Prévia do material em texto
1 CARDIOLOGIA – TORTO Bradiarritmia _____________________________________________________________________________ Definição Bradiarritmias são alterações do ritmo cardíaco que cursam com frequências cardíacas menores que 60 bpm. Podem ser fisiológicas ou cursam como repercusão de alguma patologia cardíaca. Sua origem está relacionada a disfunções do nó sinusal (DNS) ou a bloqueios atrioventriculares (BAV). Outra classificação possível é relacionada aos quadro clínico ser sintomático ou assintomático. No primeiro caso, as manifestações mais comuns são: tonturas, palpitações, mal-estar vago, síncopes (por baixo débito cardíaco), choque, convulsões, ICC, insuficiência coronariana e insuficiência cerebral. Bradicardia sinusal Manifestação fisiológica ou relacionada a afecções que não alteram o ritmo cardíaco. No ECG podemos observar: ✓ FC < 60 bpm; ✓ Ritmo regular; ✓ Ritmo sinusal (todo QRS é precedido por uma onda P). ✓ Intervalo PR 0,12 a 0,20 seg e QRS <0,12 seg. Bradicardia sinusal Disfunção do nó sinusal Definição e classificação Disfunção da geração e/ou da condução do estímulo sinusal (dificuldade de sua passagem do NSA para o restante do tecido atrial), caracterizando a incapacidade cardíaca de desempenhar sua função de marcapasso. É mais prevalente em idosos. Uma bradicardia inapropriada é quando há uma bradicardia incompatível com a atividade realizada pelo paciente (como FC < 60 bpm durante um exercício físico). Pode, ainda, estar associada a pausas sinoatriais. OBS: a síndrome bradi-taquicardia é uma manifestação comum da DNS (50%) e indica uma doença difusa e de instabilidade importante do sistema de condução. Síndrome taquibradicardia 2 CARDIOLOGIA – TORTO Bloqueio sinoatrial Pausa sinusal Etiologias ✓ Intrínsecas: senilidade, doença reumática, miocardites, pericardites, cirurgias cardíacas, radioterapia etc. ✓ Extrínsecas: hipotermia, hipotireoidismo, drogas (digitálicos, betabloqueadores, metildopa, lítio, bloqueadores de cálcio). Manifestações clínicas Podem ser assintomáticas. Os principais sintomas relacionados são: tonturas, vertigens, pré-síncope, síncope, palpitações. OBS: é comum a evolução para uma FA! Tratamento Caso haja sintomas graves: ✓ Atropina 0,5 mg EV; ✓ Dopamina 2 a 10 mcg/Kg/min Caso persistente: marcapasso. Bloqueio atrioventricular São bloqueios no NAV dos pulsos originados no NSA no momento em que vai para os ventrículos em situações de ritmo sinusal, definindo um bloqueio patológico. Eles podem ser congênitos ou adquiridos, paroxísticos ou permanentes, reversíveis ou irreversíveis. Bav de 1º grau As principais causas são: doença de Chagas, aumento do tônus vagal, IAM de parede inferior, miocardite, drogas (digitálicos e verapamil). Normalmente não precisa de tratamento ou monitorização, apenas remoção da causa base. No ECG: ✓ Ritmo sinusal regular; ✓ PRi > 0,20 seg BAV do 1º grau – notar como os intervalos PR são alargados Bav de 2º grau do tipo i – wenckebach ou mobitz i Suas causas principais são IAM inferior, miocardiopatia chagpasica, intoxicação digitálica, uso de drogas cronotrópicas negativas (betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio); pode ocorrer em crianças devido ao aumento do tônus vagal. 3 CARDIOLOGIA – TORTO O tratamento é inespecífico e geralmente apenas envolve o tratamento da causa base. No IAM geralmente é transitório e não exige marcapasso. No ECG: ✓ Aumento progressivo do intervalo PR até que surja uma onda P bloqueada; ✓ O intervalo PR imediatamente após a onda p bloqueada é o menor de todos; ✓ À medida que o PRi vai aumentando, o intervalo RR vai reduzindo, até que surja a onda P bloqueada e o intervalo RR aumenta bruscamente. Fenômeno de Wenckebach Bav de 2º grau do tipo ii – mobitz 2 As principais causas são: senilidade, Chagas, IAM inferior e miocardites. Diferente dos anteriores, esse é um BAV avançado e, portanto, exige um implante de marcapasso. Pode evoluir para um BAVT. No ECG: ✓ Bloqueio súbito e inesperado da onda P (perda do enlace AV intermitente); ✓ Os intervalos PR dos batimentos atriais conduzidos permanecem constantes e normais. BAV 2º grau tipo 2 BAV 2º grau tipo 2 avançado – notar relação 3:1 BAV de 3º grau – BAV total As principais causas são: intoxicação por drogas cronotrópicas negativas, doenças degenerativas, senilidade, isquemia miocárdica aguda, miocardiopatia chagásica. O tratamento na emergência é atropina ou dopamina ou epinefrina EV. É mandatório o implante de marcapasso. No ECG: ✓ Ausência completa de enlace A-V (dissociação atrioventricular) → ondas P não comandam a geração de QRS! ✓ Átrios e ventrículos têm contrações comandadas por estímulos independentes: - Átrios: sinusal ou fibrilação atrial; - Ventrículos: juncional ou idioventricular. BAVT 4 CARDIOLOGIA – TORTO Informações estudo dirigido Questão i A disfunção do nó sinusal pode se manifestar tanto por bradicardias quanto por taquicardias inapropriadas, como a taquicardia atrial. No eletrocardiograma de repouso, dinâmico e/ou de esforça são observados mais frequentemente bradicardia sinusal, pausas ou pausas ou paradas sinusais, bloueio sinoatrial, taquicardia atrial (síndrome taqui/bradi), FA e incompetência cronotrópica. A síndrome bradi-taquicardia é observada em mais de metade dos pacientes. Questão ii Os BAVs são divididos em BAVs de primeiro, segundo e terceiro graus. Esses últimos são chamados de BAV avançados. Os BAV de 1º grau raramente são sintomáticos. - Localização supra-hissiana: bom prognóstico e geralmente não sintomáticos; - Localização infra-hissiana: geralmente associados a BAV avançados e sintomáticos. Questão iii Em relação ao tratamento dos BAVs, se a etiologia for isquemia miocárdica, marcapassos temporários devem ser implantados em todos os casos, independente do grau de bloqueio. Pelas características da patologia, no IAM o BAV é um marcador de mau prognóstico e o aparecimento de BR e BAV de primeiro grau ou superiores já se recomenda a utilização de marcapasso transvenoso (MPTV). Questão iv Quanto às síndromes neuromediadas e à doença do seio carotídeo hipersensível é correto afirmar: A síncope vasovagal se refere a um tipo de alteração neuromediada ou reflexa, é a mais prevalente, caracterizada por um reflexo de hipotensão e/ou bradicardia, como consequência da falência súbita do sistema de autorregulação da pressão arterial. Pode ser desencadeada pela posição ortostática prolongada, exposição a estresse emocional, medo, dor, procedimentos médicos, hemorragia, calor etc. Questão v São sinais de baixa perfusão: hipotensão; alteração do nível de consciência; sinais de choque cardiogênico/circulatório; sintomas de isquemia miocárdica (precordialgia); insuficiência cardíaca aguda (dispneia e congestão pulmonar).