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Coccídeos Intestinais, Sarcocistose e Balantidiose

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Coccídeos Intestinais, 
Sarcocistose e Balantidiose 
Os coccídeos intestinais (​Cryptosporidium spp, 
Cyclospora cayetanensis e Cystoisospora belli) são 
parasitos de distribuição cosmopolita, eurixenos e de 
ciclo monoxênico. São todos pertencentes ao filo 
Apicomplexa ​e ordem ​Eucoccidiida​. São causadores das 
‘’diarreias de verão’’ ou dos viajantes, já que muitas das 
espécies podem apresentar distribuição sazonal. 
Cryptosporidium spp 
Esses parasitos são coccídeos intestinais da família 
Criptosopridiidae​, sendo encontradas três espécies que 
parasitam humanos: ​C. parvum​, ​C. meleagridis ​e ​C. 
hominis​. ​C. parvum ​e ​C. hominis​ ocorrem no Brasil. 
Morfologia: ​podem ser encontrados na forma de 
esporozoítos, merozoítos ou oocistos. Os esporozoítos e 
merozoítos possuem o complexo apical responsável pela 
penetração celular, enquanto os oocistos são formas 
infecciosas esféricas que são liberadas nas fezes. 
 
Ciclo biológico: ​quando ingeridos, os oocistos chegam 
ao intestino delgado, onde liberam os 4 esporozoítos que 
contém. Esses esporozoítos irão adentrar o enterócito 
ficando em uma posição epicelular. Lá, irão iniciar uma 
reprodução assexuada denominada merogonia, em que 
são gerados merontes do tipo I, os quais geram novos 
esporozoítos ou merontes do tipo II, os quais irão gerar 
os microgametócitos (gameta masculino) e 
macrogametócitos (gameta feminino), que por meio da 
reprodução sexuada, darão origem a um zigoto que 
consiste no próprio oocisto. 80% desses oocistos são de 
parede espessa e são liberados nas fezes, sendo a forma 
infectante; enquanto 20% restantes são de parede 
delgada e se rompem, gerando uma autoinfecção. 
 
Transmissão: ​ocorre por contato com os oocistos 
(formas infectantes) do ​Cryptosporidium​, quer seja por 
ingestão de alimentos ou água contaminada, contato 
pessoa-pessoa ou contato pessoa-animal. 
Patogenia: ​por sua penetração nos enterócitos, promove 
a atrofia das vilosidades, hiperplasia das criptas e seu 
achatamento, além de lesões do citoesqueleto e das 
proteínas de junção, induzindo a morte de enterócitos. 
Assim, desenvolve-se a síndrome de má absorção. 
Também há aumento da permeabilidade e inflamação, o 
que estimula o peristaltismo e gera diarréia secretória. 
Formas clínicas: ​em imunocompetentes, a 
criptosporidíase desenvolve quadro de enterocolite 
aguda benigno e autolimitado de 3-10 evacuações 
diárias, com perda de 1 a 3 litros, sendo benigna e 
autolimitada a 10 dias (embora os cistos persistam por 
um mês nas fezes), além de sintomas gerais como dor 
abdominal, anorexia, febre, cefaleia e vômitos. Em 
imunodeprimidos, o quadro é mais grave, com 10-20 
evacuações diárias, perda de até 6 litros por dia e 
possível evolução com desfecho fatal, já que o quadro 
tende a ser crônico, levando também à distúrbios 
hidroeletrolíticos, cólica e epigastralgia, podendo haver 
caquexia e desidratação se contagem de TCD4 > 50. 
Tratamento: ​consiste no suporte e alívio dos sintomas, já 
que a cura em geral é espontânea. A nitazoxanida na 
posologia de 500 mg duas vezes ao dia tem apresentado 
relativo sucesso em imunocompetentes, mas por se tratar 
de droga estática, seu emprego em pacientes 
imunodeprimidos não melhorou sua sobrevida. 
Cyclospora cayetanensis 
A espécie é da subclasse ​Coccidia ​e família ​Eimeriidae​. 
Morfologia: ​suas formas evolutivas são as mesmas dos 
Cryptosporidium​, apesar disso, seu oocisto merece 
destaque. Isso porque ele tem diâmetro de 8-10 
micrômetros, o dobro do anterior, além de que seus dois 
pares de esporozoítos são cobertos, cada um, por um 
esporocisto. Essas características são importantes para 
discerni-los, pois o prognóstico e o manejo são distintos. 
 
Ciclo biológico: ​a transmissão ocorre pela ingestão de 
oocistos maduros (passam pelo processo de esporulação 
que dura de 7 a 15 dias), que podem ser encontrados nos 
alimentos ou água contaminadas e vetores mecânicos. A 
transmissão pessoa-pessoa não ocorre pela necessidade 
de maturação dessas formas. O ciclo biológico do 
parasito é muito similar ao anterior, com a diferença de 
que merontes tipo I podem carregar até 12 esporozoítos. 
Formas clínicas: ​alguns indivíduos podem não 
desenvolver a doença. Dentro dos sintomáticos, o quadro 
é de uma diarréia osmótica crônica (sem sangue), 
podendo chegar a 52 dias se não tratada, havendo de 4 a 
10 evacuações diárias explosivas. Associa-se a isso dor 
abdominal, náuseas, vômitos, perda de peso e febrícula. 
Em imunocomprometidos, pode gerar quadro de diarreia 
crônica e intermitente. Pode se complicar com colangite, 
colecistite sem cálculos, infecção pulmonar, artrite 
reativa e até síndrome de Guillain-Barré. 
Tratamento: ​feito com antibióticos. A associação 
sulfametoxazol-trimetoprima por via oral é a terapia de 
escolha, pode-se usar o ciprofloxacino (500 mg duas 
vezes ao dia) se documentada alergia às sulfas. 
Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Coccídeos Intestinais, Sarcocistose e Balantidiose 
COCCÍDEOS INTESTINAIS 
 ​Cystoisospora belli 
Essa espécie está contida na família ​Eimeriidae e é a 
única patogênica documentada no Brasil, embora a 
espécie ​C. natalenses​ também parasite humanos. 
Morfologia: ​apesar de suas formas morfológicas serem 
as mesmas dos anteriores, o que se destaca nessa espécie 
é o seu oocisto. Sua morfologia é elíptica, com as pontas 
bastante estreitas e um tamanho de 12 a 30 micrômetros, 
o que torna seu reconhecimento possível à microscopia. 
 
Ciclo biológico: ​a transmissão ocorre por água e 
alimentos contaminados, além de vetores mecânicos. 
Isso indica que, assim como o ​Cyclospora cayetanensis​, 
irá necessitar de um tempo para maturar seu oocisto. O 
ciclo, assim como nos demais coccídeos, irá depender de 
uma merogonia assexuada seguida de uma gametogonia. 
Esse oocisto sairá nas fezes e irá maturar por entre 1 e 3 
dias, quando na esporogonia surgirão até 8 esporozoítos. 
Manifestações clínicas: ​em imunocompetentes, pode 
ocorrer uma infecção benigna com febre e diarréia 
súbitas ou uma síndrome da má absorção com perda do 
apetite, astenia, cefaléia, cólica e evacuações; qualquer 
uma das quais tende a curar de forma espontânea e gerar 
recuperação completa. Em imunocomprometidos, idosos 
ou coinfectados com outros patógenos, a doença tende a 
formar quadros crônicos de diarreia líquida e esteatorréia 
com desfecho potencialmente fatal. 
Tratamento: o tratamento depende essencialmente de 
antibióticos, podendo-se utilizar sulfametoxazol 
trimetoprima, sulfadoxina-pirimetamina ou mesmo a 
associação metronidazol e quinacrina, que têm 
conquistado espaço também no tratamento da 
ciclosporidiose. Assim como nessa doença, o tratamento 
de suporte e a reidratação não devem ser subestimados, 
visto que são essenciais para a sobrevida do paciente. 
Diagnóstico das Coccidioses Intestinais 
Numa perspectiva ampla, o diagnóstico clínico é 
limitado, especialmente para a criptosporidíase, que 
pode simular uma enterocolite amebiana. Assim, 
recomenda-se a busca de oocistos nas fezes, colhendo 
várias amostras já que muitas vezes eles são liberados de 
forma intermitente nas fezes. Espécies de ​Cystoisospora 
e ​Cyclospora ​são autofluorescentes, podendo ser 
pesquisadas com microscopia porcontraste de fase. 
Infelizmente, a cobertura dos serviços laboratoriais para 
espécies de parasitos como ​C. cayetanensis ainda é 
muito baixa no país, chegando a 6%. Nesse sentido, 
métodos imunológicos e moleculares como ELISA, IFI e 
PCR também estão disponíveis, principalmente para 
espécies de ​Cryptosporidium​. 
Profilaxia 
Para qualquer coccídeo intestinal, é necessária a adoção 
de medidas de higiene individuais e coletivas para com 
os alimentos. Especificamente para o ​Cryptosporidium​, 
é importante a higiene pessoal e com utensílios, realizar 
a terapia antirretroviral em pacientes com HIV e 
aconselhar o consumo de alimentos cozidos e evitar 
mariscos crus ou mal cozidos (para imunodeprimidos). É 
importante ferver a água de consumo e utilizar filtros 
com porosidade de 1 micrômetro (se disponíveis) e 
incentivar a notificação de surtos e pesquisa por terapias. 
Os parasitos do gênero ​Sarcocystis são intracelulares 
obrigatórios, heteroxênicos, cujas espécies patogênicas 
no homem são ​S. suihominis ​e ​S. hominis​. Esses 
parasitos do filo ​Apicomplexa são transmitidos ao 
homem (hospedeiro definitivo) através da cadeia 
alimentar, sendo encontrados também em bovinos e 
suínos (hospedeiros intermediários). 
Morfologia 
Nesses parasitos, são encontrados 4 formas evolutivas: 
Merontes: ​são formados por divisão longitudinal dos 
esporozoítos no hospedeiro intermediário, podendo 
haver merontes primários e secundários. Ao fim desse 
ciclo, os merozoítos estarão no sangue periférico. 
Cistos: ​são formas originadas a partir de merontes que 
contém bradizoítos. Estão contidas na musculatura 
estriada dos hospedeiros intermediários, podendo 
permanecer por anos e infectar o homem. 
Bradizoítos: ​são os tipos morfológicos encontrados 
dentro dos sarcocistos e se caracterizam pela presença de 
uma forma alongada de extremidades afiladas. 
Oocistos: ​são formas encontradas nas fezes do homem, 
consiste de uma forma ovóide com dois esporocistos, 
cada um dos quais que contém 4 esporozoítos que 
quando irrompem infectam o hospedeiro intermediário. 
 
Ciclo Biológico 
Os suínos e bovinos ingerem oocistos de ​S. suihominis ​e 
S. homini​, respectivamente. Os esporozoítos liberados no 
intestino delgado geram merozoítos primários no 
endotélio hepático e posteriormente penetram qualquer 
outra célula endotelial para gerar os merontes que dão 
origem aos merozoítos secundários. Esses penetram em 
células musculares formando os Sarcocistos ou merontes 
de terceira geração. Ao ingerir esses cistos, os 
bradizoítos contidos neles se tornam em gametócitos no 
intestino delgado humano, gerando os oocistos que 
contaminam os animais, mas não o homem. 
Patogenia 
Nas espécies em que o homem é o hospedeiro definitivo, 
a produção desses oocistos no ciclo gera um quadro 
gastrointestinal, sendo sua patogenia pouco estudada. 
Em espécies cujo homem é hospedeiro intermediário, 
como ​S. nesbitii ​(cujos hospedeiros intermediários são 
primatas, mas, recentemente, foi implicado em surtos de 
humanos), há o quadro de sarcocistose muscular. 
Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Coccídeos Intestinais, Sarcocistose e Balantidiose 
SARCOCISTOSE- ​Sarcocystis spp. 
Manifestações Clínicas 
Sarcocistose intestinal: ​há diarréia, náusea, vômitos, dor 
abdominal e até calafrios e sudorese, iniciando entre 6 
horas e 1 dia da ingestão e cessando em até 2 dias. 
Sarcocistose muscular: ​quadro raro de vasculite, miosite, 
broncoespasmos, febre, nódulos subcutâneos e fraqueza. 
Os sintomas podem durar semanas. 
 
Epidemiologia 
A doença está presente em animais de quase todos os 
países, atingindo índices de até 100% em certos locais. 
A prevalência na população varia conforme os hábitos 
alimentares da população, podendo chegar a até 23.2% 
em alguns países Asiáticos, no Brasil, é menos de 1%. 
Diagnóstico 
Feito pelo encontro dos oocistos nas fezes pelos métodos 
de Sheather e Kato-katz (sarcocistose intestinal). Na 
sarcocistose muscular, é necessário o emprego de 
biópsia, imunofluorescência indireta ou reação de 
fixação do complemento, sendo necessária a exclusão 
das infecções por ​Toxoplasma e Trypanosoma. 
Tratamento 
Como o quadro é benigno na forma intestinal, a conduta 
é expectante. Na sarcocistose muscular, os raros casos 
ocorridos indicam eficácia de terapia com prednisona na 
ocasião de rompimento dos cistos e associação de 
prednisona e albendazol para alívio dos sintomas. 
Profilaxia 
Não ingerir carnes mal cozidas e cuidar das condições 
sanitárias dos animais (a condição reduz o rendimento 
do animal e pode causar sofrimento na fase aguda). 
O ​B. coli é um parasito do filo ​Ciliophora ​que, como os 
coccídeos intestinais, é monoxênico e eurixeno, sendo 
encontrado em macacos, chimpanzés, humanos e cães. 
Morfologia 
o parasito apresenta duas formas evolutivas: 
Trofozoíto: ​é a forma livre do parasito, que possui 
formato alargado, é coberta de cílios e apresenta em sua 
porção anterior um citóstoma e, em sua porção posterior 
um citopígio. Possui um macro e um micronúcleo. 
Cisto: ​possui formato esférico, de parede lisa, com a 
percepção de um macronúcleo interno. 
 
Ciclo Biológico 
O parasito habita no intestino grosso, penetrando apenas 
em mucosas lesadas, onde irá realizar seu ciclo. Esse 
consiste em reprodução assexuada por divisão binária e 
reprodução sexuada por conjugação, em que os parasitos 
trocam micronúcleos entre si e esses posteriormente 
ocupam o lugar do macronúcleo, com o fito de promover 
a variabilidade genética. Após a conjugação, em geral os 
parasitos geram cistos que são eliminados nas fezes e 
contaminam alimento, água, alimentos ou as mãos. 
Como o hospedeiro usual é o porco, em geral são as 
fezes em contato com alimentos que o transmitem. 
Patogenia 
O ​B. coli só tem poder de penetração na presença de 
uma lesão intestinal anterior, podendo aumentá-la e 
provocar necrose e úlceras, na medida em que produz 
hialuronidases que permitem destruir o tecido conjuntivo 
adjacente. A manifestação clínica irá depender da carga 
parasitária e de aspectos do hospedeiro como nutrição. 
Manifestações Clínicas 
Alé​m dos casos assintomáticos, as manifestações 
clínicas da doença podem ser: 
Infecções crônicas:​ disenteria, cólica e vômitos, 
Forma fulminante: há criação de úlceras em forma de 
balão que se aglomeram. 
Forma aguda: ​há diarreias mucosanguinolentas, 
tenesmo, cólica, febre e astenia que podem complicar 
com perfurações intestinais, hemorragias e óbito. 
Formas extraintestinais: ​em raros casos o parasito pode 
causar apendicite, lesões hepáticas, hemorragia alveolar, 
infecções do trato urinário e até osteomielite, atingindo 
esses outros órgãos através do peritônio. 
Epidemiologia 
É uma doença de distribuição global, sendo mais comum 
em criadores de suínos ou com saneamento e higiene 
inadequados. A América Latina e outras regiões com 
essas características apresentam maior prevalência. A 
maior parte do contágio é por contato com o cisto, 
embora os trofozoítos, encontrados nas fezes diarreicas, 
possam transmitir a doença. 
Diagnóstico 
Pela semelhança com a amebíase, depende 
essencialmente do diagnóstico laboratorial. Esse é feito 
por meio do exame de fezes que pode revelar trofozoítos 
(especialmente em fezes diarreicas) ou cistos(raros, mas 
presentes em fezes formadas). Outras amostras como 
sedimentoscopia urinária e lavado broncoalveolar são 
necessárias nos casos de doença extrapulmonar. 
Tratamento 
Feito com dieta de base láctea (já que o parasito se 
alimenta de amidos) e esquemas com metronidazol e 
tetraciclinas nos casos sintomáticos. 
Profilaxia 
Pautada na higiene para com os profissionais que 
trabalham com suínos e com os animais. Além disso, são 
importantes medidas de saneamento básico e de higiene 
para com os alimentos. 
Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Coccídeos Intestinais, Sarcocistose e Balantidiose 
BALANTIDIOSE- ​Balantidium coli

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