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Infecções de vias aéreas superiores na pediatria • As IVAS são a causa mais comum de crianças atendidas por infecção respiratória aguda; • As três infecçõe s de vias aéreas superiores mais comuns são: o Rinofaringite aguda (“resfriado”); o Faringoamigdalite aguda (“infecção de garganta”); o Rinosinussite aguda (“sinusite”); RINOFARINGITE AGUDA • O resfriado é uma infecção leve das vias aéreas superiores - nariz e garganta; • Não existe remédio para curá-lo ou vacinas para preveni-lo (o tratamento tem por objetivo amenizar os sintomas); • Afeta as mucosas, nariz e garganta; • Prevalência: crianças de dois a seis anos de idade, que apresentam de três a nove episódios de resfriado por ano; o Crianças < 5 anos podem ter de cinco a oito episódios por ano; • Crianças têm episódios recorrentes de resfriado e possuem maior chance de desenvolverem otite média e sinusite agudas - tuba auditiva menor e mais retificada; • Causada na maioria das vezes por vírus - mais frequentes são rinovírus, coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus; o Quadro clínico: dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre de intensidade variável, podendo ser mais alta em menores de cinco anos; o o Em lactentes: inquietação, choro fácil, recusa alimentar, vômitos, alteração do sono e dificuldade respiratória por obstrução nasal; o Em crianças maiores: cefaléia, mialgias, calafrios. • Exame físico: congestão da mucosa nasal e faríngea e hiperemia das membranas timpânicas; • As complicações bacterianas mais frequentes são otite média aguda e sinusite; • Diagnóstico: clínico; • Tratamento: o Repouso no período febril; o Hidratação e dieta conforme aceitação; o Higiene e desobstrução nasal: instilação de solução salina isotônica nas narinas, seguida algum tempo depois de aspiração delicada das fossas nasais com aspiradores manuais apropriados; o Umidificação do ambiente (efeitos não comprovados); o Antitérmico e analgésico: acetaminofeno ou ibuprofeno; o Descongestionante nasal tópico: quando as medidas higiênicas das narinas não forem efetivas - período máximo de cinco dias de uso (risco de rinite medicamentosa); • Tratamento específico: o Amantadina ou Rimantadina: pode prevenir aproximadamente 70-80% das doenças causadas por influenza A - reduzem a gravidade e encurtam a duração quando iniciadas nas primeiras 48 horas do início dos sintomas; o Amantadina: crianças maiores de um ano; o Rimantadina: maiores de 13 anos; FARINGOAMIGDALITE AGUDA • Infecção aguda da orofaringe, na maioria das vezes, produzida por um estreptococo beta-hemolítico- Streptococcus pyogenes do grupo A; • Causada por infecções bacterianas ou virais - maioria é de origem viral; • Infecções por vírus: processos benignos, se resolvem espontaneamente; • Principal sintoma: dor de garganta, associada, ou não, à dificuldade para engolir (odinofagia); • A maioria das infecções bacterianas é caracterizada por: o Presença de placas brancoamareladas purulentas, na região da amígdala; o Hiperemia do palato mole e da região periamigdaliana; o Odinofagia - pode apresentar linfoadenomegalia cervical bilateral; o Faringoamigdalites virais (Herpes Vírus, Mononucleose Infecciosa, Difteria e Coxsackie do grupo A) podem manifestar esses sintomas, simulando uma infecção bacteriana; • Prevalência: crianças > 5 anos - pode ocorrer em menores de três anos; • Quadro clínico: o Início: febre alta, dor de garganta, prostração, cefaleia, calafrios, vômitos e dor abdominal; o Inspeção da orofaringe: congestão intensa e aumento de amígdalas, com presença de exsudato purulento e petéquias no palato - pode estar presente adenite cervical bilateral; o Presença de exantema áspero, macular e puntiforme, com sensação de "pele de galinha", flexuras avermelhadas (sinal de Pastia) e palidez perioral (sinal de Filatov): escarlatina; • Diagnóstico: realizado através do exame laboratorial de esfregaço da orofaringe (padrão- ouro); • Exames complementares: teste rápido de identificação direta de material da garganta; testes específicos para diagnóstico diferencial (mononucleose, micoplasma, gonococo); • Tratamento: o Repouso no período febril; o Estimular ingestão de líquidos não ácidos e não gaseificados e de alimentos pastosos, de preferência frios ou gelados; o Analgésico e antitérmico: acetaminofeno ou ibuprofeno; o Irrigação da faringe com solução salina isotônica morna; • Tratamento específico: o Antimicrobianos: penicilina G ou amoxicilina. ▪ Fenoximetilpenicilina (Penicilina V.O.): < 27 kg: 400.000 U (250 mg), 8/8 horas, por 10 dias. > 27 kg: 800.000 U (500 mg), 8/8 horas, por 10 dias; ▪ Penicilina G benzatina: < 27kg: 600.000 U, IM, dose única. > 27kg: 1.200.000 U, IM, dose única; ▪ Amoxicilina: 40-50 mg/kg/dia, VO, 8/8 horas ou 12/12 horas, por 10 dias; ▪ Eritromicina estolato (alérgicos a penicilina): 20-40mg/kg/dia, em 2- 3 tomadas por dia, por 10 dias; ▪ Cefalexina: 30mg/kg/dia, 8/8h, por 10 dias. ▪ Tetraciclinas e sulfonamidas não devem ser utilizadas; RINOSSINUSITE AGUDA • Infecção bacteriana dos seios paranasais - duração menor de 30 dias; • Acomete os quatro pares de seios paranasais (maxilares, etmoidais, frontais e esfenoidais); • Quinta indicação mais comum de uso de antibióticos; • Fatores para desenvolver sinusite: o Alterações da consistência e da fluidez do muco - fibrose cística; o Transporte do muco pelos cílios prejudicado - discinesia ciliar primária; o Onliteração do óstio do seio paranasal - renite alérgica e rinofaringite aguda; • Classificação: o RSA viral (resfriado ou gripe): sintomas duram até 10 dias; o RSA pós-viral: piora dos sintomas após 5 dias ou persistência dos sintomas após 10 dias e com menos de 12 semanas de evolução; o RSAB: grupo da RSA pós-viral em que são observados pelo menos 3 dos seguintes sintomas/sinais: secreção mucopurulenta nasal e retronasal, febre (> 38°C), dor facial ou piora dos sintomas após fase inicial da evolução; • Diagnóstico: clínico; o Estudo radiológico de seios da face: precisa que a criança tenha idade mínima de 5 anos – desenvolvimentos dos seios paranasais; • Tratamento: antibioticoterapia; • Seios mais frequentemente comprometidos: maxilar e etmoidal.; • Agentes bacterianos mais comuns: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae não-tipável e Moraxella catarrhalis; • Quadro clínico: o Início pode ser lento ou súbito; o Formas leves: manifestações se prolongam por mais de 10 dias ou, após período de melhora clínica, há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal purulenta) - pode ser acompanhado de halitose; o Tosse diurna, com piora à noite; o Pode ocorrer febre; o Formas moderadas a graves: edema palpebral, cefaleia, prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados; • Exame do nariz: congestão da mucosa e secreção purulenta no meato médio; • Diagnóstico: clínico; • Avaliação otorrinolaringológica deve ser solicitada em casos de: o Sinusites recorrentes (sinusites bacterianas agudas, separadas por períodos assintomáticos maiores de 10 dias); o Sinusite crônica (episódios de inflamação dos seios paranasais com duração maior de 90 dias); o Sinusite aguda com dor persistente ou outras complicações locais; • Exames complementares: o Hemograma: alterações compatíveis com infecção bacteriana aguda; o Punção aspirativa: crianças com imunodeficiência ou casos graves refratários ao uso de antimicrobianos apropriados; • Tratamento geral: o Repouso inicial; o Umidificação do ar em lugares muito secos; o Analgésico e antitérmico: acetaminofeno ou ibuprofeno;• Tratamento específico: o Amoxicilina: droga de primeira escolha - dose: 60-80mg/kg/dia, VO, 8/8h, por 14-21 dias; o Cefuroxima ou amoxicilina associada ao ácido clavulânico: suspeita de agentes produtores de beta-lactamase; o Substituição do antimicrobiano, se não houver atenuação das manifestações em 72 horas; o Corticóide: corticóide tópico nasal, associado ao antimicrobiano - pacientes com sinusite aguda, associados à história prévia e sintomas agudos sugestivos de rinite alérgica ou asma; • Tratamento cirúrgico: drenagem do seio afetado por aparecimento de alguma complicação; OTITE MÉDIA AGUDA (OMA) • Depois do resfriado comum, é a afecção mais frequente na infância; • Prevalência: seis meses e três anos, sobretudo no primeiro ano de vida; • Antibióticos imediatos são recomendados para OMA complicada - criança com aparência “toxêmica”, otalgia persistente por mais de 48h e temperatura de 39ºC nas últimas 48h; LARINGITE VIRAL AGUDA • Inflamação da porção subglótica da laringe; • Ocorre por infecção de vírus respiratórios; • Prevalência: lactentes e pré-escolares, com um pico aos dois anos de idade; • Quadro clínico: evolução lenta, com início com coriza, febrícula e tosse; o Em 24-48 horas acentua-se o comprometimento da região infraglótica, com obstrução de grau leve a grave; o Evolução: tosse rouca, disfonia, afonia ou choro rouco e estridor inspiratório; o Obstrução mais grave: estridor mais intenso, tiragem supra-esternal, batimentos de asa do nariz, estridor expiratório e agitação; o Casos extremos: intensa dispneia, agitação, palidez, cianose, torpor, convulsões, apneia e morte; • Agentes mais comuns: parainfuenza I e II e vírus sincicial respiratório; • Tratamento geral: o Casos leves: tratamento domiciliar ou ambulatorial - alimentação leve, com pequenas porções e frequentes; hidratação; umidificação do ambiente; o Casos moderados a graves: encaminhar para unidade de emergência pediátrica hospitalar; o Corticoide inalatório: budesonida pode ser uma alternativa à dexametasona; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FAILACE, Renato. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Guideline IVAS – Infecções das Vias Aéreas Superiores. ABORLCCF. Atualização de Condutas em Pediatria. Recomendações Sociedade de Pediatria de São Paulo. Departamentos Científicos SPSP. Nº 70, Setembro de 2014. Infecções agudas das vias aéreas superiores (IVAS) em pacientes pediátricos. Sessões Clínicas em Rede. Belo Horizonte: UNIMED. nº 03 | 10/07/2012 Pneumonias Adquiridas na Comunidade Complicadas. Documento Científico Departamento Científico de Pneumologia (2019-2021). Nº 5, 19 de Maio de 2021. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2017. Nelson Tratado de Pediatria. 20ª EDIÇÃO. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier. 2018.
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