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TAQUIARRITMIAS ROTEIRO DE DIAGNÓSTICO DAS TAQUIARRITMIAS PASSO A PASSO DAS TAQUIARRITMIAS 1. Qual é a frequência cardíaca? ○ RR < 3 quadradões? → Taquiarritmia! 2. Ritmo: Há onda P em DII? ○ Sim → a taquicardia pode ser sinusal ou atrial ■ Se o ritmo for sinusal → taquicardia sinusal ■ Onda P estranha (100-250) → taquicardia atrial ■ Tem onda F (>250) → flutter atrial ○ Não → prosseguir nas perguntas 3. O QRS é estreito (normal) ou alargado? ○ Alargado → taquicardia ventricular ○ Estreito → prosseguir nas perguntas 4. Se estreito, o Intervalo RR é regular ou irregular? ○ RR irregular → fibrilação atrial ○ RR regular → taquicardia supraventricular CONCEITOS GERAIS MECANISMO DA TAQUICARDIA ● Automatismo → um grupo de células de qualquer parte do coração assume o marca-passo por estar com automatismo aumentado. ○ Nesse caso, medidas imediatas como cardioversão e drogas de ação curta (adenosina) não são muito úteis porque assim que o efeito passar, o automatismo acelerado volta ● Reentrada → “curto circuito” que depende da existência de uma via de condução rápida e uma via de condução lenta. Isso pode ser consequência de uma cardiopatia estrutural, uma alteração funcional ou uma variação anatômica congênita ○ Em geral, é o mecanismo mais comum ABORDAREM INICIAL E ACHADOS CLÍNICOS 1. Monitorização: ECG de 12 derivações, oxímetro, O2 suplementar , acesso venoso, coleta de exames (hemograma, eletrólitos, função renal, marcadores de necrose miocárdica) 2. Identificar se há instabilidade → cardioversão elétrica sincronizada imediata FV pós CVE: existe uma chance (embora pequena) de o paciente desenvolver uma FV logo após a cardioversão. Nesse caso, o emergencista deve estar preparado para aplicar um contrachoque imediato de 360 J não sincronizado CONTRAINDICAÇÕES À CARDIOVERSÃO: - Intoxicação digitálica - Taquicardias repetitivas de curta duração - Taquicardia atrial multifocal - Taquicardias por automatismo - Hipertiroidismo CARDIOVERSÃO x DESFIBRILAÇÃO: - Cardioversão: o equipamento detecta os batimentos cardíacos do paciente para administrar a corrente elétrica de forma sincronizada. Será feita imediatamente sempre que houver uma taquicardia instável e com pulso. Em geral utiliza-se cardioversão elétrica com 100J -Desfibrilação: aplica uma corrente elétrica que não está sincronizada ao músculo cardíaco . Utilizada para paciente parado → casos de fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso. Habitualmente faz-se desfibrilação com 200J SINAIS DE INSTABILIDADE: ● Coração → angina ● Pulmão → congestão: crepitações, dispneia importante, dessaturação ● Circulação → hipotensão, choque ● Cabeça → síncope, rebaixamento de consciência TÉCNICA DA CARDIOVERSÃO ● Analgesia → morfina ou fentanil ● Sedação → propofol, midazolam ou etomidato ● Energia → 100 J para maioria dos casos ○ Flutter iniciar com 50 J ○ FA iniciar com 200 J ou 120-200 J no bifásico ○ TVPS → desfibrilar, com 200 J e não sincronizado. Se falha, aumentar para 300-360J ○ PCR → desfibrilar, com 200 J e não sincronizado ● Avaliar necessidade de antiarrítmico para evitar recidiva ● Suporte ventilatório e hemodinâmico até reversão da anestesia ● Se a carga elétrica do aparelho não for conhecida, deve-se começar com a carga máxima ● O paciente deve ser conduzido imediatamente para a sala de emergência, e a identificação exata da arritmia fica para segundo momento ● Se TSV (QRS estreito e regular), ao preparar para cardioversão pode-se tentar uma medida rápida de efeito transitório (mas sem atrasar a CVE), e manutenção com droga de ação mais longa: ○ Manobra vagal ○ Adenosina ○ Verapamil, se o paciente responder bem ➢ Mas cuidado! Se houver dúvida entre TSV e TV, conduzir como TV: cardioversão sincronizada 100 J 3. Se não houver instabilidade → avaliação inicial completa ● Anamnese: ○ História de cardiopatia: arritmias (qual, tratamento), coronariopatia, HAS, valvopatia, revascularização prévia, IC, aneurisma, congênitas ○ Doença pulmonar: DPOC, risco de TEP ○ Outras: doença tireoidiana, vasculopatia, neurológica ○ Medicamentos: antiarrítmicos, vasoconstritores, anti-hipertensivos, quimioterápicos, antianginosos, antidepressivos, COVID (cloroquina, azitromicina) ○ Uso de drogas, cocaína, álcool → em pacientes jovens, buscar por sinais de picadas de agulha, lesões nasais... ○ Episódios de dispneia, angina, confusão, síncope, tontura ● Exame físico: PA, pulsos, consciência, tempo de perfusão, ausculta cardiaca, pulmonar 4. Diagnóstico diferencial das arritmias, e conduta individualizada TAQUICARDIAS ATRIAIS FIBRILAÇÃO ATRIAL Epidemiologia: - Quase 10% dos idosos > 65 anos(1% da pop geral) - Fator de risco independente para morte, principalmente em cardiopatas, IAM e AVE prévios “FA é uma doença de cardiopatas, idosos e hipertireoideos”. Pacientes jovens podem apresentar FA paroxística quando há algum fator precipitante: álcool, cocaína, DHE (hipoK e hipoMg), acidose, hipóxia, digitálicos, Pacientes com Apneia do Sono não tratados adequadamente com CPAP noturno são mais refratários ao tratamento antiarrítmico A FA isolada é encontrada em pacientes jovens sem nenhuma cardiopatia. Geralmente têm um estímulo vagal parassimpático exacerbado, com bradicardia durante o dia e FA durante a noite. O AVE cardioembólico é muito comum, e a causa mais comum dele é a FA. Pode ser a primeira manifestação de FA num paciente assintomático CRITÉRIOS ELETROCARDIOGRÁFICOS Ausência de onda P + RR irregularmente irregular ● Ausência de onda P ○ Sem ondas f ○ Linha de base isoelétrica ○ Freq atrial 400-600 bpm ● RR irregularmente irregular ● QRS estreito e normal → a não ser que haja bloqueio de ramo associado PRINCIPAIS CAUSAS ● Cardiopatias: HAS, valvopatia mitral, miocardite, pericardite → sobrecarga ou inflamação atrial ○ Hipertensiva → geralmente precedido por aumento de VE ○ Reumática ○ IAM prévio (com isquemia atrial e disfunção de VE) ○ Cardiopatia hipertrófica ou dilatada por qualquer causa ● Hipertireoidismo → FA de início recente em > 30 anos ● Medicamentos: simpatomiméticos, teofilina ● Doenças pulmonares: TEP, DPOC ● Outros: AOS, pós cirurgia cardíaca, FA isolada (jovens), DHE QUADRO CLÍNICO ● Assintomática ● Palpitação, tonteira, sudorese. dispneia, desconforto torácico, sudorese, urgência urinária ● Exame cardíaco: ○ Ritmo cardíaco irregularmente irregular ○ Dissociação entre FC auscultada no precórdio e palpada nos pulsos ○ Perda de onda A no pulso venoso Não há diferença na mortalidade entre controlar a frequência ou o ritmo (o controle de ritmo aumentou o risco de AVE) ○ Se o paciente tinha B4, deixa de ter ● Piora hemodinâmica de um cardiopata ○ Redução do enchimento ventricular (fase diastólica final): redução do débito cardíaco e congestão pulmonar ○ Taquicardia: aumento do trabalho ventricular com redução do tempo de enchimento ventricular, com queda da pré-carga ○ A redução do volume de sangue bombeado e gera queda na perfusão do organismo e do próprio miocárdio (que está em taquicardia) → disfunção ventricular associada à atrial ○ Taquicardiomiopatia: o paciente que mantém uma FC muito alta tem grandes riscos de evoluir para uma fadiga e isquemia do miocárdio, gerando insuficiência ● Risco de eventos trombóticos: AVE isquêmico, embolia femoral, infarto mesentérico ○ Maior após 48h CONDUTA DIAGNÓSTICO: para investigar a causa da FA, solicitar: ● Ecocardiograma → doenças valvares ● TSH e T4 livre → hipertireoidismo ● Hemograma, bioquímica, função renal → outros ● Pesquisar história prévia: libação alcoólica,cirurgias torácicas, sepse, uso de medicamentos CLASSIFICAÇÃO ● Paroxística → < 7 dias, com resolução espontânea (geralmente melhora em 24h) ● Persistente → > 7 dias ● Permanente → > 1 ano ou é refratária à cardioversão ➔ Ponto de corte: 48h → o grande interesse na verdade é saber se a FA tem mais ou menos de 48h, por dois motivos: ◆ a partir de 48h há maior risco de formação de trombos → é indispensável investigar com ECO a existência de trombos, antes de iniciar a controle do ritmo, porque pode-se precipitar uma embolia ◆ uma FA que persiste por mais de 48h raramente vai se reverter espontaneamente e provavelmente vai precisar de cardioversão ➔ Preocupações: consequências ◆ Há risco significativo de evento trombótico? . Estase ◆ Há baixo débito? Sinais de instabilidade? TRATAMENTO: tem dois pilares → controle da arritmia + anticoagulação 1. CONTROLE DA ARRITMIA ● INSTABILIDADE HEMODINÂMICA → cardioversão elétrica imediata ○ Sintomas: angina, síncope, edema agudo de pulmão, rebaixamento de consciência ○ Cardioversão: choque sincronizado ■ Sem anticoagulação prévia dupal Realce dupal Realce Detalhes sobre as drogas para controle da FC: - O B-block é a primeira escolha, deve ser preferido se não houver contraindicação (broncoespasmo, IC descompensada, hipertensão, bradiarritmia) - O BCC é a segunda linha, preferido em pacientes pneumopatas - Se uma droga não for suficiente, pode-se associar duas: - B-block + digoxina - BCC + digoxina ■ Fazer analgesia e sedação (propofol + fentanil) ■ Carga: 100-200 J no monofásico; 50-100 J no bifásico ■ Após a cardioversão: ● Antiarrítmico profilático: amiodarona 100mg/dia ● Anticoagulação com heparina por 4 semanas (“átrio atordoado”) ○ Se falha → ablação ● ESTABILIDADE HEMODINÂMICA → controle de frequência ou controle de ritmo ○ CONTROLE DE FREQUÊNCIA ■ Indicações: 1ª linha, principalmente em > 65 anos e pouco sintomáticos ■ Alvo → FC < 110 bpm em repouso (evitar taquicardiomiopatia) ■ Drogas: Beta-block, BCC não DHP, Digitálicos ○ CONTROLE DE RITMO (cardioversão farmacológica eletiva) ■ Indicações: ● Persistência da FA após tentar controle de FC ● Primeiro episódio de FA, com causa identificável e reversível ■ Droga: amiodarona (reversão + manutenção→ deve-se anticoagular por 4 semanas, pelo menos, após reverter com amiodarona) ■ CUIDADOS: se FA > 48h, solicitar ECO transesofágico para investigar trombos ● Sem trombos → iniciar cardioversão farmacológica (amiodarona) ● Presença de trombos → iniciar anticoagulação por 3-4 semanas e só então iniciar a amiodarona ○ Se baixo CHADS-VASC: manter por mais 4 semanas ○ Se alto CHADS-VASC: manter por toda a vida 2. ANTICOAGULAÇÃO: a necessidade sempre deve ser formalmente avaliada! ● Indicações ○ Pré -cardioversão → se cardioversão eletiva, anticoagulação por 3-4 semanas antes ■ Avaliar também a presença de trombos com ECO transesofágico ○ Pós-cardioversão → 4 semanas (período do “átrio atordoado”) ○ Crônica ■ Cardiomiopatia hipertrófica estabelecida ■ Estenose mitral (com ou sem prótese valvar metálica) → não conta insuficiência e nem valvopatia de outra valva ■ CHADS2-VASC: > 3 em mulheres e > 2 em homens C Cardiopatia (FE reduzida, congestão) +1 H Hipertensão +1 A Age (idade) > 75 anos: +2 > 65 anos: +1 D Diabetes Mellitus +1 dupal Realce dupal Realce dupal Realce O warfarin não dissolve o trombo, ele apenas previne a sua progressão; mas nessas 4 semanas de espera, o próprio sistema fibrinolítico é capaz de dissolver o trombo Segundo o guideline, os anticoagulantes mais novos são preferenciais Situações em que se prefere varfarina: - Doença valvar - DRC grave Ablação também pode ser considerada para jovens, para evitar medicação crônica S Stroke: AVE, AIT ou tromboembolismo prévio +2 VA Doença vascular: IAM, DAP, ateromatose aórtica +1 S Sexo feminino* (só conta se já houver outro fator de risco) +1 ● Esquemas ○ Nos casos de indicação crônica, uma vez indicada, a anticoagulação é plena e para o resto da vida, mesmo que o ritmo volte ao normal ○ Novos anticoagulantes orais ○ Heparina + Varfarina: suspender a heparina após 5 dias ou quando o INR se estabilizar em torno de 2-3 ● Considerações ○ Avaliar também o risco de sangramento: HAS-BLED > 3 → alto risco de sangramento ■ Mas atenção: isso não contraindica formalmente a anticoagulação. Apenas requer um acompanhamento mais cuidadoso ○ Preferir novos anticoagulantes orais que também tenham antídotos ○ Varfarina relaciona-se mais a sangramentos intracranianos e os novos anticoagulantes a sangramentos de TGI ○ Valvopatias → contraindicam novos anticoagulantes orais ■ Estenose mitral moderada/grave ■ Valva mecânica SE FA REFRATÁRIA → ablação (por radiofrequência, focada na região do óstio das veias pulmonares, ou no nó AV). Existem também cirurgias dupal Realce dupal Realce dupal Carimbo dupal Nota CARDIOMIOPATIA INDUZIDA POR ÁLCOOL (Holliday Heart Syndrome) FLUTTER ATRIAL CAUSAS: mesmas da fibrilação → por isso estão frequentemente associadas ● Destaque às causas de sobrecarga do ventrículo direito → DPOC, IC CRITÉRIOS ELETROCARDIOGRÁFICOS Onda F (300 bpm) + FC 150bpm ● Onda F negativa (aspecto serrilhado) em DII, DIII e AVF (com raras variações) ● Bloqueio de NAV 2:1 (com raras variações) ● RR regular ● QRS estreito → a não ser que haja bloqueio de ramo associado CONDUTA → muito parecida com do FA ● INSTABILIDADE HEMODINÂMICA → cardioversão elétrica imediata 50J ○ Faz-se sedação e analgesia com midazolam e fentanil ● ESTABILIDADE HEMODINÂMICA: Cardioversão pode ser elétrica ou farmacológica, mas o flutter responde melhor à elétrica ○ Se crônico, pesquisar trombo com ECO ● ANTICOAGULAÇÃO: ○ História de FA associada ○ Flutter crônico > 6 meses ○ Alto risco cardiovascular ● REFRATÁRIO → ablação TAQUICARDIA SINUSAL Eletro completamente normal, mas com FC > 100 bpm ● OBS: em crianças é comum que haja taquicardia sinusal que pode cursar nclusive com RR irregular, por imaturidade do SNA que ora aumenta e hora reduz a FC. O restante do ECG é totalmente normal, com ondas P normais e precedendo todo QRS CONDUTAS: ● Geralmente é secundária a adaptação fisiológica a algum tipo de estresse (físico, metabólico, emocional, químico). Nesses casos, basta controlar o fator desencadeante ● Existem três situações em que a causa é patológica e deve ser abordada ○ Tireotoxicose → pesquisar T4 e TSH e tratar causa da tireotoxicose ○ Reentrada sinusoidal → o surgimento e o fim da taquicardia são súbitos dupal Realce dupal Realce dupal Realce dupal Sublinhado dupal Realce dupal Realce dupal Realce ○ Taquicardia sinusal inapropriada → típica de mulheres jovens, é uma taquicardia crônica sem motivo aparente (o coração bate mais rápido sem motivo). Deve ser abordada pelo risco de taquicardiomiopatia ○ Tratamento pode ser feito com controle de frequência com B-block , BCC TAQUICARDIA ATRIAL CARACTERÍSTICAS ELETROCARDIOGRÁFICAS ● Taquicardia com P anormal (analisar em D2) ○ Pode estar negativa ou positiva ○ Se > 3 morfologias → polifocal (cada foco tem seu próprio iPR) ● Há linha de base entre as P → não forma F ● Freq atrial entre 100-300 (1-3 quadradões) ○ FC pode ser menor se houver bloqueio AV ● QRS estreito CAUSAS: foco ectópico (único ou múltiplos), dotados de automatismo próprio, localizados no músculo atrial e capazes de despolarizar em frequência elevada. ● Está associada a cardiopatia estrutural (fibrose, isquemia, inflamação, infiltração) ● Comum em pacientes com DPOC → cor pulmonale determina estiramento das fibrasatriais, que ficam excitadas e podem acelerar as conduções elétricas ○ Quadro geralmente brando na gravidade CONDUTAS ● Corrigir distúrbios de base: ○ Controlar DPOC e oxigenação ○ Repor potássio se necessário ○ Sulfato de Magnésio parece ter um bom efeito ● Controlar FC com verapamil e metoprolol. Considerar amiodarona dupal Realce dupal Realce TAQUICARDIAS SUPRAVENTRICULARES TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PR curto + onda delta confugura síndrome da pré- excitação ventricular = síndrome de Wolf-Parkinson- White. Essa pessoa está predisposta a apresentar taquicardia supraventricular. ● Sem p, com QRS estreito e RR regular ● Ocorrem, mais frequentemente, em pacientes jovens e sadias (mulheres e crianças) REENTRADA NODAL → 70% dos casos de taqui supraventricular ● A onda P normalmente não é visível ● Chamada de taquicardia paroxísitca supraventricular VIA ACESSÓRIA → 30% ● Em ritmo sinusal, há 2 marcas no ECG da pessoa que nasceu com uma via acessória: ○ iPR curto ○ QRS começa um pouco alargado, com o restante normal → onda delta ● Durante a taqui supraventricular: há uma onda P negativa (em D2, D3 e AVF) que ocorre depois do QRS, chamada de onda P' → expressa a reentrada pela via acessória, que despolariza os átrios ● Pode causar a Síndrome de Wolff-Parkinson-White TRATAMENTO: na dúvida entre TSV e TV, conduzir como TV pois ela é mais grave e conduzir como TSV pode matar um paciente com TV ● INSTÁVEL: cardioversão elétrica sincronizada com 100 J ○ Enquanto se prepara o paciente, pode tentar manobra vagal ○ Se sinais de instabilidade, cardioverter tanto na TSV quanto da TV (tanto faz o diagnóstico diferencial) ● ESTÁVEL: ● Primeiramente, tentar manobra vagal ○ Manobra de valsalva → expiração forçada, contra resistência, durante 10 a 15 segundos ○ Valsalva modificada → após a expiração, a pessoa é colocada em decúbito e eleva-se as pernas ○ Se a pessoa não conseguir fazer a manobra de valsalva, pode-se fazer 10 segundos de compressão sobre o seio carotídeo ● Refratários a manobra vagal → adenosina ou verapamil ● Cura → ablação com radiofrequência dupal Realce EXTRASSÍSTOLES Ocorrem por um estímulo simpático excessivo. Podem ocorrer em pessoas sadias, de forma benigna Bigeminismo, trigeminismo e extrassístoles pareadas não são malignas (não matam), porque nunca degeneram para fibrilação ventricular. Se houver sintomas (palpitação), pode-se tratar com beta-bloqueador. DEFINIÇÃO: Presença de um RR antes do tempo ● ATRIAL: Em DII: há uma onda P "diferente" precedendo o QRS e o QRS é estreitO ● VENTRICULAR: Em V1: não há onda P e o QRS é alargado → indica que o batimento surgiu no ventrículo ○ Habitualmente a onda T é oposta ao QRS EXTRASSÍSTOLES VENTRICULARES "ESPECIAIS" → Só ocorrem em pacientes com doença cardíaca de base ● Em V1: há um batimento sinusal seguido de uma extrassístole ventricular: ○ 1 extrassístole ventricular para cada 1 batimento sinusal → bigeminismo ventricular ○ 1 extrassístole ventricular para cada 2 batimentos sinusais → trigeminismo ventricular ○ 2 extrassístoles ventriculares juntas → extrassístole pareada ("em par") dupal Realce ○ 3 ou mais extrassístoles ventriculares juntas → taquicardia ventricular TAQUICARDIAS VENTRICULARES Toda taquicardia de QRS estreito tem origem SUPRAventricular. Mas nem toda taquicardia de QRS largo tem origem ventricular: - TSV com aberrância - Raros: SWPW, TRAV antidrômica O principal mecanismo da taqui sustentada é um circuito de reentrada A taquicardia ventricular sustentada polimórfica é a líder do mal Qualquer taquicardia instável será revertida com choque (cardioversão)! DEFINIÇÃO: Presença de 3 ou mais extrassístoles ventriculares juntas, configurando ritmo taquicárdico com foco originário no ventrículo ● O mecanismo pode ser por reentrada ou hiperautomatismo ● O foco está abaixo da bifurcação do feixe de His: pode ser o miocárdio ventricular ou o sistema His-Purkinje que assume o marca-passo ASPECTOS GERAIS: ● Alto risco de evolução para fibrilação ventricular e morte súbita ● Dividida em 4 grandes grupos: 1. Não sustentada → dura menos que 30 segundos E é estável 2. Monomórfica Sustentada → Diferenciar de TSV e RIVA!! 3. Polimórfica Sustentada ■ Não torsades ■ Torsades des Pointes TAQUICARDIA VENTRICULAR NÃO SUSTENTADA Casos sintomáticos refratários podem se beneficiar de ablação DEFINIÇÃO: Taquicardia COM > 3 QRS alargados e aberrantes, com duração < 30 segundos E sem sinais de instabilidade CAUSAS ● Idiopática: paciente sem cardiopatia estrutural conhecida → investigar com ECO e testes provocativos ○ Se ausência de alterações e paciente assintomático, nada deve ser feito ○ Se sintomático, é possível controlar apenas com B-block ● Cardiopatia estrutural: coronariopatia, cardiopatia hipertrófica ou dilatada, valvopatia ○ A presença de TVNS em cardiopatas, ao contrário da idiopática, aumenta sim o risco de morte súbita: é preciso investigar e tratar se necessário ○ Tratamento → cardiodesfibrilador implantável, indicado se ■ FE < 30% ou ■ FE < 35% + sintomas dupal Realce dupal Realce dupal Realce dupal Realce TAQUICARDIA VENTRICULAR MONOMÓRFICA SUSTENTADA (TVMS) Lembrando os sinais de instabilidade: hipotensão, choque, angina, síncope, alteração de consciência, dispneia importante, crepitações, dessaturação, sudorese Demais sintomas: ansiedade, palpitações, dispeneia leve, cefaleia, alterações de TGI DEFINIÇÃO: Taquicardia de QRS alargado e abarrante, mas de morfologia única e RR regular, que tem duração > 30 segundos OU é instável CARACTERÍSTICAS ELETROCARDIOGRÁFICAS: ● Taquicardia (FC > 100 ou 120 bpm) ○ Se FC entre 40-100 → RIVA ● > 3 QRS alargados de morfologia aberrante, mas única ● Dissociação AV, caso possa-se ver ondas P ● RR regular ● Pode haver batimentos de fusão (quanto o NSA consdegue recuperar o controle por algum momento) → Na prática, toda taquicardia com QRS é conduzida como TV até que se prove o contrário (pois é mais grave) → Na teoria, existem 4 possibilidades, mas a mais comum é TSV. Por isso, é preciso usar os CRITÉRIOS DE BRUGADA para diferenciar uma TV de uma TSV com aberrância ETIOLOGIAS → o principal mecanismo é por reentrada e a maioria (90%) é por causa estrutural, principalmente IAM ● IAM → indica infarto extenso ○ Fase aguda (< 48h) ○ Pós IAM (>48h): pode acontecer até anos depois. Quanto mais precoce, mais instabilidade e probabilidade de morte nos próximos anos ● Cardiomiopatias Dilatada, hipertrófica e valvopatias ● Cocaína: jovens SINAIS E SINTOMAS → dependem da FC e da reserva cardíaca prévia, mais grave com FC > 170 TRATAMENTO: objetiva retornar ao ritmo sinusal, prevenir recorrência e prevenir principalmente uma morte súbita. A TVMS é um ritmo facilmente chocávelarona no mesmo esquema ● CONDUTA IMEDIATA ○ INSTÁVEL → cardioversão elétrica sincronizada 100 J + amiodarona 150 IV em 10 min segunda de 1 mg/min por 6h e 0,5 mg/min por 18h ○ ESTÁVEL → apenas amiodarona ● TRATAMENTO CRÔNICO ○ Se cardiopatia estrutural ou FE < 40% → cardiodesfibrilador implantável + amiodarona ○ Sem cardiopatia e FE > 40% → apenas amiodarona ○ Em alguns casos raros, pode-se optar por ablação por radiofrequência dupal Realce dupal Realce dupal Realce CLASSIFICAÇÃO: ● Não sustentada: dura menos de 30 segundos e é estável (não leva a instabilidade hemodinâmica) → não é maligna ○ Se sintomática, basta fazer B-block para reduzir o estímulo simpático TAQUICARDIA VENTRICULAR POLIMÓRFICA SUSTENTADA→ o Termo Torsades des Pointes, em francês, inicialmente foi usado para descrever o padrão característico ao eletro de complexos QRS de maior e menos amplitude, ora positivos, ora negativos. Entretanto, atualmente o termo é definido pela duração do intervalo QT durante o ritmo sinusal do paciente (ou seja, quando ele não está em TV). Compreender este fato é de extrema importância porque, por mais que um paciente apresente a morfologia de “torção de pontas” durante a TV, se ele não apresentar QT longo durante o ritmo sinusal, a conduta vai ser diferente! DEFINIÇÃO: Taquicardia de QRS alargado e aberrante,com morfologia significativamente variável em uma mesma derivação, que tem duração > 30 segundos OU é instável ● É um ritmo de parada cardíaca! CARACTERÍSTICAS ELETROCARDIOGRÁFICAS: ● Taquicardia (FC > 100, mas geralmente > 200) ● > 3 QRS alargados de morfologia aberrante, com morfologia variável em uma mesma derivação A TVPS deve ser dividida em dois grandes grupos, de acordo com a duração do intervalo QT quando o paciente estava em ritmo sinusal ● MECANISMO DE ALONGAMENTO DO QT ○ O intervalo QT se refere ao período refratário do ventrículo ○ Ele se inicia no momento em que o ventrículo é despolarizado (QRS) ■ Abertura de canais de sódio → início ■ Abertura de canais de cálcio → “manutenção” do estado de despolarização ○ Ele termina no momento em que o ventrículo encontra-se apto a sofrer uma nova despolarização, ou seja, quando já está repolarizado ■ Abertura de canais de potássio ○ Para haver um QT longo, basta então que o miócito: 1. Permaneça mais tempo com canais de sódio e cálcio abertos, ou 2. Tenha maior dificuldade em abrir canais de potássio INTERVALO QT NORMAL INTERVALO QT LONGO TORSADES DES POINTES Isquemia miocárdica aguda grave ● 2% dos pacientes em IAM ● Mecanismo de reentrada ● Grave: cursa com instabilidade e degenera para fibrilação ● Tratamento ○ Desfibrilação 200J ○ Amiodarona 150mg IV 10min, depois 1mg/min 6h e 0,5 18h ● É necessário fazer coronariografia e avaliar necessidade de revascularização Forma familiar ● Autossômica dominante Causas congênitas: defeitos em canais de potássio lentos (tipo 1), rápidos (tipo 2) ou em canais de sódio (tipo 3). A maior atividade cardíaca aumenta a entrada de cálcio, prolongado o QT e piorando o quadro. dupal Realce Apesar de ser um antiarrítmico do grupo III, a amiodarona raramente causa torsades. Não se sabe muito bem a causa, mas pode ser por ela ter outras propriedades como B-block e BCC Os antiarrítmicos são divididos em 5 grupos (tradicionalmente 4) 1. Bloqueadores de Sódio 1A. ↓Sódio e ↑Potássio 1B. Sódio rápido 1C. ↑ Sódio lento e ↑Potássio 2. B-bloqueadores 3. Bloqueadores de Potássio 4. Bloqueadores de Cálcio “5” → Digital, adenosina, Sulfato de Magnésio ● Alto risco de more súbita com FV (aparentemente é o distúrbio de pacientes com FV idiopática) ● Desencadeada por atividade física ou estresse ● Tratamento: cardiodesfibrilador implantável Causas adquiridas: ● Distúrbios hidroeletrolíticos ○ HipoK e HipoMg ○ HipoCa OBS: “infarto fulminante” → a obstrução da coronária gera metabolismo anaeróbio e o ambiente de acidose no coração desencadeia múltiplos circuitos de reentrada ● Antiarrítmicos: principalmente os que agem muito sobre canais de potássio ○ Grupo IA: quinidina, procainamida, disopiramida ○ Grupo III: amiodarona, sotalol, ibutilida ● Psicotrópicos: Antidepressivos tricíclicos, haloperidol, risperidona ● Antimicrobianos: sulfa-trimetropim, fluoroquinolona, cetoconazol, itraconazol, ampicilina ● COVID: hidroxicloroquina e azitromicina ● Cocaína ● Organofosforados ● Bradiarritmias graves Tratamento ● Desfibrilação 200 J ● Sulfato de Magnésio 2g IV em 2 min, repetindo dose após 15 min ● Repor potássio, considerar marca-passo para prevenção de recorrência e considerar antiarrítmicos grupo IB (lidocaína e fenitoína) ● Suspender grupos IA e III OUTRAS TAQUICARDIAS VENTRICULARES ESPECIAIS O RIVA tinha tudo para ser uma TVMS, só faltou a própria taquicardia. RIVA → na verdade, é um ritmo de escape (bradicardia) que está acelerado para o seu padrão. Ao ECG, lembra uma TVMS, mas a FC está entre 40-100 bpm ● Típica de pacientes após reperfusão miocárdica por trombolíticos, ou fase aguda do IAM ● Mecanismo: automatismo acelerado das fibras de Purkinje, que assume o marca-passo. O ritmo normal seria 8-40 bpm, e ele está acelerado por estar > 40, mas não chega a ulrapassar 100 para ser classificado como taquicardia dupal Realce dupal Realce dupal Realce ● Tratamento → estimular o NSA para reassumir o marcapasso: atropina 0,5-1mg IV ○ Se assintomático, não requer tratamento algum TAQUICARDIA VENTRICULAR BIDIRECIONAL ● Típica de intoxicação digitálica e hipocalemia ● O tratamento é justamente a suspensão do digital, reposição de potássio e administração de antiarrítmicos do grupo IB: lidocaína ou fenitoína FIBRILAÇÃO VENTRICULAR A impressão do ECG é de que as ondas Q derreteram. Para cada minuto de desfibrilação, há perda de cerca de 10% da massa miocárdica ! Por isso, a principal conduta na urgência é a RCP Por isso também a adrenalina é usada → aumentar a RVP e fazer um retorno venoso para recrutar sangue para coração e SNC ● É a degeneração de uma taquicardia ventricular sustentada → é o ritmo mais comum de parada cardíaca extra-hospitalar no adulto ● Não há QRS! Resumo:
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