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PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que estão inseridos. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 BASES FILOSÓFICAS DA PSICOLOGIA E DA PSICOLOGIA DO ESPORTE INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO RELAÇÃO ENTRE ATIVAÇÃO PSICOLÓGICA E DESEMPENHO HUMANO MOTIVAÇÃO COESÃO SOCIAL E ESPORTIVA AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO ESPORTIVO COMUNICAÇÃO NO ESPORTE SÍNDROME DE OVERTRAINING: PAPEL DO PSICÓLOGO NESTE CONTEXTO LIDERANÇA: UMA FUNÇÃO ESTRATÉGICA PARA O ALCANCE DOS OBJETIVOS PLANEJAMENTO DE CARREIRA: PORQUE SE DEVE PREOCUPAR COM ESTA QUESTÃO? DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE E A PRÁTICA DA ATIVIDADE ESPORTIVA MOMENTOS ENCANTADORES NO ESPORTE: NASCEM DA PERCEPÇÃO TREINAMENTO MENTAL: IMAGINAÇÃO EM FORMA DE PLANEJAMENTO 09 15 22 28 34 39 45 52 58 65 72 79 85 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 14 AULA 15 AULA 16 EMOÇÃO NO ESPORTE: NEM SEMPRE SABE O QUE FAZER QUANDO ELA CHEGA TOMADA DE DECISÃO: COMO PROCESSO INTENCIONAL ESTRESSE - FATORES DETERMINANTES PARA O SURGIMENTO 93 101 107 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA INTRODUÇÃO Esta é uma obra destinada à disciplina Psicologia do Esporte e do Exercício. Disciplina esta que faz parte da grade curricular do curso de graduação em educação física da Faculdade Católica Paulista. Historicamente a prática esportiva está inserida na vivência humana desde as primeiras idades seja através das brincadeiras lúdicas ou na convivência familiar através dos jogos de xadrez; no período das férias seja na praia ou no turismo rural, sempre vamos encontrar pessoas se exercitando através das mais diversas formas, entre elas: pingue pongue, futebol de botão, frescobol, futevôlei, corrida de rua (famoso cooper) no calçadão da beira mar, Prática de skate entre outros. Por outro lado, temos as pessoas que começam a olhar para a prática esportiva como uma profissão e se dedicam a melhorar cada vez mais com a finalidade de alcançar uma vida de reconhecimento e em alguns casos de celebridades dentro do mundo do esporte. O que não é ruim temos casos de atletas consagrados que trilharam este caminho entre eles, Joaquim Cruz, Pelé, Isaquias Queiroz, Éder Jofre, Maurren Maggi, os irmãos Daniele e Diego Hypólito, Dayane dos Santos e Rafaela Silva. Por outro lado, temos exemplos de pessoas que foram derrotadas justamente por causa do seu envolvimento na prática esportiva. Tais pessoas demonstraram em algum momento de suas carreiras a fragilidade exposta através da ausência de controle emocional ou controle de suas emoções. Vou tratar deste tema de maneira mais dedicada neste livro no capítulo quatorze e você verá os danos nefastos que ausência de controle e falta de gerenciamento emocional faz ou pode fazer no indivíduo (homem ou mulher) e também na sociedade onde ele/ela está inserido(a). De modo geral você, aluno e aluna, perceberá que procuramos dar atenção a temas atuais e significativos que vão ajudar professores, alunos, comunidade acadêmica e pessoas que demonstram interesse pelo tema psicologia do esporte e do exercício. O objetivo é que cada leitor e leitora entenda que a psicologia do esporte tem uma função importantíssima e relevante na sociedade; e em especial o educador físico que se dedica a este ofício tem um papel fundamental para que haja uma prática esportiva saudável onde todas as pessoas possam ter a certeza que estão cuidando do seu maior bem, a saber, a sua saúde física, mental e emocional. Outro objetivo é fomentar, incentivar e despertar no FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA acadêmico de educação física sua inserção em uma área de atuação pouco divulgada no meio esportivo e na mídia esportiva como um todo. Faz-se necessário dizer que esta obra não tem o objetivo de esgotar o assunto, porém, tem o desejo de contribuir e somar juntamente com as demais outras obras que já foram editadas. Este livro está estruturado em dezesseis capítulos. Na aula 1 iniciaremos o nosso estudo apresentando as bases filosóficas da psicologia e da psicologia do Esporte. Nosso objetivo será conhecer e entender a importância das bases filosóficas e sua relação na formação da psicologia esportiva. Na aula 2, Introdução à Psicologia do Esporte e do Exercício, o leitor verá alguns equívocos em relação a psicologia do esporte. Finalizaremos este capítulo falando a respeito dos princípios éticos da psicologia e da psicologia do esporte: semelhanças e diferenças. Na aula 3 faremos uma explanação sobre a Relação entre Ativação Psicológica e Desempenho Humano. Iniciaremos este capítulo falando a respeito das funções humanas e sua contribuição para as ações individuais. Na sequência nos dedicaremos à ação humana: Processos e Modelos; e finalizaremos falando a respeito da teoria da ação e sua aplicabilidade no esporte de alto nível. Na aula 4 faremos a respeito do tema motivação. Traremos quais são os componentes fundamentais da teoria da necessidade para o rendimento e veremos os determinantes e suas contribuições para o rendimento. Na aula 5 faremos uma exposição a respeito da Coesão Social e Esportiva, englobando pontos positivos e contribuições. Mostraremos quais são os esportes que beneficiam a formação de uma consciência grupal e caminharemos para o término deste capítulo totalmente dedicado às vivências situacionais. Na aula 6 estudaremos o assunto Agressividade no Contexto Esportivo. Primariamente falaremos sobre o uso do termo agressão, na sequência estamos trazendo a definição psicológica da agressão; na sequência o leitor compreenderá o papel das teorias da agressividade e verá conceitos e definições concernentes à agressão. E o capítulo se encerra mostrando os determinantes da agressão. Na aula 7 o leitor terá contato com o tema comunicação no esporte e entenderá como a comunicação tem papel fundamental para o desenvolvimento do atleta. O leitor entenderá que existe uma difícil tarefa para se definir comunicação e na sequência terá a oportunidade de entender como se estabelece a comunicação e chegará ao final do capítulo entendendo quais são as dimensões da comunicação FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Na aula 8 falaremos a respeito da Síndrome de overtraining que é aquele excesso de treinamento que pode promover sintomas indesejáveis na carreira do atleta de alto rendimento bem como do atleta amador. Consequências e problemas. Veremos o que é síndrome de overtraining e suas causas? Finalizaremos este capítulo entendendo como acontece o aumento da suscetibilidade de infecção no atleta em detrimento desta síndrome. E finalizamos o capítulo trazendo orientações de prevenção e tratamento em relação à síndrome de overtraining. Na aula 9 que tem como tema: Liderança: uma função estratégica para o alcance dos objetivos, veremos como acontece o surgimentoda liderança; o conceito de liderança na visão etimológica e na visão organizacional; na sequência entenderemos que não há liderança sem a compreensão do comportamento humano; e para finalizar este capítulo compreenderemos os tipos de liderança. Na aula 10 o leitor entrará em contato com a temática Planejamento de Carreira: porque se deve preocupar com esta questão? Na sequência agregará aos seus conhecimentos a diferenciação entre plano de carreira e planejamento esportivo. Também fará um aprofundamento e ao mesmo tempo entenderá a definição do que é carreira esportiva. E para terminar este capítulo, o leitor verá a influência da teoria da ação na carreira esportiva; e entenderá que toda carreira esportiva passa por fases e transições. Na aula 11 falaremos a respeito do desenvolvimento da personalidade e a prática da atividade esportiva. Iniciaremos o capítulo falando sobre personalidade: seus valores e conceitos. Na sequência entenderemos a conexão entre o esporte e a personalidade. Personalidade: Modelo estrutural da personalidade de Freud também será alvo da nossa explanação. Sabedores desta verdade responderemos a pergunta, o que é personalidade no esporte? E finalizaremos a aula onze conhecendo os determinantes da personalidade em crianças. Na aula 12 dedicaremos o nosso tempo com um olhar totalmente voltado para a percepção. Estudaremos o tema: Momentos encantadores no esporte: Nascem da percepção. Nesta aula você perceberá o tempo todo e a todo tempo que momentos encantadores no esporte nascem da percepção que atletas e pessoas envolvidas no esporte terão ao desenvolver a modalidade que escolheram. Na aula 13 falaremos a respeito do tema Treinamento Mental: Imaginação em forma de planejamento. O leitor verá e entenderá o que é treinamento mental? E em que consiste? Quais são as teorias envolvidas? Requisitos para o treinamento mental. Programa de treinamento mental em quatro passos e por último finalizaremos a aula treze apresentando procedimentos em treinamento mental. Na aula 14 falaremos sobre a emoção no esporte. Os assuntos estarão assim distribuídos: Funções básicas das emoções no contexto esportivo. Emoções e suas fases dentro do FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA esporte. Estados emocionais: Quando o desportista se sente desafiado? Estados emocionais: Quando o desportista se sente ameaçado? Na aula 15 faremos a explanação do tema Tomada de decisão: Como processo intencional mostrarei como acontece a tomada de decisão na sequência mostrareicomo a tomada de decisão a partir dos anos 80 sofreu forte influência das teorias ecológicas e dos sistemas dinâmicos. Finalizaremos a aula 15 respondendo a pergunta: Tomada de decisão: Uma decisão do atleta ou uma execução técnico tática? Por fim, na aula 16 finalizaremos o conteúdo deste livro com o tema: Estresse: Fatores determinantes para o surgimento. Nesta aula traremos a definição de estresse. Entenderemos que o estresse é uma presença garantida no dia a dia. Veremos o estresse dentro da concepção psicológica. Serão abordados também o estresse: Pontos que se acentuam dentro de uma visão social. E por último, porém, não mesmo importante o leitor, o leitor verá como acontece o estresse em atletas, técnicos e árbitros. Espero que este material sirva como um guia de estudos e que possa colaborar para a compreensão dos temas abordados e servir de apoio para os interessados nesta temática. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 1 BASES FILOSÓFICAS DA PSICOLOGIA E DA PSICOLOGIA DO ESPORTE Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/raios-solares-raios-de-sol-adulto-analytics-5711026 A psicologia enquanto ciência tem olhares que estão voltados para ela com uma grande desconfiança, talvez seja pelo fato do público leigo não entender o seu papel na sociedade. Tanto é verdade que existem pessoas que dizem que quem procura o serviço de uma profissional da psicologia é alguém “fresco”, entenda como fresco uma pessoa que não tem motivo para ficar sendo cuidado por uma outra pessoa no que diz respeito a qualidade de vida e bem-estar. Junto a esta questão tem também o fato de que a psicologia é uma ciência misteriosa e que está mais suscetível a ser mal-entendida. Tudo isso acontece justamente porque as pessoas têm uma vaga ideia do que a psicologia trata e do trabalho https://www.pexels.com/pt-br/foto/raios-solares-raios-de-sol-adulto-analytics-5711026 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA dos profissionais psicólogos(as). Há quem pense que a atuação está diretamente ligada ao uso de um jaleco branco e ao tratamento de doentes mentais. Há também aqueles que ligam o trabalho do(a) psicólogo(a) a imagem do psicanalista apresentado pela mídia televisiva que traz um profissional que analisa o paciente que está deitado no divã e que ao final da sessão diz: Acabou o seu horário, até a próxima sessão. Quais seriam as razões para este dito de compreensão? Acredito que pode ser pela abrangência que a psicologia tem alcançado nos últimos tempos; já se vê a presença do profissional psicólogo(a) em todas as esferas da sociedade. Aliás, convido você a parar a sua leitura por um tempo e fazer uma pesquisa a respeito das áreas de atuação do profissional psicólogo(a). Tenho certeza que você se surpreenderá! Do ponto de vista filosófico a psicologia pode ser entendida como um elo de ligação entre a ciência da filosofia e a fisiologia: Psicologia também pode ser compreendida como uma ponte entre filosofia e fisiologia. Enquanto a fisiologia descreve e explica a conformação física do cérebro e do sistema nervoso, a psicologia examina os processos mentais que nele acontecem e como se manifestam no nosso pensamento, discurso e comportamento. Enquanto a filosofia se preocupa com raciocínios e ideias, à psicologia interessa como eles ocorrem e o que nos dizem sobre o funcionamento da mente. Fonte:O livro da psicologia / tradução clara M. Hermeto, Ana Luisa Martins (2010, p.10), 2. ed. - São Paulo: Globo Livros, 2016. Outro fator que contribui fortemente para fortalecimento das bases filosóficas e fisiológicas foi esta visão diferente que acompanha a psicologia desde o seu início. Ao estudar o surgimento da psicologia nos Estados Unidos percebe-se as influências de raízes filosóficas com ênfase em uma abordagem especulativa e teórica que envolve conceitos como consciência e o “eu” já quando olhamos para a Europa, a base foi científica e a ênfase foi na observação de processos mentais, entre eles, percepção sensorial e a memória em laboratório com um controle rigoroso. 1.1 O declínio do Behaviorismo e da Psicanálise O declínio do behaviorismo e da psicanálise que aconteceu mais ou menos em meados do século XX por conta da retomada do estudo científico dos processos da mente humana marcou o início da psicologia cognitiva. Não demorou muito tempo para que a psicologia cognitiva se tornasse uma corrente prevalecente. O que ajudou para a rápida expansão da psicologia cognitiva foi o crescimento das áreas de comunicação e ciências da computação que proporcionou aos psicólogos fazer analogias úteis e contribuir para o modelo de FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA processamento das informações e trouxe a construção de teorias nas áreas de atuação da psicologia, entre elas, atenção, percepção, motivação, memória e esquecimento, linguagem e aquisição de linguagem, resolução de problemas e tomada de decisões. O surgimento das terapias cognitiva e cognitivo-comportamental trouxe uma ênfase na qualidade de vida e fez com que os profissionais psicólogos e terapeutas mudassem o foco de atenção em relação ao ser humano - em vez de curar somente as pessoas doentes, houve uma preocupação em orientarpessoas saudáveis e ensiná-las a ter uma vida repleta de significado. A partir desta mudança a psicologia passou a apresentar ideias que levaram o ser humano a mudar o modo pensar e de comportar-se e deu a ele a capacidade de ser ajudado em sua compreensão, em relação a atuação do profissional psicólogo e não somente isso, mas também, possibilitou uma melhor compreensão de si mesmo quanto indivíduo no mundo e no ambiente onde vive. Com esta mudança o ser humano passou a questionar alguns de seus hábitos que o impedia de ver o profissional psicólogo(a) como um agente colaborativo. Este fato é comprovado também no mundo esportivo e fora dele, através das equipes multidisciplinares que levou a medicina esportiva a abrir a suas portas para que o profissional psicólogo possa atuar conjuntamente em uma equipe multidisciplinar. Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/jogo-de-futebol-1618200 A partir desta compreensão nota-se a importância da psicologia social e do postulado deixado pelo seu fundador Kurt Lewin. Ele defendeu que o comportamento era resultado tanto do indivíduo quanto do ambiente, esta defesa feita por Lewin trouxeram bases para o https://www.pexels.com/pt-br/foto/jogo-de-futebol-1618200 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA crescimento e evolução para o estudo de dinâmicas de grupo, que atualmente têm grande valor para a psicologia do esporte e para organizações esportivas espalhadas pelo Brasil e ao redor de todo o mundo. 1.1.1 As contribuições da Teoria do campo de Kurt Lewin Kurt Lewin foi o criador da Teoria do campo - ela oferecia um guia valioso para uma transformação (mudança) bem-sucedida para indivíduos e organizações. Este modelo apresentado por Kurt Lewin deixava claro que todo processo de mudança bem sucedido: tem que levar em conta as diversas influências em jogo, tanto as que estão na mente dos indivíduos quanto as presentes no ambiente em questão. Fonte: O livro da psicologia - tradução Clara M. Hermeto, Ana Luisa Martins. - 2.ed. - São Paulo: Globo Livros. (2016, p.222). O objetivo maior de compreensão e dar a você leitor e leitora a certeza que diante do processo de mudança devemos considerar a totalidade da situação, isso significa que deve se incluir todos os detalhes pessoais e ambientais relevantes e jamais focar em fatos isolados porque ao fazer isso corre-se o risco de ter uma visão distorcida das circunstâncias. Dentro da sua prática profissional, seja você profissional formado ou em processo de formação para atuar na psicologia do esporte e do exercício, saiba que Kurt Lewin pode ser uma boa base para a sua atuação. Isso porque lhe proporcionará não agir de forma precipitada diante de uma situação problema e nem diante de uma decisão na organização onde você possa estar inserido. 1.2 Etapas para a conquista de uma transformação Pessoal ou nas organizações São três as etapas para a conquista de uma transformação pessoal ou nas organizações tendo como base a teoria do campo de Kurt Lewin, vejamos: A primeira etapa chama-se “descongelamento” - Esta etapa envolve a preparação é nela que se reconhece a necessidade de mudança e para que isso aconteça deve-se abrir mão das velhas crenças e atitudes; também é bom estar ciente que esta primeira etapa “descongelamento” é a mais difícil em relação se comparada a outras duas etapas, porque é nela que você encontrará uma maior resistência por parte das pessoas pelo fato de que, as pessoas apresentam naturalmente alterações em sua maneira de pensar e na sua rotina FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA quanto esta já está estabelecida há muito tempo. Por isso a primeira etapa requer uma preparação especial. Dentro da prática da psicologia do esporte, você aluno e aluna, vai notar que muitas tentativas fracassam porque as pessoas envolvidas não passam por preparação adequada e isso faz com que as pessoas se tornem ainda mais resistentes. Por isso a preparação para quaisquer mudanças deve incluir a criação de uma visão que empolgue os envolvidos para que os mesmos se sintam valorizados, pode se fazer uso de uma comunicação afetiva e afetuosa que traga um senso de urgência e necessidade de mudança e transformação permitindo que os envolvidos participem do processo, isso em se tratando de mudanças organizacionais. Já na esfera individual, a etapa de mudança pode deixar as pessoas na defensiva. O que pode levá-las a demonstrar uma certa relutância em sair da zona de conforto em que elas estão, esta resistência pode ser encarado como algo natural por parte de quem está liderando o processo de mudança e transformação. A maneira de superar tal postura é se colocando à disposição para ajudar aquele indivíduo e levando-o a perceber que tudo o que está sendo feito é necessário e válido e vai trazer bons resultados e segurança comportamental e psicológica. Na segunda etapa, ocorre a “mudança” propriamente dita e geralmente vem acompanhada de confusão e agonia que acontece por conta do desmantelamento da antiga forma de pensar e precisam abrir mão das suas rotinas e práticas conhecidas e adquirir novas habilidades, (imagine um atleta que terá que mudar de técnico e local de treinamento), será necessário que ele perceba que a mudança foi para proporcionar algo melhor e que vai ajudá-lo nos seus resultados futuros. Já a terceira etapa, tem o nome de “congelamento” porque é justamente nesta fase que o pensamento se firma ou cristaliza trazendo uma sensação de conforto e estabilidade por conta da nova condição. Pode-se dizer que este processo é difícil porque envolve desaprender para aprender novamente, sendo assim, nesta fase a mudança ou todo processo de transformação precisa começar a fazer parte da cultura organizacional da empresa para que possa gerar sucesso em um futuro bem próximo e quanto mais próximo melhor. 1.1.2 Autoimagem: Nossa tendência à conformidade em SolomonAsch O psicólogo social SolomonAsch pioneiro no campo da psicologia social tem uma grande contribuição que traz uma ajuda para o mundo do esporte e em especial para a psicologia do Esporte. Solomon demonstrou através do seu experimento que uma parte significativa das pessoas quando são confrontadas por uma opinião dominante, a tendência das pessoas FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA a conformidade pode ser mais forte do que o comprometimento com suas próprias noções de verdade. No meio esportivo você perceberá que esta verdade explicitada pelo psicólogo SolomonAsch tem influenciado técnicos, dirigentes, atletas de forma geral, preparadores físicos, massagista, roupeiros e muitos outros profissionais que estão envolvidos na boa tarefa de fazer o esporte brilhar e trazer encantos ao público que os prestigia. É inegável que a pressão do grupo sobre as decisões do indivíduo tem gerado um triste capítulo na história esportiva de nosso país e até do mundo como um todo. Recentemente foi divulgado pela mídia televisa que as atletas que foram medalhistas nas Olimpíadas do Rio, no ano de 2016, estão proibidas de competir porque existe uma decisão que pressiona os atletas a se submeter ao Teste de gênero. No campo daqueles que não entram para fazer o espetáculo esportivo, se tem a pressão das torcidas organizadas que muitas vezes leva o seu descontentamento com os resultados a algo que se torna pessoal. Recentemente, um renomado desportista do futebol brasileiro foi tratado de maneira agressiva, por conta de falhas que aos olhos dos torcedores não deveriam ocorrer. Você estudante de psicologia que se interessa pelo mundo do esporte e a atuação do psicólogo nesta área percebe o quanto o conhecimento a respeito das bases filosóficas da psicologia, contribuem para ampliar sua compreensão e fortalecer a sua atuação como um profissional que tem um olhar para alémdas vitórias e derrotas que em grande parte dos casos parece ser o que mais interessa. Estas bases vão ajudar você aluno e aluna a fazer uso de princípios psicológicos que levarão os envolvidos no esporte sejam dirigentes, atletas profissionais, atletas amadores, praticante de final de semana ou da semana inteira a perceber que só se constrói uma mudança e uma estrutura pedagógica correta se quanto há uma valorização dos princípios que fundamentam a ciência e este pode ser feito somente pela mãe de todas as ciências a filosofia e suas bases. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 2 INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/arte-retroiluminado-iluminado-por-tras-praia-5928661 Faz-se necessário deixar claro que a psicologia do esporte é representante de uma das muitas disciplinas da ciência do esporte e se constitui como um campo da psicologia aplicada. Tem como função maior, analisar as bases e os efeitos psíquicos das ações relacionadas ao desporto e os processos psíquicos básicos envolvendo cognição, motivação e emoção concomitantemente com a realização de tarefas práticas envolvendo o diagnóstico e a intervenção. Não se trata de uma ação diagnóstica e interventiva baseada nos modelos tradicionais do atendimento clínico praticado nos consultórios e clínicas, isso porque os psicólogos que atuam na orientação clínica tem a responsabilidade de tratar dos atletas que apresentam sérios problemas emocionais; já os psicólogos educacionais (entenda educacionais como sendo os psicólogos que atuam na psicologia do esporte) tem a função de ajudar os atletas e técnicos para que possam desenvolver e treinar suas capacidades e habilidades psicológicas. https://www.pexels.com/pt-br/foto/arte-retroiluminado-iluminado-por-tras-praia-5928661 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA A psicologia do esporte e a psicologia são consideradas ciências jovens. Aquela porém abrange diversas teorias e conceitos em áreas como educação física e esporte. Outro viés da psicologia do esporte é que ela está integrada à ciência do esporte e este fato faz com que ela estabeleça uma relação interdisciplinar com outras disciplinas científicas, sendo elas: (1) Medicina do esporte - fisiologia do esporte; (2) Sociologia do esporte; (3) Teoria e treinamento e (4) Aprendizagem Motora. 2.1 Equívocos em relação à psicologia do esporte Há quem acredite que a psicologia do esporte tem uma receita infalível e que o psicólogo do esporte vai descrever e prescrever aos atletas leigos e profissionais, as equipes de alto rendimento no esporte e alto performance uma maneira facilitada de dar jeitinho para que se consiga o que se deseja, o que é o desejo de muitos treinadores, dirigentes, federações e agremiações. Este desejo acontece por conta de um problema que muitas vezes foi e é gerado pelos próprios profissionais psicólogos que atuam na esfera esportiva. Porque uns se ocupam somente da parte prática e outros somente da parte teórica. Há que se ter o entendimento e este deve começar por você que é acadêmico de educação física e que se interessa pela psicologia aplicada ao esporte que prática e teoria precisam andar de mãos dadas na construção de um trabalho que faça a diferença no mundo esportivo. E nesta questão tanto os defensores da prática quanto os defensores da teoria devem ter a humildade de aprender um com outro e promover a troca de experiências e saberes; criando assim uma forte corrente que não se romperá diante dos equívocos que se tem quando se fala de atuação nesta área. Vejamos abaixo o papel de atuação do psicólogo do esporte e suas funções. Singler (1989) diz que o psicólogo do esporte tem as seguintes funções: • Cientista/pesquisador - nesta função o psicólogo vai contribuir na produção de conhecimento; • Docente - nesta função o psicólogo vai transmitir conhecimentos; • Psicólogo vai ser um intermediário entre o técnico e atleta; • Especialista em psicodiagnóstico - vai medir o potencial do atleta; • Especialista em análise das condições de treino; • Especialista para otimizar o desempenho; • Conselheiro para solucionar conflitos; • Consultor- especialista em consultoria de programas psicológicos; • Responsável pela saúde e bem-estar dos atletas. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Por outro lado é fundamental que os professores de educação física e técnicos esportivos entendam que além de transmitir conhecimentos e habilidades técnicas esportivas, também precisam de conhecimentos e capacidades psicológicas para melhor compreender o comportamento humano no âmbito desportivo e estar aberto para participar de cursos e seminários psicológicos que podem dar a estes profissionais (1) Transmissão de princípios e fundamentos psicológicos dos processos de aprendizagem e de ensino; (2) Transmissão de conhecimentos e capacidades psicológicas para a educação prática nos diversos setores de aplicação do esporte; (3) Transmissão de conhecimentos e técnicas em metodologia da pesquisa psicológica; (4) Transmissão e técnicas para aquisição e desenvolvimento próprio dos conteúdos citados na futura prática profissional. Ao participar de cursos e seminários (aquele ou aquela pessoa que está envolvida no mundo do esporte) terá a compreensão da importância da pesquisa psicológica na área do desporto e passará a ver que cabe ao psicólogo do esporte tarefas como (1) Desenvolver uma teoria de ação esportiva como base para a explicação e o prognóstico de fenômenos psicológicos no esporte, deixando claro que nada é mais prático do que uma boa teoria. (2) Desenvolver procedimentos diagnósticos para medir características psicológicas de pessoas, de situações e de atividades esportivas. (3) Desenvolver medidas de intervenção psicológica que estejam voltadas para o ensino, treinamento, competição e terapia. Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-ajoelhado-no-campo-de-beisebol-ao-lado-do-homem-264337 https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-ajoelhado-no-campo-de-beisebol-ao-lado-do-homem-264337 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA E tenha certeza que assim procedendo, você que hoje é acadêmico do curso de educação física da faculdade católica paulista e que no futuro será um profissional em atuação no meio esportivo não terá dificuldade de aplicar os princípios de treinamento psicológico que envolve Iniciativa própria, Compreensão, Confiança, Individualidade, Disciplina, Método, Economia, Integração, Aconselhamento, Sucesso e Transferência. Ainda falando sobre treinamento o profissional que atua ou atuará na psicologia do esporte deve ter em mente os principais objetivos do treinamento psicológico que são desenvolver as capacidades psíquicas do rendimento, criar um bom estado emocional no período compreendido entre os treinos e competições bem como desenvolver uma boa qualidade de vida dos atletas, técnicos e outras pessoas envolvidas no esporte. Há que se ter em mente também que o treinamento psicológico deve ser considerado como um elemento do treinamento diário do atleta, do técnico e da comissão técnica e que ele só deve ser aplicado depois de feito o diagnóstico preciso das condições psíquicas iniciais de cada atleta visando ter acompanhamento permanente que analise e controle dos processos e efeitos; sempre terá que ser aplicado por profissionais habilitados e qualificados nos diferentes métodos e programas e seu público alvo serão os atletas, técnicos, dirigentes, árbitros, pais de atletas, jornalistas esportivos e demais pessoas que estão vinculados ao meio do esporte de competição ou competitivo. 2.1.2 Princípios éticos da psicologia e da psicologia do esporte: Semelhanças e Diferenças Toda atuação profissionaldeve ter o seu trabalho respaldado por princípios éticos. Não se admite mais o fazer de qualquer jeito ou até o fazer sem responsabilidade, infelizmente de tempos em tempos as denúncias envolvendo práticas que não condizem com aquilo que era esperado por parte dos profissionais de psicologia e entre este os profissionais que atuam na psicologia do esporte ganham holofotes e vocês através da mídia como um todo. Porém é bom saber que a atuação do profissional psicólogo tem princípios que precisam ser observados e cumpridos. Vejamos alguns: 1. Sigilo: O sigilo profissional, por meio de confidencialidade, tem por finalidade proteger a pessoa atendida, mantendo resguardadas as informações e fatos conhecidos através da relação profissional. Artigo 9º - “É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA a que tenha acesso no exercício profissional”. Fonte: Caderno de Orientação / Conselho Regional de Psicologia - 8ª Região. Curitiba : CRP-08,2009. 2. Repasse das Informações: a. O sigilo implica também que, quando houver necessidade de informar a respeito do atendimento a quem de direito deve-se oferecer apenas as informações necessárias para a tomada de decisão que afete o usuário ou beneficiário. b. Lembrando que, havendo necessidade do envio de informações sigilosas pelo correio para algum outro profissional, é preciso que no envelope seja colocada uma identificação de documento confidencial, para que a correspondência possa chegar às mãos do destinatário, preservando o sigilo. 3. Métodos e Técnicas a serem Utilizados: Aos psicólogos é permitido associar seu título e exercício profissional a princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentadas nas ciências psicológicas, na ética e na legislação profissional. Não podem ser associadas ao atendimento em psicologia, práticas não cientificamente comprovadas na profissão de psicólogo e/ou a utilização de práticas que possam induzir a crenças religiosas, filosóficas ou de qualquer outra natureza e que sejam alheias ao campo da psicologia. 4. Pesquisa: Algumas técnicas e práticas ainda não regulamentadas ou não reconhecidas pela profissão poderão ser utilizadas em processo de pesquisa, resguardados os princípios éticos fundamentais. Para a realização de pesquisas com seres humanos deve se seguir o emanado na resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 196/96, disponível no site www.conselho.saude.gov.br. O psicólogo pesquisador deve ainda seguir as seguintes resoluções do Conselho Federal de psicologia: Resolução CFP n° 10/97, Resolução CFP nº 11/97 e Resolução CFP n°16/00 todas disponíveis no site do CFP www.pol.org.br O reconhecimento de validade de novos métodos e técnicas dependerá da ampla divulgação dos resultados e do reconhecimento da comunidade científica, não apenas na conclusão da pesquisa. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Fonte: Conselho Regional de Psicologia - 8° Região Caderno de Orientação / Conselho Regional de Psicologia - 8° Região. Curitiba: CRP - 08,2009. Página 35. Seguindo na mesma direção de ter uma atuação pautada na ética, a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP) em 1995 (Becker, 2000) publicou um manifesto com princípios éticos norteadores da psicologia do esporte. Veja: • Princípio A - Competência (competence) - este princípio diz que os membros do (ISSP) lutarão para manter os mais altos padrões de competência em seu trabalho. E os membros devem oferecer os serviços para os quais estejam qualificados por meio de educação, treinamento e experiência. • Princípio B - Consentimento e Sigilo (Consent and confidentiality) - Os membros do (ISSP) deverão obter a permissão dos participantes nas práticas profissionais e de pesquisas e também esforçar-se para preservar o caráter confidencial das informações que obtiveram. • Princípio C - Integridade (Integrity) - Aqui os membros do (ISSP) são orientados a promover a integridade na pesquisa, no ensino e na prática da psicologia do esporte e nessas atividades os profissionais e deverão ser honesto, justo e respeitosos com os outros. • Princípio D - Conduta Pessoal (personal conduct) - Este princípio fala que os membros do (ISSP) devem conduzir-se de modo que favoreça o bem estar de seus clientes, de maneira a estabelecer credibilidade no campo da psicologia do esporte. • Princípio E - Responsabilidade profissional e científica (professional and cientific responssibility) - Este princípio orienta os membros do (ISSP) são responsáveis pela sua clientela, bem como, da (ISSP) com relação aos membros que não apresentam uma conduta ética. • Princípio F - Ética de Pesquisa (Research ethics) - Aqui fala da importância dos pesquisadores defenderem altos padrões de investigação na condução da pesquisa. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA • Principio G - Responsabilidade social (social responsibility) - Este princípio orienta que seus membros deverão estar conscientes das suas responsabilidades profissionais e científicas com a comunidade e com a sociedade onde trabalham e estão inseridos. Este princípio indica ainda que cabe a cadamembro aplicar e tornar público seu conhecimento em psicologia do esporte para que haja uma contribuição para o bem-estar humano. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 3 RELAÇÃO ENTRE ATIVAÇÃO PSICOLÓGICA E DESEMPENHO HUMANO Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-segurando-peca-de-xadrez-277124 Chegamos a nossa terceira aula e como sempre gosto de enfatizar que VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI E COM CERTEZA VAI ATÉ O FINAL. Vamos lá! O assunto dedicado a esta aula tem levado pessoas a experimentar derrotas e vitórias; a experimentar sucesso e fracasso; alegrias e tristezas. Nesta aula quero a sua atenção porque o conteúdo que será apresentado a você aluno e aluna da Faculdade Católica Paulista, certamente você vai utilizar o tempo todo dentro da sua atuação profissional como psicólogo do Esporte. E o assunto é ativação psicológica e desempenho humano. De início deixo claro que a ativação psicológica e o desempenho humano tem sua ligação com a teoria da ação (ver Nitsch, 1986 p.200) e é formada por quatro postulados são eles: (1). Postulado de sistema: A ação em geral é entendida como um processo integrado, complexo e de interação, isto é, um processo de sistema; (2). Postulado de Intencionalidade: A ação é entendida como uma forma particular de organização comportamental,conhecida https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-segurando-peca-de-xadrez-277124 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA como comportamento intencional, isto é, a ação não é determinada primeiramente por condições objetivas, mas por intenções subjetivas; (3). Postulado de regulação: A ação como comportamento intencional não pode ser explicada simplesmente pelos mecanismos de funcionamento biológico em um sentido estrito, mas por um processo direcionado e psicologicamente regulado; (4). Postulado do Desenvolvimento: Em um sentido amplo, como processo de sistemas, como base em sua intencionalidade e direcionamento, a ação é um fenômeno filogenético e ontogenético, assim como um fenômeno histórico-social em relação às condições de vida dentro da sociedade. Ao falar de ativação psicológica e desempenho humano é bom que se tenha em mente que ativação corresponde à mistura de atividades psicológicas e fisiológicas em uma pessoa. Refere-se às dimensões de intensidade de motivação em um dado momento. Fonte:www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/ativacao/-estresse-e-ansiedade/25559Samulski (2009, p.22) define ativação psicológica e desempenho humano como: Em resumo, pode-se definir a ação humana como um processo consciente, intencional, dinâmico, motivado, dirigido a uma meta, direcionado e regulado psiquicamente e realizado por meio de diferentes formas de comportamento em um contexto social. A ação esportiva representa um processo intencional, dirigido e regulado psiquicamente e realizado por meio de movimentos e comportamentos técnicos-táticos e sociais, dentro de um contexto esportivo(SAMULSKI,2009.p 22). Toda situação de ação no esporte é definida como uma inter-relação de fatores pessoais, ambientais e componentes da tarefa. Dentro desta perspectiva agir significa a tentativa de otimizar e estabilizar as inter-relações entre fatores pessoais e situacionais (inclusive as determinantes da tarefa). A ação dentro do esporte é determinada pelas condições subjetivas e objetivas, a primeira compreende as capacidades físicas do rendimento, aspectos antropométricos e biomecânicos, condições climáticas, temperaturas etc. Já a segunda (condições subjetivas) por sua vez compreende interesses e atitudes, motivações, expectativas, experiências próprias, opiniões e preconceitos, sentimentos e emoções. Esta questão é tão importante no contexto esportivo porque já não é de hoje que se percebe que um dos problemas psicológicos básicos encontrado nos atletas é o fato de que seus conceitos subjetivos nem sempre correspondem às suas condições objetivas. Por isso cabe ao profissional psicólogo(a) dar o máximo de atenção a esta questão, porque esta será uma das suas principais tarefas no mundo do desporto. http://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/ativacao/-estresse-e-ansiedade/25559 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA 3.1 Funções Humanas: Sua contribuição para as ações individuais Dentro a ação humana segundo Nitsch (1986, p.211), temos a presença de pelo menos três funções que são visíveis simultaneamente, com diferentes níveis de importância e que devem ser levadas em consideração dentro das análises de ações esportivas: • Função de exploração da ação: por meio de ações explora, experimenta e reconstrói a realidade. A ideia aqui apresentada quer deixar claro que um indivíduo, independentemente de tarefas concretas (treinos diários) pode adquirir, através de ações, informações e experiências importantes para o desenvolvimento, a estabilização e a modificação dos conceitos internos. Esta função de exploração é de grande importância para os processos de aprendizagem de técnicas e táticas esportivas, para o desenvolvimento do comportamento criativo dos jogos coletivos e para enfrentar os esportes de risco. • Função construtiva da ação: através da ação construtiva, se cria e transforma a realidade e pode se solucionar tarefas e problemas específicos. Esta função é dominante dentro do comportamento tático, em especial para o processo de tomada de decisão em jogos coletivos. • Função de apresentação: esta ação pode ser encontrada na encenação de uma apresentação de um ator ou atriz que no seu ofício expressa pensamentos, sentimentos, atitudes e emoções, intencionalmente, na presença de outras pessoas. Então, pode ser compreendido que esta ação é, ao mesmo tempo, a autoapresentação da pessoa e seu reflexo interno de valores, normas e regras sociais. Essa função é dominante em atividades que exigem uma boa expressão corporal. Fonte: Samulski (2009, p. 24). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/victory-papel-de-parede-preto-preto-e-branco-p-b-3797 3.2 Ação Humana: Processos e Modelos Os processos básicos da ação humana são de orientação e realização. O processo de orientação tem uma abrangência que envolve todos os processos de percepção, decisão, memória e processamento de informações, estes orientam e regulam o comportamento humano. Este processo está dividido em (1). Orientação Instrumental e (2) orientação intencional. Na (1) Orientação Instrumental está a determinação da estrutura de execução da ação. Por sua vez na (2). Orientação intencional encontra-se determinação da estrutura de intenções, motivos e metas. É bom que se entenda que a transformação dos processos de orientação intencional e instrumental estando em execução concreta da ação é chamado de processo de realização. Isso porque eles (os processos de orientação e realização) se influenciam reciprocamente e dependem de condições objetivas (por exemplo, condições climáticas) e subjetivas (por exemplo, preconceitos, expectativas e interpretações pessoais). No que diz respeito ao Modelo de inter-relação entre pessoa e meio ambiente, Nitsch (1986, p.201) acentua as seguintes relações fundamentais: Relação psicossocial; Relação Psicossomática; Realização intrapsíquica e Relação temporal. Vamos juntos entender cada uma delas e como atuam. Relação Psicossocial - É quando a ação humana representa uma unidade dinâmica entre a pessoa com seu meio ambiente. Você atuando como psicólogo do esporte vai perceber https://www.pexels.com/pt-br/foto/victory-papel-de-parede-preto-preto-e-branco-p-b-3797 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA que o agir (comportamento) significa analisar e solucionar problemas e conflitos sociais. No ambiente de convivência esportiva isso acontece com grande frequência. Os membros da comissão técnica terão que ficar atentos aos conflitos sociais que podem aparecer entre os seus comandados. Relação Psicossomática -Toda ação humana representa uma unidade psicossomática. Nesta relação encontraremos simultaneamente agindo processos psíquicos e somáticos, e um vai influenciar o outro. No contexto esportivo pode se notar a presença desta ação no momento chamado e conhecido de pré-competição, onde alguns atletas apresentam reações fisiológicas em nível aumentado de ativação e psicológicas. Realização Intrapsíquica - Ao falar a respeito da realização intrapsíquica deve se ter em mente que a ação humana é feita através de um sistema integrado das funções psíquicas que envolve percepção, pensamento, memória, motivação e emoção. Quando um atleta consegue desenvolver este processo antes de uma prova, a possibilidade de vitória aumenta muito se ele realmente se preparou da maneira correta para aquele momento. Daí a famosa frase “Eu percebi que hoje era o meu dia”. Relação Temporal - aqui a ação será determinada com base na relação com o passado (experiência e histórico breve de reforçamento do indivíduo) com a situação atual e com o futuro. 3.3 Teoria da ação e sua aplicabilidade no esporte de alto nível Para que se tenha uma compreensão da aplicabilidade da teoria da ação no esporte de alto nível será preciso voltar a nossa atenção às crenças que foram formadas ao longo da história do esporte de alto em relação aos resultados obtidos pelos atletas. Samulski descreve: Por algum tempo, atletas, treinadores e cientistas do esporte acreditaram que as precondições físicas, os estados fisiológicos e as habilidades motoras eram os fundamentos exclusivos requeridos para alcançar altos níveis de performance nos esportes. Eles também passaram a acreditar que as habilidades mentais como, por exemplo, atenção e concentração, assim como vários fatores psicológicos, tais como emoções, ansiedade, resistência ao estresse, motivação, força de vontade, autoconfiança e auto-eficiência, eram necessários para alcançar a excelência.(SAMULSKI 2009, p. 29 e 30) Todavia, pesquisas atuais vêm demonstrando a importância do suporte social, do planejamento carreira, do desenvolvimento e tendências da administração esportiva (HACKFORT; DUDA & LIDOR, 2005). Já se tem uma forte evidência de que fatores ambientais FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 PSICOLOGIA DO ESPORTEE DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA e socioecológicos precisam ser considerados na compreensão da busca da performance atlética de excelência. O momento atual e o futuro da psicologia do esporte terá que entender que para captar a essência da performance que envolve o alto nível, será preciso considerar que tanto o sistema quanto os elementos essenciais, bem como os embasamentos e os processos, a organização e a regulação (também conhecida pelo nome de controle) deverão ser considerados simultaneamente. Por isso pode se afirmar que a teoria da ação já é considerada a mais proeminente conceito dentro da psicologia do esporte. O aspecto fundamental da teoria da ação é a ação e nesta ação está envolvido processos comportamentais, cognitivos e afetivos. Agir sempre será uma classe especial do comportamento humano. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 4 MOTIVAÇÃO Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/time-de-basquete-juntando-as-maos-3755440 Chegamos à quarta aula e o assunto que trataremos neste capítulo, pode levar você mais longe nos estudos e na vida. Falaremos de Motivação. No mundo esportivo este assunto tem gerado uma reviravolta e esta reviravolta muitas vezes se apresenta de uma maneira em que as pessoas ficam a perguntar: Porque ele/ela está tendo este comportamento? Por exemplo, porque uma pessoa fica motivada e é capaz de se dedicar ao treino de handebol que não tem tanta popularidade e retorno financeiro quanto o futebol? E porque alguns jogadores de futebol, que é o esporte mais popular aqui em nosso país, perdem a motivação e desistem de continuar suas carreiras? No caminho que leva ao entendimento do que é motivação Samulski (1995, p.168): A motivação é caracterizado como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)”. dentro desta visão a motivação apresenta uma determinante energética (nível de ativação) e uma determinante de direção do comportamento. Com base neste conceito, pode-se distinguir técnicas de ativação (activation- control), e técnicas de estabelecimento de metas (goal setting strategies). https://www.pexels.com/pt-br/foto/time-de-basquete-juntando-as-maos-3755440 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA O pesquisador Weinberg & Gould (1999, p.57) propõe o modelo internacional da motivação para a prática esportiva. Neste modelo a motivação para a prática esportiva depende da interação entre a personalidade (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente (facilidade, tarefas atraentes, desafios e influências sociais). Ainda dentro deste modelo tem se a ideia que no decorrer da vida de uma pessoa, a importância dos fatores pessoais e situacionais podem mudar, isso vai depender das necessidades e oportunidades atuais. Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-segurando-barra-841130 Outra informação relativa ao modelo internacional da motivação para a prática do esporte se dá em relação aos aspectos motivadores que leva uma pessoa a frequentar a academia de ginástica são: • A vontade de manter a boa forma; • A melhora do condicionamento físico; • O aumento do bem-estar corporal e psicológico; • Melhorar o estado de saúde; • O prazer em realizar atividade física; Para a comunidade universitária segundo Samulski & Noce (2000) os motivos mais relevantes para a prática de atividades físicas são os seguintes: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-segurando-barra-841130 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA • Prazer na atividade; • Reduzir o estresse no trabalho; • Reduzir a ansiedade; • Melhora da saúde e da qualidade de vida; • Manter a forma; • Manter e/ou melhorar o condicionamento físico; • Prevenir doenças; Entre as crianças os motivos pelos quais elas se envolvem em programas esportivos (BECKER, 2000; SAMULSKI, 1995; GOULD & PETLICHKOFF, 1988). Destacam-se os seguintes: • Ter alegria; • Aperfeiçoar sua habilidade e aprender novas; • Praticar com amigos e fazer novas amizades; • Adquirir forma física; • Sentir emoções positivas; Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/crianca-jogando-futebol-296302 O psicólogo do esporte tem que estar atento para os indicativos que motivam e conduzem as pessoas à tomada de decisão em relação a iniciar uma atividade física. Não se pode desprezar as informações a respeito da motivação para a prática esportiva trazido pelo modelo internacional da motivação. https://www.pexels.com/pt-br/foto/crianca-jogando-futebol-296302 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA A motivação também tem ligação com rendimento. A teoria que está diretamente ligada com o rendimento chama-se Teoria de necessidade para o rendimento, seus autores Atkinson (1974) e McClelland (1961) demonstraram através de seus estudos que a motivação para o rendimento é o resultado da interação com fatores pessoais e situacionais. 4.1 Componentes fundamentais da Teoria de Necessidade para o Rendimento Fatores Pessoais: dentro dos fatores pessoas é visto que cada pessoa possui duas tendências motivacionais e são elas (1) a tendência de procurar sucesso e a tendência de evitar fracasso. A tendência de procurar sucesso será definida como a capacidade de vivenciar orgulho e satisfação na realização de tarefas (aqueles que chegaram ao pódio estão orgulhosos e satisfeitos com os resultados obtidos). Já a tendência de evitar o fracasso é determinada pela capacidade de experimentar a vergonha e humilhação como consequência (A seleção brasileira de futebol perdeu para a Alemanha de 7 a 1 - Jogadores e torcedores ficaram envergonhados e se sentiram humilhados como nunca antes em pleno estádio do Maracanã). Conseguiu perceber como o comportamento humano é influenciado por esta interação entre essas duas tendências motivacionais. Fatores situacionais: são dois os fatores situacionais que influenciam a motivação para o rendimento, a saber: A probabilidade e o valor de incentivo do sucesso, a probabilidade cabe ao profissional psicólogo entender que a probabilidade do sucesso dependerá basicamente da dificuldade da tarefa e da competência do adversário. (quando mais competente for o adversário e quando maior for da tarefa para vencê-lo “maior será a sensação de vitória e dever mais que cumprido”). Reações emocionais: toda tendência comportamental tem o poder de influenciar as reações emocionais. Por exemplo: Orgulho e Satisfação. Pessoas orgulhosas e satisfeitas terão a tendência de procurar vencer pessoas com a mesma tendência comportamental. E corre o risco de subestimar um “suposto adversário mais fraco” e pensar, esse ai será tranquilo. Comportamento de performance (Achievement Behaviour): o resultado obtido pela interação dos quatro fatores mencionados é o comportamento de rendimento. Atletas mais preparados (High Achievers) geralmente selecionam mais tarefas exigentes, com risco intermediário e mostram bons rendimentos em situações de avaliação. Já os atletas menos preparados (Lowachievers) tendem a evitar tarefas que vão exigir mais deles. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA 4.2 Determinantes e suas contribuições para o rendimento Os determinantes contribuem e muito para o rendimento no esporte de modo geral e em específico para o esporte de alta performance. Na história do esporte os determinantes passam por ganhos bolsa de estudo (em colégio, Centros Universitários e Universidades); No que diz respeito ao ganho de certa quantidade em espécie (dinheiro) vale lembrar daquela expressão popularesca futebolística “Mala Preta” que envolve o ato de cometer algum ganho financeiropara que uma determinada equipe perca o jogo para o seu adversário ou ganhe o jogo contra o seu adversário para dar vantagem a uma terceira equipe. Os determinantes estão divididos entre determinantes internos e determinantes externos. Vamos nos concentrar nos determinantes externos - o mais conhecido determinante externo mundialmente conhecido é o incentivo- nele entende-se que a antecipação de prêmios, elogios verbais, reconhecimento social e o dinheiro (todos eles podem estar relacionados ao resultado de uma ação “comportamento”). As dificuldades e os problemas também estão entre os determinantes externos. No meio esportivo assim como na vida em geral a dificuldade que uma tarefa pode apresentar ou acarretar determina de maneira decisiva o nível em que a motivação pode se apresentar para a realização de determinada tarefa. 4.3 Causas do sucesso ou do fracasso Na vivência esportiva, de modo geral, técnicos, atletas, dirigentes, árbitros e seus auxiliares, massagistas, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas etc; em um determinado momento (da carreira esportiva) terão o desejo de entender as causas do sucesso ou do fracasso. Neste momento o(a) psicólogo(a) do esporte tem a oportunidade de mostrar uma atuação pautada na Teoria de atribuição - esta Teoria tem como objetivo explicar a maneira pela qual as pessoas interpretam as causas do sucesso e do fracasso. A teoria de atribuição é formada tendo como pilar principal as Atribuições Básicas (Estabilidade); (Origem da Causa) e (Controle) e estas atribuições são formadas por dois fatores cada uma. Veja: • Estabilidade = Fator Estável: Talento, potencial do atleta, capacidade e habilidade. • Estabilidade= Fator Instável: Sorte ou Azar. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA • Origem da Causa = Fator Interno: Esforço, força de vontade, determinação. • Origem da Causa = Fator Externo: Clima, Condições de jogo, Nível do adversário, Controle = Fator de controle interno: Preparação Mental para a competição. Controle = Fator de controle Externo: Nível físico e técnico do adversário. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 5 COESÃO SOCIAL E ESPORTIVA Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/grupo-de-jogadores-de-beisebol-torcendo-163534 Quando se fala em coesão social e esportiva é preciso de início fazer uma diferença dos termos para que haja maior compreensão e esta traga esclarecimento para o acadêmico (esteja ele envolvido com a Psicologia ou com a Educação Física) Porque fato é que ambos os profissionais das áreas acima citados tem um papel fundamental para integrar pessoas e grupos para um objetivo que visa o bem-estar mental, físico e social. Coesão social e esportiva no mundo do desporto é um dos elementos determinantes para o desenvolvimento de uma equipe esportiva, ela (a coesão) acontece dentro de um processo dinâmico que tende a se repetir dentro de um grupo que pode envolver atletas, técnicos e comissão técnica com um foco único de unir o grupo para que este possa atingir os seus objetivos e metas. Já Coesão Social dentro de uma perspectiva sociológica - é o que mantém um grupo social unido em operação de forma constante na sociedade. Está diretamente ligado à identidade que um grupo social é capaz de criar e reproduzir para si mesmo e também para os outros grupos da sociedade e está ligado diretamente a normas e valores internos e externos. Mediante as perspectivas apresentadas nos parágrafos acima, o que se espera do profissional psicólogo que vai atuar nestas áreas e que ele/ela entenda que a coesão de https://www.pexels.com/pt-br/foto/grupo-de-jogadores-de-beisebol-torcendo-163534 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA grupo terá grande influência nos desempenho dos atletas e na continuidade do trabalho ligado diretamente a eles. Vários estudos demonstram que as percepções de coesão de grupo de uma equipe que está diretamente envolvida no esporte pode influenciar o bom desempenho dos atletas e o sucesso da equipe na busca de seus objetivos (CARRON et al, 2002; CARRON; BRAY; EYS, 2002; SÉNECAL; LOUGHEAD; BLOOM, 2008). Fonte: https://www.efdeportes.com/efd151/ coesao-de-grupo-de-equipes-profissionais-de-futsal.htm 5.1 Coesão esportiva: Pontos positivos e contribuições A coesão esportiva tem pontos positivos e são inúmeros - pensando na história do esporte brasileiro e quero me ater ao futebol profissional neste momento, o time do Santos futebol clube no ano de 1969 parou uma guerra na África. Fonte: http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2013/02/ha-44-anos-liderado-por-pele-santos-parava-guerra-na-nigeria.html Ainda em se falando de contribuições e pontos positivos, a história registra uma partida de futebol realizada entre seleção brasileira de futebol e Haiti (2004). No site da CBF foi escrito: […] : a Seleção Brasileira, através de sua arte e popularidade, conseguiu contribuir para uma campanha de desarmamento no país, levou alegria à nação mais pobre das Américas e aumentou ainda mais a admiração dos haitianos pelo futebol brasileiro. Em relato feito pelo técnico da seleção na época Carlos Alberto Parreira ficou demonstrado como a coesão esportiva contribui para a expansão da visão de mundo de um indivíduo (ou dos indivíduos): “Na próxima vez que um de vocês (jornalistas) me perguntarem qual a emoção mais forte que vivi no futebol, direi que foi esta. E olha que todos sabem que já vivi muitas”. Fonte:https://www.cbf.com.br/selecao-brasileira/noticias/selecao-masculina/em-2004-brasil-levou-alegria-e-gols-ao-haiti Para além da expansão da visão de mundo de um indivíduo (ou dos indivíduos) a coesão social e esportiva também provoca transformações sociais e interfere positivamente na saúde, educação e democracia. Sem falar nos desenvolvimento dos valores morais e éticos, disciplinares e nas reduções que podem ser encontradas nas taxas de sedentarismo, empregos e princípios de igualdade em um país e mundo tão desigual. https://www.efdeportes.com/efd151/coesao-de-grupo-de-equipes-profissionais-de-futsal.htm https://www.efdeportes.com/efd151/coesao-de-grupo-de-equipes-profissionais-de-futsal.htm http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2013/02/ha-44-anos-liderado-por-pele-santos-parava-guerra-na-nigeria.html https://www.cbf.com.br/selecao-brasileira/noticias/selecao-masculina/em-2004-brasil-levou-alegria-e-gols-ao-haiti FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Eu mesmo posso afirmar pra vocês alunos e alunas que o esporte me deu a capacidade de sonhar e me oportunizou conhecer cidades e a entender qual é o meu papel enquanto indivíduo. Colocou em mim uma capacidade competitiva que me faz ir além, mesmo em meio aos momentos mais difíceis da vida; sempre com esforço, respeito e tolerância comigo e com as outras pessoas. A coesão esportiva tem como ponto positivo a mudança dos espaços públicos tornando- os espaço de convivência. Acredito que em sua cidade você conhece um espaço que era abandonado ou bem esquecido por parte do governo municipal, estadual ou federal e que quanto lembrando foi revitalizado e agora neste exato momento em que você está lendo, está sendo ocupado para a prática de alguma modalidade esportiva. Vemos que a presença do esporte por meio da coesão esportiva também contribui para a redução da criminalidade e da evasão escolar. De modo geral podemos observar que a coesão social e esportiva reduz a possibilidade do aparecimento de doenças, contribui para a formação física e psíquica e serve como ativador de novos padrões de comportamento. Veja como a chegada das ATI’s (Academia da Terceira Idade) que tem uma proposta totalmente pautada na coesão social por meio do exercício físico deu a este grupo de pessoasoutra maneira de encarar esta fase da vida com muito mais saúde, alegria e disposição e não somente como aquele idade que tem a responsabilidade de cuidar de netos e fazer trabalhos manuais como forma de esperar aquilo que popularmente é chamada de o fim da vida. Existe também a contribuição para o trabalhar em grupo em busca de um objetivo, assunto que abordei no início deste capítulo e que agora quero me aprofundar um pouco mais com você aluno e aluna. O trabalho em grupo, na maioria das vezes, não é bem visto. Historicamente somos seres humanos influenciados para desenvolvermos a individualidade. Existe um grande número de casais que optam por ter somente uma criança. No ensino fundamental e médio percebe-se por meio dos educadores a valorização do indivíduo. No mundo das organizações e do trabalho existe um incentivo que visa dar ao destaque do mês, ao vendedor do ano; a personalidade ou celebridade prêmios de ‘o melhor do ano na categoria’. Muitas vezes o que quebra este ensino que se alastra tendo a valorização do indivíduo é o trabalho em grupo e o profissional psicólogo que atua na área esportiva tem que estar atento a esta tendência social e promover em especial nas primeiras séries escolares e nos espaços onde for chamada a falar os benefícios que o trabalho em grupo pode trazer para a formação de uma sociedade que se mobiliza de forma saudável para lutar por seus direitos e também para contribuir para o crescimento da sua comunidade, estado ou país. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA 5.2 Esportes que beneficiam a formação de uma consciência grupal Os esportes que podem contribuir para o aumento de uma consciência grupo bem como a sua relevância são muitos. Antes, porém de trazer os nomes destes esportes quero deixar claro que não existe por parte deste autor qualquer intenção de desvalorizar ou diminuir a importância do esporte individual. O que se está procurando aqui é mostrar e assim estamos fazendo a relevância do grupo tendo como base a importância da coesão social e esportiva. Agora vamos aos esportes coletivos são eles: • Handebol; • Basquetebol; • Vôlei; • Futebol; • Beisebol; Estes esportes trazem contribuições para o aumento da proatividade e organização. Favorece a integração e socialização, além de desenvolver a capacidade de trabalhar em conjunto (grupo). A melhora do ânimo: isso porque existe liberação de hormônios no corpo responsáveis pela sensação de bem-estar e melhora no estado de humor. A melhora do convívio social: o convívio com as diferenças são ótimas maneiras de fazer novas amizades e manter aquelas que já se tem. A criação do senso de trabalho em equipe: os atletas aprendem que cada um tem a sua função na posição em que ocupa. Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-homens-jogando-futebol-durante-o-dia-3651674 https://www.pexels.com/pt-br/foto/foto-de-homens-jogando-futebol-durante-o-dia-3651674 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA 5.3 Vivencias Situacionais As vivências situacionais podem contribuir para que o indivíduo imprima um padrão de vida com uma consciência que o leve a entender que nada é para sempre. Eu tive um técnico de handebol que muito contribuiu para o meu entendimento das vivências situacionais. Ele dizia: “O difícil não é ser campeão, o difícil é manter o título (posto) de campeão por dois anos ou mais.” Pode ser que uma equipe faça tudo corretamente ou um grupo de jogadores siga a orientações técnicas e táticas que foram passadas pelo seu comandante e até que a equipe de estatística e análise de desempenho tenha munido o atleta de informações a respeito do seu adversário e mesmo assim (a equipe) venha a perder a disputa de um importante campeonato. Nesta hora o psicólogo do esporte precisa entender que as vivências situacionais entraram em ação e minou totalmente a estratégia que foi traçada. E com base nessa situação fazer um trabalho de conscientização que vá além da simples compreensão que indique “hoje não foi o nosso dia”. O atleta terá a oportunidade de entender que suas vivências situacionais do dia a dia podem não dar certo, mas que ele/ela jamais precisa se entregar ou criar uma falsa crença e disparar gatilhos mentais com uma mentalidade derrotista. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 6 AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO ESPORTIVO Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/3-jogadores-de-futebol-jogando-no-estadio-159574 O comportamento agressivo não só é visto de forma negativa, mas implica também emfunção biológica de manutenção da espécie no sentido da defesa do espaço vital, da seleção dos mais fortes e saudáveis e da formação de uma hierarquia (FREUD, 1920; LORENZ, 1963 p.194). Seja no esporte amador ou no esporte de alta performance, a presença do comportamento agressivo ou da agressão é certa. Por que isso acontece? A resposta a esta pergunta pode indicar um número infinito de razões que mostram o porquê deste comportamento. Primeira razão Disputa e Competitividade - Quando se trata de competição, disputa de título, luta para se manter em uma posição de destaque no cenário nacional e internacional, disputa por uma vaga para a seletiva dos Jogos Abertos, seja, (Jab’s) - Jogos Abertos Brasileiros; (Jub’s) Jogos Universitários Brasileiros;(JOJUP’s) - Jogos da Juventude do Paraná. Segunda Razão Baixa tolerância à Frustração - Está e outra causa para o aparecimento do comportamento agressivo e da agressão no meio esportivo. infelizmente, temos entre os atletas (amadores ou profissionais) pessoas que apresentam baixa tolerância à frustração https://www.pexels.com/pt-br/foto/3-jogadores-de-futebol-jogando-no-estadio-159574 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA que é a pouca capacidade que um indivíduo possui ao lidar com uma situação frustrante ou desfavorável. Terceira razão Pela importância que se dá ao assunto - Podemos notar que os casos de agressão ou agressividade no esporte ganham holofotes rápidos. Seja agressão verbal (caso recorrente no continente Europeu, no continente Americano e em nosso país Brasil) ou agressão não-verbal. 6.1 O Uso do termo Agressão Você é acadêmico do curso de educação física que está se inserindo na psicologia do esporte não pode esquecer que o termo agressão ou agressividade é usado de diferentes maneiras. Ele pode ser usado como Good agression (que está ligado à ação de buscar uma bola que estava aparentemente perdida em um lance normal de jogo ‘a chamada bola perdida’) e uma segunda forma de uso do termo agressão ou agressividade é bad agression (que é aquela agressão ao jogador que está indo em direção ao gol e sofre uma falta proposital, intencional). 6.2 Definição psicológica da agressão Os profissionais psicólogos(as) definem agressão como “qualquer forma de comportamento direcionado que tenha o objetivo de lesionar ou machucar outro ser vivo que esteja interessado em evitar tal comportamento” (BARON, 1977, p.7) Vale ressaltar também que aquilo que é visto pelo público leigo como agressão boa no esporte para os(as) psicólogos(as) é chamado de comportamento assertivo pelo fato de entender que aquele comportamento (Ação) está dentro das regras do jogo. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/ativo-movimentado-atividade-acao-6608514/ 6.3 Compreendo o papel das Teorias dentro do contexto da agressão As teorias exercem um papel fundamental para uma compreensão correta a respeito da agressão e como ela age dentro do desporto. Sabendo disso, convido você a continuar mais um pouco a sua leitura e constatar juntamente comigo e seus amigos(as) de turma esta verdade. • Teoriade instintos e impulsos- Parte do princípio que a agressão é representante de um instinto inato, espontâneo e cumulativo, provocando no organismo humano uma acumulação contínua de energia agressiva, que deve (é bom que) seja descarregada de vez em quando. • Teoria da frustração-agressão - Esta teoria dá a ideia de que as vivências de fracasso, também chamadas de frustrações, provocam agressões. Aqui a frustração passa a ser definida como um impedimento de uma atividade atual dirigida a uma meta. https://www.pexels.com/pt-br/foto/ativo-movimentado-atividade-acao-6608514/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA • Teoria da aprendizagem social - Ela se subdivide em duas. Aprendizagem por reforço e Aprendizagem por imitação de modelos. a) Aprendizagem por reforço: mostra que a forma e a frequência do comportamento agressivo dependem das consequências positivas ou negativas e estes reforços podem ser criados através estímulos materiais, psíquicos ou sociais. aqui vale a máxima comportamento (todo comportamento reforçado tende a reaparecer). b) Aprendizagem por imitação de modelos: Esta teoria nos mostra que o comportamento é aprendido. O próprio nome dela já nos traz esta ideia “imitação de modelos”. Aqui pode se afirmar que as condutas agressivas são aprendidas mais rapidamente. (exemplo: imagine que você está numa fábrica de confecção e que todos os 998 modelos de vestidos serão feitos a partir de um único molde) da mesma forma como todos serão iguais a partir de um único modelo da mesma forma é o comportamento agressivo na aprendizagem por imitação de modelos. • Teoria revisada da frustração-agressão- Esta teoria combina elementos da hipótese original com a teoria da aprendizagem social. Tal ação traz o postulado que mesmo que a frustração nem sempre leve à agressão, ela pode aumentar a probabilidade pelo aumento do nível de ativação (BERKOWITZ, 1965, 1969). a) Dentro desta perspectiva, toda pessoa que passar por uma frustração, a frustração vai aumentar o nível de ativação (ação/comportamento) e se o indivíduo tiver um histórico que ao passar por esta situação ele deve chupar o copo ou arremessar cadeiras como sinal de proteção, assim ele/ela fará. 6.4 Agressão: Conceitos e definições Segundo Gabler (1987:94), Agressividade representa “uma disposição permanente (motivo) de uma pessoa para se comportar em uma determinada situação de forma agressiva.Um comportamento é denominado agressivo quando existe só a intenção ou o desejo de prejudicar outra pessoa - independentemente da realização da ação agressiva e dos efeitos prejudiciais pretendidos. fonte: Psicologia do Esporte: Conceitos e Novas Perspectivas. Página 197 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Você acadêmico do curso de educação física da faculdade católica paulista que tem seu coração pulsando pelo esporte e que deseja atuar nesta área tenha em mente que conduta agressiva sempre vai estar diretamente ligada ao desrespeito de normas e regras. (Gabler, 1987, p.95) falando a respeito de conduta agressiva descreve: Quando uma pessoa desrespeita as normas sociais e as regras esportivas e pretende prejudicar outra pessoa no sentido de provocar-lhe um prejuízo ou um dano pessoal, do qual pode resultar alguma forma de lesão corporal ou sofrimento psíquico. No que tange agressão na área desporto podemos encontrar as seguintes agressões (Agressão Instrumental), (Agressões Afetivas), (Autoagressão) e a (Violência). • Agressão Instrumental é quando uma pessoa realiza uma conduta agressiva como instrumento “utilizando a si mesmo” para alcançar suas próprias metas e impedir que a outra pessoa alcance as suas próprias metas. Este tipo de agressão acontece e se desenvolve por meio de processos de aprendizagem social, através da observação e imitação de modelos ou também chamada de modelagem pelos behavioristas. • Agressão Afetiva: este tipo de agressão vai aparecer nas situações de grande carga emocional (estresse emocional). Quando o processo de agressão afetiva entra em ação ele tende a bloquear os processos de controle cognitivo e consciente, o que leva a pessoa a reagir de forma impulsiva, sem pensar nas consequências prejudiciais de seu comportamento. Neste momento vale lembrar que a mente entra em autofluxo e aciona o eu flutuante que por ser instável, desestabiliza a própria emoção, tornando-a volúvel flutuante. Ela pode ser dirigida a outras pessoas; a um objeto ou ainda para o próprio indivíduo. (O atleta chuta a porta com o próprio pé e se lesionacom a ação daquele chute que ele mesmo fez). • Autoagressão:como sugere o próprio nome, a autoagressão é quando um indivíduo dirige a agressão contra ele mesmo querendo prejudicá-lo. Na maioria das vezes está ligado à sensação de culpa ou frustração. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/calca-jeans-garoto-menino-rapaz-4100655/ • Violência: Forma de agressão que representada pelo aparecimento do comportamento agressivo, pelo qual uma pessoa, de maneira intencional, prejudica outra pessoa gravemente. 6.5 Agressão: Determinantes Finalizando este capítulo falando a respeito dos determinantes da agressão. São dois os determinantes da agressão. Determinantes Gerais e Determinantes Específicos. Pode se dizer que toda conduta agressiva no esporte sofre forte influência dos determinantes e também são influenciados. Os determinantes gerais são influenciados pela conduta agressiva no esporte e são elas: (1) Possibilidades Genéticas; (2) Socialização; (3) Sistemas de valores socioculturais; (4) Condições Político-econômicas; (5) Condições Ecológicas e (6) Sistema de comunicação determinantes. Os determinantes específicos são influenciados pela conduta agressiva no esporte e são elas: (a) Intenções esportivas de ação orientada; (b) Modalidade esportiva; (c) Expectativa do papel; (d) Importância da competição; (e) Espectadores e (f) Notícias Esportivas. https://www.pexels.com/pt-br/foto/calca-jeans-garoto-menino-rapaz-4100655/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA AULA 7 COMUNICAÇÃO NO ESPORTE Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-com-fone-de-ouvido-inclinado-para-a-frente-durante-o-dia-209722/ A comunicação no esporte é essencial para quem pratica e também para aqueles que assistem um jogo (pensemos uma partida de tênis na quadra central de Roland Garros) o tenista tem que passar o jogo inteiro sem falar com o seu técnico por conta de dois princípios que regem esta modalidade. Primeiro: O tênis é um esporte individual; segundo porque não é permitido a comunicação entre o técnico e seu atleta no decorrer das partidas. No futebol e no vôlei se tem uma situação totalmente contrária em relação ao tênis. Nestes esportes há um grande volume de comunicação. Os técnicos interagem com os atletas o tempo todo sem proibição. https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-com-fone-de-ouvido-inclinado-para-a-frente-durante-o-dia-209722/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROF. VALDINEI APARECIDO ARRUDA Todavia, em ambos os casos apresentados no primeiro e segundo parágrafos constata- se uma dificuldade permanente na comunicação entre atletas e técnicos. Este fenômeno tem mostrado a importância de um trabalho que passa pelo profissional psicólogo que atua na área do desporto. Porque o processo de comunicação em especial a comunicação assertiva passa pela teoria da aprendizagem que foi desenvolvida pelo psicólogo canadense Albert Bandura. Por isso, cabe ao psicólogo a função de capacitar técnicos e atletas para o estabelecimento de uma comunicação que faça do indivíduo que está no esporte (seja ele amador ou profissional) um exímio comunicador. Este
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