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Cancer adolescente

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CÂNCER NO ADOLESCENTE 
Não há consenso sobre a faixa etária que se deve considerar câncer do adolescente: 
 ACCIS – 15 a 19 anos; 
 EUROCARE – 15 a 24 anos; 
 SEER – 15 a 29 anos; 
 AYA – até 39 anos; 
 Sociedade Brasileira de pediatria – 12 a 20 anos; 
EPIDEMIOLOGIA 
No Brasil estimou-se que cerca de 12.500 casos novos de câncer em crianças e adolescentes em 2018 a 2019. 
A incidência de câncer no adolescente aumentou, uma vez que ocorre mais diagnósticos. Entretanto, a sobrevida 
também tem aumentado com a tecnologia. 
O investimento é muito maior no tratamento da criança do que dos adolescentes. 
Levar em consideração as classificações: Câncer infantil com apresentação tardia, Câncer que ocorre 
preferencialmente no adolescente, Câncer do adulto com apresentação precoce e Câncer que ocorre em todas 
as idades. 
DIFICULDADES: 
 Atraso no diagnóstico 
 Enfrentamento físico, emocional e social 
TIPOS MAIS FREQUENTES DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA 
 Menores de 15 anos: leucemias são o tipo de tumor mais prevalente, em segundo lugar tumores de SNC, 
seguido de linfoma. 
 Maiores de 15 anos: há uma diminuição da incidência de leucemias e um aumento da incidência de linfomas. 
Há aparecimento de tumores de células germinativas, tumores ósseos, tumores de mama; 
 Os tipos de câncer mais comum em adolescentes são – linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, leucemias, 
cerebrais e meduloespinhais, testículo, ossos e partes moles, pele não melanoma, ovário; 
PATOGENESE 
Nessa faixa etária parece estar mais relacionado a alterações genéticas do que exposição a fatores externos. 
Diversas síndromes genéticas estão envolvidas como síndrome de Down que aumenta as chances de LMA em 400%. Sin. 
De Klinefelter. Anemia de Fanconi entre outras. 
Síndrome de Li-Fraumeni – síndrome rara autossômica dominante (HERANÇA FAMILIAR) caracterizada por 
múltiplos casos de tumores primários de início precoce, que incluem sarcomas ósseos e de tecidos moles, câncer 
de tórax, câncer cerebral, leucemia e tumores adrenocorticais infantis. Pode se manifestar na infância, mas às 
vezes acontecem só na adolescência. 
*As mutações germinativas no gene supressor do tumor p53 são responsáveis pela maioria dos casos. A perda 
das funções de p53 parece suprimir um mecanismo protetor contra o acúmulo de alterações genéticas. 
EMEREGÊNCIAS ONCOLÓGICAS 
HIPERLEUCOCITOSE : contagem leucocitária superior a 100.000 células/mm3. Está principalmente 
associada à LLA e à LMA. Pode haver síndrome de lise tumoral, insuficiência respiratória, acidentes vasculares 
encefálicos isquêmicos ou hemorrágicos, insuficiência renal, priapismo e dactilite, decorrentes de aumento da 
viscosidade do sangue. Cuidar para não haver hemorragias ou isquemia. 
COMPRESSAO MEDULAR: decorrente de massas, podendo causar dor e irradiação radicular. Tratar com 
corticoides. 
SVCS: SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR = Massa mediastinal comprimindo a veia cava. = Grave 
desconforto respiratório: pletora de face, intercalada com palidez, edema de face, turgência jugular, cianose, 
papiledema, pulso paradoxal, dispneia e ortopneia - manifestações intensificadas com a manobra de Valsalva 
(inspiração profunda seguida de pausa), que aumenta o retorno venoso ao coração. A linfonodomegalia cervical 
e supraclavicular pode ser uma alteração concomitante ao exame físico. Os sintomas de compressão traqueal 
são mais frequentes em crianças e se caracterizam por tosse, dispneia, chiado, estridor ou cianose. Trata com 
corticoterapia, radioterapia e quimio. Evitar anestesia geral. 
 
SD DE LISE TUMORAL = composta por um quadro metabólico decorrente da destruição rápida e maciça de 
um grande número de células malignas. Grandes massas tumorais (pode acontecer no linfoma de Hodgkin, Não 
Hodgkin e outros), leucocitoses; Hipercalemia + Hiperfosfatemia + Hipocalcemia + Hiperurecemia (pode estar 
relacionado a cálculos e insuficiência renal obstrutiva) + Acidose por aumento de lactato (arritmias, insuficiência 
renal – LRA, convulsão). - Hidratação 2-3L/dia + garantir diurese 100 ml/h (se oligúria = diálise) + monitorar 
eletrólitos + Alopurinol. 
 Hiperpotassemia: gluconato de cálcio 10% 0,5 ml/kg EV para estabilização das membranas 
miocárdicas; bicarbonato de sódio 1-2 mEq/kg EV (diluído com SF0,9% na proporção de 1:5), 
glicoinsulinoterapia para forçar a entrada de potássio nas células (glicose 25% na dose 0,5-1 g/kg e 
insulina regular 1U/5 g de glicose), resinas de troca por via oral ou retal (Kayexalate ou Sorcal) 1 g/kg 
misturado como SG 5%. 
 Hiperfosfatemia: diuréticos, hidróxido de alumínio. 
 Hipocalcemia: gluconato de cálcio 10% 1 ml/kg. 
NEUTROPENIA FEBRIL PÓS-QT (pós tratamento de qualquer tumor e imunossupressão causada pelo 
próprio câncer) = Aplasia de medula = Neutrófilos <500 mm³ e Monócitos <100 mm³ = Risco de infecções severas 
e sepse. A febre é a temperatura corporal acima de 38,3°. O neutropênico não exibecreação inflamatória 
sistêmica diante de umacinfecção, e frequentemente faltam ao quadro sinais e sintomas localizatórios. O tto 
é antibiótico de 7 a 14 dias, podendo ser venoso ou oral a depender da gravidade, se não houver melhora do 
quadro em 5-7 dias, adicionar antifúngico. 
LINFOMAS 
Tumores de sistema linfático. Classificado dentro das neoplasias hematológicas. 
Em geral, todos os linfonodos maiores que 2 cm de diâmetro, endurecidos ou aderidos, ou cuja localização seja 
retroauricular, supraclavicular ou epitroclear (independente das características iniciais), devem chamar 
atenção quanto à possibilidade de neoplasia. 
Sintomas do câncer linfático: febre, fadiga, dor em orofaringe, sudorese noturna. 
LINFOMA DE HODGKIN 
 Predomínio masculino; 15% das neoplasias dos adolescentes. 
 Associação com o vírus Esptein-Barr (EBV): infecção precede o processo tumorigênico. 
 Exame físico: Linfonodos palpáveis, endurecidos, indolores. = Linfadenomegalia presente em 80% dos casos. 
 Diagnóstico: presença das células de Reed Sternberg (olho de coruja) – PATOGNOMÔNICO SOB PLANO 
(background) INFLAMATÓRIO (imunohistoquímica). 
 Tipo histológico: esclerose nodular (mais comum), celularidade mista, predomínio linfocitico e depleção 
linfocitica. 
 Disseminação: linfonodos vizinhos. 
 Estadiamento: CT, CTG Gálio, ou PET – CT. .Estadiamento Ann Arbor para linfoma de Hodgkin. 
 
 
 
 Tratamento: QT e RT. 
 Sobrevida de 85 a 100% = ALTA! – Bom prognóstico: localizado, ausência de sintomas B e bulky. 
 Crescimento indolor e progressivos dos linfonodos, tosse persistente quando há acometimento 
mediastinal, Síndrome da veia cava superior (edema e rubor facial importante), icterícia 
obstrutiva, febre vespertina (Pel Ebstein), emagrecimento e prurido – sintomas B, Síndrome de 
Lise Tumoral. 
LINFOMA NÃO HODGKIN 
 Etiologia desconhecida; endêmico na África (nordeste do Brasil). 
 Fatores de risco: imunodeficiência primária/adquirida, imunossupressão, EBV, H Pylori, tabaco, 
dentre outros. 
 Quadro clínico: primário de abdome (intussuscepção intestinal), cabeça e pescoço (órbita e 
mandíbula), mediastino. 
 Sintomas: dor abdominal, dor torácica, enfartamento ganglionar, dificuldades respiratórias, 
sintomas B. 
 Diagnóstico: histologia, biologia molecular e citogenética, CT, PET. 
 Tratamento: QT e RT. 
LEUCEMIAS 
Câncer mais frequente na infância. 
Achados: Anemia, leucopenia ou leucocitose e plaquetopenia = PANCITOPENIA. Outros sintomas: 
linfadenomegalia, palidez, distúrbios hemorrágicos, dores musculoesqueléticas, hepatoespelomegalia e febre. 
O quadro clinico pode ser marcado por: anorexia, fadiga, irritabilidade, febre baixa e dor óssea ou articular 
particularmente nas extremidades inferiores. 
HMG com esfregaço de lâmina (pode já aparecer blastos). A análise do liquor também é uma etapa importante 
do estadiamento da doença e deve ser realizada para todos os pacientes com leucemia. 
Pacientes com leucemia podem apresentardor óssea (produção de blastos) – não necessitando de radiografia 
O tratamento é feito com corticoides, quimioterapia e avaliar transplante de medula. 
LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA (LLA) 
 LN indolores, palidez, distúrbios hemorrágicos (equimoses, hematomas, gengivorragia), 
muscoloesqueléticas, hepatoesplenomegalia, febre. 
 É comum tumefação de gengiva, nódulos subcutâneos (blueberry muffin) e massas de blastos conhecidas 
como cloromas (sarcoma granulocítico) em órbitas, ossos e SNC. 
 Idade é um fator de risco (2 a 10 anos): quanto mais velho, menor a sobrevida. 
 Mielograma: 20% ou + de substituição do parênquima medular por blastos. 
 Sobrevida menores de 15 anos é de 60 a 90% e entre 15 e 19 anos é de 28 a 70%. 
LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA (LMA) 
 Corresponde a 18% dos casos de leucemia. 
 Diferentes mutações em diferentes faixas etárias. 
 Idade é fator prognóstico mais impactante nos protocolos. 
 Mortalidade relacionada à toxicidade. 
 Maior toxicidade aos protocolos pediátricos: obesidade, farmacologia. 
 Sobrevida em menores de 15 anos é de 35 a 58% e entre 15 e 19 anos é de 40%. 
Obs.: HIPERLEUCOCITOSE AUMENTA O RISCO DE SD DE LISE TUMORAL. 
LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA (LMC) 
 São raras em adolescentes. 
 Quadro clínico – cansaço, perda de apetite, desconforto abdominal, sudorese. 
 Leucocitose, eosinofilia, basofilia, blastos, anemia NN. 
 Diagnóstico: biologia molecular, genética (mutação no cromossomo Filadélfia). 
 Tratamento: Glivec (hipometilante – não é QT); transplante de medula óssea. 
CARCINOMA DE TIREOIDE 
 O mais frequente é o carcinoma papilífero. 
 É o segundo tipo mais comum de câncer diagnosticado em adolescentes. 
 Sempre avaliar: tamanho, simetria, consistência, mobilidade, sinais flogisticos, nodulações, linfonodos. 
 Sintomas: nodulação, dor cervical, mudanças na voz, dificuldade para engolir, tosse crônica, dificuldade para 
respirar, linfonodomegalia, perda de peso, fadiga, fraqueza. 
 No ultrassom: calcificações, nódulos, imagens hipoecogênicas, aumento do fluxo ao Doppler, margens 
irregulares, massa sólida. 
TUMORES CEREBRAIS 
 Meduloblastoma, Gliomas – astrocitomas, Ependimomas e Oligodendros. 
 Manifestações: cefaleias frequentes, vômitos, estrabismo, alterações visuais, dificuldades de fala e 
audição, dificuldade escolar, fraqueza muscular, dificuldades de marcha/equilíbrio. 
 Tratamento: cirurgia, QT e RT. 
 ATENÇÃO AOS ATRASOS DIAGNÓSTICOS! 
 
Sequelas pelo tumor pré e/ou no pós operatório 
 Distúrbios na fala 
 Distúrbios na deglutição com disfagia 
 Distúrbios respiratórios com estridor, disfonia, dispnéia 
TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS 
 Gonodais e extragonadais. 
 Testículos – 15 a 44 anos; 
 Ovário – 10 a 30 anos; 
 Seminomas/disgerminomas e não seminomas. 
 Fatores de risco: criptorquidia, exposição aos estrogênios, pesticidas organoclorados, exposição materna aos 
hormônios exógenos. 
 Marcadores: Beta-HCG e alfafetoproteína. 
 Tratamento: QT. 
 Sobrevida em 5 anos dos 15 aos 19 anos: 65 a 95%. Fatores prognósticos: estágio da doença, local primário 
(extragonadal é pior), diminuição dos marcadores em resposta ao tratamento, DHL aumentado (pior), 
disgenesia gonadal (pior). 
 Lembrar: Síndrome de Turner (gonadoblastoma e disgerminoma) e Síndrome de Klinefelter (TCG de 
mediastino). 
OSTEOSSARCOMA 
 Afeta osso + tecido conjuntivo. 
 Segunda década de vida: mais prevalente. 
 Predomínio no sexo masculino (no estirão de crescimento). 
 Fatores predisponentes: RT, retinoblastoma hereditário (gene Rb). 
 Prognóstico: metástases, localização, tamanho do tumor, resposta à QT. 
 Tratamento multidisciplinar com QT neoadjuvantes, cirurgia e QT pós-cirurgia. 
SARCOMA DE EWING 
 Tumores da família Ewing: sarcoma de Ewing, PNET, Askin. 
 Início a partir de 10 anos de idade. 
 Predomínio no sexo masculino e brancos. 
 Surge na medula óssea, invade o córtex e periósteo até as partes moles. 
 Tratamento: QT, cirurgia. 
 Quadro clínico: dor e aumento de volume e sintomas sistêmicos, como febre, emagrecimento e anemia. 
 Metástases em geral pulmonar. 
SARCOMAS DE PARTES MOLES 
 Tumor mesenquimal. 
 Rabdomiossarcoma (músculo estriado) e não rabdo (fibrossarcoma, lipossarcoma, leiomiossarcoma, 
angiossarcoma, hemangiopercitoma, sarcoma sinovial, condrossarcoma, tumor da bainho do nervo periférico, 
sarcoma de Kaposi); 
 Fatores de risco: síndrome de Li Fraumeni e neurofibromatose I, HIV e RT. 
MELANOMAS 
 Avaliação ABCDE: 
 
Sequelas do tratamento 
 Infertilidade - radioterapia 
 Insuficiência cardíaca – uso de antracíclicos em paciente com leucemias e linfomas e RT 
 Insuficiência hepática – QT 
 Insuficiência renal – QT 
 Depressão 
 Ansiedade 
 Dependência química – uso de opioides.

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