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PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE - UNIDADE I

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Autor: Prof. Ricardo Muotri
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago 
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Psicologia 
Aplicada ao Esporte
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Professor conteudista: Ricardo Muotri 
Doutor e mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e graduado em 
Educação Física pela Unesp – Rio Claro. É especialista em Educação Física Adaptada e Saúde e docente da Universidade 
Paulista (UNIP). Possui experiência na área de educação física, com ênfase em educação física adaptada, treinamento 
personalizado e psicoterapia, atuando, principalmente, nos seguintes temas: psicologia esportiva, transtornos mentais, 
transtornos de ansiedade, obesidade e depressão.
Durante sua formação profissional compreendeu que a análise dos aspectos emocionais relacionados ao exercício 
físico compõe um espectro de diretrizes capaz de elucidar o comportamento humano e modificá‑lo para o bem‑estar 
dos indivíduos.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M971p Muotri, Ricardo.
Psicologia Aplicada ao Esporte / Ricardo Muotri. – São Paulo: 
Editora Sol, 2019.
112 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2‑172/19, ISSN 1517‑9230.
1. Psicologia do esporte. 2. Treinamento psicológico 3. 
Comportamento. I. Título.
CDU 796.011.1
W502.35 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Juliana Muscovick
 Vitor Andrade
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Sumário
Psicologia Aplicada ao Esporte
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................................................9
1.1 Entendendo a psicologia do esporte e do exercício ..................................................................9
1.1.1 Psicologia do esporte e psicologia no esporte ............................................................................ 10
1.2 Psicologia esportiva x psicologia clínica ..................................................................................... 11
2 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE ................................................................................................ 12
2.1 Primeiro período (1895‑1920) ........................................................................................................ 12
2.2 Segundo período (1921‑1938) ....................................................................................................... 13
2.3 Terceiro período (1939‑1965) ......................................................................................................... 14
2.4 Quarto período (1966‑1977) ........................................................................................................... 14
2.5 Quinto período (1978‑1995) ........................................................................................................... 15
3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE ........................................................................... 16
3.1 Atuação na área escolar .................................................................................................................... 16
3.2 Atuação na área da recreação......................................................................................................... 18
3.3 Atuação na área de reabilitação .................................................................................................... 19
3.4 Atuação na área de esporte de rendimento .............................................................................. 21
4 VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS QUE INTERFEREM NO RENDIMENTO ESPORTIVO ........................ 24
4.1 Atenção, concentração e percepção ............................................................................................ 24
4.1.1 Atenção ....................................................................................................................................................... 24
4.1.2 Concentração ........................................................................................................................................... 28
4.1.3 Percepção ................................................................................................................................................... 29
4.2 Atitude e motivação ............................................................................................................................ 32
4.2.1 Atitude ........................................................................................................................................................ 32
4.2.2 Motivação .................................................................................................................................................. 33
4.3 Estresse, ansiedade, medo, autoeficácia e autoconfiança ................................................... 37
4.3.1 Estresse ........................................................................................................................................................ 37
4.3.2 Ansiedade ................................................................................................................................................... 41
4.3.3 Medo ............................................................................................................................................................ 43
4.3.4 Autoeficácia e autoconfiança ............................................................................................................ 45
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Unidade II
5 TREINAMENTO PSICOLÓGICO EM EQUIPE ............................................................................................. 53
5.1 Motivação do grupo ............................................................................................................................ 53
5.2 Coesão grupal ........................................................................................................................................ 55
5.3 Espírito esportivo/equipe .................................................................................................................. 57
5.4 Metas individuais x metas da equipe ...........................................................................................59
5.5 Iniciação esportiva: um instrumento para a socialização e 
formação de crianças e jovens ............................................................................................................... 60
5.5.1 O papel do professor de Educação Física – educador (escola) ............................................. 63
5.5.2 O papel da família .................................................................................................................................. 64
5.5.3 O papel ativo da criança ...................................................................................................................... 65
5.5.4 Reflexões sobre o papel do psicólogo do esporte ..................................................................... 66
6 COMPORTAMENTO ......................................................................................................................................... 70
6.1 Teoria dos condicionamentos.......................................................................................................... 73
6.1.1 Teoria pavloviana .................................................................................................................................... 73
6.1.2 Teoria do condicionamento operante ............................................................................................ 75
6.1.3 Insight .......................................................................................................................................................... 78
7 ASPECTOS EXTERNOS QUE INFLUENCIAM NA PREPARAÇÃO 
PSICOLÓGICA DO ATLETA ................................................................................................................................. 79
7.1 Torcida ....................................................................................................................................................... 80
7.1.1 Uso da atenção seletiva para favorecer o desempenho diante 
das manifestações da torcida ....................................................................................................................... 83
7.2 Drogas ....................................................................................................................................................... 85
7.2.1 Doping ......................................................................................................................................................... 87
7.3 Pais, técnicos e dirigentes ................................................................................................................. 90
7.4 Patrocinadores, empresários e empresas .................................................................................... 91
8 TREINAMENTO MENTAL ................................................................................................................................ 92
8.1 Hipnose ..................................................................................................................................................... 97
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APRESENTAÇÃO
Compreender como alterações cerebrais condicionadas por neurotransmissores durante o processo 
de aprendizagem e a formação da personalidade podem interferir na busca pela melhor performance 
frente a fatores estressores ajuda na tomada de decisões técnicas de atuação, com a finalidade de criar 
uma harmonia entre esporte e qualidade de vida.
O estudo dos estados emocionais naturais do ser humano, como ansiedade e medo, é fundamental 
para auxiliar nas escolhas diante da busca pelo bem‑estar e desenvolvimento esportivo amador ou 
profissional. Isso envolve uma equipe multidisciplinar por se tratar de questões comportamentais 
multicausais da infância à fase adulta. Essa transição entre diversas disciplinas faz da psicologia esportiva 
um meio sólido a ser explorado para auxiliar o fluxo de desenvolvimento saudável diante do lazer e do 
esporte de alto rendimento.
Este livro tem como objetivo apontar a psicologia do esporte como ciência, viabilizando a compreensão 
do ser humano e a aplicação desses conhecimentos no esporte. Como objetivo geral, pretende discutir os 
aspectos psicológicos que interferem na evolução do ser humano dentro e fora do contexto esportivo. 
Dessa forma, amplia‑se o conhecimento sobre o funcionamento da mente e de suas interferências no 
comportamento de todos os envolvidos na área da atividade física e do esporte.
Além disso, este livro tratará sobre temas como:
• Desenvolvimento e socialização por meio do esporte em diferentes contextos sociais, como escola, 
grupos de lazer e projetos educacionais.
• Variáveis psicológicas que interferem na performance esportiva.
• Fatores externos que influenciam no rendimento do atleta.
A psicologia do esporte é atualmente o melhor caminho para identificar e compreender fatores 
extrínsecos e intrínsecos que interferem na atuação e na formação profissional do atleta, entendendo 
o corpo com respeito às suas capacidades e limitações, de maneira holística. Esse vetor ascendente 
da psicologia proporciona a exploração de novos caminhos a serem desbravados por essa ciência, que 
contribui para a compreensão cada vez mais tênue entre emoção e razão.
INTRODUÇÃO
A psicologia do esporte busca entender a ciência do homem no contexto esportivo, relacionando o 
bem‑estar do ser humano vinculado a questões esportivas, tanto no âmbito do alto rendimento quanto 
do esporte jogo/lazer, e isso também pode ser expandido para diferentes áreas de atuação.
Cada vez mais o papel do psicólogo do esporte se distingue da psicologia clínica e afunila seus 
conceitos e pensamentos científicos, a fim de auxiliar o ser humano por meio do esporte em diferentes 
funções sociais.
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A análise do comportamento humano é o principal requisito atribuído ao psicólogo que atua com 
diferentes técnicas e prognósticos em situações adversas. Por isso, o trabalho de um psicólogo esportivo 
precisa de tempo para obtenção de resultados positivos. Todo o trabalho psicológico de uma pessoa é 
semelhante ao desenvolvimento de uma habilidade esportiva, que deve ser analisada, interpretada, 
conceituada, colocada em prática, aperfeiçoada e, por fim, lapidada para sua maior perfeição de execução.
Dessa maneira, atualmente, o mundo esportivo de alto rendimento necessita do auxílio de um 
especialista no desenvolvimento do corpo uno para a melhor performance. Essa necessidade é explorada 
desde a iniciação esportiva até a especialização e execução do maior rendimento possível, o que dá a 
essa ciência um caráter infinito de pesquisa e aprofundamento sobre o conhecimento humano.
Venha viajar conosco nesse universo de infinitas possibilidades!
Bem‑vindo à psicologia do esporte e do exercício.
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PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE
Unidade I
1 CONCEITOS BÁSICOS
1.1 Entendendo a psicologia do esporte e do exercício
A psicologia do esporte e do exercício é a ciência que estuda o comportamento humano em contextos 
esportivos e de atividades físicas. O psicólogo esportivo conceitua e define estratégias que profissionais 
podem utilizar para que as pessoas se beneficiem das atividades esportivas em carácter psicomotriz.
A psicomotricidade apresenta como base o corpo uno, sem dicotomizar o corpo entre físico e 
cognitivo (mente). Aqui, o corpo é um só, no qual os sentimentos estão diretamente associados aos 
movimentos motores, ou seja, seu estado emocional interfere de maneira direta no seu desempenho 
físico‑motor e vice‑versa.
Logo, a psicologia do esporte é uma disciplina científica que investiga as causas e os efeitos dos 
processos psíquicos antes, durante e depois de uma atividade esportiva. Trata‑se de uma ciência 
multidisciplinar com ênfase nas características pessoais e tendênciasatuais da psicologia.
De modo geral, existem dois objetivos claros e bem definidos para a área de atuação do psicólogo:
• Entender como os aspectos psicológicos intrínsecos e extrínsecos podem interferir no desempenho 
físico e motor.
• Entender como o esporte afeta o desenvolvimento psicológico.
As afirmações a seguir são muito comuns para o psicólogo do esporte:
• “Quando paro de praticar exercícios sinto‑me mal”.
• “Quando estou com a cabeça boa, eu jogo melhor”.
Essas frases são representações de sentimentos que escutamos diariamente no mundo das pessoas 
que praticam atividades físicas e esportivas e, assim, nos perguntamos: Como esses sentimentos podem 
ocorrer? Por que eles ocorrem? Podemos alterar tais sentimentos em relação ao exercício?
Para responder essas questões, deve‑se ter como base a análise do comportamento, porém, essa 
tarefa que parece simples não é tão fácil assim. O ser humano está a todo momento alterando seu 
comportamento em diferentes fases de sua vida e isso também está relacionado ao ambiente em 
que se encontra e as influências que esse tipo de ambiente proporciona. Desde fatores ambientais, 
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Unidade I
como o clima de uma cidade, por exemplo, até quem são as pessoas que estão a nossa volta 
e que nos deixam mais ou menos confortáveis para execução de diferentes tarefas. Por isso, o 
comportamento a ser analisado não deve ser restrito apenas ao indivíduo, mas também ao meio no 
qual ele está inserido. É quando as dificuldades de interpretação a respeito de ações positivas ou 
negativas começam a aparecer.
A psicologia esportiva estuda as maneiras para aumentar sua precisão na análise multifatorial do 
comportamento humano e definir estratégias de atuação diferentes e cada vez mais eficazes. Essas 
estratégias aplicam‑se a uma ampla parcela da população. Embora alguns profissionais fiquem restritos 
ao alto rendimento esportivo, outros estão utilizando a psicologia do esporte para auxiliar crianças, 
idosos e pessoas com necessidades especiais, entre outras, em diferentes funções, sempre com o objetivo 
de proporcionar saúde e bem‑estar.
Assim, o ambiente de trabalho de um psicólogo esportivo deverá ter passagens por campos de 
futebol, escolas, quadras, piscinas, ou seja, todo o contexto em que se desenvolve a atividade física 
e o esporte. Além disso, dominar programas e conceitos de aplicabilidade sobre análise estatística 
torna o trabalho na psicologia esportiva mais fidedigno aos resultados apresentados, possibilitando 
maior eficácia de intervenção.
 Lembrete
O psicólogo do esporte não deve ficar restrito ao trabalho de alto 
rendimento esportivo. Atuar em diferentes setores e utilizá‑los de 
forma interdependente é fundamental para compreensão sublime do 
comportamento humano.
1.1.1 Psicologia do esporte e psicologia no esporte
Figura 1 – Psicólogo do esporte x psicólogo no esporte
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PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE
Quais os limites que interferem na relação direta entre as emoções e a razão? O controle pela 
homeostase entre a razão e a emoção, em diferentes momentos, leva o psicólogo do esporte à sua 
especialização entre os conhecimentos fisiológicos que envolvem os aspectos emocionais. Muitas vezes 
isso determinará o significado das expressões sobre a psicologia do e no esporte.
Além de uma diferença meramente semântica, a psicologia do esporte é um campo de atribuição 
específica do psicólogo, tem suas regras próprias e é definida como atuação profissional pelo conselho 
regional de psicologia. Já a psicologia no esporte trata‑se de um conhecimento comum aplicado por 
diversos profissionais, não é um campo específico, pois seus conhecimentos são gerais.
No mundo esportivo é muito comum pais, técnicos, dirigentes, familiares e amigos pensarem 
estarem atuando como um psicólogo do esporte, mas, na verdade, estão contribuindo como psicólogos 
no esporte, utilizando‑se, muitas vezes, apenas de conhecimentos próprios e nada científicos.
 Observação
Em um primeiro momento pode‑se considerar que a atuação do 
psicólogo no esporte atrapalha a aplicação da psicologia do esporte, porém, 
esse é um ponto crucial utilizado pela psicologia ainda hoje para se firmar 
como campo de atribuição científica.
1.2 Psicologia esportiva x psicologia clínica
Outro ponto fundamental de entendimento antes de iniciarmos de fato os ensinamentos sobre a 
psicologia esportiva é saber delimitar exatamente seu papel no âmbito profissional.
A psicologia clínica estuda os problemas humanos. Entende‑se por problemas humanos aqueles 
originados do indivíduo enquanto um ser social, enquanto que seus métodos podem incentivar o 
aparecimento ou aperfeiçoamento das capacidades de relacionamento e ajustamento intrapessoal 
e interpessoal, de aprendizagem e leitura do mundo e da realidade das pessoas. A psicologia clínica 
também é adequada ao tratamento de problemas mais complicados como as psicopatologias e os 
psicossomáticos (que são doenças/sintomas orgânicos com causas psicológicas).
No entanto, a psicologia do esporte estuda fatores emocionais que afetam a performance dos 
atletas e os efeitos do esporte para o bem‑estar psicológico dos indivíduos. Ansiedade, concentração, 
motivação, desenvolvimento interpessoal e intrapessoal são algumas das questões trabalhadas pelo 
psicólogo esportivo.
A partir do momento em que se define um diagnóstico patológico em um atleta, ele deve ser 
encaminhado à psicologia clínica, que pode atuar junto ou não ao psicólogo do esporte. Na maior parte 
dos casos esse tratamento se dá de forma condensada, visto que o esporte em âmbito profissional faz 
parte da vida do atleta, agora paciente.
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Unidade I
 Saiba mais
Os livros e textos a seguir podem ajudar na compreensão do conteúdo 
apresentado até o momento:
COX, R. H. Sport psychology: concepts and applications. 4. ed. Boston: 
McGraw‑Hill, 1998. p. 458.
RUBIO, K. Origens e evolução da psicologia do esporte no Brasil. Revista 
Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, Barcelona, v. 7, n. 373, 
p. 742‑798, maio 2002.
VIEIRA L. F. et al. Psicologia do esporte: uma área emergente da psicologia. 
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 2, p. 391‑399, abr./jun. 2010.
2 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE
Atualmente, os profissionais da psicologia esportiva vêm atuando no alto rendimento com boa 
expressividade, embora ainda existam muitos campos de atuação para o psicólogo do esporte. Mesmo 
com toda a representatividade é um erro pensar que ela se desenvolveu apenas recentemente. A psicologia 
do esporte caminha desde a virada do século XX, quando começaram as primeiras interpretações da 
relação entre os aspectos emocionais e o desempenho físico.
Sua história é dividida em cinco períodos:
2.1 Primeiro período (1895‑1920)
Figura 2 – Norman Triplett
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PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE
Período também conhecido como “primórdios” (1890), teve início com um psicólogo chamado Norman 
Triplett, entusiasta do ciclismo que começou a fazer uma pesquisa tentando entender o papel de aspectos 
emocionais no desempenho de ciclistas. Em seus primeiros manuscritos, Triplett tentou explicar como as 
relações humanas podem apresentar funções de motivação durante o treinamento desportivo.
Durante seus estudos, organizou um grupo e o subdividiu em três grupos de ciclistas:
• Grupo que realizou treinamento em conjunto: o objetivo era realizar um determinado percurso 
chegando em primeiro lugar.
• Grupo com treinamento em duplas: o mesmo objetivo se manteve, porém, os atletas eram 
separados homogeneamente em duplas pelo desempenho em provas anteriores.
• Grupo com treinamento individual: o atleta deveria realizar umpercurso em um tempo preestabelecido.
Os resultados mostraram que os ciclistas que treinavam em grupo apresentavam melhores desempenhos. 
Outra pesquisa foi feita com crianças, em que os sujeitos tiveram o objetivo de enrolar o mais rápido possível 
a maior quantidade de linha em um carretel, quando se identificou que quando a tarefa era realizada em 
grupo o desempenho era mais satisfatório. Logo, uma de suas conclusões foi que ao se trabalhar em grupo 
a performance melhora porque a frustração é dividida entre todos os participantes.
Para Triplett, em grupo não se perde sozinho, o erro não recai apenas em um atleta, e sim a outros 
que também não foram vencedores. De uma certa maneira, ele traz a ideia de que a culpa pode ser 
dividida. Isso se observa atualmente quando em equipe o erro é, ou pelo menos deveria ser, de todo 
o grupo, e não apenas centralizado em um erro individual. Esse foi apenas um manuscrito e um dos 
primeiros ensaios sobre psicologia, aprendizagem de habilidades motoras e desempenho esportivo.
2.2 Segundo período (1921‑1938)
Figura 3 – Coleman Griffith
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Unidade I
Coleman Griffith foi o primeiro a se dedicar exclusivamente à psicologia no contexto esportivo. 
Por isso, é considerado atualmente o pai da psicologia do esporte, cujo período de atuação é 
conhecido como Era Griffith.
O psicólogo trouxe diversas contribuições à psicologia com diferentes trabalhos publicados sobre o 
tema e ajudou a desenvolver um laboratório específico para a relação entre esporte e psicologia. Suas 
pesquisas foram bastante relevantes, já que apresentavam caráter metodológico bem significativo, com 
maior apreço científico, diferentemente das pesquisas apresentadas inicialmente por Norman Triplett.
2.3 Terceiro período (1939‑1965)
Figura 4 – Franklin Henry
Esse período é conhecido como construção de bases, dado que nessa época foi instituída a Sociedade 
Internacional de Psicologia Esportiva, responsável pela realização do Primeiro Congresso Mundial de 
Psicologia do Esporte na cidade de Roma, Itália, em 1965. O principal nome dessa época é Franklin 
Henry, estabelecido na Universidade da Califórnia (EUA).
Henry aprimorou as pesquisas em psicologia esportiva e contribuiu com diferentes pesquisas que 
ajudaram a definir diversos conceitos ligados ao esporte. Nessa fase, a psicologia do esporte se integra 
academicamente ao currículo dos cursos de Educação Física e Psicologia, construindo uma nova base 
para a expansão de pesquisa e discussões acadêmicas em psicologia esportiva.
2.4 Quarto período (1966‑1977)
Durante esses dez anos do quarto período muitas escolas de educação física e psicologia 
aderiram à psicologia do esporte, incluindo‑a em sua grade acadêmica curricular. Por esse motivo, 
esse período é conhecido como institucionalização, em que foi concretizado o segundo congresso 
mundial de psicologia do esporte. Nele, novas pesquisas e campos de atuação foram descobertos 
no conceito da psicologia esportiva.
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PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE
Nesse período, atletas começaram a ser assessorados por psicólogos esportivos em diferentes 
modalidades.
2.5 Quinto período (1978‑1995)
Figura 5 – Avanços científicos
Esse é o período conhecido como contemporâneo, em que o psicólogo do esporte é reconhecido 
oficialmente e se estabelece a designação de “consultor registrado”. Nessa época, é fundado o primeiro 
jornal de psicologia do esporte, o International Journal of Sports and Exercise Psychology. As equipes 
olímpicas incorporam os psicólogos do esporte e a mídia dá ênfase ao trabalho do psicólogo esportivo.
Esse período se caracterizou por um tremendo crescimento científico, por meio de consideráveis 
pesquisas e interesse na aplicação e na consultoria. Muitos autores consideram esse quinto período o 
último período histórico da psicologia esportiva. Porém, outros autores colocam um sexto período ainda 
não catalogado na área acadêmica da psicologia, denominado até então período moderno, caracterizado 
pelas diferentes áreas de atuação da psicologia esportiva. Atualmente, ele é discutido em congressos e 
simpósios mundiais.
Além do alto rendimento, o psicólogo, hoje, trabalha em escolas, educação, lazer, projetos sociais, 
reabilitação, iniciação esportiva, entre outros.
 Lembrete
Compreender o processo de formação histórica da psicologia esportiva 
nos ajuda a entender os desafios profissionais da atualidade.
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Unidade I
3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE
3.1 Atuação na área escolar
Figura 6 – Educação física escolar
Como aplicar a psicologia do esporte na área escolar? Essa é uma área de atuação relativamente 
nova no âmbito da psicologia esportiva e quando nos deparamos com atividades físicas escolares 
podemos perguntar:
• Qual o real significado da educação física competitiva na comunidade escolar?
• Qual o grau de interferência no desenvolvimento do aluno que essa prática pode acarretar?
• Como agem e o que pensam os profissionais envolvidos com a questão?
• Por ser um dos componentes curriculares nas escolas, a Educação Física deve primar pela 
potencialidade pedagógico‑educacional. Será essa constatação atingida?
• Onde entram os componentes psicológicos e sociais largamente debatidos em nossos livros acadêmicos?
• Onde se praticam as ideias geradas com valores sociais amplos?
• Onde se trabalha a igualdade de aprender e de jogar?
• Como o comportamento humano do aluno diante de seus colegas interfere em seu desempenho 
escolar e esportivo?
• Será que o psicólogo esportivo pode ter acesso ao mundo de exercícios relacionados ao aluno 
dentro e fora da escola com o intuito de ajudá‑lo em seu bem‑estar físico e emocional?
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Todas essas e outras perguntas são trabalhadas por psicólogos esportivos que habitam o mundo escolar.
Partindo desse ponto, vamos verificar um conceito que nos acompanhará ao longo deste livro‑texto, 
a chamada tríade da psicologia esportiva, e por meio dela podemos entender melhor o papel do psicólogo 
esportivo em diferentes áreas de atuação profissional. A relação com pais, professores e alunos ajuda 
a aumentar as chances de uma maior avaliação das partes e, consequentemente, aumenta a ação do 
psicólogo e do seu reconhecimento como profissional nesse campo de atuação.
A tríade da psicologia se baseia em harmonizar todas as arestas que ligam as partes mais importantes 
do processo a ser trabalhado e desenvolvido para o melhor desempenho. Nesse caso, no âmbito escolar 
colocamos o aluno em primeiro lugar, no vértice mais alto, apoiando‑se nas bases familiares e escolares 
e, assim, o papel do psicólogo está centrado em equilibrar variadas ações que podem interferir nessa 
tríade, conforme representado na figura a seguir:
Psicólogo do 
esporte
Aluno
EscolaFamília
Figura 7 – Tríade da psicologia esportiva
Essa área de atuação visa a análise da compreensão dos processos de ensino, formação e educação 
da criança. O psicólogo funciona como mediador na relação e interação professor‑aluno‑família durante 
os jogos escolares (esportes e disciplinas associadas).
Nesse campo, é importante compreender as divergências em relação ao que a escola propõe ao aluno 
quando nos referimos a um esporte. É preciso estar claro e bem definido o que é o jogo‑festa, alegre e 
participativo. Dessa forma, promovem‑se encontros, prazeres e diversão em que todo o movimento se 
torna mais afetivo, com foco principal na sociabilização ou, então, o que seria um jogo de competição 
baseado em rendimento, técnicas e iniciação esportiva precoce.
O psicólogo do esporte deve ajudar professores e alunos a refletirem sobre as dificuldades encontradasem competições. Deve tomar consciência das características desses acontecimentos e assumir decisões 
que levam a uma superação lógica limpa e adequada, que podem ser encaminhadas e preparadas por 
aqueles que convivem e concordam que trabalhar com a competição no nível esportivo escolar é um 
processo de equilíbrio desafiador e que motiva. Assim, permite‑se a participação crítica dos envolvidos 
com a prática esportiva competitiva.
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Porém, omitir a competição em uma sociedade que a mantém em sua natureza é criar um quadro 
artificial que levará à aquisição forçada de situações abstratas, servindo para provocar ou acentuar 
desajustamentos, marginalização e conflitos diante da realidade social em que se vive de fato.
Por que remover a competição de uma atividade em que ela é exigida, quando, na escola ou na rua e 
até mesmo da própria família, está impregnado todo o comportamento social dos adultos? Será possível 
imunizar as crianças de um mal que elas já dominam? A formação da personalidade da criança deverá 
exigir uma atenção especial dos 8 aos 12 anos. De acordo com Machado (2006), nesse período elas estão 
vinculadas a uma atividade central de sua existência, que é a escola, tida como atividade dominante e que 
imprimirá uma influência decisiva e estruturadora em comportamentos sociais gerais.
De outra forma, o jogo em si também não é essencial para a criança, visto e baseado no jogo adulto, 
em que muitas vezes o profissional não transforma as regras e táticas dos modelos para as crianças. 
Assim, traz‑se para o mundo infantil as mesmas responsabilidades, exigências, deveres e atitudes do 
mundo adulto, pois a criança não tem a mesma capacidade interpretativa.
O psicólogo esportivo escolar deve atuar na ação de uma atividade esportiva criativa em que os 
próprios alunos aprendem a criar suas próprias regras e suas aplicações. Dessa forma, transforma‑se, 
por meio do esporte, uma criança para que seja mais crítica, criativa, responsável e que saiba lidar com 
conceitos sociais de como ganhar e perder, competir, trabalhar em equipe e respeitar o próximo.
Exemplo de aplicação
A atuação do psicólogo esportivo ainda é muito tímida no âmbito escolar.
Reflita sobre diferentes possibilidades de atuação do psicólogo na escola, diante das perspectivas das 
atividades de extensão extraclasse e nas aulas de Educação Física.
3.2 Atuação na área da recreação
Essa linha busca o estudo e a intervenção sobre a prática de atividades físicas desenvolvidas em tempo 
livre, visando a análise do comportamento recreativo dos grupos em diferentes faixas etárias. Entender 
o indivíduo, muitas vezes fora de seu ambiente profissional, pode ajudar a desenvolver estratégias de 
intervenção para variáveis intrínsecas e extrínsecas que estão interferindo no desempenho social e 
competitivo. O que se faz dentro e fora de campo, ao contrário do que muitos dizem, é de interesse do 
psicólogo esportivo.
Saber como um atleta se comporta em um jogo com caráter profissional e em outro com caráter 
recreativo pode fornecer informações importantes sobre sua personalidade em situações adversas. Nessa 
área, o psicólogo esportivo pode trabalhar por meio da observação de estados emocionais em diferentes 
aspectos do desenvolvimento, o que ainda não se confirma como atuação profissional exclusiva, mas 
sim adjunta a outras áreas no sentido de auxiliar a análise de fatos, interpretação de situações positivas 
e negativas e como o atleta deve lidar com elas.
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Conceitos como egoísmo, dominação, preconceitos, agressividade, relacionamentos, empatia, 
apatia, timidez, extroversão e sociabilização devem ser analisados e discutidos. Comportamentos 
como agressividade ou apatia são sempre analisados e colocados em contextos específicos de jogo 
lazer ou jogo profissional. Lembrando que a análise do comportamento não é restringida apenas ao 
atleta ou grupo de atletas, mas sim a todas as pessoas que de certa forma interferem no processo de 
desenvolvimento físico e emocional da equipe, incluindo uma análise social e cultural a que todos 
devem estar submetidos.
3.3 Atuação na área de reabilitação
Figura 8 – Lesão esportiva
É preciso considerar tanto os aspectos de reabilitação emocional, baixa autoestima, frustrações, 
medos, evitações, entre outros, como reabilitação física de lesões osteomusculares. Muitas pessoas se 
lesionam diariamente em decorrência do esporte e, dessa forma, o psicólogo do esporte não se verá livre 
de encontrar e trabalhar com atletas lesionados. Praticar esportes também é correr riscos.
Acredita‑se que milhões de adultos e crianças se lesionem a cada ano durante a prática esportiva. 
Pessoas que apresentam mais estresse têm mais lesões relacionadas ao esporte e ao exercício. Segundo 
Weinberg e Gould (2006), os fatores físicos são as causas primárias de lesões esportivas, mas fatores 
psicológicos também podem contribuir para elas. Portanto, profissionais devem entender tanto as 
reações psicológicas quanto compreender limitações que podem ocorrer com lesões físicas, quando e 
de que forma estratégias mentais ajudam na recuperação.
Construir o autoconceito de corpo holístico e uno é fundamental para aplicações nessa área de atuação, 
assim como entender os limites que o organismo impõe e que, muitas vezes, o esporte os quebra.
Por que as lesões acontecem? A literatura atual mostra que fatores de personalidade e níveis 
de estresse estão diretamente relacionados ao número alto de lesões em atletas de alto nível e 
atletas amadores. Em relação aos fatores de personalidade, os pesquisadores queriam entender se 
traços como autoconceito, introversão, extroversão e inflexibilidade estavam relacionados com a 
ocorrência de lesões.
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Por exemplo, atletas com baixa autoestima apresentariam maior número de lesões, no entanto, 
esses estudos ainda não são conclusivos. Outras pesquisas sobre níveis de estresse mostram que, com o 
aumento no número de preocupações pelas quais os atletas estão sobrecarregados, pode‑se aumentar 
o número de lesões.
O aumento do estresse diminui as taxas de atenção e concentração, levando à execução de 
movimentos que podem causar novas lesões. Além disso, esses erros também podem ser cometidos 
pelo excesso de repetição inteiramente mal executadas ou mal planejadas durante os treinamentos 
e competições em que o próprio estresse competitivo gera maiores chances de erro pelo exagero ou 
simplesmente pela má execução. Isso se dá naturalmente em aspectos emocionais, muitas vezes por 
consequência de lesões osteomusculares.
A ruptura da atenção e da concentração e a tensão muscular aumentada podem levar ao conceito para 
o esportista de que lesionado ele não tem mais valor. Isso ocasiona respostas emocionais, semelhantes 
às respostas de quem enfrenta uma morte iminente.
Praticantes de exercícios e atletas frequentemente passam por um processo de resposta de pesar 
com cinco estágios, são eles:
• negação;
• raiva;
• negociação;
• depressão;
• reorganização.
Nem todos os esportistas passam por todos os estágios e seguem um padrão hierárquico de resposta 
emocional, porém, devemos levar em consideração todas as hipóteses possíveis de serem identificadas. 
Outras reações psicológicas também são experimentadas, como perda de identidade, medo, ansiedade, 
falta de confiança e diminuição de desempenho. Todos os fatores citados devem ser estrategicamente 
identificados e tratados da melhor maneira possível.
Em um estudo sobre como estratégias psicológicas podem ajudar na reabilitação de lesões, Ivleva e 
Orlick (1991) tentaram determinar se atletas com cura rápida (menos de cinco semanas) de lesões no 
joelho e no tornozelo demonstravam maior usode estratégias e habilidades psicológicas do que aqueles 
com recuperação lenta (mais de 16 semanas). Os pesquisadores realizaram entrevistas avaliando atitude, 
perspectiva, estresse, controle do estresse, apoio social, diálogo interior positivo, visualização da cura, 
estabelecimento de metas e crenças. Eles verificaram que atletas com recuperação rápida usavam mais 
estratégias de estabelecimento de metas, diálogo interior positivo e, em menor grau, visualização da 
cura do que atletas com recuperação lenta.
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Isso sugere que fatores psicológicos desempenham papel importante na recuperação de lesões. 
Basicamente, o tratamento da lesão deve incluir técnicas psicológicas para aumentar o processo de 
cura e de recuperação. Condicionar o atleta a acreditar nas possibilidades de tratamento e recuperação 
tende a aumentar a eficácia da reabilitação.
 Observação
É responsabilidade do psicólogo do esporte administrar procedimentos 
apropriados, como: desenvolver contato com a pessoa lesionada; instruir pessoas 
lesionadas sobre a lesão e sobre o processo de recuperação; ensinar habilidades 
psicológicas específicas de controle; ensinar como lidar com o retrocesso; 
incentivar o apoio social; e, acima de tudo, aprender com os atletas lesionados.
3.4 Atuação na área de esporte de rendimento
A atuação na área de esportes de rendimento visa basicamente a atuação sobre os fatores que 
influenciam diretamente na questão da performance e desempenho do atleta e/ou equipe. Cabe ao 
psicólogo observar as condições institucionais, grupais e individuais. Além disso, é necessário conhecer 
as questões culturais da instituição, seus valores morais e éticos para que se possa avaliar e desenvolver 
noções básicas de cidadania, dentro da demanda da organização envolvida.
No alto rendimento, o psicólogo do esporte tem a função de deixar o atleta preparado tanto para 
enfrentar situações de estresse nos treinamentos como durante as competições e fora delas. Todos os 
fatores que norteiam o atleta devem ser estudados cuidadosamente para traçar o perfil dele e modular 
questões sobre variáveis psicológicas que podem interferir em seu trabalho.
Nesse caso, voltaremos a tratar da tríade da psicologia esportiva em que o ápice da pirâmide agora 
será o atleta, com base em seus familiares, amigos, treinador e instituição que o acolheu, conforme 
representado na figura a seguir:
Psicólogo do 
esporte
Atleta
Incongruência de ideias
SalárioPromessas
PatrocinadorCompromisso
Dirigentes$$$
InstituiçãoFamília
Figura 9 – Tríade da psicologia esportiva
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Dessa forma, o psicólogo deve estar preparado para realizar a harmonização entre os três vértices 
da tríade. Esse trabalho não é fácil, pois existem diferentes fatores que podem causar interferências 
significativas e criar ondas de desestabilização emocional durante todo o processo evolutivo de 
equilíbrio emocional.
Esses aspectos estão representados na figura a seguir:
Psicólogo do 
esporte
Atleta
InstituiçãoFamília
Figura 10 – Tríade da psicologia esportiva
Todos os aspectos representados fazem parte da vida cotidiana de atletas de alto rendimento 
e existem muitos outros fatores interventores na tríade que não foram representados aqui, porém, 
deve‑se levar em consideração todos os fatos que norteiam um atleta de alto rendimento. Para 
que isso ocorra é fundamental existir uma relação de confiança entre atleta e psicólogo esportivo. 
Essa relação pode demorar algum tempo para ocorrer, dependendo do número de vezes que ambos 
se encontraram para definição de novas estratégias psicológicas ou apenas para avaliações, sendo 
que também depende da personalidade dos envolvidos.
Atualmente, o tempo pode ser um fator prejudicial para essa relação no meio esportivo, pois 
existem muitas trocas de atletas para clubes e até países, o que prejudica um trabalho já iniciado 
por um psicólogo específico do clube e/ou instituição. Lembrando que o psicólogo nunca trabalha 
sozinho, toda a formação de um atleta depende de uma equipe multidisciplinar, então, todas as 
informações devem ser compartilhadas entre a equipe para que haja uma melhor consistência no 
trabalho a ser desenvolvido.
Para apresentar dados concretos a uma equipe de trabalho ou simplesmente utilizá‑los a seu favor, 
exigem‑se inúmeras avaliações e interpretações. A avaliação de comportamento pode induzir a erros 
do próprio avaliador e esses devem ser minimizados, por isso é importante considerar sua margem de 
erro e não esquecer dela. Existem diferentes maneiras de avaliações de habilidades motoras, aptidões 
físicas e cognitivas, além das avaliações de aspectos emocionais, porém, todas devem ser realizadas 
com a maior margem de segurança e aplicabilidade mais fidedigna possível.
É importante administrar e interpretar inventários psicológicos, assim como entender os 
princípios de testagem, ser capaz de reconhecer erros de avaliação e ter medidas bem planejadas 
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e validadas. Nem todos os testes psicológicos foram sistematicamente desenvolvidos e tornados 
confiáveis. Fazer previsões ou deduções sobre o comportamento e estrutura da personalidade de 
um atleta ou praticante de exercícios à base de tais testes seria enganador e antiético. Os resultados 
dos testes não são absolutos ou irrefutáveis. Os testes válidos que tenham sido desenvolvidos com 
segurança podem apresentar erros de avaliação. Nessas situações, o pesquisador deve conduzir 
uma testagem piloto com aquela população específica para estabelecer a confiabilidade e a 
variabilidade do instrumento de teste.
Além disso, as pessoas geralmente querem se apresentar sob o ângulo favorável e, por vezes, 
respondem as perguntas de uma forma que consideram socialmente desejável, um estilo de resposta 
conhecido como “falso bom”. Por exemplo, o atleta pode temer que seu técnico saiba o quanto ele fica 
nervoso antes de uma competição, então ele distorce suas respostas no teste de ansiedade anterior à 
competição, tentando fazer com que pareça calmo, frio e imperturbável.
Entender as próprias limitações como avaliador e não se utilizar de testes psicológicos como critério 
de seleção a uma equipe, ser sigiloso, usar feedback e explicá‑lo a todos os componentes, adotar uma 
abordagem individual e compreender e avaliar pontos referentes à personalidade do atleta irão fazer da 
ação profissional uma ação de excelência.
 Saiba mais
Os livros e textos a seguir podem ajudar na compreensão do conteúdo 
apresentado até o momento:
BARRETO, J. A. Psicologia do esporte para o atleta de alto rendimento. 
Rio de Janeiro: Shape, 2003.
CANTÓN, E. El área profesional de la psicología del deporte. In: 
DOSIL, J. (Ed.) El psicólogo del deporte: asesoramiento e intervención. 
Madri: Síntesis, 2007.
DOSIL, J. (Ed.) El psicólogo del deporte: asesoramiento e intervención. 
Madrid: Síntesis, 2007. p. 39‑50. Disponível em: <https://pt.scribd.com/
document/395499970/El‑Psicologo‑del‑Deporte‑Asesoramiento‑e‑ 
Intervencion‑Joaquin‑Dosil‑pdf>. Acesso em: 26 mar. 2019.
WEINBERG, R.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia aplicada ao 
exercício e ao esporte. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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4 VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS QUE INTERFEREM NO RENDIMENTO ESPORTIVO
4.1 Atenção, concentração e percepção
É quase um pleonasmo afirmar que todo atleta necessita de atenção, concentração e uma boa 
percepção para atingir padrões ouro de desenvolvimento e performance.
Dessa forma, entendemos que esses são itens extremamente relevantes a serem trabalhados com o 
atleta, pois estamos nos referindo a condições psicológicas que oscilam duranteos exercícios e podem 
ser cruciais no caminho para uma boa execução de movimento, responsabilidade tática e eficiência na 
busca por resultados.
Muitas vezes precisamos estar mais concentrados do que atentos e vice‑versa. Por isso, é papel 
fundamental do psicólogo esportivo saber identificar as dificuldades de cada um nesses quesitos.
4.1.1 Atenção
Figura 11 – Situação de extrema atenção
A atenção é o processo cognitivo em que o ser humano focaliza e seleciona estímulos, estabelecendo 
relação entre eles. É representado pela ideia de ter como tarefa o pensamento direcionado apenas 
ao foco, com a execução necessária de diferentes ações como, por exemplo, dirigir um carro. 
O foco principal está em fazer o carro andar, mas para isso deve‑se executar diferentes ações, como: 
acelerar, mudar de marcha, olhar para onde vai dirigir, olhar para os sinais de trânsito, pedestres etc. 
É preciso selecionar, filtrar e organizar as tarefas, sendo que muitas vezes a atenção é um processo 
cognitivo inconsciente.
Consciente ou não, a atenção exige muito do cérebro, milhões de neurônios recrutados com a finalidade 
de fazer com que tenhamos êxito na aprendizagem e execução de habilidades ou de conhecimento. 
Dessa forma, conclui‑se que quanto maior e mais prolongada for a exigência de atenção, mais energia 
será necessária. Logo, estar bem alimentado, com horas de sono em dia, descansado e, principalmente, 
interessado no processo da tarefa aumentam as chances da atenção ser efetiva e realizada com sucesso. 
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Dessa maneira, podemos pensar que a automatização dos movimentos cria uma economia de energia 
neuromotora e, consequentemente, leva à redução dos níveis de atenção. De qualquer modo, é preciso 
estar preparado para estar atento.
Nenhum ser humano é capaz de realizar duas tarefas ao mesmo tempo com o mesmo nível de 
atenção. Não dá para falar ao telefone celular e dirigir ao mesmo tempo, pois sempre uma das duas 
tarefas será prejudicada. Em relação a esses prejuízos, nos referimos à velocidade de execução ou 
simplesmente ao número de erros mais elevado para concluir a ação. Logo, a atenção é limitada em 
termos de capacidade e de duração.
Existem fatores internos e externos que interferem diretamente nos níveis de atenção. Fatores 
internos como o estresse ou a preocupação excessiva com algo que ainda vai ocorrer, ou fatores externos 
como a ação de uma torcida durante uma partida, podem afetar os níveis de atenção. Quando lemos um 
livro, por exemplo, passamos por fatores internos e externos que podem interferir nos níveis de atenção. 
Existem pessoas que conseguem ler e se concentrar em ambientes altamente agitados, outras, porém, 
necessitam de ambientes mais calmos e tranquilos para manter o nível de atenção necessária.
Mas por que isso acontece? Simplesmente porque somos seres singulares, ou seja, apresentamos 
personalidades diferentes e somos geneticamente diferentes. Porém, nosso nível de atenção é treinável, 
podemos aprender a ter mais foco em nossas ações e, empirica e cientificamente falando, quanto maior 
o foco, maior as chances de sucesso.
O sistema atencional faz com que possamos nos concentrar em algo específico em nosso meio, enquanto 
destaca os detalhes irrelevantes e afeta a percepção dos estímulos que nos rodeiam. Em alguns casos, a 
atenção pode ser focada em uma tarefa em particular, levando‑nos a ignorar outras. A concentração sobre 
um alvo primário pode resultar em não perceber um segundo alvo do todo.
Para poder trabalhar a atenção é necessário seletividade no que será executado e às vezes a seleção 
é tão rápida que não se percebem outros estímulos que foram ignorados. Isso pode facilitar a vida de 
um atleta, que, durante um jogo, precisa realizar diferentes ações e ainda estar atento às jogadas de seu 
time e do time adversário. O psicólogo esportivo deve auxiliar atletas e esportistas a aumentar e saber 
selecionar o que precisa de mais atenção em horas específicas do exercício.
A atenção é um produto básico de nossa existência, presente desde o nascimento. Os recém‑nascidos 
apresentam reflexos importantes para a sua sobrevivência, tanto estímulos de alimentação como de 
medo, evitação e fuga. Esses reflexos, ainda que sejam inibidos pelo tempo, criam no cérebro memórias 
que continuam a nos beneficiar ao longo da vida. São estímulos que agarram nossa atenção e nos fazem 
responder ao meio.
O cérebro é muito efetivo e capaz de suprimir ativamente certos sinais para evitar distração. 
Isso é muito importante, pois esse sistema antidistração pode auxiliar e ajudar a entender distúrbios 
psicológicos relacionados à atenção, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 
muito comum em crianças.
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Por isso, esse tema deve ser um ponto‑chave dos estudos do psicólogo do esporte, a fim de 
contribuir para sua forma de atuação em iniciação esportiva e treinamento especializado. Assim, muitas 
vezes, o atleta ou aluno não precisa aumentar o nível de atenção, mas simplesmente reduzir o nível de 
distração. Isso é o que se pode chamar de aprendizado da atenção seletiva, atenção máxima em funções 
e momentos mais importantes.
Vivemos em um mundo de distrações. Muitas coisas acontecem simultaneamente competindo por 
atenção, por isso é importante aumentar a capacidade de filtrar o irrelevante e concentrar‑se no que 
realmente importa. Isso é tão fundamental que às vezes pode significar a diferença entre vitória e 
derrota, entre vida e morte.
No jogo de tênis, por exemplo, que demora cerca de duas horas, muito provavelmente ocorrerão 
distrações ao longo do tempo e essa distração momentânea pode simplesmente fazer o jogador perder 
uma partida.
Com muitas distrações e estímulos externos durante uma partida, muitos atletas podem apresentar 
dificuldade em fazer com que o pensamento se mantenha focado e direcionado nas tarefas a serem 
executadas com perfeição. A capacidade de atenção consiste na habilidade do cérebro em filtrar o que 
realmente é importante e excluir as distrações.
Para a psicologia é determinante a definição de tipos de atenção para ajudar a aumentar a 
especificidade de treinamento. Os diferentes tipos de atenção podem ser classificados em conscientes 
ou automáticos, são eles:
Atenção concentrada ou concentração
A atenção concentrada é caracterizada pela concentração em apenas uma ação, um único foco 
específico, excluindo todos os estímulos ao redor. É o tipo de atenção que, normalmente, é usado em 
grande parte dos processos de aprendizagem, como assistir a uma aula, ler um livro ou fazer uma 
avaliação. Nesse momento de atenção concentrada espera‑se que o atleta entre no chamado “estado de 
flow”, conhecido como um estado ótimo de motivação intrínseca.
É um estado de imersão caracterizado por um sentimento de grande absorção, envolvimento, 
satisfação e competência e durante o qual preocupações como tempo, comida e ego‑self são ignoradas. 
Todo o ser está envolvido, sendo que ele utiliza o máximo de suas habilidades. Um exemplo prático 
de atenção concentrada pode ser observado quando um arqueiro tem todos seus sentidos sensitivos 
voltados apenas ao alvo a ser atingido.
A atenção concentrada é possível de se notar quando percebemos uma maior facilidade de 
aprendizagem, diferente de indivíduos com algum transtorno de atenção como o TDAH, por exemplo, 
em que têm dificuldades para se concentrar nas atividades que estão sendo realizadas, pois costumam 
se distrair, perdendo o foco facilmente.
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Atenção seletiva
Esse é um tipo de atenção consciente quando optamos por escolher um entre os muitos fatores ou 
incentivos para manter o foco. Quando confrontado com uma sériede estímulos ou fatores ambientais, 
o cérebro humano responde naturalmente, selecionando algo para focar sua atenção, baseado, 
principalmente, no extinto de sobrevivência. Todos usam essa capacidade de forma inconsciente na 
maior parte do dia, pois as pessoas estão expostas a uma série de fatores ambientais em casa, na escola, 
no trânsito e no escritório, por exemplo.
Dessa forma, o cérebro responde concentrando‑se naquilo que é mais importante naquele 
determinado momento. Entender essa habilidade é necessário para que se aprenda a priorizar e dar 
atenção ao que realmente importa. Quando um atleta está em plena ação durante um jogo, está cercado 
por outras fontes de distração, mas decide selecionar suas atividades e manter a atenção sobre elas.
Atenção alternada
Nesse tipo de atenção, como o próprio nome sugere, é a capacidade do ser humano em dividir, alternar 
ou transferir seu foco principal naquele momento para outro e esse, então, passa a ser secundário. Isso 
pode ser revertido a qualquer momento, fazendo com que o foco principal agora volte a ser secundário 
e vice‑versa. O cérebro também se adapta instantaneamente, mesmo que a segunda atividade exija um 
nível diferente de conhecimento.
Semelhante à atenção seletiva, a alternada também é uma habilidade usada quase que a todo o 
momento. Todos os dias, é necessário fazer mudanças repentinas em atividades e ações, que exigem 
que a atenção seja alternada. Um bom exemplo é quando um jogador, por alguns instantes, para de 
prestar atenção ao jogo e se volta ao técnico para entender uma nova instrução a ser seguida e, logo 
em seguida, retorna ao foco principal.
Atenção sustentada
Ela ocorre quando conseguimos manter o foco durante uma atividade contínua e repetitiva, 
sustentando a mente em atenção em uma mesma tarefa por um longo período, sem distrações. Para 
seguir com esse tipo de atenção, a motivação extrínseca ou intrínseca deve sempre ser reiniciada, de 
tempos em tempos. Isso pode ser exemplificado quando assistimos a um bom filme, em que as cenas vão 
se contrapondo, mantendo a atenção (tensão) do expectador. Mas como definir o tempo de reiniciar a 
motivação para capturar os níveis de atenção? Para essa pergunta é necessário conhecer bem o atleta 
e definir o quanto é possível mantê‑lo entretido em uma ação de grande interesse e/ou grande tensão. 
Devemos considerar a individualidade biológica e o histórico afetivo e emocional do esportista.
Com o entendimento dos diferentes níveis de atenção é possível traçar uma relação entre a atenção 
e as emoções. Muitas pessoas têm dificuldade em se concentrar e manter a atenção por conta de 
questões emocionais. A falta dela é uma das maneiras que os indivíduos encontram para se proteger 
dos erros e das inseguranças, dois sentimentos sabotadores e que geralmente levam à procrastinação.
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Unidade I
Quando existe insegurança na realização de uma tarefa, inconscientemente cria‑se uma característica 
mais observadora em pessoas ditas perfeccionistas, que apresentam intolerância ao erro e preferem se 
sabotar para não correr esse risco. Saber lidar com suas emoções, portanto, é uma excelente maneira de 
aumentar o foco e a atenção, o que torna a execução de tarefas mais eficiente.
O psicólogo deve analisar o comportamento do atleta e identificar momentos e causas principais de 
distração para ajudar a aumentar o nível de atenção ou simplesmente utilizar tais oportunidades como 
forma de motivação. Na psicologia existem diferentes escalas e testes para avaliar os níveis de atenção 
e técnicas para melhorá‑los, que devem ser estudadas e dominadas pelo profissional esportivo.
4.1.2 Concentração
Figura 12 – Foco+ação = concentração
Concentração é a capacidade de ter em mente apenas um único pensamento, é ter a atenção voltada 
para um único ponto. Estamos concentrados quando temos em mente apenas um único objetivo ou 
uma única imagem mental. Nesse caso, aprendemos a utilizar a atenção seletiva para proporcionar uma 
maior atenção concentrada.
Ela é também a capacidade de manter o foco em sinais vitais e ambientais relevantes, ou seja, 
diferente da atenção, a concentração é o processo cognitivo representado pela ideia de se ter apenas um 
único foco para uma única determinada ação. Um exemplo esportivo é o momento do saque no jogo de 
tênis ou o momento da largada em uma corrida de 100 metros rasos.
A concentração é a competência consciente de avaliar uma situação e desenvolver uma estratégia 
de ação para resolução de uma única tarefa de maneira eficiente e eficaz.
Para compreender melhor esse tipo, um jogador de futebol deve manter‑se atento durante boa parte 
de uma partida e deve se concentrar no momento da batida de um pênalti. Assim como um jogador de 
basquete deve manter um nível de atenção elevado durante a partida e um alto nível de concentração 
no momento da cobrança de um lance livre.
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Existem diferentes fatores que podem interferir nos níveis de concentração: distrações visuais, 
auditivas, provocativas, de pensamento negativo e diálogo interior, ocasionando a interrupção 
de pensamento e, consequentemente, elevando níveis de estresse e incerteza. A concentração é 
o uso da mente focada em um determinado objeto, é a capacidade de abstrair‑se em um ponto, 
focar um alvo e mantê‑lo pelo tempo que desejar. Por isso, é uma tarefa difícil, que exige muito 
controle mental.
Ao tentar se concentrar é possível notar que isso não dura muito tempo, pois a pessoa divaga em 
outros pensamentos que invadirão sua mente sem serem convidados. A mente não para nunca de 
produzir pensamentos, por isso é tão difícil controlá‑la. Aprender a se concentrar exige, em muitos casos, 
uma mudança de paradigmas, treinamento e mudanças de hábito são fundamentais. Nesse aspecto, 
aprender a relaxar é um dos primeiros passos para atingir altos níveis de concentração.
É necessário um árduo trabalho mental para conseguir uma concentração plena, e isso no meio 
esportivo é ainda mais complexo, visto os inúmeros fatores internos e externos que podem e vão 
interferir no pensamento do atleta.
Programar a mente para delimitar a ação e racionalizá‑la para sua efetiva execução é papel fundamental 
da concentração. Esse também é o papel da análise da atenção para a concentração, em que também 
existem diferentes escalas e questionários, além da observação clínica do psicólogo esportivo.
4.1.3 Percepção
Em psicologia, neurociência e ciências cognitivas percepção é a função cerebral que atribui significado 
a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Por meio da percepção, um indivíduo 
organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio, o que consiste 
na aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos.
Por meio da percepção é possível antecipar uma ação. Muitos atletas se utilizam desse recurso para 
aumentar a eficiência, porém, é certo destacar que uma ação antecipada dependente da ação de outro 
indivíduo pode levar a um erro. Isso pode ocorrer pela antecipação da antecipação, ocasionado pela 
percepção da percepção. Por exemplo, em uma cobrança de pênalti no futebol, o goleiro antecipa a 
ação do batedor e salta para a direita, pois sabe, por sua experiência em jogos anteriores com o mesmo 
jogador, que esse, na maioria das vezes, chuta a bola para o lado direito. Porém, o batedor percebe a ação 
e antecipação do goleiro e instantes antes do chute muda de ideia e acaba chutando a bola para o lado 
oposto. Isso é chamado de antecipação da antecipação.
Ao analisar essa descrição fica evidente para o meio esportivo a importância da vivência no esporte, 
os anos de experiência trazem percepções que serão cada vez mais apuradas e utilizadas com um grau 
de precisão cada vezmaior. Assim como as outras variáveis psicológicas que interferem na performance 
como a atenção e a concentração, existem diferentes fatores que podem afetar os níveis de percepção 
de um atleta. Isso começa desde sua formação, caso tenha passado por uma experiência de iniciação 
esportiva precoce, e provavelmente esse atleta deve apresentar um repertório motriz muito abaixo da 
média, o que pode acarretar um déficit em sua percepção.
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Unidade I
Outro fator é o próprio processo de envelhecimento, inerente a todo ser humano, pois como a 
percepção é vinculada às nossas experiências passadas, então o nível de percepção é dependente da 
memória, característica fundamental ao ser humano. Por isso, todo atleta, por mais experiente que seja, 
nunca deve abandonar os treinamentos de exercícios básicos e fundamentais ao seu esporte. Estamos 
falando do princípio do treinamento esportivo chamado de reversibilidade.
Como a percepção está vinculada às nossas experiências anteriores e à memória, não podemos 
conectar esse conceito ao conceito de personalidade.
Alguns questionamentos sobre isso são:
• Quanto a personalidade de um atleta pode interferir em seu desempenho e em sua percepção 
cognitiva e motora?
• Um atleta diante de um esporte coletivo pode tornar‑se um líder ou líderes são pessoas com 
personalidade de liderança nata?
• Por que algumas pessoas se mantêm no esporte e outras desistem mais facilmente?
• Por que alguns atletas se comportam de maneira mais agressiva diante de uma falta em uma 
partida e outros não?
• Por que os atletas lidam com a derrota de maneiras diferentes?
Antes de responder a essas perguntas, precisamos entender o conceito de personalidade e como isso 
está diretamente relacionado à nossa percepção sobre diferentes fatos e atitudes.
Personalidade é a soma das características que tornam uma pessoa única. O nível mais básico da 
personalidade é chamado de núcleo psicológico, sendo esse componente mais profundo, que inclui 
atitudes, valores, interesses, motivações e crenças sobre uma pessoa e seu valor. Basicamente, o núcleo 
psicológico representa a peça central de uma personalidade e é o eu real, e não quem uma pessoa 
quer que os outros pensem que ela é. Por exemplo, seus valores básicos poderiam girar em torno da 
importância da família, dos amigos e da religião em sua vida (WEINBERG; GOULD, 2006).
 Saiba mais
Os filmes a seguir podem ajudar a desenvolver novas perspectivas sobre 
o conceito de personalidade. Os filmes abordam principalmente histórias 
que remetem a personagens com múltiplas personalidades.
EU, EU mesmo e Irene. Dir. Bobby Farrelly e Peter Farrelly, 2000. 116 minutos.
A JANELA secreta. Dir. David Koepp, 2004. 96 minutos.
AS DUAS faces de um crime. Dir. Gregory Hoblit, 1996. 130 minutos.
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Alguns pesquisadores acreditam que a personalidade é formada desde o nascimento até os 
18 e 21 anos de idade, ao passo que outros acreditam que a personalidade é formada a partir 
do nascimento e não tem uma finalização. Estamos em um mundo em que as coisas mudam e, 
teoricamente, vamos nos adaptando e nos moldando, criando, assim, novos perfis de personalidade 
ao longo dos anos.
Basicamente tudo o que se passa pela vida, desde o momento de nascer, quem são os pais, avós, 
onde reside, educação, família, amigos e diferentes situações são fatores que moldam a personalidade, 
ou seja, trata‑se de uma complexa relação entre genética e ambiente.
As pesquisas das décadas de 1960 e 1970 geraram poucas conclusões úteis sobre a relação 
entre personalidade e desempenho no esporte. Em parte, esses escassos resultados provêm de 
problemas metodológicos, estatísticos e interpretativos. Existe uma relação entre personalidade 
e desempenho esportivo, mas está longe da perfeição. Embora traços de personalidade possam 
ajudar a prever comportamento e sucesso esportivo, eles não são precisos. É necessário ter cautela 
ao interpretar os achados de pesquisas de personalidade porque a atribuição ou a pressuposição 
de relações de causa e efeito entre personalidade e desempenho tem sido um problema em muitos 
estudos (WEINBERG; GOULD, 2006).
De maneira geral, após a avaliação, análise de atenção, percepção e concentração os psicólogos do 
esporte utilizam estratégias mentais para atingir o alto desempenho do atleta.
As principais são:
• Para aumentar a confiança, praticar planos específicos para lidar com as adversidades durante 
a competição.
• Praticar várias rotinas para lidar com circunstâncias incomuns e distrações antes e durante 
uma competição.
• Se concentrar completamente no desempenho imediato, bloqueando eventos e pensamentos irrelevantes.
• Usar diversas repetições mentais antes da competição.
• Não se preocupar com os outros competidores, deve‑se focar no que é controlável.
• Desenvolver planos de competição detalhados.
• Aprender a regular ativação e ansiedade.
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 Lembrete
A atenção, concentração e percepção são fatores interdependentes 
e quando treinados e estimulados de maneira adequada são capazes de 
promover uma redução significativa nos riscos de errar.
4.2 Atitude e motivação
4.2.1 Atitude
Atitude é o ato de tomar uma decisão corajosa. Tomar uma atitude difere de um ato de ação motora 
qualquer, uma vez que está relacionado ao seu pensamento cognitivo interpretador de situações 
prazerosas, muitas vezes incômodas, em que a sua realização é baseada nas possíveis consequências.
O diagrama da figura a seguir representa muito bem essa ação:
Atitude
Reação Sentimento
Compreender 
a situação
Figura 13 – Atitude = ato consciente
Entender a situação na qual a pessoa se encontra, avaliar os sentimentos presentes durante essa 
situação e ter consciência dos reflexos que podem aparecer diante de uma reação a ser tomada trata‑se 
de um processo chamado ação de atitude.
O ato de tomar uma atitude pode aparecer durante uma partida, um treinamento ou, ainda, uma 
reflexão sobre uma determinada situação. Esse momento de decisão, muitas vezes durante um jogo, é 
tomado em frações de segundos, dependendo do nível de experiência do jogador, ou pode ser ocasionado 
após longos períodos de reflexão, prevendo uma situação futura. Logicamente que a tomada de decisão 
pode e deve ser treinada com a especificidade de situações, simulando acontecimentos que podem vir 
a ocorrer durante a competição, para, enfim, poder minimizar o erro, pois toda atitude apresenta uma 
chance de ser equivocada.
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É importante salientar que quanto maior o nível de experiência no esporte e/ou no exercício as 
atitudes a serem tomadas apresentam menores chances de equívocos. Isso está diretamente relacionado 
aos níveis de autoconfiança que se baseiam na famosa sequência de eventos: “quem conhece, pode, 
quem pode transforma”.
4.2.2 Motivação
Estudar a motivação é de grande importância para entender diferentes situações que envolvem a 
prática esportiva, seja com o público infantil, seja com adultos e idosos. Ela se apresenta em qualquer 
tipo de esporte e está presente inclusive no ambiente escolar.
 Observação
Na relação ensino‑aprendizagem em qualquer ambiente, conteúdo 
ou momento, a motivação constitui‑se um dos elementos centrais para 
sua execução bem‑sucedida. Pode‑se supor que sem motivação não há 
comportamento humano ou animal (GOUVÊA, 1997).
Gouvêa (1997) acredita que os motivos são inerentes aos seres humanos. Assim, ele define o motivo como 
um fator interno, que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa. Por meio desse pensamento, 
a pessoa terá um impulso, que iniciará a ação e a motivaçãoque permanecerão durante a execução e acabarão 
logo que o objetivo pessoal para aquela atividade for atingido. Porém, segundo Rodrigues (1991), cada motivo 
apresenta alguma forma distinta, devido às diferenças de personalidade existentes entre cada indivíduo.
A motivação também é uma relação entre causa e efeito. No meio esportivo, o ambiente que foi 
apresentado e o tipo de personalidade podem traçar o efeito motivacional necessário para a realização da 
ação. Assim, o processo motivacional varia de intensidade de acordo com a atividade e com os sujeitos.
A palavra “motivação”, do latim movere (mover), designa a condição do organismo que influencia 
a direção (orientação para um objetivo) do comportamento. Em outras palavras, é o impulso interno 
que leva à ação. Dessa forma, a principal questão da psicologia da motivação é: Por que o indivíduo se 
comporta da maneira como ele o faz?
O estudo da motivação comporta a busca de princípios gerais que nos auxiliam a compreender 
por que seres humanos e animais em determinadas situações específicas escolhem, iniciam e mantêm 
determinadas ações.
Existem dois tipos básicos de motivação que são amplamente estudados na psicologia esportiva, o 
que chamamos de:
• Motivação intrínseca: gerada por necessidades e motivos da pessoa.
• Motivação extrínseca: gerada por processos de reforço e/ou punição.
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Dessa maneira, seria possível despertar o interesse de uma pessoa por algo que ela não conhece? 
Obviamente, a chave está em como motivá‑la para isso.
A motivação extrínseca, por recompensa ou por punição, pode despertar uma motivação intrínseca, 
levando o indivíduo a “aprender a gostar” de algo que antes não o interessava. A intensidade e durabilidade vão 
depender, como já dito anteriormente, do ambiente apresentado, como o estilo de líder e técnico, atratividade 
das estruturas, e registros de ganhos e perdas. E da personalidade, tais como necessidades, interesses, objetivos, 
que dará mais ou menos valor pelo quesito satisfação pessoal ou recompensa (ou punição).
Existem alguns princípios que norteiam a motivação intrínseca e tentam explicá‑la. Segundo 
Freud, existem alguns padrões motivacionais inconscientes, os quais são considerados propriedades 
fundamentais para a existência da motivação:
• Todo o comportamento é motivado.
• A motivação continua por toda a vida.
• Os motivos são inconscientes.
• A expressão da motivação acontece por tensão.
• Os motivos têm natureza biológica e inata (interesse em buscar o prazer, em satisfazer a libido).
Segundo essa teoria, a motivação parece ser inerente a todo ser humano, porém, para atingir seu 
ápice deve despertar o produto cognitivo do comportamento, o intelecto. Além disso, a motivação sofre 
influências a todo instante, como das características da pessoa que se relaciona com o ambiente.
As teorias se baseiam em dois grandes campos:
• Teoria freudiana: oriunda de motivos inconscientes.
• Teoria do Movimento Comportamental-Cognitivo (TMCC): motivação aprendida.
A TMCC defende a ideia de que toda forma de comportamento pode ser motivada, mas sempre por 
meio da aprendizagem. Inicialmente, algo que não é prazeroso pode se tornar atraente à medida que o 
conhecimento se amplia. A chance para uma pessoa ampliar seus conhecimentos está nas oportunidades 
e nas diferentes formas de contato com o que se deseja motivar.
Por exemplo, se uma criança diz que não gosta de jogar xadrez é preciso antes entender se ela já tentou 
se aproximar do jogo de diferentes maneiras. Dar a ela o suporte de diferentes abordagens metodológicas 
para aprender o jogo e apreciá‑lo é o melhor caminho para o desenvolvimento de uma motivação intrínseca, 
nem que seja adquirida por meio de uma motivação extrínseca inicial, como uma recompensa.
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Para realizar a tarefa motivacional o profissional de psicologia esportiva pode ter como base a 
aplicação de pontos fundamentais:
• Nunca esquecer da interação ambiente‑personalidade. Para aumentar a motivação é preciso 
analisar e responder não apenas a personalidade de um jogador, mas também a interação das 
características pessoais e situacionais. Visto que as motivações podem mudar com o tempo, 
deve‑se continuar monitorizando a motivação das pessoas para a participação até meses após 
elas terem começado.
• Dar às pessoas vários motivos para se envolverem.
• Mudar o ambiente pode ser uma boa estratégia para motivação. Para que isso aumente, estruturar 
ambientes de ensino e treinamento que satisfaçam as necessidades de todos os participantes.
• Proporcionar a competição e recreação.
• Oferecer oportunidades múltiplas.
• Ajustar o indivíduo dentro do grupo.
• Formar líderes que influenciem diretamente a motivação.
• Usar mudanças de comportamento para alterar motivos indesejáveis dos participantes.
Todo efeito motivacional é de extrema importância para o aumento do desempenho, porém, deve 
apresentar um ponto ótimo de estímulos ao participante, pois o excesso de motivação, também conhecido 
como corrupção da motivação ou efeito de superjustificação, pode reduzir os níveis motivacionais 
intrínsecos e prejudicar o desempenho, conforme representado na figura a seguir:
Desempenho
Ponto ótimo
Motivação
Efeito da superjustificação
Figura 14 – Gráfico de desempenho motivacional
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Unidade I
O grande problema nessa questão de trabalho com a motivação é determinar o ponto ótimo, pois 
ele varia de acordo com cada indivíduo. Isso poderá ser determinado com avaliações de desempenho 
em diferentes ambientes e situações e, dessa maneira, é possível traçar uma linha de perfil motivacional 
ao longo do tempo.
O educando deve ter em mãos o maior número de recursos pedagógicos possíveis, a fim de motivar 
o aluno/atleta por meio da motivação intrínseca e extrínseca, conforme representado na figura a seguir:
Atletas e “alunos“
Perfil individual e em grupo
Fatores intrínsecos Fatores extrínsecos
Alto ou baixo nível de exigência
DesmotivaçãoMotivação
Figura 15 – Fatores motivacionais
Para finalizar, a motivação é tudo aquilo que leva o indivíduo a uma ação de comportamento, motor 
ou não, um fator interno que dá início, dirige e integra todo um contexto e, por isso, é uma variável 
fundamental que pode interferir na performance. A esperança é um forte e saudável alimento para a 
motivação e isso pode vir de diferentes frentes, como o apoio familiar, apoio financeiro, reconhecimento 
e autorreconhecimento, apoio sociocultural e até mesmo pela fé.
 Lembrete
A motivação tanto para a prática da atividade física quanto para o 
atleta de alto rendimento vem de diferentes ângulos, podendo formar 
360º de intervenção. Por isso, o psicólogo deve estar atento aos sinais da 
superjustificação da motivação.
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4.3 Estresse, ansiedade, medo, autoeficácia e autoconfiança
4.3.1 Estresse
Figura 16 – Estresse físico e mental no esporte
O ser humano está rodeado de fatores estressantes. Isso acontece 365 dias por ano, 24 horas por dia. 
A todo o instante estamos sofrendo influências estressantes para o corpo, seja física, seja emocionalmente.
Quando estamos caminhando exercemos uma força contra o solo, que, pelo efeito de ação e 
reação, se traduz em uma força que recai diretamente sobre as articulações dos joelhos, um exemplo 
claro de estresse físico. Outro exemplo é quando estamos em um ambiente muito escuro e temos 
dificuldades de enxergar. Então, para tentar minimizar esse efeito, nossas pupilas se dilatam para 
facilitar a entrada de mais luz e, assim, vamos nos adaptando ao ambiente escuro. Logo, a falta de 
iluminação é outro fator

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