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aula prop térmicas

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PROPRIEDADES TÉRMICAS E 
ÓPTICAS DE MATERIAIS
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Profa. Dra.Christiane Ribeiro 
Materiais e suas Propriedades
Por que estudar propriedades térmicas em materiais?
- Verificação de aplicabilidade dos materiais: seleção de materiais que 
são expostos a temperaturas elevadas (ou sub-ambientes), a 
mudanças de T e/ou gradientes de T. 
- Mudança de comportamento em função da temperatura: transição 
dúctil/frágil, Tf, Tg e Td.
Influência da Temperatura
Propriedades térmicas 
➢ Entende-se por “Propriedades Térmicas” a resposta de um 
material a um estímulo térmico (aumento ou redução de 
temperatura).
➢ O que acontece quando mudamos a temperatura de um 
material ?
✓ Variação dimensional:
✓dilatação ou expansão térmica (em aquecimento);
✓contração (no resfriamento);
✓ tensões térmicas;
✓ calor é absorvido ou transmitido; 
✓ transformações de fases.
Introdução
O que é a propriedade térmica?
Resposta de um material à aplicação de calor 
Sólido Absorção de calor
 T,  E interna e 
 dimensão
Capacidade Calorífica
Expansão Térmica
Condutividade 
Térmica
Propriedades críticas para a 
utilização prática de um sólido 
(metal, cerâmica, polímero etc)
2 tipos principais de energia térmica (sólidos):
- Energia vibracional dos átomos em torno de sua posição de equilíbrio.
- Energia cinética dos elétrons livres. 
Capacidade Calorífica
)KJ/mol(
)(
)(
==
etemperaturd
energyd
dT
dQ
C
Material Material aquecido
Absorção de 
energia
Indicativo da habilidade de um material em absorver calor do meio externo.
C expressa em: J/mol.K ou cal/mol.K
CAPACIDADE CALORÍFICA: representa a quantidade de energia (J) 
necessária para produzir um aumento unitário (1 grau) na temperatura de 
um material. 
onde:
- C é a capacidade calorífica;
- dQ é a variação de energia;
- dT é a variação de 
temperatura.
Calorímetro usado para 
medir caloria dos alimentos
Capacidade Calorífica
Quem aquece mais rápido: água ou ferro?
- O Fe necessita de menos calor para elevar a sua temperatura 
(menor calor específico).
mT
Q
c
.
=
Substância
Calor Específico 
(cal/g.°C)
água 1,0
ferro 0,11
Calor específico (c)
(J / kg.K )
http://74.125.93.132/wiki/%C3%81gua
http://74.125.93.132/wiki/Ferro
Capacidade Térmica
CAPACIDADE TÉRMICA MOLAR: quantidade de energia (J) necessária
para aumentar em um grau (K) a temperatura de um mol de um material.
Esta propriedade representa a capacidade do material de absorver calor
do meio circundante.
dT
dQ
C =
onde: C é a capacidade térmica molar (J/mol.K)
dQ é a variação de energia (J)
dT é a variação de temperatura (K)
▪ A capacidade térmica molar pode ser medida a volume constante (CV) e a
pressão constante (CP) com: CP > CV (no entanto, esta diferença é
pequena para a maioria dos materiais sólidos a temperaturas iguais ou
abaixo da temperatura ambiente).
Madeira Ladrilho
Fonte:sol.sci.uop.edu/~jfalward
/physics17/chapter7/chapter7.h
tml
Dependência da Capacidade Calorífica 
em Relação à Temperatura
- Como a energia é quantizada, para T << D alguns níveis de energia são 
possíveis, então Cv é dependente da temperatura → Cv= AT
3 .
- Para T > D, todos os níveis de energia já foram satisfeitos, então Cv se torna 
independente da temperatura (constante) → Cv= 3R .
- Muitos materiais sólidos: D Tamb
▪ A energia vibracional de um
material consiste de uma série de
ondas elásticas de comprimento
de onda muito pequeno e
freqüências muito altas, que se
propagam através do material
com a velocidade do som.
▪ Somente certas energias são
permitidas (energia quantizada).
Um quantum de energia
vibracional chama-se “FÔNON”
(análogo a um quantum de
radiação eletromagnética: o
fóton)
▪ O espalhamento dos elétrons 
livres que ocorre durante a 
condução elétrica é devido às 
ondas vibracionais.
Geração de ondas elásticas em um cristal por meio de vibração 
atômica.
▪ Na maioria dos sólidos, o conteúdo térmico e a energia vibracional dos átomos
estão diretamente relacionados. A contribuição eletrônica para a capacidade
térmica é, em geral, insignificante, a não ser para temperaturas próximas a zero
Kelvin.
Capacidade Térmica
Produção de ondas nos 
retículos que se propagam
ondas: frequência alta e amplitude baixa
Cristal consistindo de N átomos é um sistema de 
3N osciladores harmônicos quânticos vibrando 
acopladamente.
✓ Sob o ponto de vista quântico, os átomos 
vibram como um sistema de osciladores 
harmônicos quânticos. Sabendo que os 
átomos estão vibrando constantemente 
em ↑ freqüência e a ↓ amplitude, embora 
sejam independentes um dos outros, os 
mesmos estão conectados por ligações 
químicas e essas vibrações são 
coordenadas de tal forma que as ondas 
se espalham através da rede. 
✓ A constante da mola diminui quando a 
ligação química é esticada, ou seja, a 
ligação se enfraquece nesta condição, e 
como as frequências dos fônons estão 
ligadas diretamente as constantes da 
mola, tais frequências também diminuem 
quando o cristal se expande.
Capacidade Térmica
Contribuição Eletrônica para a Capacidade Calorífica
→ Os elétrons absorvem energia através do aumento da sua energia cinética
Nível de Fermi (Ef): é a energia que 
corresponde ao estado preenchido 
mais elevado a 0K.
Acima Ef: todos os estados 
eletrônicos estão vazios.
Abaixo Ef: todos estão preenchidos.
Somente para elétrons livres
- Metais: fração pequena
- isolantes e semicondutores: e-
- contribuição NÃO significativa.
- A contribuição eletrônica para a capacidade calorífica é MUITO menor que a 
contribuição de vibração da rede (Fônons). Significativa p/ materiais com e- livres.
a) Metais (Cu): banda semi-preenchida
b) Metais (Mg): superposição banda preenchida e vazia
c) Isolantes: BV (preenchida) e BC (parcialmente)
d) Semicondutores: GAP menor
Expansão Térmica
Sólidos ExpansãoContração
aquecimentoresfriamento
Expansão – depende de sua estrutura
A maioria dos materiais sólidos se expande com o aumento da temperatura 
e se contrai com a sua diminuição.
▪ l é uma propriedade que representa a capacidade do material de 
dilatar-se com o aumento da temperatura.
▪ A variação do comprimento de um sólido com a temperatura segue a 
relação:
 
 
f − 0
0
=  (Tf − T0 ) ou
 
 

0
=  T
Dilatação Térmica
onde: lo e lf são o comprimento inicial e final respectivamente
To e Tf são a temperatura inicial e final respectivamente
l é o coeficiente linear de expansão térmica (K
-1)
 

 
 
0 e f
▪ Como todas as dimensões são afetadas: V = v T
Vo
Coeficiente volumétrico de 
expansão térmica
Admitindo uma expansão térmica isotrópica:
v = 3l
Torre Eiffel – estrutura de Fe com 
324m de altura. Em dias de verão 
aumenta 15cm em função da 
dilatação térmica do Fe.
Dilatação Térmica
Concorde Mach2 – viaja com Vm~2x a 
velocidade do som
Atrito com ar durante o vôo em alta 
velocidade→ aquecimento→ dilatação de 
25cm
Análise dilatométrica:
✓ Analisar propriedades: coeficiente de expansão térmica,
transição de fases, Tg, comportamento anisotrópico
✓ Monitorar a variação dimensional de um dado material sob
diferentes tratamentos térmicos
✓ Estabelecer a melhor condição de sinterização
✓ Analisar a densificação do material em função das variações
dimensionais
Expansão Térmica
T1 → T2 → T3 → T4 → T5
E1 → E2 → E3 → E4 → E5
Coeficiente de expansão ():
)( 0
0
0
TT
l
ll
fl
f
−=
−

Expansão térmica () se deve à curvatura 
assimétrica do poço de E potencial e não 
às maiores amplitudes vibracionais dos 
átomos ( T)
Vibracional
r0 → r1 → r2 → r3 → r4
Nível atômico: expansão térmica se reflete em um aumento na distância média entre 
os átomos.
As energias 
vibracionais E1, E2,…, 
E5 representam a 
energia mecânica do 
átomo, ou seja, a soma 
das energias cinética e 
potencial.
As distâncias r1, r2,…,r5
correspondem às 
distâncias de equilíbrio 
entredois átomos 
vizinhos para os casos 
de energias vibracionais 
E1, E2,…, E5Energia potencial X espaçamento interatômico
Relação entre dilatação térmica e a curva de energia 
de ligação
Coeficiente de
Expansão 
Térmica T4 > T3 > T2 > T1 > 0K
r4 > r3 > r2 > r1 > r0
Energia de ligação elevada e curva mais simétrica – menor coeficiente de expansão 
térmica
Baixa energia de ligação e curva mais assimétrica – maior coeficiente de expansão 
térmica
• Se a curva de energia em função da 
distância interatômica fosse 
simétrica, não ocorreria aumento da 
distância interatômica de equilíbrio 
com o aumento da temperatura 
(r1 = r2 = r3).
Expansão Térmica
- Materiais: quanto  E ligação  + profundo e estreito poço de E potencial.
-  aumento na separação interatômica (T) será menor, produzindo menores 
valores de l
Forças de ligações interatômicas 
relativamente fortes – coeficiente de 
expansão térmica baixo.
Expansão Térmica
➢ Boa correlação entre o coeficiente de dilatação e a energia de ligação.
➢ Materiais com ligações químicas fortes apresentam baixo coeficiente de 
dilatação térmica.
Condutividade Térmica (K)
▪ CONDUÇÃO TÉRMICA: fenômeno pelo qual o calor é transportado em um material 
de regiões de alta temperatura para regiões de baixa temperatura.
▪ CONDUTIVIDADE TÉRMICA: capacidade de um material de conduzir calor.
A condutividade térmica pode ser definida em termos de:
dx
dT
kq −=
onde: q é o fluxo de calor por unidade de tempo por unidade de 
área perpendicular ao fluxo (W/m2)
k é a condutividade térmica (W/m-K)
dT/dx é o gradiente de temperatura (K/m).
▪ O sinal negativo (-) na equação significa que o escoamento de calor ocorre da 
região quente para a região fria.
▪ A equação acima só é válida quando o fluxo de calor for ESTACIONÁRIO (fluxo de 
calor que não se altera com o tempo).
T1 T2
X1 X2Fluxo de calor
T2  T1
Condutividade Térmica (K)
Faixa de condutividade térmica de diversos materiais a temperatura
ambiente [adaptado de ÇENGEL, Y. A. Heat transfer: a practical approach. 2 ed.
McGraw-Hill, 2003. 932p.]
Melhor condutor de calor: diamante→ K= 2000 W m-1K - 1
✓ materiais de ↑ K: dissipadores de calor
✓ materiais de ↓K: isolantes térmicos
Diamante:
✓ Alta condutividade 
térmica
✓ Alta resistividade 
elétrica
✓ Baixa expansão 
térmica
Condutividade Térmica
Formas de transferência de calor:
1) Condução
Transferência por colisões/choques entre componentes (átomos, moléculas, 
íons, elétrons, etc) com posterior transferência de energia cinética.
Átomos quentes 
(rápidos)
Átomos frios 
(lentos)
Temperatura 
comum
Fluxo de calor 
por condução
2) Convecção
Transferência devido a um movimento macroscópico, carregando partes da 
substância de uma região quente para uma região fria.
Água fria desce
Água quente sobe
Correntes de 
convecção
Correntes de convecção devido a diferença de pressão
Alta pressão Baixa pressão
Formas de transferência de calor:
Formas de transferência de calor:
3) Radiação
A radiação térmica, também
conhecida como irradiação: forma
de transferência de calor que ocorre
por meio de ondas eletromagnéticas.
Como essas ondas podem propagar-
se no vácuo, não é necessário que
haja contato entre os corpos para
haver transferência de calor.
➢ A quantidade de calor emitida por ondas eletromagnéticas
é proporcional à quarta potência da temperatura do corpo (Q α
T4), de acordo com a Lei de Steffan-Boltzmann.
➢ CONDUTIVIDADE TÉRMICA POR ELÉTRONS (ke)
✓ Os elétrons livres que se encontram em regiões quentes ganham
energia cinética e migram para regiões mais frias. Em
conseqüência de colisões com fônons, parte da energia cinética
dos elétrons livres é transferida (na forma de energia vibracional)
para os átomos contidos nessas regiões frias, o que resulta em
aumento da temperatura.
✓ Quanto maior a concentração de elétrons livres, maior a
condutividade térmica.
➢ CONDUTIVIDADE TÉRMICA POR FÔNONS (kq)
✓ A condução de calor pode ocorrer também através de vibrações da
rede atômica. O transporte de energia térmica associada aos
fônons se dá na mesma direção das ondas de vibração.
➢ A CONDUTIVIDADE TÉRMICA (k) de um material é a soma da 
condutividade por elétrons (ke) e a por fônons (kq):
k = ke + kq
Mecanismos de Condutividade Térmica
Propriedades Térmicas de Alguns Materiais
Material Cp
(J/kg-K)

[(0C)-1 x 10-6]
k
(W/m-K)
Alumínio 900 23,6 247
Ferro 448 11,8 80
Aço inoxidável AISI 316 502 16,0 15,9
Tungstênio 138 4,5 178
Alumina (Al2O3) 775 7,6 39
Vidro comum 840 9,0 1,7
Vidro Pyrex 850 3,3 1,4
Polietileno (PE) 1850 106 - 198 0,46 - 0,50
Teflon (PTFE) 1050 126 – 216 0,25
✓ Calor específico 
✓ Expansão térmica 
✓ Condutividade térmica
Tensões térmicas
Resultantes de gradientes de temperatura:
- Quando um sólido é aquecido ou resfriado, a distribuição interna da 
temperatura depende: do tamanho e formato da peça, da condutividade térmica 
do material e da taxa de variação de temperatura.
- Altos gradientes de temperatura costumam ocorrer no aquecimento ou 
resfriamento rápido de materiais com baixa condutividade térmica gerando 
Tensões térmicas
Tensões 
superficiais de 
compressão
Tensões 
superficiais
de tração
aquecimento resfriamento
Tensões térmicas
➢ Tensões induzidas em um material como resultado da variação 
de temperatura
Podem levar à fratura ou uma deformação plástica indesejável
Resultantes da restrição a expansão ou contração térmica
Aquecimento (Tf > T0 ) Tensões de compressão: σ < 0 
expansão restringida
Resfriamento (Tf < T0 ) Tensões de expansão: σ > 0 
Contração restringida
Tensões Térmicas
Resistência ao choque térmico: lentas taxas de aquecimento e
resfriamento, de forma a minimizar os gradientes de temperatura;
modificação das características térmicas (↓coeficiente de expansão
térmica ou ↑ condutividade térmica); alteração no comportamento
mecânico (alta resistência à fratura e redução no módulo elástico;
adição de porosidade ou de uma segunda fase dúctil.
Aplicação
Sistema de isolamento térmico em ônibus espacial
Sugestão de leitura: Propriedades térmicas