 
"Livro Extra" de Gregório IX; o Liber Sextus de Bonifácio VIII; a 
colecção de Clemente V, conhecida por "Clementinas" e promulgada 
por João XXII pela Bula Quoniam nulla (25.10.1317); as Decretais 
"Extravagantes" de João XXII e as Decretais "Extravagantes Comuns" 
de vários Romanos Pontífices nunca reunidas numa colecção autêntica, 
que são colecções meramente privadas começadas a organizar por 
professores de Direito Canónico e, finalmente, dispostas em duas 
colecções sistemáticas pelo editor João Chappuis, em 1500. 
Contudo, cada volume continuou a manter o título das colecções respectivas até que o Papa 
Gregório XIII, depois de ter mandado fazer uma revisão, aprovou o texto emendado pelo 
10 
 
Breve Quum pro munere pastorali (1.7.1580). Só a partir dessa data se passou a usar a 
expressão Corpus Iuris Canonici. A 1.ª edição é a de Lião,1671. 
1.2. Direito Hebraico 
1.2.1. O Direito Hebraico Antigo: Características 
O Direito Hebraico Antigo tem base religiosa, foi dado por Deus ao seu povo através de 
Moisés. As suas normas são, portanto, imutáveis. Encontramos essa mesma característica 
também do direito canónico e no direito muçulmano, nos quais os rabinos ou sacerdotes 
dotados de autoridade interpretavam-no, adaptando as leis de acordo com a evolução social. 
Segundo Jorge (2016:98), o Direito Hebraico Antigo possuía um sistema judiciário complexo, 
composto por três tribunais, com funções específicas: 
 Tribunal dos três: julgava alguns delitos e todas as causas de interesse financeiro; 
 Tribunal dos vinte e três: Julgava as apelações e processos relativos a crimes punidos 
com pena de morte; 
 Tribunal dos Setenta: Magistratura suprema dos hebreus. Tinha a incumbência de 
interpretar a lei e julgar senadores, profetas, chefes militares e tribos rebeldes. 
Além das Leis Mosaicas, um amplo conjunto de normas régia a sociedade hebraica, presentes 
no Torah (Pentateuco), cuja escrita é atribuída a Moisés e é composto por cinco livros: 
Géneses; Êxodo; Levítico; Números; Deuteronômio. 
1.2.2. Fontes da Lei 
1.2.2.1.Talmud 
O Talmud é “a compilação de toda a tradição oral dos Hebreus, foi transmitida por Moisés aos 
seus sacerdotes e sábios, que transmitiram de geração em geração. Observamos que, enquanto 
o Torah consiste basicamente em um código de leis, o Talmud é muito mais uma compilação 
de preceitos e costumes da sociedade hebraica antiga” (Jorge, 2016:100). 
11 
 
A Estrutura do Tamud é dividida em sei Ordens, cada Ordem se subdivide em tratados e os 
tratados se dividem em Capítulos. Ao todo são 63 tratados que abordam assuntos de naturezas 
diversas como crimes, família e moral. Apresentamos a seguir alguns trechos do Talmud: 
1.2.2.2 Torah 
Apesar de ser a única fonte disponível para o estudo do direito Hebraico, o Torah é 
originalmente um livro de relatos históricos. Em alguns trechos encontramos especificamente 
os códigos de leis, principalmente no livro Êxodo e em alguns trechos de Deuteronômio. 
a) O Decálogo 
O Decálogo constitui o cerne do direito hebraico, é composto pelas leis gravadas em pedra e 
entregue por Deus a Moisés. 
1. Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: 
2. Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 
3. Não terás outros deuses diante de mim. 
4. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em 
baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 
5. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus 
zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que 
me odeiam. 
17. Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu 
servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. 
(Êxodo 20:1-17). 
1.3. Direito no Egipto e na Mesopotâmia 
1.3.1. O Direito no Antigo Egipto 
No Egipto Antigo a manifestação do dever ser estava ligado à moral, à religião e à magia. Os 
princípios morais orientavam tanto o elaborador quanto o aplicador da norma. Esta era 
legitimada pela crença de que emanava da divindade, e a conduta contrária à prevista era 
12 
 
considerada não só anti-jurídica mas também herética, pois assim descumpria-se a vontade 
dos deuses. A arte de fazer direito é mágica assim como sua interpretação e aplicação. 
Ritualística tal qual a cultura jurídica mesopotâmica, o Direito entre os egípcios seguia sob o 
símbolo de Maet. 
Este princípio divino de ordem protegia a sociedade do caos e da 
destruição. Não é a toa que o controle omnipresente de Maet (ou Maat) 
era tido como a razão para o Egipto ter-se constituído como o mais 
duradouro império da antiguidade oriental, quando por volta de 3000 
a.C. constituiu-se como Estado soberano e unificado, sob méritos de 
Menés. Esta simbologia, também compreendida como um princípio 
jurídico e filosófico actuava não só entre os vivos como também na vida 
post mortem. (Cunha, 2004:13). 
Na Mesopotâmia o campo jurídico restringia-se à experiência em vida, até porque os 
mesopotâmicos não acreditavam na vida pós-morte. No Egipto a experiência pós túmulo 
também pretendia o controle da ordem, pois na cultura egípcia acreditava-se que o mundo dos 
vivos e o mundo dos mortos mantinham estreita relação. 
“A normatividade pré-jurídica da Civilização do Nilo além de ser indissociável do mito e da 
religião, também se mostra sintonizada com o poder. A cultura jurídica desse povo favorecia 
o domínio do Estado sobre o indivíduo e, por consequência, do social, pois como esclareceu 
Weber a sociedade é feita de indivíduos portadores da unidade compreensível da acção que 
mantém referência à conduta de outrem” (Jorge, 2016:113). 
Vale referir que, a promulgação de uma sentença não carecia de apelação haja vista ter-se 
definido-a em cooperação com os deuses, omnipresentes e omniscientes. Eles vêem e sabem 
de tudo, logo, suas decisões são verdadeiras e justas. Mas esta constatação não pode ocultar o 
fato de que possivelmente em algumas situações uma decisão jurídica tenha sido questionada 
e o réu tenha solicitado o veredicto do próprio Faraó. O poder divino dessa figura podia ser 
considerado a “Constituição” do Egipto Antigo. Daí porque para uma segurança jurídica ele 
deveria ser evocado. 
1.3.2. O Direito na Mesopotâmia: Características Gerais 
Segundo Jorge (2016:113): 
Na Mesopotâmia encontraremos um direito menos fragmentário e uma 
ideologia normativa mais consolidada. Naquela região banhada pelos 
rios Tigres e Eufrates desenvolveu-se não uma civilização, mas 
13 
 
civilizações das quais as mais importantes foram os sumérios e acádios 
(2800-2000 a.C), paleobabilônio (amoritas; 2000-1600 a.C), assírios 
(1300-612 a.C) e neobabilônios (caldeus; 612- 539 a.C). Caracterizada 
por um território frequentemente invadido e de uma instabilidade 
política, Ciro, em 539 antes de nossa era, comandou os persas na 
invasão e domínio definitivo sobre a região. 
No que tange à cultura (na qual está inserido o direito) sua essência não foi destruída pelos 
invasores, tendo estes na verdade incorporado-a às suas próprias expressões culturais. O 
sistema jurídico mesopotâmico, por exemplo, apresentou uma influência para muito além de 
sua época e espaço. Para se ter ideia, muitas das questões normatividades no nosso actual 
Código Penal estabelecem uma equivalência comparativa com o Código de Hamurrabi: o 
papel da testemunha; o furto; a difamação; o estrupo; a vingança etc. Este código jurídico 
antigo, promulgado aproximadamente em 1750 a.C, compõe-se de três partes: introdução, 
texto propriamente dito e conclusão. Há nos 282 artigos determinações respeitantes aos 
delitos, à família, à propriedade, à herança, às obrigações, muitos artigos de direito 
comunitário e outros relativos à escravatura. (Cunha, 2004). 
Essas leis defendiam, especialmente, os direitos e interesses de cúpula 
da sociedade babilónica. Esta, à época de Hamurábi, estava dividida em 
três classes sociais: Awilum (homens livres, cidadãos); Muskênum 
(funcionários públicos); Wardum (escravos, prisioneiros de guerra). No 
topo da pirâmide social estava o Imperador e sua família, seguidos 
pelos nobres, sacerdotes, militares e comerciantes. (Jorge, 2016:115). 
Haja vista a divisão da sociedade em classes e o desejo de poder dos líderes políticos, não 
seria difícil constatar o princípio da desigualdade perante a lei. Mas não podemos esquecer 
que este conjunto de leis sistematizadas apresentou algumas tentativas primeiras de garantias 
dos direitos humanos. Outros estudiosos preferem afirmar que o referido rei foi não o 
legislador mas o compilador. Tudo indica, na verdade, que se trata de uma grande compilação 
de normasanteriormente dispostas em outros documentos e de decisões tomadas em casos 
concretos, que serviram de base para a elaboração dos artigos. 
 
 
 
 
 
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Conclusão 
O Direito na idade média era caracterizado pela existência do direito canónico, direito 
hebraico e direito egípcio. 
O Direito Canónico era integrado por um conjunto de princípios e doutrinas que foram 
passando para os direitos modernos dos Estados, sobretudo latinos, como o reconhecimento 
da liberdade e igualdade de todos os cidadãos, a regulamentação do casamento e muitas 
normas do direito processual civil e criminal. Assim, para uma completa compreensão e 
interpretação do conteúdo desses direitos, tem que se ter em conta aquele elemento básico da 
sua formação histórica, já pelas relações com o Direito Canónico, já pelo papel que a Igreja 
desempenhou ao longo dos tempos. Através dos textos legislativos eclesiásticos conhecem-se 
os principais factos da vida social dos povos. 
No Egipto Antigo a manifestação do dever ser estava ligado à moral, à religião e à magia. Os 
princípios morais orientavam tanto o elaborador quanto o aplicador da norma. Esta era 
legitimada pela crença de que emanava da divindade, e a conduta contrária à prevista era 
considerada não só anti-jurídica mas também herética, pois assim descumpria-se a vontade 
dos deuses. A arte de fazer direito é mágica assim como sua interpretação e aplicação. 
Ritualística tal qual a cultura jurídica mesopotâmica, o Direito entre os egípcios seguia sob o 
símbolo de Maet. 
O Direito Hebraico Antigo tem base religiosa, foi dado por Deus ao seu povo através de 
Moisés. As suas normas são, portanto, imutáveis. Encontramos essa mesma característica 
também do direito canónico e no direito muçulmano, nos quais os rabinos ou sacerdotes 
dotados de autoridade interpretavam-no, adaptando as leis de acordo com a evolução social. 
 
 
 
 
 
 
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Referencias Bibliográficas 
COSTA, Elder Lisboa Ferreira Da (2009). História do Direito de Roma à Historia do Povo 
Hebreus e Muçulmano: A Evolução do Direito Antigo à Compreensão do Pensamento 
Jurídico Contemporâneo. Belém. 
CUNHA, S. (2004). História da Antiguidade. Grécia. 2º vol. Trad. João Cunha de Andrade. 
São Paulo: Martins Fontes. 
JORGE, Edmar Gerúsio Barrecto. História de Direito Moçambicano. Beira, Moçambique, 
2016. 
PINTO, F. M. (2002). História de Direito: Origem e Formação. Lisboa. 
 
 
	Objectivos
	CAPITULO I: HISTÓRIA DO DIREITO NA IDADE MEDIA
	1. Direito Canónico
	1.1. Jurisdição Eclesiástica: Competência na Época do apogeu (Séculos X a XV)
	1.2. Formação do Direito Canónico
	1.3. Desenvolvimento do Direito Canónico
	1.4 Colecções de Cânones
	1.5 O Decreto de Graciano
	1.6 O Corpus Iuris Canonici
	1.2. Direito Hebraico
	1.2.1. O Direito Hebraico Antigo: Características
	1.2.2. Fontes da Lei
	1.2.2.1.Talmud
	1.2.2.2 Torah
	1.3. Direito no Egipto e na Mesopotâmia
	1.3.1. O Direito no Antigo Egipto
	1.3.2. O Direito na Mesopotâmia: Características Gerais
	Conclusão
	Referencias Bibliográficas

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