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Climatério Climatério é o período fisiológico que se inicia desde os primeiros indícios de falha ovariana, mesmo que os ciclos continuem regulares ou até ovulatórios, e termina na senectude (senilidade). Esta, por definição, se inicia aos 65 anos de idade. Portanto, cada mulher pode iniciar seu climatério de forma diferente, tanto em cronologia quanto em sintomatologia (Febrasgo). Importante ressaltar que nem sempre o climatério é sintomático. - Perimenopausa ou climatério: é o período “ao redor da menopausa”, ou seja, é o período que compreende os anos que precedem a menopausa, já na presença de distúrbios da duração do ciclo menstrual e os doze meses que se seguem após o término das menstruações, até a confirmação definitiva da interrupção das menstruações. Pode preceder à última menstruação em dois a oito anos. O termo correto usado é transição menopáusica. Geralmente começa com 47 anos. - Menopausa: é definida como a última menstruação devido à falência ovariana. No entanto, esta “última menstruação” só pode ser chamada de menopausa após um ano de seu término. Sendo assim, seu diagnóstico é retrospectivo. A idade média de ocorrência da menopausa é de 51 anos, sendo que 10% das mulheres apresentam seu último fluxo menstrual antes dos 45 anos. - Pós-menopausa: é o período que se inicia 12 meses após a última menstruação e vai até os 65 anos de idade. A partir dos 65 se inicia o período de senilidade. - Stages of Reproductive Aging Workshop (STRAW) No início da transição menopáusica (estágio –2), os ciclos menstruais permanecem regulares, porém o intervalo entre os ciclos pode ser alterado em sete dias ou mais. Em geral, os ciclos se tornam mais curtos. Em comparação com mulheres mais jovens, os níveis de FSH estão elevados, e os níveis de estrogênio sérico podem aumentar no início da fase folicular. Os ciclos ovulatórios normais podem ser intercalados com ciclos anovulatórios durante essa transição, sendo que a concepção pode ocorrer em qualquer momento. O final da transição menopáusica (estágio –1) se caracteriza por duas ou mais falhas na menstruação e pelos menos um intervalo intermenstrual de 60 dias ou mais em razão de períodos cada vez mais longos de anovulação. Embora a menopausa seja, dos momentos descritos acima, o mais identificável, os anos imediatamente anteriores e as décadas posteriores têm significado clínico muito maior. O período de transição menopáusica pode ter início abrupto ou insidioso, geralmente em meados ou final da quinta década de vida e vir acompanhado de uma série de sintomas que alteram a qualidade de vida da mulher. O período pós-menopáusico está relacionado a um aumento significativo da incidência de distúrbios associados à idade e à deficiência de estrogênio, como a osteoporose e as doenças cardiovasculares. Perimenopausa - Alterações hormonais Na transição menopáusica haverá redução de inibina, o que eleva os níveis de FSH e assim aumenta a resposta folicular ovariana. Esse aumento produz elevação global dos níveis de estrogênios. Os níveis de estradiol em geral não se reduzem significativamente até a fase tardia da transição menopáusica. Apesar dos ciclos menstruais regulares, durante a fase inicial da transição menopáusica, os níveis de progesterona são mais baixos do que nas mulheres na meia-idade reprodutiva. No final da transição menopáusica, a mulher apresenta redução da foliculogênese e maior incidência de ciclos anovulatórios em comparação com mulheres no meio da idade reprodutiva. Além disso, nesse período, os folículos ovarianos sofrem uma taxa acelerada de perda até que, finalmente, ocorre exaustão no suprimento de folículos. Essas alterações, incluindo o aumento nos níveis de FSH, refletem a redução na qualidade e na capacidade de secreção de inibina pelos folículos em fase de envelhecimento. Com a insuficiência ovariana na menopausa (estágio 11b), a liberação de hormônio esteróide ovariano cessa, abrindo a alça de feedback negativo. Subsequentemente, o GnRH é liberado com frequência e amplitude máximas. Como resultado, os níveis circulantes de FSH e LH aumentam e se tornam quatro vezes maiores que nos anos reprodutivos Catarina Nykiel - MedManas O hormônio antimülleriano (AMH) é uma glicoproteína secretada pelas células da granulosa dos folículos secundários e pré-antrais. Os níveis de AMH caem acentuada e progressivamente ao longo da transição menopáusica. A duração dos ciclos menstruais está intimamente ligada à frequência e à qualidade do crescimento e do desenvolvimento folicular. A menarca é seguida por um período de cinco a sete anos em que os ciclos são inicialmente mais longos e aos poucos vão encurtando e se regularizando até atingirem o padrão da idade reprodutiva. Dois a oito anos antes da menopausa, os ciclos tornam-se novamente cada vez mais longos até que os períodos menstruais cessam. A maior incidência de ciclos anovulatórios ocorre antes dos 20 e após os 40 anos de idade, sendo a irregularidade menstrual a maior característica desta fase. As alterações na transição menopáusica são marcadas por uma elevação do Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e uma queda nos níveis de inibina. Entretanto, os níveis do Hormônio Luteinizante (LH) não se alteram neste momento e os de estradiol encontram-se levemente elevados. A mulher passa por um processo de perda folicular durante toda a vida. Com aproximadamente 20 semanas de gestação, o número máximo de folículos primordiais é atingido. Das 6-7 milhões de oogônias produzidas durante a vida fetal, 70% sofrem apoptose até o nascimento e há apenas 300.000 à puberdade. Ao longo da vida reprodutiva, apenas 400-500 ovócitos serão ovulados e as outras unidades sofrerão atresia, de forma que sobrarão apenas umas poucas centenas à época da menopausa. Cerca de 10 a 15 anos antes da menopausa há uma aceleração da perda folicular, que se inicia quando o número de folículos chega a 25.000. Este fenômeno está intimamente relacionado a um pequeno, porém real, aumento dos níveis de FSH (produzido pela hipófise) e a uma queda dos níveis de inibina (produzida pelos ovários). A aceleração da perda folicular parece ser secundária ao aumento da estimulação do FSH. Essas variações hormonais refletem a redução do número e da qualidade dos ovócitos à medida que a mulher envelhece. Com um menor número de unidades e com as que sobraram não funcionando adequadamente, ocorre uma redução nos níveis de inibina, um produto das células da granulosa, que exerce um importante feedback negativo sobre a secreção de FSH (inicialmente da inibina B e, posteriormente, da inibina A). Com a diminuição deste estímulo, os níveis de FSH se elevam. A ausência de menstruação só se instala quando o número decrescente de folículos atinge um ponto crítico de cerca de 1.000 folículos, o que representaria o limite inferior necessário para manter os ciclos menstruais. Nos dois a três anos subsequentes à menopausa, os folículos praticamente se esgotam, permanecendo apenas alguns folículos degenerados. Apesar dos níveis elevados de FSH, o crescimento dos folículos envelhecidos torna-se cada vez mais resistente à estimulação deste hormônio, o que torna a fase folicular do ciclo cada vez mais longa e os ciclos menstruais irregulares, até que o crescimento folicular não mais acontece e as últimas unidades são depletadas. Os níveis de estradiol, entretanto, só começam a cair cerca de seis meses a um ano antes da parada completa do desenvolvimento folicular. Antes disso, estes valores podem encontrar-se até elevados, devido à superestimulação ovariana pelo FSH. O número de ciclos anovulatórios na perimenopausa aumenta consideravelmente. Entretanto, quando a ovulação ocorre, há produção normal do corpo lúteo e secreção de progesterona, porém, em níveis mais baixos quando comparados a mulheres jovens. Assim, enquanto há produção de estrogênio, ovulação e formação do corpo lúteo, com produção de progesterona, o feedback do LH é mantido e os níveis deste hormônio não se elevam de forma significativa, até que a menopausa se instale. Destaforma, apesar da fertilidade encontrar-se diminuída na perimenopausa (devido aos ciclos anovulatórios e à depleção de folículos), ainda pode haver concepção até um período em que não haja mais crescimento folicular. Síntese de tudo no quadro: - Esteróides suprarrenais O sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido quase exclusivamente pela suprarrenal. Com o avanço da idade, observa-se declínio na produção suprarrenal de SDHEA. Os ovários contribuem para a produção desses hormônios durante os anos reprodutivos, porém, após a menopausa, somente a glândula suprarrenal mantém essa síntese hormonal. - Alterações no nível de globulina de ligação ao hormônio sexual Catarina Nykiel - MedManas Os principais esteróides sexuais, estradiol e testosterona, circulam no sangue ligados a um transportador de glicoproteínas produzido no fígado, conhecido como globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG). A produção de SHBG declina após a menopausa, o que pode aumentar os níveis de estrogênio e testosterona livres ou não ligados. - Alterações endometriais Durante a fase inicial da transição menopáusica, o endométrio reflete ciclos ovulatórios que prevalecem nesse período. Durante o estágio final da transição menopáusica, a anovulação é muito comum, e o endométrio refletirá o efeito do estrogênio atuando sem oposição à progesterona. Portanto, alterações proliferativas ou alterações proliferativas desordenadas são achados frequentes no exame patológico de amostras de biópsia endometrial. Com a menopausa, o endométrio se torna atrófico em razão da ausência de estimulação estrogênica. - Distúrbios menstruais Sangramento uterino anormal é comum durante a fase de transição menopáusica. Como o período ao redor da menopausa é caracterizado por níveis relativamente altos e acíclicos de estrogênio e produção relativamente baixa de progesterona, as mulheres na transição menopáusica têm risco aumentado de desenvolvimento de hiperplasia ou carcinoma endometrial. A anovulação é a causa mais comum de sangramentos erráticos durante a transição, embora seja importante considerar hiperplasia e carcinoma endometrial, neoplasias sensíveis ao estrogênio, como pólipos endometriais e leiomiomas uterinos, e episódios relacionados com gravidez. Para verificar a causa de SUA nessas mulheres cabe fazer um USG, biópsia de endométrio com trocarte de Poipelle ou histeroscopia. - Potencial de fertilidade Contracepção É possível haver gravidez nessa faixa etária e, nas mulheres com idade ≥ 40 anos, mais de 33% das gravidezes não são intencionais. A contracepção pode ser suspensa em todas as mulheres após 55 anos de idade. Não há relato de gravidez espontânea após esta idade. Algumas mulheres ainda menstruam, mas a ovulação é extremamente rara e qualquer eventual oócito provavelmente teria baixa qualidade e não seria viável. Infertilidade A gravidez com idade avançada está associada a maiores riscos. Entre outros, abortamento espontâneo, anormalidades cromossomiais, cesariana, diabetes gestacional, hipertensão arterial induzida por gravidez e natimortalidade. - Termorregulação central Dos diversos sintomas da menopausa capazes de afetar a qualidade de vida, os mais comuns são os relacionados com a termorregulação. Esses sintomas vasomotores podem ser descritos como ondas de calor, fogachos e suores noturnos. A causa provável desse sintoma comum é a ocorrência de alguma disfunção nos centros termorreguladores centrais do hipotálamo. A área pré-óptica medial do hipotálamo contém o núcleo termorregulador responsável pelo controle da transpiração e da vasodilatação, o mecanismo primário de perda de calor em seres humanos. Esse núcleo aciona os mecanismos de dissipação de calor sempre que exposto a alterações de temperatura. Esses mecanismos mantêm a temperatura interna do corpo em uma faixa normal regulada, denominada zona termorreguladora. Níveis de neurotransmissores também podem contribuir para a ocorrência de fogachos. A alteração nas concentrações de neurotransmissores pode criar uma zona termorreguladora estreita e reduzir o limiar para desencadeamento de sudorese. Portanto, alterações, ainda que sutis, na temperatura interna do corpo podem disparar mecanismos de perda de calor. Alterações nos níveis de b-endorfinas e outros transmissores afetam o centro termorregulador hipotalâmico e tornam algumas mulheres mais propensas a fogachos. → Norepinefrina: Os estrogênios modulam os receptores adrenérgicos em muitos tecidos. Sugeriu-se que os receptores a2-adrenérgicos hipotalâmicos têm sua densidade reduzida em razão dos menores níveis estrogênicos relacionados com a menopausa. O autor demonstrou que a redução na densidade dos receptores pré-sinápticos a2-adrenérgicos resulta em elevação nos níveis de norepinefrina, provocando, consequentemente, sintomas vasomotores. → Serotonina: As oscilações no nível de estrogênio aumentam a sensibilidade do receptor de serotonina 5-HT2A no hipotálamo. Especificamente, a abstinência de estrogênio está associada à redução no nível de serotonina no sangue, que é seguida por suprarregulação dos receptores de serotonina no hipotálamo. A norepinefrina e a serotonina diminuem o ponto de ajuste do núcleo termorregulador e permitem o disparo dos mecanismos de perda de calor por alterações sutis na temperatura interna do corpo - Distúrbios do sono e fadiga A interrupção do sono é uma queixa comum de mulheres com fogachos. Elas podem acordar várias vezes durante a noite, ensopadas de suor. Os distúrbios do sono podem resultar em fadiga, irritabilidade, sintomas depressivos, disfunção cognitiva e alterações no funcionamento diário.Aparentemente, o fogacho é mais comum em mulheres afro-americanas do que em brancas, e mais comum em mulheres brancas do que em asiáticas, além disso, mulheres mais magras têm maior probabilidade de evoluir com fogacho - Manifestações clínicas Os sintomas que a acompanham costumam ser inicialmente discretos, o que faz com que sejam frequentemente desconsiderados ou relacionados ao estresse e não às alterações hormonais. O sintoma mais importante desta fase é a irregularidade menstrual, ocorrendo em mais de 50% das mulheres nos anos de transição até a menopausa. A parada súbita da menstruação sem qualquer período de irregularidade menstrual ocorre em apenas 10% das mulheres, já que a queda da função ovariana é progressiva. A hemorragia anormal nesta faixa etária só pode ser considerada resultante de alterações hormonais após cuidadosa avaliação, para que se exclua uma Catarina Nykiel - MedManas patologia subjacente. O câncer de endométrio deve ser lembrado como um importante diagnóstico diferencial e pode ser encontrado em até 10% das amostras endometriais em mulheres com sangramento genital durante o climatério. Os fogachos estão associados a baixo nível de atividade física, tabagismo, elevação do FSH e redução do estradiol, maior massa corporal, etnia, estado socioeconômico e antecedentes de transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) ou depressão. De maneira geral, um episódio de fogacho dura entre 1 e 5 minutos, e a temperatura da pele aumenta em razão de vasodilatação periférica. Essa alteração é particularmente acentuada nos dedos das mãos e dos pés, onde a temperatura da pele aumenta entre 10 e 15o C. A maior parte das mulheres sente uma onda de calor repentina que se estende por todo o corpo, em particular na parte superior e na face. Os fogachos se caracterizam por aumento na pressão arterial sistólica tanto na vigília quanto durante o sono. Além disso, a frequência cardíaca aumenta entre 7 e 17 batimentos por minuto, aproximadamente no mesmo período em que ocorrem vasodilatação periférica e sudorese. A frequência cardíaca e o fluxo sanguíneo cutâneo atingem o ponto máximo nos três minutos que se seguem ao início do fogacho. Simultaneamente à sudorese e à vasodilatação periférica, a taxa metabólica também aumenta significativamente. Os fogachos também podem ser acompanhados de palpitações, ansiedade, irritabilidade e pânico. Cinco a 9 minutos após o iníciode um episódio de fogacho a temperatura interna reduz-se entre 0,1 e 0,9o C, em razão da perda de calor com a transpiração e com a vasodilatação periférica. Se a perda de calor e a sudorese forem significativas, a mulher pode ter calafrios. A temperatura da pele retorna gradativamente ao nível normal no prazo de 30 minutos ou mais. A causa provável desse sintoma comum é a ocorrência de alguma disfunção nos centros termorreguladores centrais do hipotálamo. A área pré-óptica medial do hipotálamo contém o núcleo termorregulador responsável pelo controle da transpiração e da vasodilatação, o mecanismo primário de perda de calor em seres humanos. - Lipídeos Nas mulheres, os níveis fisiológicos de estrogênio ajudam a manter perfis lipoproteicos favoráveis. Especificamente, ao longo da vida adulta, os níveis de HDL são cerca de 10 mg/dL mais altos nas mulheres, e essa diferença se mantém durante os anos pós-menopáusicos. Além disso, os níveis de colesterol total e de LDL são mais baixos em mulheres pré-menopáusicas do que em homens. Após a menopausa, e a subsequente redução nos níveis estrogênicos, esse efeito favorável sobre os lipídeos se perde. Os níveis de HDL diminuem e os de colesterol total aumentam. Nas mulheres, o nível médio de colesterol HDL é 55 a 60 mg/dL, sendo que uma redução de 10 mg/dL aumenta em 40 a 50% o risco de cardiopatia coronariana. Apesar dessas alterações nos lipídeos aterogênicos após a menopausa, os níveis de colesterol total e LDL podem ser reduzidos favoravelmente por meio de mudanças na dieta, tratamento à base de estrogênio e medicamentos redutores de lipídeos. - Coagulação Durante o processo de envelhecimento, ocorrem alterações nos parâmetros de coagulação. Observa-se aumento de fibrinogênio, do inibidor-1 do ativador de plasminogênio e do fator VII, provocando um estado de relativa hipercoagulabilidade. Supõe-se que esse estado contribua para aumentar o risco de doença cardiovascular e vascular encefálica em mulheres de mais idade. - Ganho de peso e distribuição de gordura Ganho de peso é uma queixa comum entre mulheres na transição menopáusica. Com o envelhecimento, o metabolismo feminino fica mais lento, o que reduz as necessidades calóricas. Se não houver alteração nos hábitos alimentares e na prática de exercícios, o ganho de peso é inevitável. Durante esse período, o ganho de peso está associado à deposição de gordura no abdome, aumentando a probabilidade de desenvolvimento de resistência insulínica e, subsequentemente, de diabetes melito e doença cardíaca. - Alterações dermatológicas As alterações na pele que podem surgir durante a transição menopáusica e incluem hiperpigmentação (manchas do envelhecimento), rugas e prurido. Em parte, essas condições são causadas pelo envelhecimento da pele, que, por sua vez, resulta da sinergia entre os efeitos intrínsecos gerais do envelhecimento e o fotoenvelhecimento. Essas alterações incluem redução da espessura em razão da diminuição no teor de colágeno, redução na secreção das glândulas sebáceas, perda de elasticidade, redução no suprimento sanguíneo e alterações epidérmicas. - Alterações odontológicas Na fase final da transição menopáusica, a redução nos níveis estrogênicos também pode causar problemas odontológicos. O epitélio bucal sofre atrofia em razão das perdas estrogênicas, resultando em redução na produção de saliva e na sensibilidade. Gosto ruim na boca, aumento na incidência de lesões cariogênicas e perda de dentes também podem ocorrer. - Alterações mamárias Durante a menopausa, a supressão hormonal é a principal causa de alterações nas mamas. Em mulheres pré-menopáusicas, o estrogênio e a progesterona exercem efeitos proliferativos respectivamente sobre as estruturas ductais e glandulares. Na menopausa, a supressão de estrogênio e de progesterona leva a redução relativa na proliferação mamária. A mamografia revela redução significativa no volume e no percentual de tecido denso, tendo em vista a substituição por tecido adiposo. - Distúrbios do sono Dificuldades para iniciar e manter o sono são comuns em mulheres na menopausa. A fragmentação do sono em geral está associada a fogachos e resulta em fadiga durante o dia, alteração no estado de humor, irritabilidade e problemas com a Catarina Nykiel - MedManas memória de curto prazo. Às vezes, há indicação para prescrição em curto prazo de indutores de sono. Noctúria, urgência e frequência urinária, condições mais comuns em mulheres menopáusicas, também são fatores importantes. Os distúrbios respiratórios do sono (DRSs), que incluem graus variados de obstrução faríngea, são condições muito mais comuns em mulheres menopáusicas e seus companheiros. Nas mulheres, em geral, o DRS é uma condição associada a aumento da massa corporal e à diminuição nos níveis de estrogênio e progesterona. Roncos sonoros são muito comuns em razão de obstrução das vias aéreas superiores. Esse tipo de obstrução pode variar em gravidade, desde aumento da resistência das vias aéreas superiores até apneia obstrutiva do sono. - Distúrbios cognitivos A memória piora com o avanço da idade. Os fatores de risco para redução da perfusão cerebral e afinamento da densidade das matérias cinzenta e branca incluem ataques isquêmicos transitórios, hiperlipidemia, hipertensão arterial, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e sexo masculino, o que implicaria ausência de estrogênio. - Alterações psicossociais Durante a transição menopáusica, é possível ocorrer sintomas psicológicos e cognitivos, incluindo depressão, alterações no humor, dificuldade de concentração e problemas de memória. Embora muitas mulheres percebam essas alterações como agravações relacionadas com à idade ou as atribuam a piora da síndrome pré-menstrual (SPM); na realidade, esses sintomas podem resultar de alterações nos hormônios reprodutivos. - Libido As pacientes relataram redução significativa na quantidade de pensamentos sexuais, satisfação sexual e lubrificação vaginal após a menopausa. - Trato reprodutivo inferior Sintomas de atrofia urogenital, incluindo secura vaginal e dispareunia, são comuns na transição menopáusica e podem implicar problemas significativos na qualidade de vida entre mulheres sexualmente ativas. Sem a influência trófica do estrogênio, a vagina perde colágeno, tecido adiposo e capacidade de retenção de água. À medida que as paredes vaginais se retraem, as dobras desaparecem e a vagina assume uma aparência rosa-pálido com superfícies achatadas. O epitélio superficial se torna crescentemente delgado até ter apenas algumas camadas de células, reduzindo acentuadamente a proporção das células superficiais e basais. Como resultado, a superfície vaginal se torna friável e propensa a sangramentos, mesmo com traumas menores. Há estreitamento dos vasos sanguíneos da parede vaginal e, ao longo do tempo, a vagina se contrai e perde flexibilidade. Além disso, o pH vaginal se torna mais alcalino, sendo que é comum encontrar pH acima de 4,5 nos casos de deficiência estrogênica. O pH alcalino cria ambientes vaginais menos hospitaleiros para os lactobacilos e mais suscetíveis a infecções por patógenos fecais e urogenitais. Além das alterações vaginais, à medida que a produção de estrogênio diminui na fase final da transição menopáusica, o epitélio vulvar gradualmente sofre atrofia e há redução da secreção das glândulas sebáceas. A gordura subcutânea nos lábios maiores desaparece, levando a recolhimento e retração do prepúcio clitoriano e da uretra, fusão dos lábios menores e estreitamento e estenose do introito vaginal. A redução na produção ovariana de estrogênio resulta em declínio na lubrificação vaginal, maior risco de vaginite atrófica, redução do fluxo sanguíneo e congestão vascular com a atividade sexual. Níveis reduzidos de testosterona também foram implicados na atrofia genital. Catarina Nykiel - MedManas
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