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BIANCA ABREU-MD3 1 Objetivos 1. Caracterizar anatomicamente e histologicamente as veias e os vasos linfáticos 1.1. Diferenciar os tipos de veia e comparar com as artérias (histologicamente) 1.2. Caracterizar os vasos linfáticos (histologicamente) 1.3. Diferenciar histologicamente os tipos de capilares (sinusoide, fenestrado e contínuo) 1.4. Caracterizar a troca de matéria nos capilares (pinocitose) 1.5. Descrever a composição da linfa 2. Caracterizar o retorno venoso 2.1. Relacionar com as forças de Starling 2.2. Relacionar com a drenagem linfática 2.3. Explicar a relação do RV com DC 2.4. Relacionar com a bomba diafragmática 2.5. Fatores que contribuem para o déficit no RV (edema, pacientes acamados, vôo, cirurgia, proteínas e albumina) 2.6. Mecanismo de ordenha 3. Caracterizar a trombose venosa profunda 3.1. Relacionar com a tríade de Virchow 3.2. Relacionar com o tromboembolismo pulmonar (TEP) 3.3. Relacionar com as obstruções venosas e com a formação desses trombos 3.4. Citar as medicações (tromboembolitico, anticoagulante e antiagregante) 3.5. Fatores de risco para a TVP 3.6. Relacionar com a síndrome pós trombolitica e insuficiência venosa crônica 3.7. Medidas preventivas (uso de meias compressivas, colchões pneumáticos, mobilização e fisioterapia) 3.8. Tipos de edema (linfático e venoso) 3.9. Importância do exercício físico 3.10. Explicar o problema bjo RV culminando em desmaio 4. Explicar a formação das varizes 4.1. Classificar os tipos de varizes 4.2. Sinais e sintomas da TVP BIANCA ABREU-MD3 2 Histologia das veias As túnicas das veias não são tão distintas nem bem definidas como as túnicas das artérias. Elas são divididas em quatro tipos com base no calibre. • As VÊNULAS são ainda subclassificadas como vênulas pós- capilares e musculares. Elas recebem sangue dos capilares e têm um diâmetro pequeno, de até 0,1 mm. • As PEQUENAS VEIAS têm menos de 1 mm de diâmetro e são contínuas com as vênulas musculares. • As VEIAS MÉDIAS representam a maioria das veias nomeadas nessa categoria. Em geral elas são acompanhadas por artérias e têm um diâmetro de até 10 mm. • As GRANDES VEIAS geralmente têm um diâmetro superior a 10 mm. Exemplos dessas veias incluem as veias cavas superior e inferior e a veia porta hepática. Embora as veias de grande e médio calibres tenham três camadas – também denominadas túnica íntima, túnica média e túnica adventícia –, essas camadas não são tão distintas como observamos nas artérias. As veias de grande e médio calibres geralmente cursam com artérias de grande e médio calibres; as arteríolas e as vênulas musculares algumas vezes cursam conjuntamente, permitindo assim a comparação nos cortes histológicos. Tipicamente, as veias têm paredes mais delgadas que suas artérias acompanhantes, e a luz da veia é mais larga do que a da artéria. A luz da arteríola em geral é permeável; a da veia frequentemente está colapsada. Muitas veias, especialmente aquelas que transportam sangue contra a gravidade, como as dos membros, contêm válvulas que permitem que o sangue flua em apenas um sentido, de volta para o coração. As válvulas são abas semilunares que consistem em um fino núcleo de tecido conjuntivo revestido por células endoteliais. Vênulas e Veias de Pequeno Calibre As vênulas pós-capilares coletam sangue da rede capilar e são caracterizadas pela presença de pericitos. As vênulas pós-capilares possuem um revestimento endotelial com sua lâmina basal e pericitos. O endotélio das vênulas pós-capilares é o principal local de ação dos agentes vasoativos como a histamina e a serotonina. A resposta a esses agentes resulta em extravasamento de líquido e emigração de leucócitos do vaso durante a inflamação e as reações alérgicas. As vênulas pós-capilares dos linfonodos também participam na migração transmural dos linfócitos da luz vascular para dentro do tecido linfático. Os pericitos formam conexões semelhantes a guarda-chuva com as células endoteliais. A relação entre as células endoteliais e os pericitos promove sua proliferação e sobrevida mútuas. Ambos sintetizam e compartilham a BIANCA ABREU-MD3 3 lâmina basal, sintetizam fatores de crescimento e se comunicam entre si através de zônulas de oclusão e de junções comunicantes. A cobertura de pericitos é mais extensa nas vênulas pós- capilares que nos capilares. As vênulas pós-capilares nos linfonodos são denominadas vênulas de endotélio alto (VEA) devido à aparência cuboide proeminente de suas células endoteliais e seus núcleos ovoides. As vênulas musculares são distinguidas das vênulas pós-capilares pela presença de uma túnica média. As vênulas musculares estão localizadas distalmente às vênulas pós-capilares na rede venosa de retorno e têm um diâmetro de até 0,1 mm. Embora as vênulas pós-capilares não tenham túnica média verdadeira, as vênulas musculares têm uma ou duas camadas de músculo liso que constituem a túnica média. Esses vasos também têm uma fina túnica adventícia. Geralmente, os pericitos não são encontrados nas vênulas musculares. Veias de Médio Calibre A maioria das veias profundas que acompanham as artérias está nessa categoria (p. ex., veia radial, veia tibial, veia poplítea). As válvulas são um aspecto característico desses vasos e são mais numerosas na porção inferior do corpo, particularmente nos membros inferiores, para impedir o movimento retrógrado de sangue em virtude da gravidade. Frequentemente, as veias profundas dos membros inferiores são o local de formação de trombo (coágulo sanguíneo), uma condição conhecida como trombose venosa profunda (TVP). A TVP está associada a imobilização dos membros inferiores devido a repouso prolongado no leito (após cirurgia ou hospitalização), aparelhos ortopédicos ou movimento restrito durante voos de longa distância. A TVP pode ser uma condição que impõe risco de vida devido ao potencial para o desenvolvimento de embolia pulmonar (bloqueio das artérias pulmonares) por um coágulo sanguíneo desalojado originário das veias profundas. As três túnicas da parede venosa são mais evidentes nas veias de médio calibre. • A túnica íntima consiste em um endotélio com sua lâmina basal, uma fina camada subendotelial com células musculares lisas ocasionais dispersas nos elementos de tecido conjuntivo e, em alguns casos, uma fina membrana elástica interna. • A túnica média das veias de médio calibre é muito mais delgada que a mesma camada nas artérias de médio calibre. Ela contém várias camadas de células musculares lisas dispostas em arranjo circular com fibras de colágeno e elásticas entremeadas. Além disso, BIANCA ABREU-MD3 4 as células musculares lisas com arranjo longitudinal podem estar presentes imediatamente abaixo da túnica adventícia. • A túnica adventícia é tipicamente mais espessa que a túnica média e consiste em fibras de colágeno e redes de fibras elásticas Veias de Grande Calibre Nas veias de grande calibre, a túnica média é relativamente fina, e a túnica adventícia é relativamente grossa. As veias com diâmetro superior a 10 mm são classificadas como veias de grande calibre. • A túnica íntima dessas veias consiste em um revestimento endotelial com sua lâmina basal, uma pequena quantidade de tecido conjuntivo subendotelial e algumas células musculares lisas. Frequentemente, o limite entre a túnica íntima e a túnica média não é bem definido, e nem sempre é fácil decidir se as células musculares lisas próximas do endotélio da íntima pertencem à túnica íntima ou à túnica média. • A túnica média é relativamente fina e contém células musculares lisas dispostas em arranjo circular, fibras de colágeno e alguns fibroblastos. Em alguns animais, mas não nos seres humanos, as células musculares cardíacas estendem-se até a túnica média tanto da veiacava superior quanto da inferior e nas veias pulmonares, próximo de sua junção com o coração. • A túnica adventícia das veias de grande calibre (p. ex., as veias subclávias, a veia porta e as veias cavas) é a camada mais espessa da parede do vaso. Juntamente com as fibras de colágeno e elásticas e os fibroblastos habituais, a túnica adventícia também contém células musculares lisas dispostas longitudinalmente Vasos Linfáticos Os vasos linfáticos transportam líquido dos tecidos para a corrente sanguínea. Além dos vasos sanguíneos, outro conjunto de vasos possui líquido circulando denominado linfa através da maioria das partes do corpo. Esses vasos transportadores de linfa servem como coadjuvantes dos vasos sanguíneos. Ao contrário dos vasos sanguíneos, que transportam o sangue para os tecidos e a partir deles, os vasos linfáticos são unidirecionais, transportando líquido apenas a partir dos tecidos. Os menores vasos linfáticos são denominados capilares linfáticos. Eles são especialmente numerosos nos tecidos conjuntivos frouxos sob o epitélio da BIANCA ABREU-MD3 5 pele e das mucosas. Os capilares linfáticos começam como tubos de “extremidade cega” nos leitos microcapilares. Os capilares linfáticos convergem em vasos cada vez maiores denominados vasos linfáticos. Por fim, eles se unem para formar dois canais principais que esvaziam seu conteúdo no sistema vascular sanguíneo pela drenagem para dentro das grandes veias na base do pescoço. A linfa entra no sistema vascular nas junções das veias jugular interna e subclávia. O maior vaso linfático, que drena a maior parte do corpo e verte o seu conteúdo nas veias do lado esquerdo, é o ducto torácico. O outro canal principal é o tronco linfático direito. Os capilares linfáticos são mais permeáveis do que os capilares sanguíneos e coletam o excesso de líquido tecidual rico em proteínas. Os capilares linfáticos são uma parte única do sistema circulatório, formando uma rede de pequenos vasos dentro dos tecidos. Devido a sua maior permeabilidade, os capilares linfáticos são mais efetivos que os capilares sanguíneos na remoção de líquido rico em proteínas dos espaços intercelulares. Uma vez coletado o líquido que entra no vaso linfático, ele é denominado linfa. Os vasos linfáticos também servem para transportar proteínas e lipídios que são muito grandes para cruzar as fenestrações dos capilares absortivos no intestino delgado. Antes de a linfa retornar para o sangue, ela atravessa os linfonodos, onde é exposta às células do sistema imune. Assim, os vasos linfáticos servem não apenas como um coadjuvante do sistema vascular sanguíneo, mas também como um componente integral do sistema imune. Os capilares linfáticos são essencialmente tubos de endotélio que, ao contrário dos capilares sanguíneos típicos, carecem de uma lâmina basal contínua. Essa lâmina basal incompleta pode estar correlacionada com sua maior permeabilidade. Os filamentos de ancoragem estendem-se entre a lâmina basal incompleta e o colágeno perivascular. Esses filamentos podem ajudar a manter a permeabilidade dos vasos durante períodos de maior pressão tecidual como na inflamação. À medida que os vasos linfáticos se tornam mais calibrosos, a parede torna-se mais espessa. O aumento da espessura deve-se ao tecido conjuntivo e aos feixes de músculo liso. Os vasos linfáticos possuem válvulas que impedem o fluxo retrógrado de linfa, auxiliando com isso o fluxo unidirecional. Não há bomba central no sistema linfático. A linfa move-se lentamente, impulsionada, principalmente, pela compressão dos vasos linfáticos pelos músculos esqueléticos adjacentes. Linfa A linfa é um sistema coloidal polifásico heterogêneo cujo meio de dispersão é a água. A linfa tem uma composição comparável à do plasma sanguíneo, mas pode variar ligeiramente. É coloidal pela presença de proteínas (colóide), polifásico (por apresentar várias fases: gorduras, proteínas), heterogêneo por não conter apenas um elemento disperso e está disperso em água por ser o seu solvente principal. É ligeiramente salgado, tem cor transparente, e ligeiramente opaca (em jejum) e branco leitoso após a digestão (principalmente gorduras). Além disso a cor varia para mais opaco quando se origina dos linfáticos intestinais. Sua densidade varia entre 1,007 BIANCA ABREU-MD3 6 e 1,043, dependendo do local onde é recolhida. Seu pH é ligeiramente alcalino e se coagula, mas, fracamente. • FASE CELULAR Þ constituído por glóbulos brancos. Os elementos figurados são os leucócitos, principalmente linfócitos e monócitos e variam em número de acordo com as espécies (homem 8.000/mm 3; cão 5.000/mm 3; coelhos 11.000/mm 3 ) • FASE MICELAR Þ Micelas de proteínas e lipídios • FASE MOLECULAR Þ Moléculas orgânicas (glicídios, uréia, Ácido Úrico) • FASE IÔNICA Þ Sais minerais dissociados em seus íons (Cloretos, fosfatos e bicarbonatos) A composição da linfa varia de acordo com local em que é produzida: Se músculo Þ é transparente Se mesentério Þ leitosa (proteinas +++, lipídios+++, etc...) Obs.: a Linfa é derivada do Líquido Intersticial que flui para os Vasos Linfáticos. Por isso esses líquidos têm praticamente a mesma composição. A maior parte (2/3) é formada no fígado e nos intestinos. A linfa do Ducto Torácico é a mistura da linfa de todas as partes do corpo. Histologia dos Capilares Os capilares são os vasos sanguíneos de menor diâmetro, frequentemente menores que o diâmetro de uma hemácia. Os capilares formam as redes vasculares sanguíneas que permitem que os líquidos contendo gases, metabólitos e produtos de degradação se movam através de sua parede fina. Cada capilar consiste em uma única camada de células endoteliais e suas lâminas basais. As células endoteliais formam um tubo de diâmetro exatamente suficiente para permitir a passagem das hemácias uma de cada vez. A hemácia que atravessa o capilar praticamente preenche toda a sua luz, minimizando a via de difusão para gases e nutrientes entre o capilar e o tecido extravascular. Nos cortes transversais e com o MET, o tubo parece ser formado por apenas uma célula ou porções de diversas células. Por causa de suas paredes finas e da íntima associação física com células e tecidos metabolicamente ativos, os capilares são particularmente bem adequados para a troca gasosa e a de metabólitos entre as células e a corrente sanguínea. As relações entre o volume dos capilares e a área da superfície endotelial e a espessura também favorecem o movimento de substâncias através da parede do vaso. Classificação dos Capilares A estrutura dos capilares varia em diferentes tecidos e órgãos. Com base em sua morfologia, são descritos três tipos de capilares: capilares contínuos, capilares fenestrados e capilares descontínuos. Os capilares contínuos são encontrados tipicamente no músculo, no pulmão e no SNC. Com o MET, eles aparecem, nos cortes transversais, como duas membranas plasmáticas envolvendo uma fita de citoplasma que pode incluir o núcleo. As junções de oclusão podem ser visualizadas no corte BIANCA ABREU-MD3 7 transversal típico de um capilar contínuo. Elas permitem apenas a passagem de moléculas relativamente pequenas entre as células endoteliais adjacentes. Numerosas vesículas pinocitóticas encontram-se subjacentes às superfícies da membrana plasmática tanto luminal quanto da basal. As vesículas funcionam no transporte de moléculas maiores entre a luz e o tecido conjuntivo e vice- versa. Em alguns capilares contínuos e vênulas pós-capilares, os pericitos podem estar associados ao endotélio. O pericito, quando presente, circunda intimamente o capilar, com prolongamentos citoplasmáticos ramificantes, e é envolvido por uma lâmina basal que é contínua com a do endotélio. Os pericitos são contráteis e são controlados pelo NO produzido pelas células endoteliais. Eles proporcionam suporte vascular e promovema estabilidade dos capilares e das vênulas pós- capilares através da sinalização física e química com as células endoteliais vasculares. Histologicamente, os pericitos exibem características de células-tronco mesenquimais indiferenciadas com grandes núcleos ricos em heterocromatina. Durante o desenvolvimento embrionário ou a angiogênese (i. e., cicatrização de ferimento), os pericitos dão origem tanto às células endoteliais quanto às células musculares lisas. Os pericitos estão diretamente envolvidos na patogênese de doenças de acometimento vascular (i. e., retinopatia diabética e angiogênese tumoral). Além disso, divisões não controladas dos pericitos dão origem ao hemangiopericitoma, um raro tumor vascular que pode se originar no corpo em qualquer local onde existam capilares. Os capilares fenestrados são tipicamente encontrados nas glândulas endócrinas e locais de absorção de líquidos e metabólitos, como a vesícula biliar, os rins e o trato intestinal. Eles são caracterizados por fenestrações com 80 a 100 nm de diâmetro que proporcionam canais através da parede do capilar. Os capilares fenestrados também contam com vesículas pinocitóticas. Os capilares descontínuos (também denominados capilares sinusoidais ou sinusoides) são tipicamente encontrados no fígado, no baço e na medula óssea. Eles têm um diâmetro maior e um formato mais irregular do que outros capilares. As características estruturais desses capilares variam de órgão para órgão e incluem células especializadas. As células de Kupffer (macrófagos sinusoidais estrelados) e as células de Ito armazenadoras de vitamina A (células estreladas hepáticas) no fígado ocorrem em associação às células endoteliais. No baço, as células endoteliais exibem um formato fusiforme único com lacunas entre as células vizinhas; a lâmina basal subjacente ao endotélio pode estar parcial ou até mesmo completamente ausente. “A macropinocitose tradicional, comumente observada em células em cultura e em células endoteliais dos capilares sanguíneos, pequenas expansões membranosas são vistas, ao microscópio de luz, capturando gotículas de fluido do meio em que vivem. O primeiro tipo toma solutos dissolvidos no meio de forma indistinta e é encontrada em praticamente todos os tipos celulares. É muito evidente, por exemplo, em células endoteliais de capilares sangüíneos, onde vesículas micropinocíticas são responsáveis pelo transporte transcelular de substâncias entre a luz do capilar e o tecido que o rodeia.” BIANCA ABREU-MD3 8 Trombose Existem três principais anormalidades que levam à formação de trombo, chamada de tríade de Virchow : (1) lesão endotelial, (2) estase ou fluxo sanguíneo turbulento e (3) hipercoagulabilidade do sangue. Lesão Endotelial A lesão endotelial é uma causa importante de trombose, particularmente no coração e nas artérias, onde as altas taxas de fluxo poderiam, por outro lado, prevenir a coagulação impedindo a adesão plaquetária ou diluindo os fatores de coagulação. São exemplos de trombose relacionada a dano endotelial: a formação de trombos nas câmaras cardíacas após infarto do miocárdio, sobre placas ulceradas em artérias ateroscleróticas ou em locais de lesão vascular traumática ou inflamatória (vasculite). A franca perda de endotélio expõe a MEC BIANCA ABREU-MD3 9 subendotelial (levando à adesão plaquetária), libera fator tecidual e reduz a produção local de PGI2 e de ativadores de plasminogênio. Qualquer perturbação do equilíbrio dinâmico dos efeitos protrombóticos do endotélio pode influenciar localmente a coagulação. Assim, o endotélio disfuncional elabora maiores quantidades de fatores pró-coagulantes (p. ex., moléculas de adesão plaquetária, fator tecidual, PAI) e sintetiza menores quantidades de moléculas anticoagulantes (p. ex., trombomodulina, PGI2, t-PA). A disfunção endotelial pode ser induzida por uma variedade de agressões, incluindo hipertensão, fluxo sanguíneo turbulento, produtos bacterianos, lesão por radiação, anormalidades metabólicas, como homocistinúria e hipercolesterolemia, e por toxinas absorvidas da fumaça de cigarro. Fluxo Sanguíneo Anormal A turbulência contribui para trombose arterial e cardíaca por causar lesão ou disfunção endotelial, e também por formar contracorrentes e bolsas locais de estase. A ESTASE É UM FATOR IMPORTANTE NO DESENVOLVIMENTO DE TROMBOS VENOSOS. Estase e fluxo sanguíneo turbulento (caótico) têm os seguintes efeitos deletérios: • Ambos promovem a ativação das células endoteliais e aumentam a atividade pró-coagulante, em parte por meio de alterações induzidas pelo fluxo na expressão genética endotelial. • A estase permite que plaquetas e leucócitos entrem em contato com o endotélio quando o fluxo é lento. • A estase também torna lenta a eliminação dos fatores de coagulação ativados e impede o influxo de inibidores de fator de coagulação. O fluxo sanguíneo turbulento e estático contribui para a trombose em uma série de quadros clínicos. Placas ateroscleróticas ulceradas não apenas expõem a MEC subendotelial, mas também causam turbulência. Dilatações aórticas e arteriais anormais, chamadas aneurismas, criam estase local e, consequentemente, um local fértil para trombose. O infarto agudo do miocárdio resulta em não contração focal do miocárdio. O remodelamento ventricular após infarto mais remoto pode levar à formação de um aneurisma. Em ambos os casos, os trombos murais cardíacos formam-se mais facilmente em decorrência de estase sanguínea local. A estenose da valva mitral (p. ex., após doença cardíaca reumática) resulta em dilatação atrial. Em conjunto com a fibrilação atrial, um átrio dilatado é um local de estase profunda, bem como uma localização primária para o desenvolvimento de trombos. As síndromes de hiperviscosidade (como policitemia) aumentam a resistência ao fluxo e causam estase dos pequenos vasos; as hemácias deformadas da anemia falciforme causam oclusões vasculares, e a estase resultante também predispõe à trombose. Hipercoagulabilidade É infrequente a contribuição da hipercoagulabilidade para a trombose arterial ou intracardíaca, mas é um importante fator de risco subjacente para trombose venosa. É definida livremente BIANCA ABREU-MD3 10 como qualquer alteração das vias de coagulação que predisponha as pessoas afetadas à trombose, e pode ser dividida em desordens primárias (genéticas) e secundárias (adquiridas). A HIPERCOAGULABILIDADE PRIMÁRIA (HERDADA) COM MAIS FREQUÊNCIA É CAUSADA POR MUTAÇÕES NO FATOR V E NOS GENES DA PROTROMBINA: • Aproximadamente 2-15% dos brancos são portadores de uma mutação específica do fator V (chamada mutação de Leiden, segundo a cidade holandesa onde foi descrita pela primeira vez). A mutação altera um resíduo de aminoácido no fator V e o torna resistente à proteína C. Assim é perdido um importante mecanismo antitrombótico. Os heterozigotos são portadores de um risco cinco vezes maior de trombose venosa, tendo os homozigotos um risco 50 vezes maior. • A substituição de um único nucleotídeo (G para A) na região não traduzida 39 do gene da protrombina é um alelo bastante comum (encontrado em 1-2% da população geral). Essa variante resulta em aumento da transcrição de protrombina e está associada a um risco quase três vezes maior de tromboses venosas. • Os estados hipercoaguláveis primários menos comuns incluem deficiências herdadas de anticoagulantes, como antitrombina III, proteína C ou proteína S; os pacientes afetados tipicamente apresentam trombose venosa e tromboembolismo recorrente na adolescência ou no início da vida adulta Níveis congenitamente elevados de homocisteína contribuem para as tromboses (e de fato para o desenvolvimento de aterosclerose). A hipercoagulabilidade secundária (adquirida) é observada em muitas situações. Em algumas situações (p. ex., insuficiência cardíaca ou trauma), estase oulesão vascular pode ser o fator mais importante. A hipercoagulabilidade associada ao uso de contraceptivos orais e ao estado de gravidez pode estar relacionada a aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e à redução da síntese de antitrombina III. Em cânceres disseminados, a liberação de produtos tumorais procoagulantes (p. ex., mucina do adenocarcinoma) predispõe à trombose. A hipercoagulabilidade observada com o avançar da idade é atribuída ao aumento da agregação plaquetária e reduzida liberação de PGI2 do endotélio. Tabagismo e obesidade promovem a hipercoagulabilidade por mecanismos desconhecidos. Morfologia do trombo Podem se desenvolver trombos em qualquer parte do sistema cardiovascular. Trombos arteriais ou cardíacos surgem tipicamente em locais de lesão endotelial ou turbulência; trombos venosos ocorrem caracteristicamente em locais de estase. Os trombos são focalmente fixados à superfície vascular subjacente e tendem a se propagar na direção do coração; assim, os trombos arteriais se desenvolvem em direção retrógrada a partir do ponto de fixação, enquanto os trombos venosos estendem-se na direção do fluxo sanguíneo. A porção propagante de um trombo tende a fixar-se mal e, portanto, é propensa a fragmentação e migração através do sangue como êmbolo. Os trombos podem ter laminações macroscopicamente (e microscopicamente) aparentes chamadas linhas de Zahn; elas representam camadas de plaquetas e fibrinas pálidas com camadas ricas em hemácias mais escuras. Tais linhas são significativas, já que são encontradas BIANCA ABREU-MD3 11 apenas em trombos que se formam em sangue fluido; sua presença pode, portanto, distinguir geralmente entre trombose ante mortem e os coágulos não laminados brandos formados em estado post mortem. Embora os trombos formados no sistema venoso de “fluxo lento” se assemelhem superficialmente a coágulos post mortem, cuidadosa avaliação em geral revela laminações mal definidas. Os trombos que ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen aórtico são designados trombos murais. A contração miocárdica anormal (arritmias, miocardiopatia dilatada ou infarto do miocárdio) ou a lesão endomiocárdica (miocardite, trauma de cateter) promovem os trombos cardíacos, enquanto as placas ateroscleróticas ulceradas e a dilatação aneurismática promovem trombose aórtica. Tipicamente, os trombos arteriais são relativamente ricos em plaquetas, uma vez que processos subjacentes ao seu desenvolvimento (p. ex., lesão endotelial) levam à ativação plaquetária. Embora normalmente sejam sobrepostos a uma placa aterosclerótica rota, outras lesões vasculares (vasculite, trauma) também podem ser causais. Os trombos venosos (flebotrombose) frequentemente se propagam a alguma distância na direção do coração, formando um longo cilindro no lúmen do vaso, o qual é propenso a dar origem a êmbolos. O aumento de atividade dos fatores de coagulação está envolvido na gênese da maioria dos trombos venosos, caso em que a ativação plaquetária assume um papel secundário. Como esses trombos se formam na circulação venosa lenta, eles tendem a conter hemácias mais emaranhadas, levando à denominação trombos vermelhos ou estase. As veias das extremidades inferiores são afetadas com mais frequência (90% das tromboses venosas); entretanto, os trombos venosos também podem ocorrer nas extremidades superiores, plexo periprostático ou veias ovarianas e periuterinas, e em circunstâncias especiais podem ser encontrados nos seios durais, na veia porta ou na veia hepática. Na necropsia, coágulos post mortem algumas vezes podem ser confundidos com trombos venosos. Entretanto, os primeiros são gelatinosos e se devem ao fato de a fixação de hemácias ter uma porção dependente vermelho-escura e uma porção superior do tipo “gordura de frango” amarela; normalmente eles também não são fixados à parede do vaso subjacente. Em contrapartida, os trombos vermelhos tipicamente são firmes, focalmente fixados às paredes do vaso e contêm filamentos cinzentos de fibrina depositada. Os trombos nas valvas cardíacas são chamados de vegetações. Infecções bacterianas ou fúngicas podem causar dano à valva, levando ao desenvolvimento de grandes massas trombóticas endocardite infecciosa). Vegetações estéreis também podem se desenvolver em valvas não infectadas em estados hipercoaguláveis — as lesões da chamada endocardite trombótica não bacteriana. Com menos frequência, endocardite verrucosa (endocardite de Libman-Sacks) estéril pode ocorrer no quadro de lúpus eritematoso sistêmico. Destino do Trombo Se um paciente sobreviver a um evento trombótico inicial, durante os dias subsequentes o trombo evolui pela combinação dos quatro processos a seguir: • PROPAGAÇÃO. O trombo aumenta por acréscimos de plaquetas adicionais e fibrina, que aumentam a margem de oclusão ou embolização vascular. BIANCA ABREU-MD3 12 • EMBOLIZAÇÃO. O trombo, no todo ou em parte, se desloca e é transportado para outra parte na vasculatura. • DISSOLUÇÃO. Se um trombo é recém-formado, a ativação dos fatores fibrinolíticos pode levar à sua rápida contração e completa dissolução. No caso de trombos antigos, a extensa polimerização da fibrina torna o trombo substancialmente mais resistente à proteólise induzida por plasmina e a lise é ineficaz. Essa aquisição de resistência à lise tem significância clínica, uma vez que a administração terapêutica de agentes fibrinolíticos (p. ex., t-PA no quadro de trombose coronariana aguda) geralmente não é eficaz, a não ser que sejam administrados dentro de algumas horas da formação do trombo. • ORGANIZAÇÃO E RECANALIZAÇÃO. Os trombos antigos se tornam organizados pelo crescimento de células endoteliais, células da musculatura lisa e fibroblastos para dentro de um trombo rico em fibrina. Em tempo, formam-se canais capilares que — até certo ponto — criam condutos ao longo da extensão do trombo, restabelecendo, portanto, a continuidade do lúmen original. Algumas vezes, a canalização adicional pode converter um trombo em massa vascularizada de tecido conjuntivo que eventualmente se incorpora à parede do vaso remodelado. Ocasionalmente, em vez de se organizar, o centro de um trombo sofre digestão enzimática, presumivelmente por liberação de enzimas lisossomais provenientes de leucócitos capturados. Se ocorrer semeadura bacteriana, os conteúdos dos trombos degradados servem como meio de cultura ideal, e a infecção resultante pode enfraquecer a parede do vaso, levando à formação de um aneurisma micótico Correlação Clínica Os trombos são significativos por causarem obstrução de artérias e veias podendo dar origem a êmbolos. O efeito de maior importância clínica dependerá do local da trombose. Assim, embora os trombos venosos possam causar congestão e edema nos leitos vasculares distais a uma obstrução, eles são mais preocupantes por seu potencial para embolizar para os pulmões e causar óbito. Por outro lado, embora os trombos arteriais possam embolizar e causar infarto tecidual, sua tendência a obstruir os vasos (p. ex., nos vasos coronarianos e cerebrais) é consideravelmente mais importante. Trombose venosa (flebotrombose). A maior parte dos trombos venosos ocorre nas veias superficiais ou profundas da perna. Os trombos venosos superficiais normalmente surgem no sistema safeno, em especial no quadro de varicosidades; raramente embolizam, mas podem ser dolorosos e causar congestão local e edema decorrentes do fluxo de saída venoso comprometido, predispondo a pele sobrejacente ao desenvolvimento de infecções e úlceras varicosas. As tromboses venosas profundas (“TVPs”) nas veias maiores da perna, no joelho ou acima dele (p. ex., veias poplítea, femoral e ilíaca), são mais sérias pela propensão a embolizar. Embora tais TVPs possam causar dor local e edema, a obstrução venosa com frequência é envolvida por canais colaterais. BIANCAABREU-MD3 13 Consequentemente, as TVPs são totalmente assintomáticas em cerca de 50% dos pacientes e reconhecidas somente depois de terem embolizado para os pulmões. As TVPs da extremidade inferior estão associadas à estase e aos estados hipercoaguláveis; assim, são fatores predisponentes comuns a insuficiência cardíaca congestiva, o repouso e a imobilização no leito; os dois últimos fatores reduzem a ação de ordenha dos músculos da perna e, portanto, tornam lento o retorno venoso. Trauma, cirurgia e queimaduras não apenas imobilizam um paciente, mas também estão associados a lesão vascular, liberação de procoagulante, aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e redução da produção de t-PA. Muitos fatores contribuem para a diátese trombótica da gravidez; além da infusão do líquido amniótico potencial na circulação no momento do parto, a pressão produzida pelo aumento de tamanho do feto e do útero pode produzir estase nas veias das pernas, e a gravidez tardia e o período pós-parto estão associados à hipercoagulabilidade. A liberação de pró- -coagulante associada a tumor é em grande parte responsável pelo aumento de risco dos fenômenos tromboembólicos observados nos cânceres disseminados, o que algumas vezes é referido como tromboflebite migratória pela tendência a envolver vários leitos venosos diferentes ou como síndrome de Trousseau. Independentemente do quadro clínico específico, o risco de TVP é maior em pessoas com mais de 50 anos. Ocorre com alta frequência em pessoas deambulatórias e sob outros aspectos saudáveis, sem provocação aparente ou anormalidade de base. De forma igualmente importante, a trombose assintomática (e presumivelmente a subsequente resolução) ocorre consideravelmente com mais frequência do que em geral se estima. Fatores de risco para TVP Dentre os principais fatores de risco temos a idade avançada, a gravidez em decorrência do aumento da liberação de estrogênio e progesterona, a formação de placas de ateroma e a formação de varicozes a longo prazo pode propiciar a formação de TVP. DEFICIÊNCIAS Deficiência de Antitrombina: sintetizada no fígado, regula a coagulação formando um complexo com a Trombina, fator Xa ou outro fator de coagulação ativado. A deficiência de Antitrombina pode ser causada pela síntese diminuída da proteína normal ou pela síntese de uma proteína disfuncional. Deficiência de proteína C: a trombina inicia a via da proteína C quando se liga a trombomodulina na superfície da Célula Endotelial. A trombina ligada a trombomodulina ativa a proteína C em cerca de 1000 vezes mais eficientemente que a trombina isolada. A proteína C ativada diminui a geração de trombina inativando fatores Va e VIIIa na superfície da plaqueta ativada. Para a inativação eficiente desses fatores, a proteína C ativada deve ligar-se a proteína S, seu cofator. Obs.: Deficiência de proteína C Hereditária pode ser causada por uma reduzida síntese de proteína normal, ou síntese normal das formas disfuncionais da proteína C. Deficiência de proteína S: a Proteína S serve como cofator para a C ativada. Ela pode inibir diretamente a ativação de Protrombina devido a sua capacidade de se ligar ao fator Va ou Xa, componentes do complexo de Protrombinase. BIANCA ABREU-MD3 14 Obs.: a Deficiência Hereditária pode resultar da síntese reduzida ou síntese da proteína disfuncional. A síntese diminuída pode ocorrer em pacientes com doença hepática. O consumo aumentado ocorre em pacientes com trombose aguda e pacientes com Síndrome Nefrótica podem excretar proteína S livre na urina. Na circulação, 60% da proteína S está ligada a proteína ligante de C4b. Gravidez: na gravidez, a Pressão Fetal pode produzir Estase nas veias das pernas por comprimir as Veias Cava Superior e Ilíacas, principalmente no 3º trimestre, provavelmente por venodilatação induzida hormonalmente. Além disso, o potencial de infusão do líquido amniótico para a circulação no momento do parto, a gravidez tardia e o período pós-parto estão associados à Hipercoagulabilidade Sistêmica Obs.: mais de 90% dos Trombos Venosos Profundos na gestação ocorrem na perna esquerda porque o útero alargado comprime a Veia Ilíaca Esquerda por exercer pressão nas Artérias Ilíacas e Ovarianas sobrejacentes. Estresse: Sedentarismo: pois reduz a ação dos músculos da perna levando a redução do Retorno Venoso; Traumas, Cirurgias e Queimaduras: não apenas imobilizam como estão associados a Lesão Vascular, Liberação de Substancias Pró-Coagulantes dos tecidos lesados, aumento da Síntese Hepática dos Fatores de Coagulação e produção de t-PA alterada. Obesidade: o risco de Tromboembolismo Venoso aumenta 1,2 vez para cada 10 kg/m2 de aumento de IMC. Obesidade leva a imobilidade, além disso, Tecido Adiposo, particularmente gordura visceral, expressa citocinas Pró-Inflamatórias e Adipocinas, os quais promovem a coagulação aumentando as proteínas anticoagulantes ou podem diminuir a Fibrinólise. Idade Materna Avançada (> 40anos): a diminuição da resistência da parede da Veia poderia propiciar a dilatação da mesma, com consequente diminuição da Velocidade Sanguínea, facilitando o desenvolvimento da Trombose. Também foi encontrada uma menor atividade fibrinolítica nas veias das pernas de indivíduos de mais de 65 anos. Raça (maior prevalência em negras). Anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal: os Estrógenos aumentam os níveis sanguíneos de Fatores de Coagulação como o II, VII, VIII, IX e X, reduzem os níveis de Antitrombina III, depletam o Ativador do Plasminogênio das paredes vasculares e aumentam BIANCA ABREU-MD3 15 complexos solúveis de monômeros de Fibrina no plasma. Também alterações na Viscosidade Sanguínea e da parede vascular foram descritas com o uso de Estrógenos. O risco de TVP aumenta 2 - 8 vezes com uso de anticoncepcional e 2 - 4 vezes na terapia de reposição. O Etinilestradiol (principal estrógeno endógeno) induz alterações significativas no sistema de coagulação, culminando com aumento da formação de trombina. ↑ fatores de coagulação (fibrinogênio, trombina, VII, VIII, IX, X, XII e XIII) ↓ inibidores naturais da coagulação (proteína S e antitrombina) Produzindo, portanto, um efeito Pró-Coagulante leve. O efeito mais importante do Estrogénio sobre os Fatores de Coagulação é a indução de resistência adquirida à proteína C ativada. Os Progestágenos possuem efeito sistêmico se ligando a receptores e produzindo resistência a Proteína C. Incluem os de 2º geração (Levonogestrel) e 3º geração (Gestodeno, Desogestrel). Ação nos mecanismos de hemóstase em utilizadoras de Contraceptivos Orais de Terceira Geração VS Segunda Geração, resultam em aumento dos níveis de Protrombina e fator VII, fator VIII, fator X, fibrinogénio; bem como o decréscimo dos níveis de fator V e proteína S; assim como uma diminuição da sensibilidade à proteína C ativada (resistência adquirida). TEP E TVP Trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP) estão ligados de maneira inseparável como uma progressão do processo de uma doença. A maioria dos êmbolos pulmonares se origina nas veias profundas das extremidades inferiores ou da pelve. O tromboembolismo pulmonar (TEP) é a complicação aguda mais temível da trombose venosa profunda. “Cerca de 90% dos casos de TEP surgem de TVP Prévia. No entanto, é importante saber que a maior parte dos trombos que se desprendem, ganham a corrente sanguíneo, vão para os pulmões e originam TEP estão nas veias ílio-femorais (metade dos trombos íleo-femorais evoluem para embolia pulmonar).” Síndrome Pós trombótica e insuficiência venosa crônica A insuficiência venosa crônica é definida como uma anormalidade do funcionamento do sistema venoso causada por uma incompetência valvular, associada ou não à obstrução do fluxo venoso. Pode afetar o sistema venoso superficial, o sistema venoso profundo ou ambos.Além disso, a disfunção venosa pode ser resultado de um distúrbio congênito ou pode ser adquirida. Síndrome pós-trombótica é a insuficiência venosa crônica sintomática após TVP. As causas são os distúrbios que acarretam hipertensão venosa, normalmente por lesão venosa ou insuficiência das valvas venosas, como acontece após TVP. BIANCA ABREU-MD3 16 Sinais e Sintomas da TVP Quando presente, os sinais e sintomas (p. ex., dor vaga, sensibilidade ao longo da distribuição das veias, edema e eritema) são inespecíficos, a frequência e a gravidade são variáveis, sendo semelhantes em braços e pernas. As veias superficiais colaterais dilatadas podem se tornar visíveis ou palpáveis. Ocasionalmente, provoca-se desconforto na panturrilha com flexão dorsal do tornozelo (sinal de Homan), com o joelho estendido, na vigência de TVP da parte distal da perna, mas não é sensível e nem específico. Sensibilidade da perna, edema de toda a perna, diferença > 3 cm entre as circunferências das panturrilhas, edema depressível e veias superficiais colaterais podem ser mais preditivos, uma vez que há probabilidade de TVP com a combinação de ≥ 3 desses fatores e na ausência de outro diagnóstico provável. A sintomatologia clínica pode ser atípica sem sinais evidentes, porém algumas vezes o paciente se queixa de dores intensas na região comprometida, que pioram com a deambulação, com edema difuso (aumento ≥ 2 cm da circunferência em relação ao membro contra-lateral), cianose local e impotência funcional, dilatação das veias supericiais (não varicosa). Apenas 20% das TVP apresentam essa sintomatologia. Na maioria das vezes os sintomas podem ser provocados por testes clínicos indicativos: 1) Dor à pressão na face interna da coxa (m. sartório e grácil); 2) Dor à pressão na face posterior do tornozelo; 3) Dor à pressão na musculatura plantar; 4) Sinal da “bandeira”: empastamento da panturrilha. 5) Sinal de Bancroft: dor à compressão da musculatura da panturrilha; 6) Sinal de Homans: dor à lexão dorsal do pé. A trombose venosa profunda pode ser absolutamente assintomática. Quando aparecem, podem envolver: Embolia pulmonar • Edema; • Dor; • Calor; • Rubor (vermelhidão) • Rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo. Síndrome pós-flebítica • Edema (inchaço); • Cor mais escura da pele; • Endurecimento do tecido subcutâneo; • Eczemas; • Úlceras. Sincope e Retorno Venoso BIANCA ABREU-MD3 17 Nos pacientes com TEP agudo e maciço (área arterial pulmonar acometida em mais de 50%), pode ocorrer síncope e colapso cardiovascular, devido a súbita redução do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral A ocorrência de síncope durante o tromboembolismo pulmonar pode resultar de três possibilidades distintas: a primeira seria uma falência ventricular direita aguda, ocasionada por uma embolia maciça com consequente redução da área de secção transversa vascular pulmonar e hipertensão arterial pulmonar, falência que desencadearia uma diminuição expressiva do enchimento ventricular esquerdo, com concomitante taquicardia, hipotensão arterial e baixo fluxo cerebral, possivelmente, o mecanismo mais provável da síncope em vigência de tromboembolismo pulmonar agudo. Além das alterações hemodinâmicas, distúrbios respiratórios que incluem broncoconstrição, aumento do espaço morto e diminuição do surfactante pulmonar colaboram para o quadro clínico dos pacientes Medidas preventivas de tromboembolia venosa Medidas físicas Elevação dos membros inferiores: Em pacientes impossibilitados de deixar o leito, a elevação dos membros inferiores que compense a diferença de altura em supino entre as veias da região poplítea e a veia femoral ao redor de 10cm se opõe à estase venosa e é considerada um método útil de prevenção em estudos não controlados. Movimentação ativa e passiva dos membros inferiores: Em pacientes impossibilitados de deixar o leito. Deambulação precoce: Saída do leito e deambulação constituiu-se no primeiro método físico de prevenção da troboembolia venosa, devendo associar-se aos demais. Meias elásticas de compressão graduada (MECG): Constituem-se em indicação primária, junto com a deambulação precoce. Aumentam a velocidade do fluxo venoso na veia femoral. Devem- se preferir as que vão até a coxa, mas as que chegam até o joelho também são eficientes. Compressão pneumática intermitente externa dos membros inferiores (CPI): Através da insuflação sequencial de manguitos, envolvendo dos pés à panturrilha, aumenta significativamente o fluxo venoso e tem ação fibrinolítica. É altamente eficaz. Pode substituir ou ser acrescentado aos esquemas com drogas antitrombóticas. Filtro de veia cava inferior: permanentes e temporários: Prevenção de TEP em pacientes de riscos alto e muito alto impossibilitados de receber anticoagulantes ou com antecedentes de insucesso com as medidas usuais. Filtros temporários (até 14 dias) podem ser usados em situações igualmente temporárias de risco. Profilaxia farmacológica BIANCA ABREU-MD3 18 Heparina não fracionada (HNF): Doses subcutâneas (SC) entre 10.000 e 15.000UI ao dia, fracionadas em 2-3 vezes ¾ conhecidas como "minidoses”: são eficientes em impedir a formação de trombos venosos. Não alteram as provas de coagulação, não exigindo controle laboratorial, e apresentam pouco risco de sangramento maior. Heparina não fracionada dose-ajustada: Geralmente inicia-se com 3.500UI SC 8/8 horas, ajustando a dose para manter o TTPA no limite superior da normalidade. São altamente eficientes na profilaxia da formação de trombos venosos. Exigem controle laboratorial. Pouco risco de sangramento maior. ANTICOAGULANTE Heparina de baixo peso molecular (HBPM): Tem maior biodisponibilidade, maior meia-vida plasmática, ação mais estável e menor indução de trombocitopenia. Tem efeitos iguais ou ligeiramente superiores à HNF em impedir a trombogênese venosa e menor risco hemorrágico. Pode ser usada uma vez ao dia, mas em situações de risco muito alto duas doses diárias seriam mais eficazes. Prescinde de controle laboratorial. Cumarínicos: Doses ajustadas de cumarínicos para o INR ficar entre 2 e 3 são altamente eficazes, mas exigem controle laboratorial. "Minidose" de warfarin em doses fixas de 1mg ao dia, com o objetivo de INR em torno de 1,5, também tem sido eficaz em impedir trombose venosa, destacadamente em pacientes com cateteres intravenosos centrais. ANTICOAGULANTE Dextran: Reduz a viscosidade plasmática, a adesividade e a agregação plaquetária e diminui a polimerização da fibrina. É utilizado sobretudo em pacientes com história de trombocitopenia induzida por heparina, em pacientes com quadros neurológicos agudos e em neurocirurgia (perioperatório). Sua eficácia para prevenir TEP é semelhante à da HNF. Há risco de anafilaxia, nefrotoxicidade e sobrecarga hídrica. A dose usual do dextran-40 é de 500ml endovenoso durante seis horas, uma vez ao dia. ANTIROMBOTICO Danaparóide sódico (Orgaranâ): É um heparinóide com relação anti-Xa/IIa maior que as HBPM. Tem boa biodisponibilidade e meia-vida maior que as HBPM, não necessitando monitorização laboratorial. A dose usual é de 750UI anti-Xa duas vezes ao dia. Tem eficácia e percentual de sangramento semelhantes aos da HNF. Não há relato de trombocitopenia induzida por esta droga, sendo uma opção neste contexto. Ainda não disponível no país. ANTICOAGULANTE Inibidores diretos da trombina: O representante mais conhecido desta classe é a hirudina recombinante (ou desirudina), que age diretamente tanto na trombina livre quanto na trombina ligada à fibrina, sem necessitar de co-fatores. Em algumas situações, mostrou-se mais eficaz que a HBPM na prevenção da TEV. A dose usual da desirudina é de 15mg SC duas vezes ao dia. Ainda não disponível no país. ANTICOAGULANTE Sobre medicamentos Agentes trombolíticos BIANCA ABREU-MD3 19Embora varfarina, heparina não fracionada, heparinas de baixo peso molecular, inibidores seletivos do fator Xa e inibidores diretos da trombina sejam efetivos na prevenção de formação e propagação de trombos, esses fármacos são geralmente ineficazes contra coágulos preexistentes. São utilizados agentes trombolíticos para a lise de coágulos já formados, propiciando, assim, a recanalização do vaso obstruído antes que ocorra necrose tecidual distal. Os agentes trombolíticos atuam por meio da conversão de plasminogênio (zimogênio inativo) em plasmina (protease ativa). Conforme já assinalado, a plasmina é uma protease relativamente inespecífica que digere a fibrina, formando produtos de degradação da fibrina. Infelizmente, a terapia trombolítica tem o potencial de dissolver não apenas os trombos patológicos, como também os coágulos de fibrina fisiologicamente apropriados que se formaram em resposta à lesão vascular (fibrinólise sistêmica). Por conseguinte, o uso de agentes trombolíticos pode resultar em hemorragia de gravidade variável. Anticoagulantes À semelhança dos agentes antiplaquetários, os anticoagulantes são usados tanto para prevenção quanto para tratamento de doenças trombóticas. São quatro as classes de fármacos anticoagulantes: varfarina, heparinas não fracionada e de baixo peso molecular, inibidores seletivos do fator Xa e inibidores diretos da trombina. Os anticoagulantes são dirigidos para vários fatores na cascata de coagulação, interrompendo, assim, a cascata e impedindo a formação de uma rede de fibrina estável (tampão hemostático secundário). Nesta seção, as quatro classes de anticoagulantes são discutidas por ordem de seletividade, dos agentes menos seletivos (varfarina e heparina não fracionada) até os agentes mais seletivos (inibidores seletivos do fator Xa e inibidores diretos da trombina). A proteína C ativada recombinante também apresenta atividade anticoagulante, embora esteja clinicamente indicada para a sepse grave. Em decorrência dos mecanismos de ação desses fármacos, o sangramento constitui um efeito adverso comum a todos eles. Agentes antiplaquetários Conforme descrito, a formação de um tampão plaquetário localizado em resposta à lesão endotelial constitui a etapa inicial no processo de trombose arterial. Por conseguinte, a inibição da função plaquetária constitui uma estratégia profilática e terapêutica útil contra o infarto do miocárdio e o acidente vascular encefálico, causados por trombose em artérias coronárias e cerebrais, respectivamente. As classes de fármacos antiplaquetários de uso clínico corrente incluem inibidores de ciclo-oxigenase (COX), fosfodiesterase, da via do receptor ADP e antagonistas da GPIIb-IIIa. Importância do Exercício Físico O exercício físico é importante porque, além de atuar na contração das panturrilhas que ajuda no retorno venoso, também contribui para a diminuição do peso e da possibilidade de obstruir alguma veia, ou até mesmo de uma artéria, que possa culminar em alguma turbulência do fluxo sanguíneo. BIANCA ABREU-MD3 20 Edema O edema é um sinal de que as trocas normais entre os sistemas circulatório e linfático estão alteradas. O edema, em geral, ocorre por uma destas duas causas: (1) drenagem inadequada da linfa ou (2) filtração capilar sanguínea que excede muito a absorção capilar. O desequilíbrio entre as forças de Starling é o mecanismo que desencadeia a formação de todo o tipo de edema. Edema é o resultado do movimento de fluido da vasculatura para dentro do espaço intersticial; o fluido pode ser pobre em proteínas (transudato) ou rico em proteínas (exsudato). O edema pode ser causado por: • Pressão hidrostática aumentada (p. Ex., insuficiência cardíaca) • Permeabilidade vascular aumentada (p. Ex., inflamação) • Pressão osmótica coloide diminuída devido à reduzida albumina plasmática • Síntese diminuída (p. Ex., doença hepática, desnutrição proteica) • Perda aumentada (p. Ex., síndrome nefrótica) • Obstrução linfática (p. Ex., inflamação ou neoplasia) • Retenção de sódio (p. Ex., insuficiência renal) O movimento de fluido entre os espaços vascular e intersticial rege-se, sobretudo, por duas forças opostas: a pressão hidrostática vascular e a pressão osmótica coloide produzida por proteínas plasmáticas. Normalmente, o fluxo de saída de fluido produzido pela pressão hidrostática na extremidade arteriolar da microcirculação é harmoniosamente equilibrado pelo influxo devido à ligeira elevação da pressão osmótica na extremidade venular; portanto, há apenas um pequeno fluxo líquido de saída de fluido para o espaço intersticial, que é drenado pelos vasos linfáticos. A pressão hidrostática aumentada ou a pressão coloide osmótica diminuída causa maior movimento de água para dentro do interstício. Isso, por sua vez, aumenta a pressão hidrostática tissular e, eventualmente, um novo equilíbrio é alcançado. O excesso de fluido do edema é removido por drenagem linfática e retornado à circulação sanguínea via ducto torácico. O fluido do edema que se acumula devido a aumento da pressão hidrostática ou coloide intravascular reduzida é tipicamente um transudato pobre em proteínas; ele tem densidade específica inferior a 1,012. Em contrapartida, devido ao aumento da permeabilidade, o fluido do edema inflamatório é um exsudato rico em proteínas com densidade específica normalmente acima de 1,020. Causas do edema PRESSÃO HIDROSTÁTICA AUMENTADA Aumentos locais da pressão intravascular podem resultar do retorno venoso comprometido — por exemplo, uma trombose venosa profunda na extremidade inferior pode causar edema restrito à porção distal da perna afetada. Aumentos generalizados da pressão venosa, com resultante edema sistêmico, ocorrem com mais frequência na insuficiência cardíaca congestiva. BIANCA ABREU-MD3 21 Vários fatores aumentam a pressão hidrostática venosa em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. O débito cardíaco reduzido leva à hipoperfusão dos rins, deflagrando o eixo renina- angiotensina-aldosterona e induzindo retenção de sódio e água (hiperaldosteronismo secundário). Em pacientes com função cardíaca normal, essa adaptação aumenta o enchimento e o débito cardíacos, melhorando desse modo a perfusão renal. Entretanto, o coração insuficiente geralmente não é capaz de aumentar seu débito em resposta aos aumentos compensatórios do volume sanguíneo. Em vez disso, segue-se um círculo vicioso de retenção de fluido, aumento das pressões hidrostáticas venosas e piora do edema. A não ser que o débito cardíaco seja restaurado ou a retenção de água renal seja reduzida (p. ex., por restrição de sal ou tratamento com diuréticos ou antagonistas da aldosterona) essa espiral descendente continua. Por ser o hiperaldosteronismo secundário uma característica comum do edema generalizado, a restrição de sal, os diuréticos e os antagonistas da aldosterona também são valiosos no tratamento do edema generalizado resultante de outras causas. PRESSÃO OSMÓTICA PLASMÁTICA REDUZIDA Sob circunstâncias normais, a albumina é responsável por quase metade da proteína plasmática total. Portanto, condições nas quais a albumina da circulação se perdeu ou foi sintetizada em quantidades inadequadas são as causas comuns de pressão osmótica plasmática reduzida. Na síndrome nefrótica, os capilares glomerulares danificados passam a extravasar, levando à perda de albumina (e de outras proteínas plasmáticas) na urina e ao desenvolvimento de edema generalizado. Ocorre redução na síntese de albumina no quadro de doença hepática grave (p. ex., cirrose) e desnutrição proteica. Independentemente da causa, baixos níveis de albumina levam, gradualmente, a edema, volume intravascular reduzido, hipoperfusão renal e hiperaldosteronismo secundário. Infelizmente, maior retenção de sal e água pelos rins não só falha em corrigir o déficit de volume plasmático,mas também exacerba o edema, visto que o defeito primário — proteína sérica baixa — persiste. OBSTRUÇÃO LINFÁTICA A drenagem linfática prejudicada e o consequente linfedema normalmente resultam de obstrução localizada causada por uma condição inflamatória ou neoplásica. Por exemplo, a infecção parasitária filariose pode causar edema maciço da extremidade inferior e genitália externa (a chamada elefantíase), produzindo fibrose linfática e linfonodal inguinal. Infiltração e obstrução dos linfonodos superficiais por câncer de mama podem causar edema da pele sobrejacente; a aparência característica de pequenas depressões na pele da mama afetada é chamada de pele em casca de laranja. Também pode ocorrer linfedema como complicação da terapia. Um quadro relativamente comum dessa entidade clínica ocorre em mulheres com câncer de mama submetidas a ressecção e/ou irradiação dos linfonodos axilares, podendo estes se romper e obstruir a drenagem linfática, resultando em grave linfedema do braço. Quando a função dos vasos linfáticos é muito comprometida devido ao bloqueio ou perda dos vasos linfáticos, o edema pode se tornar especialmente severo por conta das proteínas BIANCA ABREU-MD3 22 plasmáticas que vazam para o interstício e não tem outra via para serem removidas. O aumento da concentração proteica eleva a pressão coloidosmótica do líquido intersticial, que atrai ainda mais líquido dos capilares. Retenção de Sódio e Água A excessiva retenção de sal (e obrigatoriamente sua água associada) pode induzir o edema aumentando a pressão hidrostática (devido à expansão do volume intravascular) e reduzindo a pressão osmótica plasmática. Observa-se excessiva retenção de sal e água em grande variedade de doenças que comprometem a função renal, incluindo glomerulonefrite pós-estreptocócica e insuficiência renal aguda. TRÊS FATORES QUE ROMPEM O BALANÇO NORMAL ENTRE A FILTRAÇÃO E A ABSORÇÃO CAPILAR SÃO: 1. Aumento na pressão hidrostática capilar. A aumentada pressão hidrostática capilar é normalmente um indicativo de elevada pressão venosa. Um aumento na pressão arterial geralmente não é observável nos capilares devido à autorregulação da pressão nas arteríolas. Uma causa comum de aumentada pressão venosa é a insuficiência cardíaca, uma condição em que um ventrículo perde o poder de bomba e não pode mais bombear todo o sangue enviado a ele pelo outro ventrículo. Por exemplo, se o ventrículo direito começa a falhar, mas o ventrículo esquerdo mantém seu débito cardíaco, o sangue acumula-se na circulação sistêmica. A pressão arterial aumenta primeiro no átrio direito, depois nas veias e nos capilares que drenam para o lado direito do coração. Quando a pressão hidrostática capilar aumenta, a filtração excede significativamente a absorção, levando ao edema. 2. Uma diminuição na concentração de proteína plasmática. As concentrações de proteína plasmática podem diminuir como um resultado de desnutrição severa ou insuficiência hepática. O fígado é o principal local de síntese de proteínas plasmáticas, e essas proteínas são responsáveis pelo componente pressão coloidosmótica do sangue. 3. Aumento nas proteínas intersticiais. O vazamento excessivo de proteínas para fora do sangue diminui o gradiente de pressão coloidosmótica e aumenta a filtração capilar resultante. Em algumas ocasiões, mudanças no balanço entre filtração e absorção ajudam o corpo a manter a homeostase. Por exemplo, se a pressão sanguínea arterial diminui, a pressão hidrostática capilar também diminui. Essa mudança aumenta a absorção de líquidos. Se a pressão arterial diminui muito, há absorção resultante nos capilares, em vez de filtração resultante. Esse mecanismo passivo ajuda a manter o volume sanguíneo em situações nas quais a pressão arterial é muito baixa, como na hemorragia ou na desidratação grave EDEMA INTRACELULAR Três condições são especialmente propensas a causar edema intracelular: (1) hiponatremia; (2) depressão dos sistemas metabólicos dos tecidos; e (3) falta de nutrição adequada para as células. Por exemplo, quando o fluxo sanguíneo para um determinado tecido é reduzido, a distribuição de oxigênio e de nutrientes também é reduzida. Caso o fluxo sanguíneo fique muito BIANCA ABREU-MD3 23 baixo para manter o metabolismo normal do tecido, as bombas iônicas da membrana celular têm sua atividade diminuída Quando as bombas se tornam menos ativas, os íons sódio que normalmente vazam para o interior da célula não são bombeados a contento para o meio extracelular, e o excesso de íons sódio no meio intracelular causa osmose para a célula. Algumas vezes, esse processo pode aumentar o volume intracelular de determinada área do tecido — até mesmo em toda a perna isquêmica, por exemplo, — por duas a três vezes o tamanho normal. Quando há esse aumento no volume intracelular, é geralmente prelúdio da morte do tecido. O edema intracelular pode também decorrer de processo inflamatório nos tecidos. A inflamação, na maioria das vezes, a permeabilidade da membrana celular, permitindo, assim, que o sódio e outros íons se difundam para o interior da célula, com subsequente osmose para essas células. EDEMA EXTRACELULAR O edema no líquido extracelular ocorre quando se acumula um excesso de líquido nos espaços extracelulares. Geralmente, existem duas causas para o edema extracelular: (1) vazamento anormal de líquido plasmático para os espaços intersticiais através dos capilares; e (2) falha do sistema linfático de retornar líquido do interstício para o sangue, muitas vezes chamada linfedema. A causa clinicamente mais comum para o acúmulo de líquido no espaço intersticial é a filtração excessiva do líquido capilar. IMPORTANTE! Fatores que Podem Aumentar a Filtração Capilar Matematicamente, a intensidade da filtração capilar pode ser expressa como: Filtração = Kf × (Pc − Pif – pc + pif ) Onde Kf é o coeficiente de filtração capilar (o produto da permeabilidade pela superfície capilar), Pc é a pressão hidrostática dos capilares, Pif é a pressão hidrostática do líquido intersticial, pc é a pressão coloidosmótica do plasma capilar e pif é a pressão coloidosmótica do líquido intersticial. A partir dessa equação, pode-se observar que qualquer uma dessas alterações pode aumentar a velocidade da filtração capilar: •Aumento do coeficiente de filtração capilar. •Elevação da pressão hidrostática capilar. •Redução da pressão coloidosmótica do plasma. EDEMA OCASIONADO POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA. Uma das mais graves e comuns causas de edema é a insuficiência cardíaca. Nessa doença, o coração bombeia o sangue das veias para as artérias de modo deficiente, o que aumenta a pressão venosa e a pressão capilar, causando elevação da filtração capilar. Além disso, a BIANCA ABREU-MD3 24 pressão arterial tende a cair, acarretando redução da filtração e, consequentemente, da excreção de sal e água pelos rins, o que resulta em mais edema. Adicionalmente, o fluxo sanguíneo para os rins fica reduzido nas pessoas com insuficiência cardíaca e essa queda do fluxo sanguíneo estimula a secreção de renina, que leva a aumento da formação da angiotensina II e da secreção de aldosterona que causam retenção adicional de sal e água pelos rins. Assim, nas pessoas com insuficiência cardíaca não tratada, todos esses fatores em conjunto ocasionam grave e generalizado edema extracelular. Em pacientes com insuficiência cardíaca esquerda, porém sem alterações significativas do lado direito, o sangue é normalmente bombeado para os pulmões pelo lado direito do coração, mas não flui facilmente das veias pulmonares de volta ao coração pelo lado esquerdo por causa da insuficiência esquerda. Por conseguinte, toda a pressão vascular pulmonar, incluindo a capilar, aumenta muito acima do normal, ocasionando edema pulmonar grave. Quando não tratado, o acúmulo de líquido nos pulmõespode rapidamente progredir, levando à morte do indivíduo em poucas horas. MORFOLOGIA DO EDEMA O edema é facilmente reconhecido à inspeção geral; o exame microscópico mostra nitidez e separação dos elementos da matriz extracelular. Embora qualquer tecido possa ser envolvido, o edema é encontrado com mais frequência em tecidos subcutâneos, pulmão e cérebro. O edema subcutâneo pode ser difuso, mas normalmente acumula-se de preferência nas partes do corpo posicionadas em maior distância abaixo do coração, onde as pressões hidrostáticas são maiores. Assim, o edema é tipicamente mais pronunciado nas pernas na posição em pé e no sacro na posição deitada, uma relação denominada edema dependente. A pressão digital sobre o tecido subcutâneo edematoso desloca o fluido intersticial deixando uma depressão na forma do dedo; essa aparência é chamada de edema depressível. O edema decorrente de disfunção renal ou síndrome nefrótica com frequência se manifesta primeiro em tecidos conjuntivos frouxos (p. ex., nas pálpebras, causando edema periorbital). No edema pulmonar, em geral, os pulmões têm duas a três vezes seu peso normal, e a secção revela um fluido espumoso, algumas vezes sanguinolento, que consiste em uma mistura de ar, fluido de edema e hemácias extravasadas. O edema cerebral pode ser localizado (p. ex., devido a abscesso ou tumor) ou generalizado, dependendo da natureza e extensão do processo patológico ou lesão. No edema generalizado, os sulcos são estreitos, enquanto os giros estão entumescidos e achatados contra o crânio Obs.: Anarsaca é o edema grave, generalizado, caracterizado por profundo inchaço dos tecidos subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais. OUTRA CLASSIFICAÇÃO SOBRE OS TIPOS DE EDEMA BIANCA ABREU-MD3 25 • Edema Linfático/ Linfedema: resulta do acúmulo de Linfa no Espaço Intersticial. Classifica-se em: (1) Primário: resultante de anomalias congênitas ou hereditárias que acometem o desenvolvimento do Sistema Linfático durante a Linfangiogênese –englobando doenças raras; (2) Secundário: compreende a maioria dos casos de Linfedema e resulta da obstrução ou disfunção do Sistema Linfático, adquiridas, geralmente devido a Doença Infecciosa, Obstrução Neoplásica ou tratamento associado a Doença Neoplásica (Linfadenectomia, Radioterapia), Intervenções Cirúrgicas, Lesões Traumáticas e Doenças Inflamatórias. O Sinal do Cacifo é predominantemente negativo nesse tipo de Edema. • Edema Venoso: classifica-se como Edema Localizado, pois diferentemente do Edema da Insuficiência Cardíaca, que ocorre de maneira Sistêmica, esse se concentra na área acometida. De maneira geral, o comprometimento do Retorno Venoso gera aumento da Pressão Hidrostática Capilar, o que, por sua vez, gera Edema. Pode ser Bilateral ou Unilateral: *Bilateral e sem Sinais Flogísticos: atribui-se a causa à Insuficiência Venosa (comprometimento das Válvulas Venosas e/ ou Bomba Musculoesquelética), que provoca Estase Venosa (parada do Sangue Venoso) e, portanto, aumento da Pressão Hidrostática Capilar. Exemplo de situação: posição de trabalho imóvel viciosa. *Unilateral e com Sinais Flogísticos: é ocasionada devido a processos inflamatórios (Tromboflebite) ou processo obstrutivo profundo (Trombose Venosa Profunda –TVP), os quais geram aumento da Pressão Hidrostática Capilar. • Edema Cardiogênico: a principal causa é o aumento da Pressão Hidrostática Capilar. Varizes São veias superficiais dilatadas e tortuosas que perderam sua principal função de retorno venoso do sangue dos membros inferiores em direção ao coração. O defeito nas veias das pessoas que têm varizes está nas válvulas e nas paredes das veias, e de acordo com o diâmetro venoso, podem ser classificadas em 3 tipos: • Veias varicosas: que sobressaem na pele e ficam protuberantes, com diâmetro acima de 3 milímetros, acometendo os troncos das veias safenas internas e/ou externas e suas veias colaterais; • Veias reticulares: que variam de 1 a 3 milímetros de diâmetro, não possuindo relação direta com os troncos principais; • Veias telangectasias: popularmente conhecidas como vasinhos, cujo diâmetro não ultrapassa 1 mm. Formação das Varizes Para que as Válvulas se tornem incompetentes essas veias precisam ser excessivamente distendidas por alta Pressão Venosa de longa duração. Essa distensão das veias causa aumento na sua área de seção transversal, no entanto, os folhetos não aumentam de tamanho, fazendo com que as válvulas sejam incapazes de se fechar. Desse modo, há o aumento da pressão nas veias por conta da falência da Bomba Venosa, causando maior distensão nas veias, terminando por destruir completamente a função da válvula. BIANCA ABREU-MD3 26 Características clínicas A dilatação varicosa torna as Válvulas Venosas Incompetentes e promove a Estase na extremidade inferior, congestão, edema, dor e trombose. Dentre as sequelas mais incapacitantes incluem o edema persistente da extremidade e alterações cutâneas isquêmicas secundárias, incluindo Dermatite de Estase e Ulcerações, isso é associado as chamadas Protrusões Bolhosas. A cicatrização inadequada e a infecção concomitante causam como consequências as Úlceras Varicosas Crônicas. Quando essas pessoas ficam em pé por muito tempo, ocorre aumento da Pressão Capilar, com extravasamento de líquidos e edema, que impede a difusão de nutrientes para as Células Musculares e cutâneas, de modo que os músculos ficam dolorosos e fracos. Varicosidades em outros Sítios: • Varicosidades esofágicas: a Cirrose Hepática (e, menos frequentemente, a obstrução da Veia Porta ou trombose da Veia Hepática) causa hipertensão da veia porta. Essa hipertensão promove a abertura dos Shunts Portossistêmicos, que aumenta o fluxo sanguíneo no interior das veias na Junção Gastresofágica (formando varizes esofágicas), no reto (hemorroidas) e nas veias periumbilicais da parede do abdome (cabeça de medusa). As varizes esofágicas são as mais importantes, visto que sua ruptura pode evoluir para maciça (até fatal) hemorragia gastrointestinal alta. • Hemorroidas: as hemorroidas são dilatações varicosas do Plexo Venoso na Junção Anorretal, que resultam de prolongada congestão vascular pélvica associada à Gravidez ou Constipação Crônica. As hemorroidas são fonte de sangramento e estão propensas a trombosar e formar úlcera dolorosa. Fatores de risco • Idade – costumam aparecer a partir de 30 anos de idade e podem ir piorando com o passar os anos. É pouco frequente antes dos 30 anos. Entretanto, as microvarizes ou “aranhas vasculares”, também chamadas de “vasos”, podem aparecer em pessoas bem mais jovens. • Sexo – as mulheres são mais propensas do que os homens; fatores hormonais da gestação, menstruação e menopausa parecem ter relação com a maior facilidade de dilatação das veias • História Familiar – se há uma incidência de varizes na família, a sua chance de ter a doença será maior • Obesidade – o sobrepeso aumenta a pressão sobre as veias e dificulta o retorno venoso; Traumatismo nas pernas • Temperatura – exposição ao calor por tempo prolongado pode provocar dilatação das veias. Não é à toa que a incidência de varizes é um pouco menor nos países mais frios. Portanto, cuidado com a exposição excessiva ao calor do sol, das saunas, dos fornos, etc.; BIANCA ABREU-MD3 27 • Tabagismo – pesquisas revelam que a parede das veias também sofre as agressões das substâncias contidas nos cigarros; • Gravidez – durante a gravidez a quantidade de sangue circulante aumenta e, portanto, aumenta o trabalho das veias; • Sedentarismo – o movimento das pernas é muito importante para “bombear” o sangue das veias. Portanto, ficar muito tempo sentado ou em pé parado é muito ruim para o trabalho das veias. Os exercícios e o combate ao sedentarismo são muito importantes para a circulação corporal; • Pílulas anticoncepcionaise reposição hormonal – mais uma vez encontramos os fatores hormonais, em especial a progesterona, que provoca a dilatação das veias. Existem dois tipos de veias nos membros inferiores: Veias superficiais: ficam sob a pele, na camada de gordura e que podem ser visíveis. São representadas pela Safena Magna e Parva e estão envolvidas no processo de aparecimento de varizes. Veias profundas: ficam no meio da musculatura da perna e não são visíveis, e existem ainda as veias comunicantes, que ligam as veias superficiais e profundas. Retorno Venoso BIANCA ABREU-MD3 28 O retorno venoso é a quantidade de sangue que flui das veias para o átrio direito a cada minuto. O retorno venoso e o débito cardíaco devem ser iguais um ao outro, exceto por poucos batimentos cardíacos nos momentos em que o sangue é temporariamente armazenado ou removido do coração e dos pulmões. O retorno de sangue ao coração, conhecido como retorno venoso, é auxiliado pelas valvas, pela bomba musculesquelética e pela bomba respiratória. Quando os músculos contraem, como os da panturrilha, eles comprimem as veias, forçando o sangue para cima, passando pelas valvas. De acordo com a lei de Frank-Starling, o volume sistólico aumenta quando o volume diastólico final aumenta. O volume diastólico final é, em geral, determinado pelo retorno venoso, que é a quantidade de sangue que retorna ao coração pela circulação venosa. Três fatores afetam o retorno venoso: (1) a contração ou compressão das veias que levam o sangue para o coração (bomba do músculo esquelético), (2) a mudança na pressão no abdome e no tórax durante a respiração (a bomba respiratória) e (3) a inervação simpática das veias. A BOMBA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO é assim denominada devida às contrações do músculo esquelético que espremem as veias (particularmente nas pernas), comprimindo-as e empurrando o sangue em direção ao coração. Durante exercícios que envolvem os membros inferiores, o músculo esquelético ajuda a bombear o sangue de volta para o coração. Durante os períodos em que se está imóvel, sentado ou em pé, a bomba do músculo esquelético não auxilia no retorno venoso. A BOMBA RESPIRATÓRIA é criada pelo movimento do tórax durante a inspiração. Como o tórax se expande e o diafragma se move em direção ao abdome, a cavidade torácica se amplia e desenvolve uma pressão subatmosférica. Essa baixa pressão diminui a pressão na veia cava inferior, que passa através do tórax, permitindo que mais sangue das veias abdominais entre na veia cava. A bomba respiratória é auxiliada pelo aumento da pressão exercida no lado de fora das veias abdominais quando o conteúdo abdominal é comprimido durante a inspiração. A combinação do aumento da pressão sobre as veias abdominais e da diminuição da pressão sobre as veias torácicas aumenta o retorno venoso durante a inspiração. A CONSTRIÇÃO DAS VEIAS DEVIDA À ATIVIDADE SIMPÁTICA é o terceiro fator que afeta o retorno venoso. Quando ocorre constrição das veias, seu volume diminui, empurrando mais sangue para dentro do coração. Com um volume ventricular maior no início da próxima contração, o ventrículo contrai com mais força, enviando mais sangue para o lado arterial da circulação. Desse modo, a inervação simpática das veias permite que o corpo redistribua parte do sangue venoso para a parte arterial da circulação Além disso, O AUMENTO DA PRESSÃO INTRA-ABDOMINAl como resultado de gravidez, grandes tumores, obesidade abdominal e Ascite (acúmulo de líquido no Peritônio) aumenta a pressão venosa periférica (+comprime a veia cava inferior) de modo a superar a pressão intra- abdominal, para que as Veias Intra-abdominais se abram e permitam o Retorno Venoso. BIANCA ABREU-MD3 29 OBS.: • Vis a tergo: forças atuantes antes do capilar. É a força impulsora da contração ventricular, mantendo o fluxo sanguíneo circulante nesse sistema. • Vis a fronte: forças após o capilar. Representadas pelas bombas venosas que aumentam o fluxo sanguíneo das veias. Dentre os componentes do vis a fronte temos: válvulas venosas, pressão intratorácica negativa, corações periféricos de barrow, plexo venoso plantar, ação do diafragma e pulsação das artérias adjacente à veias. No retorno venoso duas pressões são impulsoras desse fluxo. 1. Pressão venosa: representada pela pressão contida nas veias e vênulas do corpo, sendo ela em torno de 10 mmhg 2. Pressão venosa central/ pressão atrial direita: é bem mais baixa, geralmente 0 mmhg. Quanto menor for a pressão atrial direita maior será o gradiente de pressão entre as veias e o átrio direito, aumento o fluxo sanguíneo. Ela é regulada pelo bombeamento cardíaco; de modo que se o coração estiver bombeando fortemente, a Pressão Atrial Direita diminui. Além disso, mudanças repentinas que aumentem o fluxo de sangue ao Átrio Direito eleva a PVC. São fatores que aumentam o Retorno Venoso ao Átrio Direito: • Pressão Atrial Direita: exerce força retrógrada sobre as veias. • Pressão Média de Enchimento Sistêmico: grau de enchimento da circulação sistêmica que força o sangue ao coração. • Resistência ao Fluxo Sanguíneo: entre os vasos periféricos e o Átrio Direito. Curva do Retorno Venoso Normal Relaciona o Retorno Venoso a PAD. Quando a capacidade de bombeamento do sangue diminui, provoca um aumento da PAD, e na Força Retrógrada do sangue sobre as veias, diminuindo o Retorno Venoso. Se os Reflexos Simpáticos forem impedidos de atuar, o Retorno Venoso cai a 0. Ao mesmo tempo que a PAD aumenta e causa Estase Venosa, o bombeamento diminui em reação a diminuição do Retorno Venoso. BIANCA ABREU-MD3 30 Quanto maior o volume de sangue na circulação, maior é a Pressão Média de Enchimento Circulatório, pois o volume de sangue adicional distende a parede vascular. O Estímulo Simpático age de forma a aumentar a Pressão Média de Enchimento Sistêmico sem alterar o volume de sangue por causar constrição dos vasos. Da mesma forma que a sua inibição causa a redução. Quando a PAD aumenta até se igualar a Pressão Média de Enchimento, não existe mais diferença de pressão, consequentemente não há fluxo dos vasos de volta ao AD. Assim, quando maior a diferença entre as pressões de enchimento e AD, maior o Retorno Venoso. OBS.: DEBITO CARDÍACO E RETORNO VENOSO Na maioria das condições não estressantes usuais, o débito cardíaco é controlado principalmente pelos fatores periféricos que determinam o retorno venoso. Todavia, quando o retorno sanguíneo é maior do que o coração pode bombear, então o coração passa a ser o fator limitante para a determinação do débito cardíaco. OBS.: RETORNO VENOSO E FORÇAS DE STARLING 1. Pressão Capilar: tende a forçar o líquido para os Espaços Intersticiais; 2. Pressão do Líquido Intersticial: tende a forçar o líquido para dentro do Capilar; 3. Pressão Coloidosmótica do Plasma: provoca a osmose de líquidos para dentro da Rede Capilar; 4. Pressão Coloidosmótica do Líquido Intersticial: provoca a osmose de líquidos para fora da Rede Capilar através da Membrana Capilar. Curiosidades! A Bomba Musculoesquelética não funciona quando o indivíduo está imóvel, fazendo com que as Pressões Venosas na porção inferior das penas aumente para o valor gravitacional total de +90mmHg. Isso faz com que, também se aumente a Pressão Capilar, e o aumento da PC faz com que extravase líquido do Sistema Circulatório para o os Espaços Intersticiais e Teciduais. Como resultados, temos o INCHAÇO DE MMII e a Hipovolemia. Estima-se que a pessoa perca entre 10-20% do volume sanguíneo do Sistema Circulatório após permanecer absolutamente imóvel durante 15-30 minutos. A Intolerância Ortostática ocorre quando o indivíduo apresenta diminuta Atividade Simpática e Hipotensão Ortostática ou quando o mesmo apresenta elevação da Atividade Simpática e Taquicardia, a qual é advinda da SÍNDROMA DA TAQUICARDIA ORTOSTÁTICA
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