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Caso Clínico Anatomia Caso Clínico Anatomia Um jovem de 23 anos relata que, durante um jogo de basquete, tropeçou enquanto conduzia a bola para a cesta e caiu sobre a mão direita estendida, com a palma para baixo. Dois dias mais tarde, ligou para o pai, um anatomista, e relatou que o pulso direito estava dolorido. Mais tarde, naquele dia, visitou o pai, que achou o pulso levemente inchado e sensível ao toque, mas sem deformidade. Instruiu o filho a estender o polegar direito, acentuando, dessa forma, a “tabaqueira anatômica”, que é extremamente sensível à palpação profunda. O pai o aconselhou a fazer uma radiografia da mão e do pulso. ➔ Qual é o diagnóstico mais provável? ➔ Qual é o defeito anatômico mais provável? Fratura do pulso (carpo) Resumo: Um jovem de 23 anos tropeça jogando basquete e sofre trauma no pulso direito. O pulso ficou ligeiramente inchado, sensível, mas não deformado. No entanto, a palpação profunda da tabaqueira anatômica provoca extrema hipersensibilidade dolorosa. • Diagnóstico mais provável: Fratura do pulso (carpo). • Defeito anatômico mais provável: Fratura da parte média estreita do escafoide. ABORDAGEM CLÍNICA Esse jovem tropeçou jogando basquete e estendeu a mão direita para proteger-se. A mão, com a palma para baixo e, provavelmente, desviada para o lado do rádio, recebeu o impacto da queda, o que resultou em força de impacto significativa no pulso. A consequência foi dor e inchaço no pulso, especialmente no lado radial, com hipersensibilidade profunda localizada na tabaqueira anatômica. Esse é o mecanismo comum para fratura do escafoide, o osso carpal mais comumente fraturado. Hipersensibilidade localizada sobre um osso ou processo ósseo é a marca registrada de uma fratura naquele local. A confirmação radiológica de uma fratura é importante. O escafoide possui um suprimento sanguíneo único, e redução e alinhamento adequados dos segmentos são necessários para reduzir o risco de necrose avascular. Uma queda sobre a mão estendida, como é o caso, produz hiperextensão do pulso e pode resultar na luxação do semilunar. Em geral, o semilunar é luxado anteriormente no túnel do carpo e pode afetar o nervo mediano. O semilunar é o osso carpal mais comumente luxado. Uma queda sobre a palma estendida também pode resultar em uma fratura transversa da extremidade distal do rádio ou uma fratura de Colles, que produz uma luxação posterior do fragmento distal, resultando em uma deformidade característica, chamada “garfo de jantar”/“em dorso de garfo” (também denominada “baioneta”). Uma fratura de Smith no rádio, na mesma região, em indivíduos jovens é menos comum. Na fratura de Smith, ocorre trauma na face dorsal do pulso flectido, que fica deformado com o fragmento distal do rádio deslocado anteriormente em uma deformidade reversa (em “pá de jardim”). Pulso OBJETIVOS 1.0 Ser capaz de descrever os ossos e as articulações do pulso. 2.0 Ser capaz de descrever a anatomia do rádio e da ulna conforme se relacionam com a transmissão de forças no membro superior e seus efeitos nos ossos do antebraço. 3.0 Ser capaz de descrever os limites da tabaqueira anatômica e sua importância clínica. DEFINIÇÕES TABAQUEIRA ANATÔMICA: Depressão na face lateral do pulso formada pelos tendões dos músculos extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar, anteriormente, e pelo músculo extensor longo do polegar, posteriormente. FRATURA: Rompimento na integridade normal de um osso ou cartilagem. NECROSE AVASCULAR: Morte de células, tecidos ou órgão, decorrente da insuficiência de suprimento sanguíneo DISCUSSÃO A junção do antebraço com a mão, chamada de região carpal, é um complexo de diversas articulações. A articulação da extremidade distal do rádio com a ulna, chamada de articulação radiulnar distal, é o local de movimento do rádio anteriormente em torno da ulna durante a pronação. O rádio e a ulna são unidos por um disco articular ou fibrocartilagem triangular e por ligamentos associados, que estão situados entre a ulna e os ossos carpais. A articulação radiocarpal, propriamente dita, é formada entre a extremidade distal do rádio, a fibrocartilagem triangular e a fileira proximal de ossos carpais. Os oito ossos carpais estão dispostos em fileiras proximais e distais de quatro ossos cada. De lateral para medial, a fileira proximal é composta pelo escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme, e a fileira distal é composta pelo trapézio, trapezoide, capitato e hamato. Aproximadamente 50% do movimento do pulso ocorre na articulação radiocarpal, com os restantes 50% ocorrendo nas articulações do carpo, entre as duas fileiras de ossos carpais. Uma cápsula, reforçada pelos ligamentos radiocarpais dorsal e palmar, circunda a articulação. O ligamento colateral radial do carpo reforça a cápsula lateralmente e limita a adução (desvio ulnar). O ligamento colateral ulnar do carpo reforça a cápsula medialmente e limita a abdução (desvio radial) (Figura 1.1). Figura 1.1 Articulações dos ossos do carpo. Além da articulação radiulnar distal, a articulação radiulnar proximal permite movimento de pivô (de articulação) do rádio com o úmero e a ulna durante a pronação e a supinação. O rádio e a ulna também estão unidos pela membrana interóssea e suas fibras para formar uma sindesmose (articulação ligamentosa). As fibras individuais estão presas proximalmente no rádio, mas distalmente na ulna. Forças de impacto sobre a mão espalmada são transmitidas no pulso para o rádio, através da membrana interóssea para a ulna, para o úmero e, em seguida, para o ombro, que está preso ao tronco basicamente por músculo. Dessa forma, forças de impacto são transferidas distalmente no membro superior, com dissipação de forças conforme se movem proximalmente. Uma queda sobre a mão espalmada pode provocar fratura da cabeça do rádio sob certas circunstâncias. Fratura de um osso do antebraço frequentemente resulta em luxação de outro osso por meio de forças transferidas pela membrana interóssea: Pulso → Rádio → Membrana interóssea → Ulna → Úmero A tabaqueira anatômica é limitada anteriormente pelos tendões dos músculos abdutor longo do polegar e extensor curto do polegar e, posteriormente, pelo tendão do músculo extensor . longo do polegar. O escafoide e a artéria radial (um ramo dessa artéria irriga o escafoide) se situam no assoalho da tabaqueira. . QUESTÕES DE COMPREENSÃO 1. Um contador de 23 anos tropeça em uma maleta de mão e cai sobre a mão espalmada. Suspeita-se de fratura em um osso carpal. Qual dos seguintes ossos mais provavelmente foi fraturado? A. Escafoide B. Semilunar C. Piramidal D. Pisiforme E. Capitato. 2. Você está examinando uma radiografia do pulso de um paciente e observa um desalinhamento (luxação/deslocamento) de um dos ossos carpais. Qual dos seguintes ossos carpais foi mais provavelmente deslocado? A. Escafoide B. Semilunar C. Piramidal D. Capitato E. Hamato 3. Um paciente com laceração grave no ligamento colateral ulnar do carpo provavelmente apresentaria aumento em qual dos seguintes movimentos do pulso? A. Flexão B. Extensão C. Abdução D. Adução E. Pronação 4. Um jovem de 24 anos escorrega em uma casca de banana e cai sobre a mão espalmada. Qual das seguintes estruturas transmite a força do rádio para a ulna? A. Fibrocartilagem triangular B. Membrana interóssea C. Escafoide D. Ligamento colateral ulnar do carpo E. Ligamento colateralradial do carpo RESPOSTAS A. O escafoide é o osso carpal mais frequentemente fraturado. B. O semilunar é o osso carpal mais frequentemente luxado (deslocado). C. Os ligamentos colaterais ulnar e radial do carpo limitam a abdução ou o desvio radial do carpo, o que aumentaria se o ligamento fosse gravemente dilacerado. B. A membrana interóssea conduz a força do rádio para a ulna quando a força se origina a partir do pulso (carpo). Importante !! - A união na articulação radiulnar distal é formada por fibrocartilagem triangular. - A principal articulação óssea no carpo está localizada entre a cabeça distal do rádio e a fileira proximal de ossos carpais. - A membrana interóssea forma uma articulação fibrosa entre o rádio e a ulna, que é importante para a transferência e a dissipação de forças de impacto. - Os ossos carpais mais comumente fraturados e luxados (deslocados) são o escafoide e o semilunar, respectivamente. REFERÊNCIAS Gilroy AM, MacPherson BR, Ross LM. Atlas of Anatomy, 2nd ed. New York, NY: Thieme Medical Publishers; 2012:322−327. Moore KL, Dalley AF, Agur AMR. Clinically Oriented Anatomy, 7th ed. Baltimore, MD: Lippincott Williams & Wilkins; 2014:679−680, 686. Netter FH. Atlas of Human Anatomy, 6th ed. Philadelphia, PA: Saunders; 2014: plates 442−444.
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