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TENSÃO SUPERFICIAL Profa Vanessa Lima Gonçalves Torres INTRODUÇÃO • Fenômenos de Interface ou Superfície ▫ presentes sempre que houver dois meios em contato ▫ podem ser líquido-líquido, líquido-gás, líquido-sólido ou sólido-gás Os fenômenos de superfície se devem à assimetria das forças entre as moléculas que constituem a interface dos meios. INTRODUÇÃO • Fenômenos de Interface ou Superfície ▫ Dentro de um líquido, cada molécula é cercada por outras que a atraem e, em repouso, a força resultante média sobre ela é nula. ▫ Na superfície, as moléculas de água entram em contato com o ar, há predomínio das forças de coesão ( água-água) sobrea as de adesão ( ar-água) a força resultante média é dirigida para dentro da substância gerando tensão. ▫ * Tensão superficial (ar-líquido) ▫ * Tensão interfacial (dois líquidos, dois sólidos, líquido/sólido) INTRODUÇÃO Ar Líquido Força não nula dirigida para a superfície do líquido, manifestando condição de desequilíbrio ou tensão Sistema procura estado de menor tensão, resultando numa tendência à contração da superfície, diminuindo ao máximo aquela de contato com o ar Tensão superficial • Energia de Gibbs • Variações de energia que acompanham as transformações : espontaneidade ou não • A contração da superficie é espontânea → diminuição da energia livre. • Superficie contraída → estado de energia livre mínina. TENSÃO SUPERFICIAL Quando se analisa uma superfície, é possível associar a ela uma energia potencial que é proporcional à sua área tensão superficial pode ser interpretada como uma força por unidade de comprimento que se opõe ao aumento da superfície é entendida como um pseudo-retículo formado pelo entrelaçamento de moléculas da substância na superfície do meio Fenômenos: formação de menisco, flutuação de pequenos corpos com elevada densidade TENSÃO SUPERFICIAL ▫ Representada pela letra grega γ (gama) ▫ Unidades: � SI - N/m (N.m–1), MAIS COMUM mN.m–1 � CGS - dina/cm (dina.cm–1) TENSÃO SUPERFICIAL A tensão superficial tem valores fixos para os líquidos puros, que dependem: 1) da natureza do líquido (os solventes orgânicos apolares possuem valores de tensão superficial menores que a água); 2) do meio que se encontra em contato (o valor da tensão interfacial está, geralmente, entre aqueles da tensão superficial dos dois líquidos envolvidos, exceto onde há interações entre eles); 3) da temperatura (onde o efeito observado é a diminuição quase linear da tensão superficial com a elevação da temperatura, tornando-se muito pequena quando se atinge a temperatura crítica do líquido). ÂNGULO DE CONTATO ▫ Relação entre a superfície dos líquidos e a parede interna de depósitos de vidro → forma ângulo de contato → menor ou maior que 90° → define se o líquido molha ou não o vidro ▫ O ângulo referido é o formado pela tangente ao ponto de contato do líquido com a parede do depósito, medido na extensão da abertura (menisco) que compreende o líquido. ÂNGULO DE CONTATO Forças coesias < forças adesivas Forças coesivas > forças adesivas CAPILARIDADE ▫ Fenômeno em que um líquido sobe até uma determinada altura dentro de um tubo capilar, quando este é colocado em um recipiente que contém o líquido → ação capilar ▫ A altura alcançada depende: � natureza do líquido � da natureza do tubo � do raio do capilar ▫ A capilaridade se fundamenta na ação de duas forças: � adesão do líquido ao material do capilar (vidro) � coesão entre as próprias moléculas do líquido para se manterem em determinada altura de ascensão. Opondo-se as forças de adesão e coesão existe a força peso. CAPILARIDADE Métodos para a determinar tensão superficial ▫ Método do Tubo Capilar: � Quando se utiliza um tubo capilar de pequeno diâmetro, o menisco formado na interface líquido-ar é quase plano, ou seja, o ângulo de contato θ é aproximadamente zero, com o que cos θ = 1. Métodos para a determinar tensão superficial ▫ Método do Tubo Capilar: � A ascensão do líquido no interior do tubo capilar é resultado da ação de duas forças em oposição, a resultante entre as forças de adesão e coesão (F) e a força peso (P), que são expressas pelas equações: gmP .=θπγ cos...2. rF = 2 ... ghr aµγ = Tensão superficial 2 ... ghr aµγ = γ = tensão superficial do líquido ( em temperatura constante) µ = densidade absoluta do líquido r= raio do tubo capilar ha = altura de ascensão do liquido no tubo capilar g = aceleração da gravidade ( 9,80665 m.s _2 ) Métodos para a determinar tensão superficial ▫ Método da gota ou estalagmometria � No ato da formação de uma gota de líquido, mediante o seu escoamento livre e perpendicular através de um capilar � O volume da gota é diretamente proporcional à tensão superficial do líquido. � O aparelho de medição utilizado, de forma clássica, é denominado estalagmômetro de Traube, embora algumas literaturas, permitam a sua substituição pelo uso de uma bureta limpa. Métodos para a determinar tensão superficial ▫ Método da gota ou estalagmometria � Na dinâmica do fenômeno, de forma análoga ao método do tubo capilar, duas forças atuam simultaneamente, mas em oposição. Uma delas, a força ascendente (Fa), resultante da tensão superficial, opõe-se à força descendente determinada pela massa da gota (Fd). CrFa ....2 γπ= gVgmFd ... µ== Cr gV gVCr ...2 .. ......2 π µ γµγπ =∴= • Tensão superficial é diretamente proporcional ao volume da gota → medicamentos administrados em gotas Cr gV ...2 .. π µ γ = Outros fenômenos de interface: ▫ Espalhabilidade: propriedade ligada às energias livres de adesão e coesão. ▫ Considerando um sistema líquido-líquido onde ambos os líquidos são imiscíveis entre si → forças de adesão e forças de coesão ▫ A diferença entre ambas define o coeficiente de espalhabilidade → se maior que zero → espalhamento espontâneo. � 1ª fase: líquidos em estado puro, consideração da difusão molecular de uma fase sobre a outra � 2ª fase: segundo o particionamento de uma fase na outra ▫ Molhabilidade: � Relação líquido-sólido dependente das propriedades de interface, onde a adesão depende apenas do ângulo de contato e da tensão superficial. ▫ Se o ângulo for zero → o líquido se apresenta completamente espalhado ▫ Se o ângulo for 180° → o líquido não molha a superficie sólida ▫ Ângulo entre 0 e 180° → molhabilidade parcial → forças de adesão inferiores à de coesão Fase sólida Fase líquida θθθθ Alterações na Tensão Superficial • Substâncias ▫ � tensão superficial: Hipsótonas. Exemplos: sais minerais, sacarose, NaCl ▫ � tensão superficial: Batótonas. Exemplos: detergentes tensoativos � Tensoativos (surfactantes): moléculas anfifílicas Polar Solúvel em água Apolar Insolúvel em água Alterações na Tensão Superficial ▫ São, portanto, substâncias dotadas de características ANTAGÔNICAS que, em pequenas concentrações, reduzem de forma apreciável a tensão superficial. ▫ Com a adição do tensoativo, há uma diminuição da tensão superficial, aumentando o contato entre as diferentes moléculas ▫ Não só se adsorvem em diferentes interfaces, como também formam MICELAS Alterações na Tensão Superficial ▫ Concentração micelar critica: concentração, a partir da qual, se formam as micelas Interface em monocamada Agregação SATURANDO DE TENSOATIVO MICELA Aplicações nas Ciências Farmacêuticas e Processos Biológicos • Na Botânica ▫ A ascensão da seiva bruta (água e sais minerais) pelo xilema dos vegetais é explicada pela influência da tensão superficial, através da capilaridade. • Na Medicina (Fisiologia) ▫ A digestão das gorduras só é completa quando a bile ( molécula anfifilica) atua sobre os blocos de gordura, baixando a tensão superficial, desfazendo-os em gotículas menores, aumentando a superfície de contato para a atuação da lípase pancreática. A bile é um TENSOATIVO. Aplicações nas Ciências Farmacêuticas e Processos Biológicos • Nas Ciências Farmacêuticas ▫ Uso dos Tensoativos na Tecnologia Farmacêuticae na Cosmetologia, como: � Agentes Emulsionantes: � EMULSÃO: mistura temporária � Os tensoativos melhoram a estabilidade das emulsões, reduzindo a tensão entre as fases ÓLEO – ÁGUA, conferindo estabilidade � Agentes Detergentes: � Favorecem a remoção de sujidade de uma determinada superfície se ligando a ela e são carregados pela água. � Preparo de soluções como gotas orais → calibração do número de gotas por mL depende da tensão superficial da forma farmacêutica e dimensões do gotejador → garantir a dose ao paciente � Soluções: tensoativos → aumentar a solubilidade de fármacos � Suspensões : flutuação das particulas pela dificuldade de se molharem no líquido → erros na posologia � Deve-se diminuir o ângulo de contato entre sólido e líquido → agente umectante ou molhante → tensoativo.