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Universidade Federal Fluminense Curso: Psicologia Matéria: Teoria Sociológica Professor: Tulio Cunha Rossi Aluna: Letícia Bruczenitski Silva ELIAS, N. Introdução a Sociologia. Lisboa: Edições 70, 2008 (cap. 3) Resenha Norbert Elias foi um sociólogo alemão que se dedicou a compreender a relação do individuo com a sociedade. Foi ele quem encontrou uma grande diferença em relação ao que pensavam os teóricos clássicos da Sociologia: a relação entre indivíduo e sociedade não é uma relação de dicotomia, em que um está oposto ou contra o outro, mas pelo contrário, um é responsável pela construção do outro, esse é sua proposta em relação a teoria sociológica, analisar a sociedade e os indivíduos de uma maneira distinta as que foram analisadas até então. Essa nova proposta é feita com base na perspectiva de Elias em olhar para a sociedade como uma unidade de diversas partes, já analisada pelos sociólogos clássicos, e essas partes, compostas por indivíduos, devem ser vistas sob todas as suas perspectivas e não divididas em sociais, físicas, psíquicas, porque não faz sentido a Sociologia querer separar essas partes, já que seu objetivo é o estudo do todo formado por esses indivíduos. Na obra em questão, Elias faz uma análise sobre como as sociedades foram se construindo ao longo do tempo e percebe que a sociedade surge da necessidade de os indivíduos obterem segurança e integridade física diante de tantos fatores que os ameaçavam. Desde os agrupamentos primitivos, até os mais complexos, o processo de agrupar-se é baseado em relações de interdependência. Por esse motivo, a ideia de que “sociedade” e “individuo” sejam objetos distintos não faz sentido para Elias, já que eles não podem existir de modo independente em sua concepção. O destaque do trecho em questão da obra de Elias se dá pela metáfora do jogo, que explica de modo idealista e mais didático essa relação indissolúvel. Os modelos de jogo exemplificados por Elias são, na verdade, “modelos de processos de interpretação com normas”. Em cada tipo de jogo, Elias evidencia um grau ou nível de relação entre os “jogadores”. Como em um jogo, na sociedade, todos dependem das estratégias boladas pelos seus oponentes e são elas que criam um grau de individualidade naquele meio coletivo. Dependendo da ação individual de um terceiro, o jogador poderá elaborar sua própria jogada. Esse é um tipo de relação que se dá na prática de diversas maneiras, seja em uma relação de grupos menores, como de uma empresa ou até mesmo entre grandes grupos como um país. Conforme os níveis ficam mais complexos, mais pessoas se sujeitam a apenas “jogar” e disputar entre si e menos ditam as regras – como em relações de poder político. Diante disso, Elias propõe como objeto de estudo da Sociologia nem a sociedade, nem o indivíduo, mas a “configurações das relações”, ou seja, o pano de fundo que guia os indivíduos na sociedade, os pretextos de suas ações, as forças que os influenciam, a forma como se dá essa influência. Além disso, com a metáfora do jogo, o sociólogo deu bases sólidas que mostram como o indivíduo não se despersonaliza na sociedade, tampouco aceita simplesmente convenções e normas, mas que, como em um jogo, estratégico, suas ações e elaborações podem modificar as relações.
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