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DESCRIÇÃO Aplicação da anatomia no desenvolvimento da habilidade de reconhecimento e investigação de acidentes e estruturas anatômicas relevantes para a área da saúde. PROPÓSITO A identificação de pontos anatômicos e sua localização por meio das técnicas palpatórias, aplicadas no exame clínico do paciente e na realização de diversas técnicas terapêuticas, é extremamente relevante para uma adequada formação acadêmica na área da saúde. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha à mão um dicionário de terminologia anatômica para entender termos específicos da área. OBJETIVOS MÓDULO 1 Localizar os principais acidentes ósseos de superfície do membro superior MÓDULO 2 Aplicar as técnicas de palpação para identificação dos principais componentes anatômicos das articulações do membro superior MÓDULO 3 Distinguir, pela palpação anatômica, os diversos músculos do membro superior MÓDULO 4 Identificar os principais pontos nervosos e vasculares palpáveis do membro superior INTRODUÇÃO Você, certamente, já domina a anatomia dos sistemas e do aparelho locomotor. Considerando a sequência de conteúdos do estudo da anatomia humana, agora é hora de aplicar seus conhecimentos para aprender a identificar, localizar e investigar, pela técnica palpatória, os acidentes anatômicos ósseos, articulares, músculo-ligamentares, vasculares e neurais relacionados ao membro superior. A cintura escapular não será abordada aqui, mas você encontrará a descrição das técnicas palpatórias dessa área em conteúdo à parte. Aqui, trataremos da estrutura do úmero até a extremidade das mãos. Após ler cada módulo, seria interessante tentar realizar a técnica descrita em alguém próximo a você, associando a teoria à prática. Está pronto? Vamos começar!! MÓDULO 1 Localizar os principais acidentes ósseos de superfície do membro superior O ÚMERO O úmero é o osso do braço situado entre a região do ombro e o cotovelo. Aqui, será analisada apenas a parte distal (a parte proximal, como informado, será estudada no conteúdo relativo à cintura escapular). Em relação aos acidentes ósseos relevantes identificados, veja na foto 1 os que se encontram na porção distal do úmero. Considerando: Crista supracondilar medial Epicôndilo medial Epicôndilo lateral Crista supracondilar lateral Fossa do olécrano Foto: Rafael Prinz Foto 1: Acidentes anatômicos palpáveis do úmero – vista anterior e posterior. EPICÔNDILOS Os epicôndilos são protuberâncias ósseas localizadas acima da porção articular condilar do úmero no cotovelo, por estar intra-articular, não é palpável. Para a sua palpação, deve-se colocar o cotovelo a 90° de flexão, com o antebraço apontado para baixo, situação a qual irá se observar as três proeminências ósseas locais: o epicôndilo lateral e o epicôndilo medial, localizados de cada lado, e uma proeminência óssea central, que será abordada adiante: o olecrano. Foto: Rafael Prinz Foto 2: Palpação do epicôndilo lateral. EPICÔNDILO LATERAL Região de inserção dos músculos extensores do antebraço, principalmente, do extensor radial curto do carpo; por isso, é o músculo mais relacionado à epicondilite lateral. Para palpá-lo, deslize a polpa digital por sobre a região, onde irá sentir uma protuberância rugosa local. Foto: Rafael Prinz Foto 3: Palpação do epicôndilo medial. EPICÔNDILO MEDIAL Região de inserção da musculatura flexora superficial do antebraço – músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo e flexor ulnar do carpo, além de parte da inserção do músculo flexor superficial dos dedos. É o epicôndilo mais proeminente quando da inspeção local. Portanto, pode-se palpá-lo por meio de pinça digital. Na sua parte posterior, relaciona-se com o nervo ulnar, através do sulco do nervo ulnar (fotos 3 e 4). Foto: Rafael Prinz Foto 4: Palpação dos epicôndilos umerais. Juntamente com o olécrano, formam um triângulo quando da flexão do cotovelo. Foto: Rafael Prinz Foto 5: Delimitação pela palpação do sulco do nervo ulnar. SULCO DO NERVO ULNAR Localiza-se posteriormente ao epicôndilo medial, sendo lugar de passagem do nervo ulnar. Pode ser palpado pelo deslizamento digital cuidadoso do epicôndilo medial para a sua parte posterior, manipulando gentilmente o nervo ulnar durante a palpação. Foto: Rafael Prinz Foto 6: Palpação da fossa do olécrano. FOSSA DO OLÉCRANO Localiza-se na parte distal do úmero, em topografia posterior, sendo a depressão do úmero que recebe o encaixe articular do olécrano da ulna. Para a sua palpação , deve-se deixar o cotovelo em flexão de 120 a 140°, com o antebraço apontado para baixo. Em seguida, aprofundar a polpa digital logo acima do olécrano e, lateralmente, a massa carnosa do tríceps, que recobre esse acidente superficialmente (e que, nessa posição, está relaxada). Consegue-se assim sentir as paredes da fossa em questão. Quanto menor for o grau de flexão do cotovelo, haverá o preenchimento desse espaço pelo olécrano, inviabilizando a sua palpação adequada. Foto: Rafael Prinz Foto 7: Palpação da crista supracondilar lateral. CRISTA SUPRACONDILAR LATERAL Tal elevação, mais acentuada do que a crista supracondilar medial, pode ser palpada como uma quina óssea logo acima do epicôndilo lateral do úmero. É ponto de inserção de músculos como o braquiorradial e o extensor radial longo do carpo. Foto: Rafael Prinz Foto 8: Palpação da Crista supracondilar medial. CRISTA SUPRACONDILAR MEDIAL Apresenta-se menos acentuada do que a crista supracondilar lateral, como uma continuidade proximal ao epicôndilo medial do úmero. O RÁDIO E A ULNA O rádio e a ulna compõem os ossos do antebraço; o rádio se localiza lateralmente e a ulna, medialmente, quando em posição anatômica. No movimento de pronação, o rádio movimenta- se por sobre a ulna, por intermédio das articulações radioulnares, voltando à posição anatômica quando em supinação. Os acidentes ósseos relevantes identificados nesses ossos são apresentados na foto 9. Foto: Rafael Prinz Foto 9: Os acidentes anatômicos palpáveis da ulna e do rádio – vista anterior e posterior. PARTE PROXIMAL DO ANTEBRAÇO OLÉCRANO Em sua região proximal, a ulna tem um formato que lembra uma chave inglesa. A parte superior dessa chave é o olécrano, estrutura óssea proximal da ulna, que preenche a fossa do olécrano quando da extensão do cotovelo. É superficial, sendo visualizado facilmente quando da flexão do cotovelo como um processo vertical e pontiagudo posterior da articulação. Pode- se palpá-lo por meio de pegada digital em pinça (foto 10). Quando da extensão do cotovelo, o olécrano fica alinhado aos epicôndilos do úmero, sendo que, na flexão da articulação, irá formar a ponta de um triângulo em conjunto com eles (ver foto 4). null Foto: Rafael Prinz Foto 10: Palpação do olécrano. CABEÇA DO RÁDIO Embora intra-articular na articulação radioulnar proximal, a cabeça do rádio é palpável lateralmente. Colocando o cotovelo a 90°, localize o epicôndilo lateral e deslize para adiante o dedo em torno de 1cm, local em que você estará palpando a cabeça radial. Outra posição que poderá ser realizada, é colocar o cotovelo em flexão, com o antebraço apontando para baixo, e, após a identificação do epicôndilo lateral, deslizar o dedo (sem perder o contato com a pele) para distal em torno de 1cm. Dessa maneira, por uma pegada tipo pinça, será possível palpar a cabeça do rádio. Movimentos de prono-supinação irão facilitar a identificação, e a cabeça do rádio ficará deslizando sob seus dedos (foto 11). null Foto: Rafael Prinz Foto 11: Palpação da cabeça do rádio. PARTE MÉDIA DO ANTEBRAÇO A Diáfise (ou corpo) da ulna, por seu formato triangular, é totalmente palpável e uma de suas bordas ou margens é identificável facilmente. Para essa ação, siga dedilhando com as suas polpas digitais desde o olécrano para distal, póstero-medialmente pelo antebraço, até chegar à cabeça da ulna. Foto: Rafael Prinz Foto12: Palpação da diáfise da ulna – margem posterior. ATENÇÃO Em relação à diáfise do rádio, devido às inserções musculares proximais do antebraço, ela torna-se palpável somente do terço médio para distal, lateralmente no antebraço (foto 12). PARTE DISTAL DO ANTEBRAÇO CABEÇA DA ULNA Trata-se de uma estrutura arredondada que se projeta póstero-medialmente no antebraço, na altura da articulação do punho. Por vezes, é visível já na inspeção, com o antebraço em pronação. Palpe-a por intermédio da polpa digital. null Foto: Rafael Prinz Foto 13: Palpação da cabeça da ulna. PROCESSO ESTILOIDE DA ULNA Logo distal e medialmente à cabeça ulnar, encontra-se o processo estiloide da ulna, com projeção em formato de “ponta de lápis” característico. Deslize o dedo sem perder o contato com a pele, medialmente à cabeça da ulna, em direção distal, para sentir o seu formato afilado. null Foto: Rafael Prinz Foto 14: Palpação do processo estiloide da ulna. PROCESSO ESTILOIDE DO RÁDIO Essa estrutura apresenta-se como uma ponta na margem lateral e distal do rádio, junto ao punho. Com uma pegada do tipo pinça, consegue-se sentir a sua formação em formato triangular em direção ao punho. null Foto: Rafael Prinz Foto 15: Palpação do processo estiloide do rádio. TUBÉRCULO DORSAL DO RÁDIO Também conhecido como tubérculo de Lister, é uma crista longitudinal na região posterior do rádio distal. Para palpá-lo, deslize a polpa digital de medial para lateral na topografia distal do rádio, logo acima de sua borda articular posterior. Você sentirá uma estrutura óssea, como uma “linha óssea”, à palpação. Esse acidente tem relação importante com o tendão do músculo extensor longo do polegar, o qual se localiza logo medialmente a ele. null Foto: Rafael Prinz Foto 16: Palpação do tubérculo dorsal do rádio. A MÃO A mão é formada, de proximal para distal, pelos ossos do carpo, metacarpos e falanges. Os ossos carpais, por intermédio de seus acidentes, delimitam espaços e formam locais de passagem de estruturas do antebraço para a mão. Os ossos metacarpais e as falanges, por sua vez, são ossos longos que, por intermédio de seus acidentes ósseos, permitem a mobilidade e a função dos dedos. Veja a foto a seguir. Foto: Rafael Prinz Foto 17: Os acidentes anatômicos palpáveis na mão (montagem de ossos reais) – vista anterior e posterior. ATENÇÃO Os acidentes apresentados no 3° metacarpo e na falange proximal também se aplicam aos demais ossos similares da mão. Em relação aos acidentes ósseos relevantes identificados na mão, estes encontram-se nos ossos do carpo, nos metacarpos e nas falanges. OSSOS DO CARPO Esses ossos são divididos em duas fileiras. A fileira distal é composta pelos ossos trapézio, trapezoide, capitato e hamato, e a fileira proximal, pelos ossos escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme (de lateral para medial). Desses, é interessante conhecer: Fileira distal: Foto: Rafael Prinz Foto 18: Palpação do trapézio. TRAPÉZIO Deslize a polpa digital sem perder o contato com a pele, da base do primeiro metacarpo, em direção proximal. Ao passar da articulação metacarpo-falangiana do polegar, logo proximal a ela, você estará palpando o osso trapézio. Foto: Rafael Prinz Foto 19: Palpação do capitato. CAPITATO Osso que se relaciona com a base do terceiro metacarpiano. Em uma abordagem ao dorso da mão, solicite que seja realizada uma flexão do punho passiva (pela ação da gravidade); após isso, deslize o seu dedo da base do terceiro metacarpo em direção proximal, sendo que você sentirá que sua polpa digital irá “cair” em uma depressão – este é o corpo do osso capitato. Foto: Rafael Prinz Foto 20: Palpação do gancho do hamato. GANCHO (OU PROCESSO UNCINADO) DO HAMATO estrutura localizada na região ventral da mão; para sua localização deverá ser realizada previamente a localização do pisiforme. Outro dado anatômico de interesse é que o gancho do hamato irá se encontrar na região carpal, em uma linha imaginária tracejada em relação à posição mediana do dedo anelar. Sendo assim, apoie a articulação interfalangiana do polegar (dedo a ser utilizado para esta palpação) na altura do pisiforme, de tal forma que a sua polpa digital se encontre posicionada na linha imaginária do quarto dedo da mão. Após isso, pressione essa região até entrar em contato com uma estrutura de densidade óssea – é o gancho do hamato. Vale observar que essa palpação é desconfortável na maioria dos indivíduos. Fileira proximal: Foto: Rafael Prinz Foto 21: Palpação do semilunar. SEMILUNAR Em uma vista dorsal da mão, solicite que seja realizada uma flexão do punho passiva (pela ação da gravidade); deslize o seu dedo sem perder o contato com a pele – após a identificação do capitato, continue proximalmente, e sentirá uma eminência abaulada – é o osso semilunar. Foto: Rafael Prinz Foto 22: Palpação do pisiforme. PISIFORME Osso carpal topograficamente localizado na área medial da prega de flexão do punho, na base da eminência hipotenar – vista palmar da mão. Ao colocar a polpa digital nesse local, observa- se uma estrutura óssea arredondada. Foto: Rafael Prinz Foto 23: Palpação do escafoide. ESCAFOIDE Principal osso do carpo, pela sua função biomecânica para a estabilidade carpal. Para a palpação do escafoide, deve-se saber identificar a tabaqueira anatômica – espaço delimitado pelos tendões extensor longo do polegar e extensor curto do polegar + abdutor longo do polegar. Palpando profundamente essa região, sente-se o escafoide, osso que forma o assoalho do espaço em questão. Foto: Rafael Prinz Foto 24: Palpação da tuberosidade do escafoide. TUBEROSIDADE DO ESCAFOIDE Localiza-se na palma da mão, logo distal à prega de flexão do punho, em topografia da base da eminência tenar, na direção de uma linha imaginária que passa pela mediana do dedo indicador. Na palpação, sente-se uma elevação óssea local, sensação por vezes incômoda em certos indivíduos. SAIBA MAIS O gancho do hamato, a tuberosidade do escafoide e o trapézio são acidentes ósseos que formam as paredes do túnel carpiano, local de passagem do nervo mediano. O pisiforme e o gancho do hamato, por sua vez, delimitam o canal de Guyon, região de passagem do nervo e da artéria ulnar para a mão. METACARPOS Os metacarpos estão situados entre os ossos do carpo e as falanges proximais dos dedos da mão. O segundo e terceiro metacarpianos são ossos mais fixos, enquanto o quarto e quinto metacarpos são mais móveis, quando realizada sua translação anteroposterior. Sobre esses ossos, é importante conhecer a cabeça, o corpo e a base: CABEÇA A cabeça dos metacarpos já é visível à inspeção da mão, com sua posição em “cascata” (do 3° ao 5° metacarpiano), sendo o 3° metacarpo o mais elevado quando a mão está cerrada – em flexão dos dedos (foto 25). Pode-se palpar esse acidente também em uma vista palmar, sendo que para tal deve-se realizar a extensão dos dedos, observando-se na altura da articulação metacarpo-falangiana pequenas elevações, compatíveis com a projeção da cabeça metacarpiana nesta vista (foto 26). Foto: Rafael Prinz Foto 25: Inspeção da cabeça dos metacarpos com a mão cerrada. Foto: Rafael Prinz Foto 26: Palpação da cabeça dos metacarpos pela região palmar da mão (pontos pretos na imagem). CORPO Partindo da cabeça em uma vista dorsal, em direção proximal, palpe a continuidade de cada metacarpiano como se estivesse dedilhando um piano (foto 27). Você poderá identificar sua superfície mais superior, assim como os limites laterais que compõem a diáfise. Foto: Rafael Prinz Foto 27: Palpação do corpo do 3° metacarpo. Base: As bases dos metacarpianos se articulam com os ossos do carpo. Foto: Rafael Prinz Foto 28: Palpação da base do 1° metacarpo. Deslizando o dedo, sem perder o contato com a pele, você sentirá um aumento do volume ósseo do metacarpo proximalmente, o que se traduz pela sua base. Tentedelimitá-la pelo deslizamento lateral do polegar e do indicador para o polegar e você irá sentir a base em formato selar. javascript:void(0) Foto: Rafael Prinz Foto 29: Palpação da base do 3° metacarpo. Já em relação aos demais dedos, deslize dedilhando pela diáfise em sentido proximal, até sentir a transição para a articulação carpo-metacarpiana correspondente: para o 2° metacarpo, com o trapezoide; para o 3° metacarpo, com uma depressão dorsal correspondente ao capitato; para o 4° metacarpo, com o capitato e o hamato; e para o quinto metacarpo, para com o hamato. FALANGES As falanges são ossos tubulares que formam os dedos da mão. Dividem-se em: FALANGE PROXIMAL Situa-se entre a articulação metacarpofalangiana e a articulação interfalangiana proximal. FALANGE MÉDIA Fica entre as articulações interfalangianas, com exceção do polegar, que não a possui. javascript:void(0) FALANGE DISTAL Distal à articulação interfalangiana distal. Nota-se que o polegar possui somente falange proximal e distal, separadas por uma articulação interfalangiana. Seus acidentes ósseos relevantes são base, diáfise ou corpo, e cabeça ou tróclea (este último nome está relacionado ao formato de carretel existente nas falanges proximal e média dos dedos). Veja a seguir! Foto: Rafael Prinz Foto 30: Palpação da base da falange proximal do 2° dedo. BASE Ao fletir os dedos nas articulações, com a pegada do polegar e do indicador deslizando sem perder o contato com a pele, de cada lado consegue-se palpar a base, percebendo uma pequena elevação que se projeta para a articulação proximalmente. Pode-se também palpá-la dorsalmente, lembrando que nesta posição a avaliação poderá ser menos acurada, devido à presença do aparelho extensor no local, além da parte óssea analisada. Foto: Rafael Prinz Foto 31: Palpação da diáfise da falange média do 3° dedo. DIÁFISE OU CORPO Com o dedo em extensão, a pegada do polegar e do indicador de cada lado dele evidencia o corpo da falange. É importante ressaltar que tal acidente será observado nas falanges proximais e médias com maior facilidade do que nas falanges distais, tendo em vista o afunilamento da falange por baixo da unha, perdendo a definição de seus limites. Foto: Rafael Prinz Foto 32: Palpação da cabeça ou tróclea da falange proximal do 3° dedo. CABEÇA OU TRÓCLEA Ao fletir os dedos nas articulações, com a pegada do polegar e do indicador de cada lado, deslizando sem perder o contato com a pele, consegue-se palpar a cabeça, percebendo-a como uma pequena elevação que se projeta para a articulação distalmente. Pode-se também palpá-la dorsalmente, mas nesta posição sua avaliação poderá ser menos acurada, devido à presença do aparelho extensor nesse local, além da parte óssea analisada. ESTRUTURAS ÓSSEAS E SEUS ACIDENTES NOS MEMBROS SUPERIORES O especialista Rafael Prinz explica a anatomia palpatória óssea do membro superior: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O OSSO ESCAFOIDE É O MAIS FRATURADO NA TRAUMATOLOGIA DO CARPO. COMO PODEREMOS INVESTIGÁ-LO PELA ANATOMIA PALPATÓRIA? A) Pela palpação na região proximal ao terceiro metacarpo B) Pela palpação dentro da tabaqueira anatômica C) Pela palpação do seu gancho na palma da mão D) Pela palpação abaixo da base do primeiro metacarpo E) Pela palpação na altura da prega de flexão do punho, em topografia medial na mão 2. O EPICÔNDILO LATERAL É SEDE DA EPICONDILITE LATERAL, DEVIDO À INSERÇÃO DA MUSCULATURA EXTENSORA DO ANTEBRAÇO NESSE LOCAL. QUAL A MELHOR FORMA PARA PALPÁ-LO? A) Com o cotovelo em flexão, apontando para cima, pelo deslizamento da polpa digital B) Com o cotovelo em extensão, pela palpação bidigital C) Com o cotovelo em flexão, apontando para cima, pela palpação bidigital D) Com o cotovelo em flexão, apontando para baixo, pelo deslizamento da polpa digital E) Com o cotovelo em extensão, pelo deslizamento da polpa digital GABARITO 1. O osso escafoide é o mais fraturado na traumatologia do carpo. Como poderemos investigá-lo pela anatomia palpatória? A alternativa "B " está correta. O assoalho da tabaqueira anatômica é formado pelo osso escafoide, e uma fratura dele pode ser avaliada de forma rápida pela palpação nesse local. 2. O epicôndilo lateral é sede da epicondilite lateral, devido à inserção da musculatura extensora do antebraço nesse local. Qual a melhor forma para palpá-lo? A alternativa "D " está correta. Para uma correta palpação do epicôndilo, com a colocação do cotovelo em posição de flexão de 90°, sobre a ação da gravidade, consegue-se evidenciar os epicôndilos do úmero. A seguir, pelo deslizamento com a polpa digital, deve-se identificar a sua protuberância naquela região. Com o cotovelo em extensão, a identificação torna-se dificultada pela contração da musculatura extensora do antebraço. Com o cotovelo em flexão para cima, fica mais difícil a visualização. A palpação bidigital é utilizada para avaliação do pulso, não sendo necessária para essa manobra. MÓDULO 2 Aplicar as técnicas de palpação para identificação dos principais componentes anatômicos das articulações do membro superior INTRODUÇÃO É importante avaliar a mobilidade de cada articulação para detectar incapacidades ou dificuldades de realizar certas atividades (provas funcionais). Também é interessante a palpação de estruturas ligamentares, as quais estabilizam as articulações e podem ser acometidas de lesões (chamadas entorses) que irão levar à incapacidade funcional de respectiva articulação. Neste módulo, avaliaremos as demais articulações do membro superior, a saber: cotovelo, radioulnar, punho, carpo-metacárpica, metacárpica-falangiana e interfalangiana proximal e distal. A ARTICULAÇÃO DO COTOVELO O cotovelo é uma articulação sinovial do tipo gínglimo e/ou dobradiça, localizada entre o braço e o antebraço. Seus componentes ósseos intra-articulares são o côndilo umeral, a incisura troclear da ulna e a cabeça do rádio. Como estabilizadores ligamentares, há o ligamento colateral ulnar (ou medial) e o ligamento colateral radial (ou lateral), os quais são restritores para o estresse em valgo e varo do cotovelo, respectivamente. A seguir, você terá informações sobre a palpação de suas estruturas ligamentares (foto 33) e sobre a mobilidade articular (foto 34). Foto: Rafael Prinz Foto 33: Estruturas ligamentares da articulação do cotovelo. O alfinete azul indica a ligação colateral medial (ulnar); o alfinete verde indica a ligação colateral lateral (radial). javascript:void(0) Foto: Rafael Prinz Foto 34: Mobilidade articular do cotovelo. 1. Extensão (0° a -5°) 2. Flexão (0° a 140°) ESTRUTURAS LIGAMENTARES PALPÁVEIS Foto: Rafael Prinz Foto 35: Palpação do ligamento colateral medial do cotovelo. Ligamento colateral medial – mantenha o cotovelo a ser examinado em flexão de 90°, com a mão direcionada para baixo. Assim, haverá o relaxamento de estruturas musculares, javascript:void(0) javascript:void(0) possibilitando a palpação com o polegar. Este deve deslizar sem perder o contato com a pele, entre o epicôndilo medial e a ulna – a direção do deslizamento é de póstero-anterior e vice- versa (figura 35). Dessa forma, ocorrerá a palpação de um feixe fibroso no espaço entre as estruturas ósseas – o ligamento colateral ulnar. Foto: Rafael Prinz Foto 36: Palpação do ligamento colateral lateral do cotovelo. Ligamento colateral lateral – com o cotovelo em pronação e em 90° de flexão, localize o epicôndilo lateral. Palpe a região logo anterior a ele, entre o acidente ósseo citado e a cabeça do rádio com o polegar, deslizando-o sem perder o contato com a pele – a direção do deslizamento é de anteroposterior e vice-versa (figura 36). Sendo assim, ocorrerá a palpação de um feixe fibroso no espaço entre as estruturas ósseas – o ligamento colateral radial. A ARTICULAÇÃO RADIOULNAR A articulação radioulnar tem três componentes: proximal (sinovial trocoide ou pivô) , média (fibrosa do tipo sindesmose) e distal(sinovial trocoide ou pivô) . Esses componentes são responsáveis pela movimentação do rádio por sobre a ulna no antebraço, executando a pronação e a supinação locais. javascript:void(0) A articulação radioulnar proximal, cujos componentes ósseos intra-articulares são a cabeça do rádio e a incisura radial da ulna, é reforçada lateralmente pelo ligamento anular da cabeça do rádio. A articulação radioulnar média é composta por uma membrana fibrosa interóssea entre as margens interósseas do rádio e da ulna. E a articulação radioulnar distal é composta pelos componentes ósseos da cabeça da ulna e incisura ulnar do rádio, não possuindo ligamento relevante articular local. A seguir, você conhecerá mais sobre a mobilidade articular e a palpação de suas estruturas ligamentares. Foto: Rafael Prinz Foto 37 - Estruturas ligamentares da articulação radioulnar. O alfinete verde indica a articulação radioulnar proximal (ligação anular da cabeça do rádio). O alfinete amarelo indica a articulação radioulnar média (membrana interóssea do antebraço). O alfinete branco indica a articulação radioulnar distal. Cotovelo fletido a 90°, polegar apontado para cima: Supinação (0° a 80°) Pronação (0° a 75°) Foto: Rafael Prinz Foto 38: Mobilidade da articulação radioulnar. ESTRUTURAS ARTICULARES E/OU LIGAMENTARES PALPÁVEIS LIGAÇÃO ANULAR DA CABEÇA DO RÁDIO Não há como isolar a estrutura relacionada da palpação da cabeça do rádio (descrita acima). A não ser que a cabeça radial esteja subluxada ou luxada, durante a palpação você estará também palpando o ligamento em questão. CÁPSULA FIBROSA DA ARTICULAÇÃO RADIOULNAR DISTAL Não há como isolar a estrutura relacionada da palpação da cabeça da ulna (descrita acima), já que ela envolve, em grande parte, essa estrutura, estabilizando a articulação. É interessante o acompanhamento do movimento articular local, quando se observa que a cabeça da ulna se torna mais proeminente se estiver em pronação, e tende a “desaparecer” durante o movimento de supinação do antebraço, posição em que ela está mais reduzida no espaço articular. A ARTICULAÇÃO DO PUNHO OU RADIOCÁRPICA É uma articulação sinovial do tipo elipsoide, localizada entre o antebraço e a mão. Seus componentes ósseos intra-articulares são a superfície articular do rádio distal e os ossos semilunar e escafoide. ATENÇÃO Como estabilizadores ligamentares, há uma cápsula articular reforçada por várias estruturas ligamentares intrínsecas. A seguir, conheça mais sobre a mobilidade articular (foto 39) – com o cotovelo fletido a 90° – e a palpação das estruturas ligamentares do punho. Foto: Rafael Prinz Foto 39: Mobilidade articular da articulação radiocárpica. Abdução da mão (desvio radial do punho) Flexão do punho Adução da mão (desvio medial do punho) Extensão do punho – flexão (0° a 80°), extensão (0° a 80°), adução (desvio ulnar até 45°), abdução (desvio radial até 15°) ESTRUTURAS LIGAMENTARES PALPÁVEIS Pelo fato de a região estar recoberta por vários tendões, que atravessam tanto ventralmente como dorsalmente para chegar a suas inserções na base dos metacarpos e/ou em outros acidentes ósseos da mão, não há estruturas ligamentares palpáveis no local. A ARTICULAÇÃO CARPO-METACARPIANA Trata-se de uma articulação do tipo sinovial plana, localizada entre os ossos carpais e a base dos metacarpos do 2° ao 5° dedos da mão, não apresentando movimentação relevante. No caso do polegar, é uma articulação sinovial selar, responsável por permitir o movimento de oposição do polegar (oponência). Em uma posição neutra, devido ao formato de encaixe das superfícies ósseas intra-articulares e à frouxidão ligamentar, é possível a rotação do polegar em resposta à ação muscular. Já quando em adução ou abdução, os ligamentos tornam-se mais tensos e o encaixe articular mais preciso, impedindo a rotação do polegar (imagem 1). Imagem: Traumatismos da Mão. PARDINI, A. G. 2000. Pág. 45. A articulação metacarpofalangiana do polegar e seu movimento de rotação: (A) numa posição neutra ocorre a rotação; já durante a abdução (B) e adução (C), é impossível rotacionar devido ao encaixe articular mais preciso e ao tensionamento dos seus ligamentos colaterais. RESUMINDO A mobilidade da articulação carpo-metacarpiana do polegar acontece por flexão, extensão, adução, abdução, rotação (esta não ocorre quando a articulação estiver em adução ou abdução). A ARTICULAÇÃO METACARPO- FALANGIANA Trata-se de uma articulação sinovial do tipo elipsoidea, localizada entre os metacarpos e os dedos da mão. Seus componentes ósseos intra-articulares são a cabeça dos metacarpos e a superfície articular da base das falanges proximais, do 1° ao 5° dedos da mão. Como estabilizadores ligamentares, há ligamentos colaterais de cada lado da articulação. Foto: Rafael Prinz Foto 40: Vista posterior da articulação da mão. Os alfinetes amarelos indicam ligamentos colaterais da articulação metacarpo-falangiana. Os brancos, ligamentos colaterais da articulação interfalangiana. A seguir, conheça mais sobre a mobilidade articular (foto 41) e a palpação das estruturas ligamentares da articulação metacarpo-falangiana. Foto: Rafael Prinz Foto 41: Mobilidade articular da articulação metacarpo-falangiana. Extensão (0° a 45°) Flexão (0° a 90°) Abdução dos dedos Adução dos dedos Os ligamentos colaterais encontram-se frouxos em extensão e tensos em flexão. Por isso, ao tentar realizar a abdução dos dedos com a flexão da metacarpo-falangiana de 90°, você observará dificuldade. A abdução ocorre somente com o dedo em extensão (até 20°); a adução ocorre somente com o dedo em extensão (0°) – ambos do 2° ao 5° dedos. javascript:void(0) VOCÊ SABIA Devido à diferença de tensão dos ligamentos colaterais na articulação metacarpo-falangiana, deve-se sempre evitar sua imobilização em extensão, para não provocar rigidez articular. ESTRUTURAS LIGAMENTARES PALPÁVEIS Os ligamentos colaterais devem ser palpados por meio de pegada indicador-polegar, de cada lado da articulação, entre a base da falange proximal e a cabeça do metacarpiano (foto 42). Ao deslizar os dedos em questão de posterior para anterior, estaremos na topografia do ligamento, passando por uma estrutura fibrosa, não existente quando da palpação da articulação em sua parte dorsal – são os ligamentos colaterais. Foto: Rafael Prinz Foto 42: Palpação dos ligamentos colaterais laterais na metacarpo-falangiana do 2° dedo da mão direita. AS ARTICULAÇÕES INTERFALANGIANAS São articulações sinoviais do tipo gínglimo ou dobradiça, localizadas entre as falanges dos dedos da mão. Seus componentes ósseos intra-articulares são: A superfície articular das bases das falanges médias e a superfície articular da cabeça e/ou tróclea das falanges proximais (na articulação interfalangiana proximal). & A superfície articular das bases das falanges distais e a superfície articular da cabeça e/ou tróclea das falanges médias (na articulação interfalangiana distal) do 2° ao 5° dedos da mão (veja a foto 40). SAIBA MAIS No caso do polegar, só há uma articulação interfalangiana, já que não há falange média. Como estabilizadores ligamentares, localizam-se, de cada lado das articulações, ligamentos colaterais. A seguir, conheça mais sobre a mobilidade articular e a palpação das estruturas ligamentares das articulações interfalangianas. Foto: Rafael Prinz Foto 43: Mobilidade articular da articulação interfalangiana do indicador. Flexão – maior na proximal (0° a 90° na distal, 0° a 100° na proximal) Extensão (20° na distal, 0° na proximal) Em relação à mobilidade das articulações interfalangianas, observa-se flexão maior na proximal, enquanto há extensão maior na distal. EXEMPLO Para pegar um objeto como um copo, por exemplo, é necessário aumentar a extensão do dedo em um primeiro momento, para depois realizar a flexão dos dedos com o objetivo de manter o copo seguro. ESTRUTURAS LIGAMENTARESPALPÁVEIS Os ligamentos colaterais devem ser palpados por meio de pegada indicador-polegar, de cada lado da articulação, entre a base da falange com posição mais distal e a cabeça e/ou tróclea da falange proximal correspondente (foto 44). Ao deslizar os dedos em questão de posterior para anterior, estaremos na topografia do ligamento. Passando por uma estrutura fibrosa, não existente quando da palpação da articulação em sua parte dorsal – são os ligamentos colaterais. Foto: Rafael Prinz Foto 45: Palpação dos ligamentos colaterais laterais na interfalangiana proximal do 3° dedo. IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS, LOCALIZAÇÃO E INVESTIGAÇÃO PALPATÓRIA DAS ARTICULAÇÕES DOS MEMBROS SUPERIORES O especialista Rafael Prinz explica de forma prática a anatomia palpatória articular do membro superior: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A RIGIDEZ ARTICULAR É UMA COMPLICAÇÃO CLÍNICA QUE PODE OCORRER APÓS O TRATAMENTO CONSERVADOR DE UMA PATOLOGIA QUE ENVOLVA A IMOBILIZAÇÃO GESSADA NO COTOVELO. PARA AVALIAÇÃO DESSA COMPLICAÇÃO, QUAIS SERIAM OS GRAUS DE FLEXÃO E EXTENSÃO, RESPECTIVAMENTE, CONSIDERADOS NORMAIS PARA O COTOVELO? A) Até 100° / 0° B) Até 70° / 10° C) Até 90° / 10° D) Até 120° / 5° E) Até 140° / 0° 2. A CONSOLIDAÇÃO VICIOSA É UMA COMPLICAÇÃO CLÍNICA QUE PODE OCORRER APÓS O TRATAMENTO DE UMA FRATURA DE RÁDIO DISTAL. NELA, DEVIDO À CONSOLIDAÇÃO FORA DA POSIÇÃO ANATÔMICA, OCORRE A PERDA DE AMPLITUDE DE MOVIMENTO ARTICULAR PARA O PUNHO. PARA AVALIAÇÃO DESSA COMPLICAÇÃO, QUAIS SERIAM OS GRAUS DE FLEXÃO E EXTENSÃO, RESPECTIVAMENTE, CONSIDERADOS NORMAIS PARA O PUNHO? A) Até 45° / 15° B) Até 80° / 80° C) Até 80° / 45° D) Até 45° / 80° E) Até 15° / 45° GABARITO 1. A rigidez articular é uma complicação clínica que pode ocorrer após o tratamento conservador de uma patologia que envolva a imobilização gessada no cotovelo. Para avaliação dessa complicação, quais seriam os graus de flexão e extensão, respectivamente, considerados normais para o cotovelo? A alternativa "E " está correta. Os graus de movimento articular são de até 140° de flexão e de 0° de extensão. 2. A consolidação viciosa é uma complicação clínica que pode ocorrer após o tratamento de uma fratura de rádio distal. Nela, devido à consolidação fora da posição anatômica, ocorre a perda de amplitude de movimento articular para o punho. Para avaliação dessa complicação, quais seriam os graus de flexão e extensão, respectivamente, considerados normais para o punho? A alternativa "B " está correta. Os graus de movimento articular são de até 80° de flexão e de extensão. MÓDULO 3 Distinguir, pela palpação anatômica, os diversos músculos do membro superior INTRODUÇÃO Quando se analisam os músculos, é importante avaliar a dor à palpação, na realização de testes específicos (tendinites), e também a diminuição de força ou incapacidade de realizar o movimento (lesões ou roturas musculares). Neste módulo, serão abordados os demais grupamentos musculares do membro superior, a saber: loja anterior e posterior do braço, loja anterior e posterior do antebraço e mão. A LOJA ANTERIOR DO BRAÇO A loja anterior do braço é composta pelos músculos bíceps braquial, braquial e coracobraquial. MÚSCULO BÍCEPS BRAQUIAL É o principal supinador do antebraço, quando o cotovelo está em flexão de 90°. Compõe-se de duas porções: A curta possui fixação proximal no processo coracoide. A longa, fixação proximal no tubérculo supraglenoidal da escápula. SAIBA MAIS Sua fixação distal é por tendão único na tuberosidade do rádio (imagem 2). Imagem: Shutterstock.com adaptado por Gloria Lourenço Revelles O músculo bíceps braquial. Para a sua palpação, deve-se realizar a flexão do cotovelo a 90°, com o antebraço em supinação, opondo resistência ao movimento. DICA Para melhorar a visualização, pode-se solicitar que sejam realizados movimentos de “contrações-relaxamentos” sucessivos. Foto: Rafael Prinz Foto 46: Palpação dos ventres musculares do bíceps braquial. Com o dedo indicador e médio contralateral do examinador, palpa-se o ventre muscular do bíceps – pode-se até conseguir separar as suas cabeças, por meio de sensação de área de menor resistência dentro de seu ventre carnoso. Foto: Rafael Prinz Foto 47: Palpação do tendão do músculo bíceps braquial na altura do cotovelo. Seguindo distalmente, palpa-se o tendão do bíceps à altura da prega do cotovelo, o qual irá se inserir na tuberosidade do rádio; por vezes, é o local de realização do reflexo bicipital. MÚSCULO BRAQUIAL É o principal flexor do antebraço; origina-se no corpo do úmero, abaixo da inserção do músculo deltoide, com sua inserção distal através de um tendão na tuberosidade da ulna (imagem 3). Imagem: Shutterstock.com adaptado por Gloria Lourenço Revelles O músculo braquial. Para a sua palpação, deve-se realizar a flexão do cotovelo a 90°, com o antebraço em pronação, opondo resistência ao movimento. Foto: Rafael Prinz Foto 48: Palpação do ventre muscular do braquial. Com o dedo polegar contralateral do examinador, palpa-se medialmente o ventre muscular do braquial, localizado logo abaixo da massa carnosa do bíceps braquial, com uma sensação de depressão divisora entre as massas musculares em questão – é o limite entre elas. Seguindo distalmente, palpa-se o tendão do braquial na altura da prega do cotovelo, o qual irá se inserir na tuberosidade da ulna, medial ao tendão bicipital no cotovelo. Foto: Rafael Prinz Foto 49: Palpação do tendão do m. braquial na altura do cotovelo. A LOJA POSTERIOR DO BRAÇO A loja posterior do braço é composta pelo músculo tríceps braquial, principal extensor do antebraço. Esse músculo tem sua origem em três inserções proximais: a cabeça longa no tubérculo infraglenoidal da escápula; a cabeça lateral; e a medial do corpo do úmero. As três porções se unem em um tendão único para se inserir distalmente no olécrano da ulna (imagem 4). Imagem: Shutterstock.com adaptado por Gloria Lourenço Revelles O músculo tríceps braquial. Para a sua palpação, deve-se realizar a extensão do antebraço com contrarresistência pelo examinador. Será possível visualizar a contração da cabeça longa (mais central e longitudinal numa vista posterior do braço), circundada por duas massas musculares – a cabeça lateral do tríceps, mais lateral e anterior, e a cabeça medial do tríceps, mais medial e inferior (foto 50). Para melhorar a visualização, pode-se solicitar que sejam realizados movimentos de “contrações- relaxamentos” sucessivos. Foto: Rafael Prinz Foto 50: Visualização dos ventres musculares do tríceps após extensão com contrarresistência do cotovelo. Já o tendão do tríceps braquial pode ser palpado em uma pegada polegar-indicador recobrindo a fossa do olécrano do úmero, com o antebraço em extensão – não há a necessidade de realização de contrarresistência, sendo até possível, nessa posição, realizar a mobilização látero-lateral. Foto: Rafael Prinz Foto 51: Palpação do tendão do músculo tríceps braquial logo acima de sua inserção no olécrano da ulna. A LOJA ANTERIOR (OU FLEXORA) DO ANTEBRAÇO Nessa loja está a maioria da musculatura que realiza flexão do punho e da mão, além da musculatura pronadora (imagem 5). ATENÇÃO Destaca-se como ponto de inserção óssea o epicôndilo medial do úmero, local de inserção proximal dos músculos que são superficiais nessa loja. Na sua camada mais superficial, encontram-se os músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo e flexor ulnar do carpo (de radial para ulnar). Logo abaixo, está o músculo flexor superficial dos dedos. Na terceira camada encontram-se os músculos flexor profundo dos dedos e flexor longo do polegar. Na sua camada mais profunda, localiza-se o músculo pronador quadrado. Para a palpação, é relevante a identificação dos músculos da camada superficial, assim como do músculo flexor superficial dos dedos. Imagem: Shutterstock.com adaptadopor Gloria Lourenço Revelles Musculatura da loja anterior do antebraço. MÚSCULO PRONADOR REDONDO É o principal músculo relacionado à pronação do antebraço. Tem inserção proximal no epicôndilo medial e término na diáfise do rádio. Foto: Rafael Prinz javascript:void(0) Foto 52: Palpação do músculo pronador redondo. Para palpá-lo, solicite a realização de pronação do antebraço com o punho cerrado, posicionando-se distal à prega do cotovelo, medialmente à inserção do tendão do bíceps braquial. Por meio de uma pegada tipo polegar-indicador, será possível isolar a massa carnosa do pronador no local. MÚSCULO FLEXOR RADIAL DO CARPO As funções desse músculo são a flexão do punho e o desvio radial da mão. Para testá-lo, solicite que o paciente realize uma flexão ativa do punho, com desvio radial. O tendão será logo bem identificado no terço distal do antebraço; se você o seguir proximalmente, chegará à localização do seu ventre muscular, logo medial ao pronador redondo. DICA Outro detalhe que ajuda a identificar a localização do tendão é que ele está na posição lateral ao tendão do palmar longo (foto 53). Foto: Rafael Prinz Foto 53: Palpação do tendão do músculo flexor radial do carpo, no antebraço. Observe, em posição medial, o tendão do músculo palmar longo. MÚSCULO PALMAR LONGO Esse músculo é um flexor acessório do punho, além de atuar na contração da aponeurose palmar. VOCÊ SABIA Em alguns pacientes não é encontrado, devido à variação anatômica local de agenesia, que, quando é bilateral, ocorre em 14% dos casos. Foto: Rafael Prinz Foto 54: Palpação do tendão do músculo palmar longo. Para testá-lo, deve-se realizar a oponência do polegar com o dedo mínimo, associada à flexão do punho, com aparecimento de uma estrutura tendinosa nos 2/3 distais do antebraço. Seguindo proximalmente, em alguns casos, pode-se identificar seu ventre muscular, proximal ao término do seu tendão. MÚSCULO FLEXOR ULNAR DO CARPO Músculo relacionado aos movimentos de flexão e desvio ulnar do punho. Tem inserção proximal no epicôndilo medial, e distal, na base do 5° metacarpo. Para testá-lo, deve ser realizada a flexão do punho com desvio ulnar da mão – você sentirá uma “corda” na topografia da ulna no antebraço, sendo este o tendão superficial mais medial do antebraço. Foto: Rafael Prinz Foto 55: Palpação do tendão do músculo flexor ulnar do carpo. MÚSCULO FLEXOR SUPERFICIAL DOS DEDOS Músculo que ajuda a realizar a flexão do punho, além de ser o agonista para a flexão da articulação interfalangiana proximal. Tem inserção proximal no epicôndilo medial e também em um arco tendinoso entre o rádio e a ulna; distalmente, termina na falange média do 2° ao 5° dedos da mão. Foto: Rafael Prinz Foto 56: Palpação do tendão do músculo flexor superficial dos dedos, no antebraço. Observe a relação com o tendão do músculo palmar longo, situado superficial a ele. Para palpar esse músculo no antebraço, é importante saber que ele se situa logo abaixo do músculo palmar longo. Na flexão do punho, com a mão cerrada, será observada a elevação de um tendão mais largo, que fica visível mais na sua borda medial – o músculo flexor superficial dos dedos. DICA Para melhorar a visualização, pode-se solicitar que sejam realizados movimentos de “contrações-relaxamentos” sucessivos. A LOJA POSTERIOR (OU EXTENSORA) DO ANTEBRAÇO Nessa loja, está a maioria da musculatura que realiza extensão do punho e da mão, além do músculo supinador. O ponto de inserção óssea relevante é o epicôndilo lateral do úmero, local de inserção proximal de grande parte dos músculos nessa loja. Acima do epicôndilo lateral – na crista supraepicondilar lateral, encontram-se os músculos braquiorradial e extensor radial longo do carpo. Na altura do epicôndilo lateral, originam-se o ancôneo, extensor radial curto do carpo, extensor dos dedos, extensor do dedo mínimo e extensor ulnar do carpo. Distalmente no antebraço é a origem do extensor próprio do dedo indicador e dos músculos que atuarão sobre o polegar – extensor longo do polegar, extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar (imagem 6). Imagem: Shutterstock.com adaptado por Gloria Lourenço Revelles Musculatura da loja posterior do antebraço. Para a palpação, é relevante identificar os músculos superficiais desse compartimento: o braquiorradial e extensores radiais, assim como o ancôneo, extensores dos dedos e ulnar do carpo. ATENÇÃO Os tendões dos músculos que atuam sobre o polegar, embora sejam profundos, tornam-se salientes e também são identificáveis, colaborando para a formação da tabaqueira anatômica. MÚSCULO BRAQUIORRADIAL Músculo que ajuda a realizar a flexão do antebraço. Sua inserção proximal se dá na crista supra-epicondilar lateral e distalmente termina no processo estiloide do rádio. Foto: Rafael Prinz Foto 57: Palpação do músculo braquiorradial. Para palpá-lo no antebraço, solicite ao paciente a realização de flexão do cotovelo contrarresistência, com o punho em posição neutra em relação à prono-supinação. Dessa forma, será possível identificar uma massa carnosa contraída palpável na altura da prega do cotovelo. MÚSCULO EXTENSOR RADIAL LONGO DO CARPO Esse músculo está associado ao movimento de extensão do punho com desvio radial dele. Tem origem na crista supraepicondilar lateral do úmero, e se insere distalmente na base do 2° metacarpo. Para palpá-lo, o paciente deve realizar uma extensão e desvio radial do punho com o cotovelo a 90°, com contrarresistência por parte do examinador. Dessa forma será possível observar, logo acima da região lateral do cotovelo, a contração de massa muscular local – é o músculo extensor radial longo do carpo. Foto: Rafael Prinz Foto 58: Palpação do ventre muscular do extensor radial longo do carpo. Distalmente, pode-se palpar a inserção desse músculo no 2° metacarpo, solicitando ao paciente que cerre a mão em posição de extensão do punho. Nesse momento, identifique o 2° metacarpo e deslize o dedo em direção proximal, quando você localizará uma estrutura tubular em sua base – é o tendão do músculo em questão. MÚSCULO EXTENSOR RADIAL CURTO DO CARPO Esse músculo também está associado ao movimento de extensão do punho com desvio radial dele. Origina-se do epicôndilo lateral do úmero e se insere distalmente na base do 3° metacarpo. ATENÇÃO O músculo não é palpável na sua origem, tampouco no seu trajeto no antebraço de forma isolada, por estar situado abaixo do extensor radial longo do carpo. Sendo assim, no javascript:void(0) antebraço, quando da realização de uma extensão e desvio radial do punho, com o cotovelo a 90°, com contrarresistência por parte do examinador, será observada a contração de massa muscular local composta pelos dois músculos extensores radiais. Distalmente, pode-se palpar a inserção do músculo no 3° metacarpo, solicitando que o paciente cerre a mão em posição de extensão do punho. Nesse momento, identifique o 3° metacarpo e deslize o dedo em direção proximal, quando você identificará uma estrutura tubular em sua base – é o tendão do músculo em questão. MÚSCULO EXTENSOR DOS DEDOS Músculo cuja origem está no epicôndilo lateral e termina no aparelho extensor. Localiza-se na superfície dorsal do 2° ao 5° dedos. Sua ação é a extensão dos dedos e auxilia na extensão do punho. No antebraço, quando o paciente realizar a extensão do punho com contrarresistência, com a mão cerrada, será observada a contração de massa muscular localizada medialmente aos extensores radiais (foto 59). Foto: Rafael Prinz Foto 59: Palpação do músculo extensor dos dedos, entre outras musculaturas visíveis pela ação de extensão ativa do punho. Após passar pelo retináculo extensor do punho, o músculo extensor dos dedos se divide em tendões que se dirigem do 2° ao 5° dedos da mão. Foto: Rafael Prinz Foto 60: Visualização dos tendões do músculo extensor dos dedos no dorso da mão. Observe o tendão do músculoextensor próprio do dedo mínimo (2), medial ao tendão do músculo extensor dos dedos (1). Pode-se palpar essas estruturas no dorso da mão realizando a extensão das metacarpo- falangianas associada à flexão das interfalangianas proximais, situação na qual os tendões extensores ficam mais visíveis localmente. javascript:void(0) Foto: Rafael Prinz Foto 61: Visualização do tendão do músculo extensor dos dedos para o indicador no dorso da mão (1). Observe o tendão do músculo extensor próprio do dedo indicador (2), medial ao tendão do músculo extensor dos dedos. Nesse caso, também fica visível a inserção dos tendões próprios do indicador e do dedo mínimo junto ao retináculo extensor – esses tendões próprios são mediais aos tendões extensores comuns desses dedos. MÚSCULO EXTENSOR ULNAR DO CARPO Esse músculo tem sua origem no epicôndilo lateral e inserção distal na base do 5° metacarpo. Está associado à extensão do punho com desvio ulnar da mão. Para palpá-lo, deve ser solicitada a extensão do punho com desvio ulnar com contrarresistência, quando será observado aparecimento de massa carnosa contrátil medial à topografia do músculo extensor dos dedos no antebraço. Distalmente, o tendão desse músculo é palpável como uma estrutura tubular em topografia medial à cabeça da ulna, para se inserir na base do 5° metacarpo (foto 62). javascript:void(0) Foto: Rafael Prinz Foto 62: Visualização do músculo extensor ulnar do carpo, entre outras musculaturas visíveis pela ação de extensão ativa do punho associada a desvio ulnar. MÚSCULO ANCÔNEO Esse músculo, que se origina no epicôndilo lateral do úmero e se insere na face lateral do olécrano da ulna, é um sinergista da extensão do cotovelo. Para a sua palpação, deve-se realizar a extensão do cotovelo com contrarresistência, com movimentos de “contrações- relaxamentos” sucessivos. Ao palpar a face lateral do olécrano, medialmente ao músculo extensor ulnar do carpo, você sentirá a contração de uma área triangular local – a massa carnosa do ancôneo (foto 63). Foto: Rafael Prinz Foto 63: Visualização da topografia do músculo ancôneo, entre outras musculaturas visíveis pela ação de extensão ativa do antebraço. MÚSCULOS QUE ATUAM NO POLEGAR Músculos da camada extensora mais profunda, que, por tornarem salientes os seus tendões, permitem palpação nesse nível. MÚSCULO EXTENSOR LONGO DO POLEGAR Tem sua origem no terço médio da ulna e na membrana interóssea do antebraço. Em seu trajeto para o polegar, se situa logo medial ao tubérculo dorsal do rádio (ou tubérculo de Lister), com o qual faz relação. De lá se projeta em direção ao polegar, terminando por se inserir na base da falange distal dele. Para palpá-lo, realize a extensão ativa do polegar – na sua interfalangiana em direção dorsal, situação na qual você poderá palpar o trajeto tendinoso desde a sua saída do retináculo extensor. null Foto: Rafael Prinz Foto 64: Palpação do músculo extensor longo do polegar no dorso do antebraço. Observe o trajeto de seu tendão para o polegar. MÚSCULO EXTENSOR CURTO DO POLEGAR Origina-se no terço distal do rádio e na membrana interóssea do antebraço. Em seu trajeto para o polegar, passa por dentro do primeiro túnel do retináculo extensor, relacionando-se com o processo estiloide do rádio dorsalmente. De lá se projeta em direção ao polegar, terminando por se inserir na base da falange proximal dele. Para palpá-lo, realize a extensão ativa do polegar em direção dorsal, mas mantendo a flexão da articulação interfalangiana, situação na qual você poderá palpar o trajeto tendinoso do mesmo desde a sua saída do retináculo extensor. null Foto: Rafael Prinz Foto 65: Palpação do músculo extensor curto do polegar na altura do punho. MÚSCULO ABDUTOR LONGO DO POLEGAR Esse músculo tem sua origem na face posterior proximal da ulna, do rádio e membrana interóssea do antebraço. Em seu trajeto para o polegar, passa por dentro do primeiro túnel do retináculo extensor, relacionando-se com o processo estiloide do rádio dorsalmente. De lá se projeta em direção ao polegar, terminando por se inserir na base do 1° metacarpo desse dedo. Para palpá-lo, realize a abdução ativa do polegar, mas mantendo a extensão da articulação interfalangiana, situação na qual você poderá palpar o trajeto tendinoso desde a sua saída do retináculo extensor. null Foto: Rafael Prinz Foto 66: Palpação do m. abdutor longo do polegar na altura do punho. TABAQUEIRA ANATÔMICA É o espaço delimitado, de um lado, pelo tendão do músculo extensor longo do polegar e, por outro lado, pelo tendão do músculo extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar. Para evidenciá-la, realize a abdução e extensão ativa do polegar conjuntamente, situação na qual ficarão visíveis os seus limites. null Foto: Rafael Prinz Foto 67: Visualização da tabaqueira anatômica na altura do punho. Vale ressaltar que os tendões do abdutor longo e do extensor curto, em conjunto, são difíceis de isolar nessa posição – mas, observa-se que o extensor curto do polegar tem posição mais dorsal em relação ao abdutor. A MUSCULATURA INTRÍNSECA DA MÃO Nessa loja, está a musculatura que tem origem e inserção na mão. Ela se divide topograficamente em: Uma loja tenar, relacionada ao polegar. Uma loja hipotenar, relacionada ao dedo mínimo. Um compartimento central da mão. ATENÇÃO Para a palpação, é relevante a avaliação das lojas em questão e da musculatura interóssea e adutora da mão. LOJA TENAR Composta pelos músculos abdutor curto do polegar, flexor curto do polegar e oponente, essa loja apresenta-se como uma eminência na parte lateral da palma da mão, anterior ao 1° metacarpo. Imagem: Shutterstock.com A loja tenar na mão (evidenciada pela área colorida da imagem). Foto: Rafael Prinz Foto 68: Palpação da loja tenar na mão. Para palpá-la, realize uma pegada polegar-indicador, estando o polegar na altura da prega de flexão do punho e o indicador, na altura da prega longitudinal do polegar. LOJA HIPOTÊNAR Composta pelos músculos abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedo mínimo e oponente do dedo mínimo, apresenta-se como uma eminência de aspecto alongado, na parte medial da palma da mão, anterior ao 5° metacarpo. Imagem: Shutterstock.com A loja hipotenar (evidenciada na área colorida da imagem). Vista anterior da mão. Foto: Rafael Prinz Foto 69: Palpação da loja hipotenar na mão. Para palpá-la, realize uma pegada polegar-indicador, estando o polegar na posição medial e o indicador na altura de uma linha longitudinal imaginária traçada a partir da prega interdigital entre o 4° e o 5° dedos da mão. MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR Essa musculatura tem fixação proximal nas bases do 2° e 3° metacarpos e fixação distal na falange proximal do polegar (imagem 9). Imagem: Shutterstock.com O músculo adutor do polegar. Vista anterior da mão. Seu formato lembra um leque, e esse músculo é responsável pela adução do polegar na palma da mão. Foto: Rafael Prinz Foto 70: Palpação do músculo adutor do polegar na mão. É facilmente palpável ao se realizar uma pegada polegar-indicador na altura da comissura do polegar, entre o 1° e o 2° metacarpos. MÚSCULOS INTERÓSSEOS Dividem-se em interósseos dorsais (de 1 a 4) e interósseos palmares (de 1 a 3), localizando-se adjacentes aos ossos metacarpais, com inserção distal no aparelho extensor do 2° ao 5° dedos da mão. Imagem: Shutterstock.com A musculatura interóssea dorsal na mão. Vista posterior. Pela posição em relação ao eixo da mão (3° dedo), podem ter suas ações divididas como: ABDUÇÃO DOS DEDOS Interósseos dorsais ADUÇÃO DOS DEDOS Interósseos palmares Os músculos interósseos auxiliam na extensão dos dedos por meio do aparelho extensor. No caso dos interósseos palmares, devido a sua profundidade, não há como palpá-los. Já no caso javascript:void(0) javascript:void(0) dos interósseos dorsais, solicite ao paciente a realização de abdução ativa dos dedos,identificando a contração do espaço intermetacarpal por intermédio de sua palpação dorsal. Foto: Rafael Prinz Foto 71: Visualização da topografia dos músculos interósseos dorsais (linhas em preto), nos quais será notada a contração durante abdução ativa. O primeiro interósseo dorsal será identificado como uma massa carnosa localizada entre o 1° metacarpiano e o músculo adutor do polegar. Foto: Rafael Prinz Foto 72: Visualização da contração do 1° músculo interósseo dorsal, após a realização de abdução com contrarresistência do dedo indicador. INVESTIGAÇÃO PALPATÓRIA MUSCULOTENDINOSA DOS MEMBROS SUPERIORES O especialista Rafael Prinz explica de forma prática a anatomia palpatória muscular do membro superior: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O TENDÃO DA LOJA ANTERIOR DO ANTEBRAÇO, FACILMENTE IDENTIFICÁVEL PELA REALIZAÇÃO DO MOVIMENTO DE OPONÊNCIA E LEVE FLEXÃO DO PUNHO, É: A) Flexor radial do carpo B) Flexor ulnar do carpo C) Palmar longo D) Flexor superficial dos dedos E) Pronador redondo 2. A TENDINITE DO FLEXOR ULNAR DO CARPO É UMA PATOLOGIA COMUM, DEVIDO AO MOVIMENTO REPETITIVO DE PEGARMOS OBJETOS. COMO PODERÍAMOS IDENTIFICAR ESSE TENDÃO? A) Realizar flexão com desvio ulnar com contrarresistência, sendo o tendão superficial mais medial nessa loja do antebraço. B) Realizar flexão com desvio radial com contrarresistência, sendo o tendão superficial mais medial nessa loja do antebraço. C) Realizar flexão com contrarresistência, sendo localizado logo abaixo do palmar longo nessa loja do antebraço. D) Realizar flexão com desvio ulnar com contrarresistência, sendo o tendão superficial mais lateral nessa loja do antebraço. E) Realizar flexão com desvio radial com contrarresistência, sendo o tendão superficial mais radial nessa loja do antebraço. GABARITO 1. O tendão da loja anterior do antebraço, facilmente identificável pela realização do movimento de oponência e leve flexão do punho, é: A alternativa "C " está correta. O tendão palmar longo é considerado superficial, sendo, facilmente, reconhecido pelo movimento de oponência e flexão leve do punho, situação na qual torna-se evidente, na região proximal, a prega de flexão do punho. 2. A tendinite do flexor ulnar do carpo é uma patologia comum, devido ao movimento repetitivo de pegarmos objetos. Como poderíamos identificar esse tendão? A alternativa "A " está correta. Para uma correta identificação do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, deve ser realizada a flexão com desvio ulnar com contrarresistência, palpando a sua estrutura na parte mais medial da loja do antebraço, próximo à prega de flexão do punho. MÓDULO 4 Identificar os principais pontos nervosos e vasculares palpáveis do membro superior INTRODUÇÃO O conhecimento do local de passagem de um nervo, facilita sua palpação e auxilia no diagnóstico de doenças relacionadas a sua compressão durante esses trajetos. Já no caso das veias superficiais, a noção de sua anatomia possibilita sua identificação e é a base técnica para uma punção venosa. ATENÇÃO A palpação das artérias do membro superior permite a análise dos pulsos relacionados a elas, habilidade esta importante para um profissional da área da saúde. O que você vai ver, neste módulo, são os principais pontos de palpação nervosa, venosa superficial e arterial do membro superior, nesta ordem de apresentação. NERVOS É importante ressaltar que essa palpação deve ser cautelosa, evitando, assim, acometimento nervoso local. NERVO MEDIANO O nervo mediano tem sua origem no plexo braquial. No braço, localiza-se medialmente, junto à artéria braquial: Na altura do cotovelo, entra no antebraço pela fossa cubital (medial ao tendão do bíceps e à artéria braquial). Passa entre as cabeças do músculo pronador redondo, de onde se aprofunda na loja anterior do antebraço. Caminhando entre os músculos flexor superficial e profundo dos dedos. No terço distal do antebraço, superficializa-se entre os tendões dos músculos flexor radial do carpo e flexor superficial dos dedos, logo abaixo do tendão do músculo palmar longo. Depois esse nervo adentra o túnel do carpo para inervar a mão. É no terço distal do antebraço que se torna palpável, pela identificação do tendão do palmar longo quando se opõe o polegar ao dedo mínimo. Em seguida, afasta-se o tendão do palmar longo lateralmente com a polpa digital do indicador, para a palpação do seu corpo cilíndrico. Foto: Rafael Prinz Trajeto do nervo mediano (marcado com alfinetes verdes), desde o braço até o punho, em um membro superior de cadáver humano. Foto: Rafael Prinz Palpação do nervo mediano na altura do punho. NERVO ULNAR Tendo origem no plexo braquial, o nervo ulnar situa-se medialmente no antebraço, sendo que se dirige em seu terço distal para posterior, entrando no túnel cubital, espaço delimitado pelo sulco do nervo ulnar e o músculo flexor ulnar do carpo. Já no antebraço, situa-se profundamente no músculo flexor ulnar do carpo, tornando-se superficial na porção distal do antebraço, onde estará entre o tendão dos músculos flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos, juntamente com a artéria ulnar. Depois disso, penetra no canal de Guyon, para inervar a mão. Foto: Rafael Prinz Foto 75: Trajeto do nervo ulnar (marcado com alfinetes verdes), desde o terço distal do braço até o punho, em um membro superior de cadáver humano. Foto: Rafael Prinz Foto 76: Palpação da estrutura cilíndrica do nervo ulnar na altura do túnel cubital. É na altura do túnel cubital e no terço distal do antebraço que se torna palpável. Para isso, no cotovelo, posicione o antebraço em supinação e flexão de 30° a 45° e palpe com a polpa digital do indicador no sulco do nervo ulnar, posteriormente ao epicôndilo medial, localizando sua estrutura nervosa cilíndrica. Foto: Rafael Prinz Foto 77: Palpação do nervo ulnar na altura do punho no terço distal do antebraço. No antebraço, deslize a polpa digital do indicador pela borda lateral do tendão do músculo flexor ulnar do carpo, proximal à prega de flexão do punho, mobilizando o nervo por sobre o tendão do músculo flexor superficial dos dedos. VEIAS SUPERFICIAIS A drenagem venosa superficial do membro superior tem sua origem no arco venoso dorsal, que se encontra na região dorsal da mão. De lá, originam-se as duas veias superficiais mais relevantes do membro superior – as veias cefálica e basílica (imagem 11). Imagem: Shutterstock.com adaptado por Rafael Prinz Veias superficiais do membro superior. VEIA CEFÁLICA Recebe a drenagem venosa referente ao polegar e indicador, sendo formada na altura da tabaqueira anatômica. Prossegue pela região lateral e dorsal ao punho e, acima do processo estiloide do rádio, curva- se para a face anterolateral do antebraço. Na altura do cotovelo, a veia cefálica se comunica com a veia basílica através da veia intermédia do cotovelo. Na altura do braço, tem trajeto ascendente ao músculo bíceps braquial e, proximalmente, localiza-se entre os músculos deltoide e peitoral maior, em uma região denominada sulco deltopeitoral, de onde se aprofunda para desaguar na veia axilar. Para a palpação, são visíveis principalmente a sua formação proveniente do arco venoso dorsal, assim como a sua curvatura quando passa da região dorsal para a ventral do antebraço. Foto: Rafael Prinz Foto 78: Palpação da veia cefálica quando de seu trajeto no antebraço (setas pretas). SAIBA MAIS Em algumas pessoas magras, observa-se o trajeto da veia cefálica até o sulco deltopeitoral. Quando se coloca manguito no braço e/ou torniquete, sua anatomia palpatória torna-se mais evidente. VEIA BASÍLICA Recebe a drenagem venosa referente aos dedos médio, anelar e mínimo, prosseguindo pela região medial e dorsal ao punho; quando distal ao cotovelo, curva-se para a face anterior do antebraço. Na altura do cotovelo, comunica-se com a veia cefálica através da veia intermédia do cotovelo,estando situada superficialmente entre o tendão do músculo bíceps braquial e o músculo pronador redondo. Na altura do braço, ela se situa medial ao bíceps braquial no terço distal do segmento, de onde se aprofunda para formar proximalmente a veia axilar. Para a palpação, são visíveis principalmente a sua formação proveniente do arco venoso dorsal, assim como a sua curvatura quando passa da região dorsal para a ventral do antebraço. Foto: Rafael Prinz Foto 79: Arco venoso dorsal (1) e palpação da veia basílica (2) quando de seu trajeto no antebraço (ver trajeto entre os dedos). SAIBA MAIS Em algumas pessoas magras, observa-se o trajeto até o terço distal do braço. Com a colocação de manguito no braço e/ou torniquete, sua anatomia palpatória torna-se mais evidente. ARTÉRIAS A vascularização arterial do membro superior é feita pela artéria braquial, a qual se divide em artéria radial e ulnar. Imagem: Shutterstock.com Vascularização arterial do membro superior. ARTÉRIA BRAQUIAL Com origem na artéria axilar, localiza-se medial ao músculo e ao tendão do bíceps braquial; abaixo da prega do cotovelo se divide nos ramos terminais radial e ulnar. ATENÇÃO Ocasionalmente, pode se dividir em posição mais proximal do que a relatada. Para a palpação: Foto: Rafael Prinz Foto 80: Palpação da artéria braquial no terço inferior do braço. Realize uma pegada bidigital medialmente ao ventre do músculo bíceps braquial no terço inferior do braço. OU Foto: Rafael Prinz Foto 81: Palpação da artéria braquial póstero-medialmente ao tendão do músculo bíceps braquial no cotovelo. Uma pegada bidigital logo acima da prega do cotovelo, póstero-medialmente ao tendão do músculo bíceps braquial, situação na qual irá observar o pulso da artéria. ARTÉRIA ULNAR Com origem na fossa cubital, localiza-se abaixo do músculo pronador redondo; em seu trajeto pela loja flexora do antebraço, situa-se superficial ao músculo flexor profundo dos dedos e profunda ao músculo flexor ulnar do carpo. No terço distal do antebraço, torna-se superficial, de tal modo que, na altura do punho, se situa entre os tendões dos músculos flexor ulnar do carpo (medialmente) e flexor superficial dos dedos (lateralmente), sob o músculo flexor profundo dos dedos, juntamente com o nervo ulnar. Termina ajudando na formação dos arcos arteriais palmares, após sua passagem pelo canal de Guyon (junto com o nervo ulnar) para a mão. Para a sua palpação, deve-se realizar uma pegada bidigital no punho, com o antebraço em supinação, logo proximal à prega de flexão e ao osso pisiforme, lateral ao tendão do músculo flexor ulnar do carpo. Um grau discreto de extensão do punho pode ajudar na percepção do pulso. Foto 82: Palpação da artéria ulnar na altura do punho. Foto: Rafael Prinz ARTÉRIA RADIAL Com origem na fossa cubital, em seu trajeto localiza-se lateralmente pela loja flexora do antebraço, sobre o músculo braquiorradial. No terço distal do antebraço, posiciona-se lateral ao tendão do músculo flexor radial do carpo, e medial ao tendão do músculo braquiorradial, estando superficial à face anterior do rádio. Na altura do punho, curva-se para póstero-lateral, no assoalho da tabaqueira anatômica, em direção à mão, onde irá ajudar na composição do arco arterial palmar profundo. Foto: Rafael Prinz Foto 83: Palpação da artéria radial na altura do punho. Para a palpação, deve-se realizar uma pegada bidigital, logo proximal à prega de flexão do punho e lateral ao tendão do músculo flexor radial do carpo. Esse é o ponto onde a artéria está mais superficial, o que ajuda na percepção de seu pulso. INVESTIGAÇÃO PALPATÓRIA ARTERIAL E NEURAL DOS MEMBROS SUPERIORES O especialista Rafael Prinz explica de forma prática a anatomia palpatória das artérias superficiais e nervos do membro superior: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A ARTÉRIA BRAQUIAL É UMA ESTRUTURA VASCULAR DE RELEVÂNCIA NO MEMBRO SUPERIOR, POR APRESENTAR PULSO PALPÁVEL. DE QUE MANEIRA DEVEM SER POSICIONADOS OS DEDOS PARA A SUA PALPAÇÃO NA ALTURA DO COTOVELO? A) Ântero-lateral ao tendão do bíceps braquial B) Ântero-medial ao tendão do bíceps braquial C) Póstero-medial ao tendão do bíceps braquial D) Póstero-lateral ao tendão do bíceps braquial E) Póstero-lateral ao tendão do braquial 2. EM QUAL ESPAÇO DO COTOVELO O NERVO ULNAR É PALPÁVEL, E QUAL POSIÇÃO DO COTOVELO É A MAIS INDICADA PARA A SUA PALPAÇÃO? A) Canal de Guyon / antebraço em supinação e flexão B) Túnel cubital / antebraço em pronação e extensão C) Canal de Guyon / antebraço em pronação e extensão D) Túnel cubital / antebraço em supinação e flexão E) Túnel cubital / antebraço em supinação e extensão GABARITO 1. A artéria braquial é uma estrutura vascular de relevância no membro superior, por apresentar pulso palpável. De que maneira devem ser posicionados os dedos para a sua palpação na altura do cotovelo? A alternativa "C " está correta. Para a identificação do pulso da artéria braquial na altura do cotovelo, é necessária a colocação da polpa bidigital em posição póstero-medial ao tendão do bíceps. 2. Em qual espaço do cotovelo o nervo ulnar é palpável, e qual posição do cotovelo é a mais indicada para a sua palpação? A alternativa "D " está correta. Para a palpação do nervo ulnar no cotovelo, é preciso lembrar da existência do túnel cubital, espaço delimitado pelo sulco do nervo ulnar e pelo músculo flexor ulnar do carpo. Esse espaço se torna mais palpável quando da flexão do cotovelo e a realização de supinação acaba por diminuir a contração da musculatura na região, sendo, portanto, a posição indicada. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como você viu, a anatomia palpatória permite identificar, no indivíduo, pontos de relevância para o exame físico, possibilitando as tomadas de decisões de acordo com os resultados observados. Esse conhecimento também é relevante para o desenvolvimento de habilidades na área da saúde, desde fazer uma punção venosa até aplicar tratamento fisioterápico para uma tendinite, por exemplo. Vivemos uma época em que cada vez mais se dá valor à realização de exames de imagem, em detrimento dos exames físicos. Embora os exames de imagem sejam importantes, pois complementam o diagnóstico, uma investigação pela palpação ainda é o método mais acurado para se estabelecer uma hipótese diagnóstica plausível. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019, p. 726-807. PARDINI, A. G. Traumatismos da Mão. 3. ed. Rio de Janeiro: MEDSI Editora Médica e Científica, 2000. TIXA, S. Atlas de anatomia palpatória do pescoço, do tronco e do membro superior: investigação manual de superfície. 2. ed. São Paulo: Manole, 2009, p. 89-180. EXPLORE+ Para ampliar seus conhecimentos, procure na internet os seguintes artigos: “Reliability of clinical tests to evaluate nerve function and mechanosensitivity of the upper limb peripheral nervous system”, em que Annina B. Schmid propõe a realização da palpação neural no processo de avaliação da mecano-sensibilidade dos nervos do membro superior. “Epicondilite lateral do cotovelo”, em que Márcio Cohen descreve o quadro de epicondilite lateral, por meio da realização de exame físico da região do cotovelo. “Adductor policis muscle: a new anthropometric parameter”, em que Edson Braga Lameu avaliou a espessura do músculo adutor do polegar e o correlacionou a um preditor do estado nutricional. “Eficacia del entrenamiento teórico-práctico en anatomía palpatoria empleada a los estudiantes de la carrera de fisioterapía”, em que Roger B. Souza avalia o treinamento teórico-prático da anatomia palpatória para estudantes de fisioterapia. CONTEUDISTA Rafael Augusto Dantas Prinz CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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