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#CURRÍCULO LATTES# Professora Me. Aline Mendes de Lima • Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós Graduação Associado em Educação Física Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual de Londrina (PEF- UEM/UEL) na linha fatores psicossociais e motores relacionados ao desempenho humano. • Psicóloga (Universidade Estadual de Maringá). • Formação em Psicologia do Esporte (Consultoria, Estudo e Pesquisa em Psicologia do Esporte – CEPPE) • Graduanda em Educação Física Bacharelado (Centro Universitário Ingá). • Ex membro do Grupo de Estudos de Psicologia do Esporte e Desempenho Humano (GEPEDH - UEM) • Psicóloga clínica e do esporte, atendimentos individualizados e experiência na Associação Desportiva e Recreativa Maringá (ADRM) Basquete Maringá, Seleto Futsal Maringá, Superação Run. • Psicóloga Organizacional e do Trabalho, com experiência em recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, gestão de pessoas. Experiência de atuação profissional na psicologia do esporte, com treinamento de habilidades psicológicas, atendendo atletas profissionais e amadores de modalidades como corrida de rua, tênis, futebol, futsal, basquete, bolão, ginástica rítmica. Experiência científica em temas como personalidade e lesão na corrida de rua, habilidades sociais, motivação no esporte. Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/3181621567835345 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a)! Iniciamos agora uma jornada em busca de maior compreensão de uma área de conhecimento muito interessante e importante para o profissional da educação física. Estamos falando da psicologia do esporte e do exercício, e você irá conhecer algumas questões históricas, definições, aspectos de aplicações práticas. Entraremos no contexto escolar, da prática de exercício físico e no contexto esportivo voltado para a competição. Mais especificamente na Unidade 1 “Psicologia: apontamentos iniciais” são apresentados aspectos gerais da psicologia do esporte, bem como do histórico da psicologia aplicada à Educação Física e ao esporte no Brasil e no mundo. Também são tratadas algumas questões éticas no que se refere ao trabalho com aspectos psicológicos. Você também irá compreender sobre a parte científica e aplicada, além dos diversos campos de atuação da psicologia do esporte que envolvem rendimento esportivo, exercício físico e Educação Física Escolar. Já na unidade II “Desenvolvimento e comportamento humano: psicologia em ação” você entrará em contato com alguns temas muito importantes que fazem parte da relação educação física e psicologia. Você aprenderá sobre desenvolvimento humano e esporte, personalidade, motivação, reforço e feedback, estresse e ansiedade. Além de alguns aspectos de liderança no esporte e do trabalho em equipe, agressividade no esporte e cooperação e competição. A unidade III “Psicologia com diferentes enfoques” é marcada por como se dá o processo de ensino aprendizagem, a perspectiva do Desenvolvimento Positivo de Jovens, vantagens e desvantagens do esporte de alto rendimento para crianças, princípios da análise do comportamento. E por fim, contribuições práticas da psicologia do esporte ao contexto escolar ou alto rendimento. Por fim, você poderá compreender mais a fundo o que é um programa de Treinamento de Habilidades Psicológicas e como ele ocorre. Finalmente, na unidade IV “Educação Física, Saúde e a Psicologia” vamos tratar especificamente dos benefícios psicológicos da prática esportiva, como potencializar a promoção da saúde e bem-estar, como compreender os fatores psicológicos esportivos no lazer ou rendimento. Também serão apresentados alguns esclarecimentos quanto à psicologia aplicada à lesão no esporte, bem como as contribuições para a Educação Física Escolar. Convido você a participar ativamente dessa jornada, você terá acesso a sugestões de leitura, filmes, documentários e tudo que for necessário para sua compreensão das dimensões psicológicas da educação física. Estude com atenção e dedicação e procure transcender os conteúdos dessa apostila. Assim, esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Bons estudos! UNIDADE I PSICOLOGIA: APONTAMENTOS INICIAIS Professora Mestre Aline Mendes de Lima Plano de Estudo: • Psicologia: da educação ao esporte; • Aspectos históricos da psicologia aplicada a Educação Física e ao esporte no Brasil e no mundo; • Campo de atuação da psicologia aplicada a Educação Física e ao esporte, questões éticas e sociais envolvidas para atuação profissional em espaços formais e informais; • Psicologia do Esporte: ciência e atuação profissional; • Abrangendo a relação da psicologia do esporte, do exercício e o rendimento esportivo; • Abrangendo a relação da psicologia e a Educação Física Escolar. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar a psicologia do esporte no Brasil e no mundo; • Compreender os tipos de atuação em psicologia do esporte; • Refletir sobre aspectos éticos ligados a psicologia do esporte; • Estabelecer as definições e contribuições da psicologia do esporte nos âmbitos científico, escolar, exercício e alto rendimento. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja muito bem vindo a Unidade I da nossa apostila de Dimensões Psicológicas da Educação Física e Esporte! Esse é o passo inicial para sua compreensão a respeito da psicologia do esporte e do exercício, que apresenta uma relação muito estreita com a educação física. Você já parou para pensar, ou já teve alguma experiência com a psicologia do esporte em algum momento da sua vida? Nessa unidade você entrará em contato com uma caracterização dessa área do saber bem como entenderá sua importância para a atuação em Educação Física, seja no âmbito escolar, exercício físico ou alto rendimento. Afinal, sabemos que estar em movimento é um fenômeno complexo, e por isso a educação física se relaciona com diferentes áreas que compõem as chamadas ciências do esporte. Dentre essas áreas se encontra a psicologia do esporte. Ao final desta unidade você será capaz de entender um pouco mais dessa relação e como se dá o trabalho do psicólogo do esporte. Para isso você começará compreendendo alguns aspectos gerais da psicologia do esporte e um panorama histórico da psicologia aplicada à Educação Física e ao esporte no Brasil e no mundo. Em seguida serão apresentadas algumas questões éticas no que se refere ao trabalho com aspectos psicológicos. Você também compreenderá sobre a parte científica e aplicada, além dos diversos campos de atuação da psicologia do esporte que envolvem rendimento esportivo, exercício físico e Educação Física Escolar. 1 PSICOLOGIA: DA EDUCAÇÃO AO ESPORTE Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on- wooden-315368747 Diante da complexidade do fenômeno esportivo há uma diversidade de áreas agregadas que juntas formam as denominadas ciências do esporte. Como parte integrante das ciências do esporte, está a psicologia do esporte, que apresenta como foco os aspectos psicológicos envolvidos no esporte e exercício físico (RUBIO, 2000). Segundo Vieira et al. (2010) a psicologia do esporte constitui-se como um ramo da psicologia, das ciências do esporte e do próprio esporte, além de ser um campo de atuação profissional no que se refere ao esporte e exercício físico. Figura 1 - Psicologia e suas Inter-relações Profissionais Fonte: Vieira et al. (2010). Em relação à atuação prática, a psicologia do esporte apresenta uma tradição relacionada ao desempenho esportivo e alto rendimento. No entanto, também existe a atuação com a iniciação esportiva, exercício físico e bem-estar, e reabilitação de lesões (RUBIO, 2000). De uma forma geral,"os psicólogos do esporte e do exercício identificam https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-wooden-315368747 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-wooden-315368747 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-wooden-315368747 princípios e diretrizes que os profissionais podem empregar para ajudar adultos e crianças a participarem e se beneficiarem de atividades esportivas e de exercício” (WEINBERG; GOULD, 2008, p. 22). Samulski (2002) apresenta algumas frentes de atuação da psicologia do esporte: Esporte de rendimento: o foco é em auxiliar na melhora de desempenho do atleta por meio do treinamento de habilidades psicológicas que abrange questões como personalidade, relação treinador-atleta, ansiedade e estresse competitivo, atenção e concentração, motivação, estabelecimento de metas. Assessoria psicológica tanto para atletas quanto para treinadores. Esporte escolar: a atuação está relacionada aos processos de ensino aprendizagem, educação e socialização por meio do esporte e seus impactos na formação e desenvolvimento das crianças e jovens. Alguns temas relacionados são: análise da relação professor aluno, personalidade do professor, estresse na aula de educação física, agressividade dos alunos, impacto da socialização e motivação para aprendizagem e desempenho. Esporte recreativo: análise do comportamento recreativo e otimização dos processos em busca do bem estar, que em geral é o objetivo dos praticantes de esporte em tempo livre. A atuação se dá com diferentes públicos de diferentes faixas etárias e classes econômicas, além da diversidade de motivos para a prática e interesses pessoais. Prevenção, saúde e reabilitação: trabalho voltado para prevenção de lesões bem como intervenção em atletas lesionados devido ao exercício ou esporte. Nesse caso há uma atuação psicológica no sentido de contribuir para um enfrentamento mais positivo dessa dificuldade e um maior aproveitamento do processo de reabilitação. Também é realizado um trabalho no sentido de reabilitação para pessoas portadoras de limitações físicas, mentais e sociais. Embora existam diversas possibilidades de atuação, de uma forma geral, há uma grande associação da Psicologia do Esporte à resultados e rendimento (RUBIO, 2007). Uma boa preparação psicológica e saber lidar com as próprias emoções são questões importantes e podem ser um diferencial no esporte de alto rendimento, cada vez mais marcado por um equilíbrio entre preparo físico, técnico e tático dos atletas (DESCHAMPS; DE ROSE JÚNIOR, 2008). No entanto, a psicologia do esporte transcende esse público, sendo de relevância também para os praticantes de exercício físico, por exemplo, que buscam apenas superar a si mesmos. Também existem aqueles que buscam o exercício como forma de reabilitação ou promoção de saúde. E ainda, o público escolar e iniciação esportiva, para o qual o esporte pode ser um importante elemento no desenvolvimento e socialização (RUBIO, 2007). 2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA APLICADA A EDUCAÇÃO FÍSICA E AO ESPORTE NO BRASIL E NO MUNDO Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-open-antique-book- on-wooden-749924884 Já existiam indícios de pesquisas sobre psicofisiologia no esporte no final do século XIX. Na década de 1920 há registros de surgimento dos primeiros laboratórios de psicologia do esporte, mais especificamente na antiga União Soviética, Estados Unidos, Japão e Alemanha (SAMULSKI, 2002). A história da psicologia do esporte pode ser dividida em cinco períodos conforme Weinberg e Gould (2008): Período 1 - os primeiros anos (1895-1920): um destaque desse período foi o pesquisador e psicólogo Norman Triplett da Indiana University na América do Norte. Norman Triplett investigou a diferença no desempenho dos ciclistas quando estavam em grupo em relação a quando estavam sozinhos. Os pesquisadores dessa época estavam iniciando as investigações sobre aspectos psicológicos e aprendizagem de habilidades motoras, mas sem aprofundar as aplicações práticas. Período 2 – a era Griffith (1921-1938): Coleman Griffith, psicólogo da University of Illinois é considerado o pai da psicologia do esporte americana, desenvolveu o primeiro laboratório. Nessa época também havia psicólogos trabalhando na Rússia e Alemanha. Período 3 – preparação para o futuro (1939-1965): o destaque dessa época foi Franklin Henry da University of California, que trabalhou para o desenvolvimento científico da área. Franklin Henry treinou professores de educação física que se tornaram professores universitários e iniciaram programas de pesquisas sistemáticas. Mas a pesquisa aplicada ainda era limitada. Um fato histórico importante foi a criação da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP) em 1965, tendo como primeiro presidente Ferrucio Antonelli. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-open-antique-book-on-wooden-749924884 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-open-antique-book-on-wooden-749924884 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-open-antique-book-on-wooden-749924884 Período 4 – o estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica (1966-1977): a psicologia do esporte se tornou um componente curricular da educação física, separado de aprendizagem motora. Os especialistas em aprendizagem motora focavam nas condições necessárias para o processo de aprendizagem motora. Os psicólogos do esporte focavam em como alguns fatores (ansiedade, autoestima, personalidade) influenciavam o desempenho motor, bem como o desenvolvimento psicológico a partir da participação nos esportes e exercícios físicos. Nessa época também houve avanços na prática, os consultores em psicologia do esporte começaram a trabalhar com atletas e times. Bruce Ogilvie foi um dos destaques nesse sentido e é considerado o pai da psicologia aplicada ao esporte norte americano. Em 1970 a psicologia do esporte chegou à América Latina. Em 1979 foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE) pelo psicólogo Benno Becker. Período 5 – ciência e prática multidisciplinar na psicologia do esporte e do exercício (1978 - 2000): nesse período houve crescimento exponencial da psicologia do esporte e exercício não só na América do Norte mas também no restante do mundo. Esse crescimento foi expressado por meio de pesquisas, conferências, publicações científicas e livros. Além disso, em 1988 a equipe olímpica norte-americana foi acompanhada pela primeira vez por psicólogos do esporte, sendo um marco para a atuação prática. A partir de 2000, a psicologia do esporte foi crescendo, programas de pesquisa foram se fortalecendo, foram surgindo mais oportunidades de consultoria marcando um crescente interesse na aplicação prática. Dessa forma, a psicologia do esporte é uma área reconhecida tanto no âmbito acadêmico quanto como profissão (WEINBERG; GOULD, 2008). No que se refere a América Latina, o Brasil foi pioneiro. Isso pode ser fundamentado pelo fato de que a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte foi fundada em 1979, antes mesmo da criação da Sociedade Sul-americana de Psicologia do Esporte, em 1986. Além disso, há um grande volume de publicações científicas, congressos e laboratórios de psicologia do esporte em nosso país (SAMULSKI, 2002). É importante destacar também que a psicologia do esporte no Brasil teve um importante marco em 1958. Nesse ano João Carvalhaes, que era um profissional com experiência em psicometria, fez parte da comissão técnica da seleção brasileira que foi à Copa do Mundo de Futebol (RUBIO, 2007). 3 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA APLICADA A EDUCAÇÃO FÍSICA E AO ESPORTE, QUESTÕESÉTICAS E SOCIAIS ENVOLVIDAS PARA ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM ESPAÇOS FORMAIS E INFORMAIS Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting- patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187 A ética permeia todas as relações sociais. Esporte e exercício implica em diversas relações, seja entre profissionais, atletas, dentre outros. Por isso, é importante falar de ética na psicologia aplicada à Educação Física e ao esporte. Nas palavras de Eco (1997), a dimensão ética começa quando o outro entra em cena. Isso significa que toda lei moral ou jurídica é criada no intuito de regular as relações interpessoais. Nesse sentido, cada profissão tem um corpo de práticas que atende demandas sociais, norteado por padrões técnicos e normas éticas que orientam a relação de cada profissional com a sociedade (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO 08/2005). Segundo Martin (2001) e Samulski (2002) a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP) apresenta alguns princípios éticos quando se trata da psicologia do esporte. São eles: competência, integridade, conduta pessoal, responsabilidade profissional, ética de pesquisa, responsabilidade social e consentimento e sigilo. Assim, são deveres da atuação em psicologia do esporte: conhecer detalhadamente a modalidade de atuação, se necessário participar de cursos e treinamentos para se aperfeiçoar. Ter integridade entre pesquisa, ensino e prática, honestidade, justiça, respeito e informação dos princípios que norteiam a atuação. Também é crucial favorecer o bem-estar das pessoas, zelar pela funcionalidade e ética da profissão, respeitar e seguir os padrões de ética em pesquisa para conduzir investigações. Aplicar e tornar público os conhecimentos em psicologia do esporte para trazer benefícios para a sociedade. A questão do sigilo é uma das mais importantes, considerando que muitas vezes os atletas revelam questões de caráter confidencial. Por isso é dever do profissional respeitar essa confidencialidade. Além disso, é fundamental obter consentimento ou permissão dos atletas tanto a nível de prática profissional quanto de pesquisa científica. https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187 Martin (2001) destaca que principalmente no trabalho com atletas jovens é muito importante tomar cuidado com a ênfase excessiva na vitória: Frequentemente, em competições esportivas, indivíduos têm um desempenho compatível com seu potencial e mesmo assim perdem. Nesses casos, os indivíduos deveriam ser ajudados a sentirem-se orgulhosos pelo desempenho compatível com todo o seu potencial. (p. 283). É importante trabalhar na medida do possível para que todos os envolvidos (pais, treinadores, etc.) foquem no desenvolvimento e melhorias individuais, independente dos resultados em competições (MARTIN, 2001). Uma coisa leva a outra e a ênfase excessiva na vitória pode ser prejudicial ao desenvolvimento do jovem considerando que muitos fatores não são controláveis e que o resultado nem sempre reflete diretamente os esforços e o desenvolvimento (MARTIN, 2001). 4 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CIÊNCIA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass- documents-analytics-data-lying-672069292 A atuação profissional em psicologia do esporte pode ocorrer de três formas: pesquisa científica, ensino e consultoria. O pesquisador tem como função contribuir para o crescimento e avanço da área por meio de produções científicas. Isso significa conduzir investigações sistematizadas que promovam conhecimentos úteis a respeito de diversos assuntos que digam respeito aos aspectos psicológicos no esporte e exercício (WEINBERG; GOULD, 2008). Por exemplo, o que motiva uma pessoa a participar de determinado esporte, de que maneira a prática de um exercício influencia os níveis de ansiedade de uma pessoa, dentre outras possibilidades (WEINBERG; GOULD, 2008). O ensino diz respeito a profissionais que não necessariamente são psicólogos mas são professores em instituições e ministram cursos ou disciplinas referentes aos aspectos psicológicos no esporte ou exercício (WEINBERG; GOULD, 2008). A respeito da pesquisa e ensino, segundo Fiorese et al. (2019) no que se refere ao âmbito do exercício físico e qualidade de vida, os programas de graduação no Brasil ligados às ciências do esporte e do exercício possuem maior abrangência de pesquisas em comparação com os programas de graduação em psicologia. Por fim, a atuação por meio de consultorias diz respeito às intervenções com atletas, equipes e treinadores com objetivo de aprimorar habilidades psicológicas contribuindo para um melhor desempenho e/ou bem-estar (WEINBERG; GOULD, 2008). Segundo Martin (2001) a atuação prática em psicologia do esporte no sentido de intervenções e título de psicólogo do esporte só é permitido a pessoas licenciadas ou certificadas pelas associações locais de psicologia. Aqueles que possuem títulos de pós- graduação em ciências do esporte ou educação física não podem usar legalmente o título de psicólogo do esporte. Dessa forma, ao profissional da educação física cabe o papel de pesquisador, https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292 professor e a importância de compreensão dos fenômenos e aspectos psicológicos de forma a somar para sua prática profissional. Ao psicólogo, além disso, é permitido atuar no treinamento de habilidades psicológicas de atletas, treinadores, equipes, praticantes de exercícios físicos em geral. 5 ABRANGENDO A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE, DO EXERCÍCIO E O RENDIMENTO ESPORTIVO Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running- outdoors-nature-527013196 Já sabemos então que há uma tradição na psicologia do esporte quanto ao desempenho. Mas qual a diferença da atuação no rendimento esportivo e no exercício? Começaremos pela questão do rendimento, para então compreender melhor os aspectos de bem-estar por meio do exercício. A respeito do desempenho, o trabalho do psicólogo é caracterizado em torno do treinamento de habilidades psicológicas (THP). Segundo Weinberg e Gould (2008) é uma prática sistematizada e consistente (requer treinamento constante) de habilidades mentais com foco na melhoraria do desempenho ou alcançar de prazer ou satisfação. Conforme Samulski (2002) o objetivo é desenvolver capacidades psíquicas, como concentração, ativação, motivação; além de criar um bom estado emocional, que envolve o manejo das emoções em geral. A importância do THP no alto rendimento pode ser explicada por exemplo pelo impacto dos fatores psicológicos nas constantes variações no desempenho que ocorre com muitos atletas. Ou ainda, no fato de que geralmente há um equilíbrio em relação às capacidades físicas e técnicas, sendo então as habilidades psicológicas um diferencial (WEINBERG; GOULD, 2008). O treinamento psicológico se aplica a atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, dentre outras pessoas que permeiam o âmbito esportivo. No caso do alto rendimento é direcionado para melhorar habilidades psicológicas com foco em obter melhores resultados competitivos (SAMULSKI, 2002).Em relação ao exercício físico no qual o foco é o bem-estar, Weinberg e Gould (2008) chamam atenção para alguns problemas mentais como ansiedade e depressão que atingem diferentes grupos de pessoas nos mais diversos níveis. A esse respeito, os autores destacam a importância da prática de um exercício para ajudar na melhora das angústias provocadas por essas doenças, bem como para o bem-estar em geral. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-outdoors-nature-527013196 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-outdoors-nature-527013196 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-outdoors-nature-527013196 O exercício físico atua no aumento do fluxo sanguíneo cerebral; provoca alterações nos neurotransmissores, como a endorfina e serotonina; reduz a tensão muscular além de outras alterações estruturais no cérebro benéficas para a saúde mental (WEINBERG; GOULD, 2008). Além da questão das doenças, o exercício físico também ajuda a melhorar algumas características psicológicas. Aumento da autoestima, resistência psicológica, que é a capacidade de se adaptar a diferentes situações bem como lidar com estresse, aumento da autoconfiança, dentre outros benefícios (WEINBERG; GOULD, 2008). No que se refere à atuação prática da psicologia no exercício, o foco do psicólogo é trabalhar para otimizar esse bem-estar psicológico em geral, intervindo em questões de motivação e adesão à prática e controle de pensamentos, sentimentos e emoções (RUBIO, 2007). Para isso, o treinamento de habilidades psicológicas também pode ser aplicado, a diferença é que será dada maior ênfase nas questões de crescimento pessoal e bem- estar, sem tanta preocupação com o desempenho ou resultados em competições (WEINBERG; GOULD, 2008; RUBIO, 2007). 6 ABRANGENDO A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-happy-friends-on- grass-balls-72136312 Embora seja muito mais comum associar a psicologia ao alto rendimento ou atletas de elite, as crianças se caracterizam como a maior população de praticantes de esporte. Os principais motivos que as levam a prática esportiva são fazer novas amizades, se divertir, manter um condicionamento (WEINBERG; GOULD, 2008). Além disso, um ponto importante e crucial para a permanência nessa prática, em contramão à desistência, é a percepção de competência. Isso significa que as crianças tendem a gostar e permanecer no esporte à medida que se sentem capazes e competentes para realizá-lo (WEINBERG; GOULD, 2008). A psicologia aplicada à Educação Física Escolar está ligada, portanto, ao processo de ensino aprendizagem e aos processos de educação e socialização (SAMULSKI, 2002). Por isso, é importante que o professor de educação física desenvolva algumas estratégias para favorecer o crescimento e desenvolvimento da criança bem como a aprendizagem motora. Weinberg e Gould (2008) apresentam alguns princípios que podem ser aplicados à educação física escolar: - Implementar treinos instrutivos efetivos: ter didática nas explicações e enfatizar os acertos, considerando que o processo de aprendizado envolve poder errar; - Incentivar as expectativas realistas: isso ajudará a evitar frustrações; - Não perder de vista a diversão e as aulas dinâmicas: se o exercício e tudo que envolve movimento tiver um teor de diversão é mais provável que a criança tire mais proveito de sua prática; - Favorecer o fortalecimento de amizades e trabalho em equipe: as aulas de educação física são ótima oportunidade para trabalhar a socialização, o que ajudará no desenvolvimento pessoal das crianças; https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-happy-friends-on-grass-balls-72136312 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-happy-friends-on-grass-balls-72136312 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-happy-friends-on-grass-balls-72136312 - Se possível programar ou incentivar eventos sociais extra aulas: esses eventos ajudarão a fortalecer os vínculos e interações sociais; - Fornecer variedade de atividades: assim a criança vai poder experienciar diferentes esportes e exercícios, desenvolvendo diversas habilidades e ampliando as possibilidades de escolha caso deseje dar continuidade a alguma modalidade; - Permitir a competição saudável: é importante que a criança aprenda a ganhar e a perder; - Incentivar a cultura de que a vitória não é derrotar o outro e sim a sua própria evolução pessoal e aprendizado. Nesse sentido, quando falamos em psicologia e educação física escolar, é importante que os profissionais que trabalham na educação física escolar sejam beneficiados pelos conhecimentos produzidos pela psicologia. Conhecimentos esses que devem ajudar no sentido de favorecer o processo de ensino aprendizagem. SAIBA MAIS Você sabia que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) conta com uma equipe de Preparação Mental desde os Jogos de Pequim em 2008? O número de profissionais foi aumentando no decorrer dos anos. Em Pequim eram quatro, em Londres 2012 foram 10 profissionais, e no Rio de Janeiro em 2016 24 profissionais atuaram pelo COB. Além disso, desde 2017 a Preparação Mental integra o Laboratório Olímpico do COB. Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro. “A Psicologia do Esporte e do Exercício consiste no estudo científico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e atividades físicas e na aplicação prática desse conhecimento”. Fonte: Weinberg e Gould (2008, p. 22). #SAIBA MAIS# REFLITA Na sua opinião quais as contribuições da Psicologia do Esporte e do Exercício para sua atuação enquanto profissional de Educação Física? Fonte: a autora. Suponha que você seja professor de educação física de alguma escola. O que mais você pode fazer enquanto professor para estimular o desenvolvimento psicológico dos seus alunos por meio da prática esportiva? Fonte: a autora. #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS A psicologia do esporte é um dos ramos da psicologia, das ciências do esporte e do esporte. Apresenta possibilidade de atuação no alto rendimento, esporte escolar, esporte recreativo e reabilitação de lesões. O objetivo é contribuir para que os atletas e praticantes de exercício melhorem suas habilidades psicológicas e consequentemente seu desempenho ou alcance de bem-estar. A história da psicologia do esporte pode ser dividida em cinco períodos, sendo eles os primeiros anos (1895-1920), a era Griffith (1921-1938), preparação para o futuro (1939-1965), o estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica (1966-1977) e a ciência e prática multidisciplinar na psicologia do esporte e do exercício (1978-2000). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte foi fundada em 1979. Alguns cuidados éticos devem ser tomados quando se trata do trabalho com aspectos psicológicos no esporte, com destaque para o consentimento e sigilo, bem como o cuidado com a ênfase excessiva na vitória e no resultado. A psicologia do esporte contempla três frentes de trabalho: pesquisa, ensino e consultoria. A consultoria é permitida apenas por psicólogos, embora os programas de graduação ligados às ciências do esporte e do exercício venham tendo destaque nas pesquisas sobre aspectos psicológicos e exercício. As intervenções práticas do psicólogo do esporte são caracterizadas pelo treinamento de habilidades psicológicas (THP). A diferença é que no alto rendimento há um foco maior no desempenho, e no exercício físico há ênfase no bem-estar. Mas em ambos os casos há um desenvolvimento de capacidades psíquicas como concentração, ativação, motivação e controle das emoções. Em relação à psicologia aplicada à educação física escolar é importanteque o professor de educação física trabalhe para favorecer a aprendizagem motora, o crescimento, desenvolvimento e socialização da criança. LEITURA COMPLEMENTAR O texto a seguir apresenta de forma didática algumas aplicações comuns dos conhecimentos em Psicologia do Esporte. Em outras palavras, algumas demandas frequentes que ajudarão você a entender o papel dessa área do conhecimento. Bem-vindos à psicologia do esporte e do exercício Jeff, armador do time de basquetebol da escola de ensino médio, fica visivelmente nervoso em competi-ções. Quanto mais crítica a situação, mais nervoso fica e pior ele joga. O maior desafio de seu técnico nesta tem-porada será ajudar Jeff a aprender a controlar o estresse. Beth, diretora de condicionamento físico do Centro de Reabilitação Cardíaca do St. Peter’s Hospital, conduz um programa de condicionamento aeróbico para pacientes em recuperação. Entretanto, ela está preocupada porque alguns pacientes interrompem os programas de exercícios quando começam a se sentir melhor. Lisa está se graduando em cinesiologia e sabe que seu desejo é seguir carreira em alguma área da saúde, como concluir o curso e tornar-se ortopedista, assisten-te médica ou fisioterapeuta. Embora adore as ciências biológicas, tem dúvidas quanto ao papel desempenha-do pelos fatores psicológicos na medicina preventiva, em especial na sua relação com o bem-estar holístico e o uso da atividade física como remédio. Mario sempre quis ser professor de educação física. No entanto, sente-se frustrado atualmente, porque seus alunos do ensino médio têm pouco interesse em apren-der habilidades de condicionamento para a vida toda. Seu objetivo é motivar os alunos sedentários a se enga-jar em atividades físicas. Patty é a técnica principal de atletismo do Campbell State College. A estrela da equipe de corrida da escola, Tyler Peete, alcançou 99% de recuperação física após uma cirurgia no joelho. Os técnicos observaram, porém, que, nas práticas, ele ainda poupa o joelho lesionado e hesita quando precisa dar uma arrancada. Patty sabe que Tyler está fisicamente recuperado, mas precisa retomar sua confiança. Tom, psicólogo do esporte e torcedor veterano de bei-sebol, acabou de ser sondado para ocupar a posição de seus sonhos, um emprego de consultor. Os proprietários do Chicago Cubs, fartos da falta de coesão do time, pedi-ram-lhe que planejasse rapidamente um programa de trei-namento em habilidades psicológicas. Se Tom puder criar um programa consistente até a semana seguinte, será con-tratado como consultor de psicologia esportiva do time. Se você vier a ser um técnico, instrutor, professor de educação física, preparador físico ou mesmo psicólogo do esporte, também encontrará os tipos de situações que Jeff, Beth, Lisa, Mario, Patty e Tom enfrentam. A psi-cologia do esporte e do exercício oferece recursos para resolver problemas dessa natureza e muitas outras preocupações práticas. Fonte: Weinberg e Gould (2008, p.22). LIVRO • Título: Interdisciplinaridade na Psicologia do Esporte • Autor: Paula Teixeira Fernandes • Editora: CRV • Sinopse: Este livro, escrito em parceria, enfatiza a diversidade de conhecimentos e de possibilidades na área esportiva, sob o olhar da Psicologia, aproximando a pesquisa da prática profissional nos diversos contextos esportivos e ressaltando a importância do olhar integral à pessoa e ao processo da formação humana. A perspectiva interdisciplinar fica como pano de fundo no entendimento da prática esportiva como elemento fundamental de desenvolvimento integral, na busca pela autonomia, autoestima, autoconfiança e percepção de competência. Assim, este livro oferece conceitos básicos e aprofundados sobre os diversos temas, podendo ser utilizado como importante ferramenta de atuação profissional, pesquisa e ensino. FILME/VÍDEO • Título: Coach Carter treino para a vida • Ano: 2005 • Sinopse: O dono de uma loja de artigos esportivos, Ken Carter (Samuel L. Jackson), aceita ser o técnico de basquete de sua antiga escola, onde conseguiu recordes e que fica em uma área pobre da cidade. Para surpresa de muitos ele impõe um rígido regime, em que os alunos que queriam participar do time tinham de assinar um contrato que incluía um comportamento respeitoso, modo adequado de se vestir e ter boas notas em todas as matérias. REFERÊNCIAS Código de Ética Profissional do Psicólogo. Resolução nº 010/2005. Brasília: agosto de 2005. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP - Brasil). DESCHAMPS; S., R.; DE ROSE JÚNIOR, D. Treinamento Psicológico e sua influência nos estados de humor e desempenho e desempenho técnico de atletas de basquetebol. Revista Iberoamericana de Psicología Del Ejercicio y El Deporte. v. 03, n.02. 2008. p. 169-182. ECO, Umberto. Cinco escritos morais. Record, 1997. MARTIN, G. L. Consultoria em psicologia do esporte: orientações práticas em análise do comportamento. Campinas: Instituto de Análise do Comportamento, 2001. RUBIO, K. Psicologia do Esporte: Interfaces, Pesquisa e Intervenção. Casa do Psicólogo, 2000. RUBIO, K. Da psicologia do esporte que temos à psicologia do esporte que queremos. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, v. 1, n. 1, 2007. SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Manole, 2002. VIEIRA, L. F.; VISSOCI, J. R. N.; OLIVEIRA, L. P.; VIEIRA, J. L. L. Psicologia do esporte: uma área emergente da psicologia. Psicologia em estudo, v. 15, n. 2, p. 391 - 399, 2010. FIORESE, L..; RODACKI,A. L. F.; CARUZZO, N. M.; MOREIRA, C. R.; CONTREIRA, A. R.; DE LIMA, A. M.; FORTES,L. S.; VISSOCI,J. R. N.; STEFANELLO, J. M. F. Sport and Exercise Psychology Studies in Brazil: Performance or Health?. Frontiers in Psychology. v.10, p.2154 - , 2019. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Tradução de Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed. 4. ed. 2008. UNIDADE II DESENVOLVIMENTO E COMPORTAMENTO HUMANO: PSICOLOGIA EM AÇÃO Professora Mestre Aline Mendes de Lima Plano de Estudo: • Desenvolvimento humano e esportivo; • Personalidade; • Feedback, reforço e motivação para a prática esportiva; • Estresse e ansiedade; • Agressividade no esporte; • Liderança, coesão de grupo e trabalho em grupo; • Cooperação e competição no esporte. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar o desenvolvimento humano e a personalidade; • Compreender alguns temas inerentes ao esporte e exercício como motivação, estresse, ansiedade, agressividade, liderança; • Estabelecer a importância da coesão de grupo e cooperação no esporte. INTRODUÇÃO Olá alunos e alunas!! Sejam bem-vindos à unidade II Desenvolvimento e Comportamento Humano: Psicologia em ação. Nessa unidade nós começamos a aprofundar um pouco mais a relação educação física e psicologia. Você aprenderá sobre desenvolvimento humano e esporte, mais especificamente personalidade. Também entraremos em alguns tópicos super importantes no que se refere ao exercício físico e esporte, como motivação, reforço e feedback, estresse e ansiedade. Você também poderá conhecer alguns aspectos de liderança no esporte e do trabalho em equipe. Também iremos tratar de temas como agressividade no esporte e cooperação e competição. Você terá acesso a conceituações, reflexões, aplicações práticas. Você já parou para pensar quantos fenômenos psicológicos estão envolvidos no esporte? Tem consciência ou já vivenciou na prática o quanto o esporte ou exercício físico contribui para o desenvolvimento global de uma pessoa? Você já refletiu sobre o que motiva uma pessoa a fazer algo, o que é ser um bom líder ou ainda se é melhor estimular a cooperação ou a competição? Como você pode perceber, a unidade II,Desenvolvimento e comportamento humano: Psicologia e Ação está repleta de conteúdos que com certeza farão a diferença na sua prática e portanto são fundamentais para o seu conhecimento. Por isso convido você a mergulhar nos estudos, leia tudo com muita atenção. Também proponho que você extrapole os conteúdos aqui trazidos e se dedique a fazer várias reflexões, sempre pensando como aplicar da melhor forma os aprendizados proporcionados por essa unidade. 1 DESENVOLVIMENTO HUMANO E ESPORTIVO Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-posing-gym- theme-childrens-1587093610 É consenso que a atividade esportiva exerce influência sobre o desenvolvimento humano. Essa ideia é aceita tanto entre as Ciências do Esporte, quanto entre os profissionais que vivenciam a prática, como treinadores, professores de educação física, dirigentes, e os próprios atletas (SAMULSKI, 2002). O esporte é ferramenta para otimizar a socialização, a estabilidade emocional, a autodisciplina e a motivação para buscar algo. E quando se fala em desenvolvimento humano chegamos ao tema personalidade (SAMULSKI, 2002). Existem algumas abordagens psicológicas que consideram diferentes aspectos ao tentar explicar a personalidade, como, por exemplo, a psicodinâmica, abordagem traço, abordagem situacional, abordagem interacional, fenomenológica. Essas abordagens possuem visões particulares quanto aos fatores que determinam o comportamento ou desenvolvimento da personalidade (WEINBERG; GOULD, 2008). https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-posing-gym-theme-childrens-1587093610 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-posing-gym-theme-childrens-1587093610 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-posing-gym-theme-childrens-1587093610 2 PERSONALIDADE Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-illustration- representing-different-personalities-heads-1846346119 A personalidade é a soma das características que tornam uma pessoa única, aquilo que é singular em alguém. Em outras palavras, a personalidade corresponde às diferenças individuais (SAMULSKI, 2002; WEINBERG; GOULD, 2008). Divide-se em núcleo psicológico, respostas típicas e desempenho de papéis. O núcleo psicológico são as atitudes, valores, interesses, motivações, crenças sobre si mesmo e autoconceito (WEINBERG; GOULD, 2008). As respostas típicas referem-se a como geralmente se responde ao ambiente, são os comportamentos frequentes. O comportamento relacionado ao desempenho de papéis ou comportamento social é o aspecto mais variável da personalidade, ou seja, o comportamento muda conforme mudam as percepções do ambiente - situações diferentes requerem o desempenho de diferentes papéis (SAMULSKI, 2002). Em relação às abordagens psicológicas que explicam a personalidade, a psicodinâmica enfatiza determinantes inconscientes do comportamento (id) e como eles entram em conflito com a realidade (ego) e com a consciência moral (superego). A personalidade é então um conjunto dinâmico de processos em constantes mudanças e conflitos. Foca quase exclusivamente nos determinantes internos do comportamento dando pouca relevância ao ambiente social. A contribuição dessa abordagem é que nem todos os comportamentos dos atletas são conscientes (WEINBERG; GOULD, 2008). A abordagem traço pressupõe que as unidades fundamentais da personalidade (os traços) são relativamente estáveis, permanentes e consistentes em diversas situações. Isso significa que não necessariamente uma pessoa agirá sempre da mesma maneira em diversas situações, mas é provável que sim. Alguns teóricos dessa abordagem são Cattel e Eysenck (WEINBERG; GOULD, 2008). A abordagem situacional defende que o comportamento é determinado pela situação ou ambiente. Derivada da teoria da Aprendizagem Social (Bandura), explica o comportamento em termos de aprendizagem por observação (modelagem) e reforço https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-illustration-representing-different-personalities-heads-1846346119 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-illustration-representing-different-personalities-heads-1846346119 https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-illustration-representing-different-personalities-heads-1846346119 social (feedback), ou seja, as influências e reforços ambientais moldam o comportamento. A situação é um determinante mais forte que os traços. Por exemplo, uma pessoa tímida pode agir agressivamente em determinadas situações. Conforme essa abordagem, é possível influenciar o comportamento na educação física e esporte mudando os reforços do ambiente (WEINBERG; GOULD, 2008). A abordagem interacional considera a situação e pessoa como codeterminantes do comportamento. Não apenas os traços ou a situação determinam o comportamento, eles interagem de forma singular para influenciá-lo. A maioria dos psicólogos esportivos seguem essa abordagem (WEINBERG; GOULD, 2008). A abordagem fenomenológica considera ambiente e traço, portanto, é consistente com a abordagem interacional. No entanto, o foco está no entendimento e interpretação que a pessoa tem de si mesma e de seu ambiente. Isso significa que para além da influência do ambiente ou dos traços da pessoa, o que importa é como ela interpreta as situações (WEINBERG; GOULD, 2008). Para além das abordagens, Weinberg e Gould (2008) apresentam algumas reflexões gerais sobre esse assunto. A personalidade por si só não responde pelo sucesso no desempenho esportivo, apesar de poder influenciá-lo. É possível que certos tipos de personalidade sejam atraídos para determinado esporte. Conforme o Modelo de Saúde Mental desenvolvido por Morgan, atletas bem- sucedidos exibem maior saúde mental positiva do que os menos bem-sucedidos. Os bem-sucedidos apresentam o perfil iceberg considerando que possuem vigor acima da média e traços negativos como tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão abaixo da média da população (WEINBERG; GOULD, 2008). A pesquisa psicológica em geral mostra que a personalidade tem uma base genética e também é influenciada pela aprendizagem, logo as duas posições extremas de natureza X criação são falsas, pois genética e ambiente determinam a personalidade. Podemos ter predisposições genéticas mas, o ambiente influencia se e quanto manifestamos essas características (WEINBERG; GOULD, 2008). 3 FEEDBACK, REFORÇO E MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coach-explaining-game-plan- basketball-players-643115494 O termo feedback consiste em uma informação acerca do estado real de movimento de uma pessoa. Esse feedback real é comparado com o feedback esperado que corresponde à meta desejada ou estado que se deseja atingir. Quando existem erros os executantes buscam corrigi-los para diminuir a discrepância entre o real e o desejado. Portanto, o feedback auxilia no processo de aprendizagem (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). Existem tipos diferentes de feedback. O feedback intrínseco é uma informação sensorial proveniente de forma natural da produção do movimento. Pode vir de fontes externas ao corpo, como visão, audição e olfato, ou ainda da propriocepção. Basicamente é o feedback que é percebido de forma mais direta, sem precisar do auxílio de outras fontes (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). O feedback extrínseco, também chamado de feedback aprimorado ou feedback aumentado, consiste na informação que é fornecida por alguma fonte externa. Alguns exemplos são os comentários de um instrutor, professor ou treinador, ou ainda o tempo mostrado no cronômetro, o escore de um jogo (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). O ideal é que o feedback extrínseco forneça importantes informações sobre o resultado do movimento que os executantes, muitas vezes,não conseguem perceber por si próprios. Portanto, complementa o feedback intrínseco, e está ao alcance de instrutores, professores ou técnicos podendo ser fornecido em momentos diferentes e de formas diferentes (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). O feedback apresenta uma propriedade importante que é o reforço (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). O reforço segundo Skinner (1972) são consequências apresentadas a determinados comportamentos que fortalecem a manutenção desse comportamento. Assim, quando uma pessoa recebe um feedback positivo após uma performance, aumenta a probabilidade de que ela repita essa performance em circunstâncias parecidas (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). O feedback extrínseco pode ser fornecido de forma verbal, ou seja, dizendo ao indivíduo o que estava correto e incorreto, ou de forma visual, por meio de vídeos, por exemplo. O feedback instrutivo é mais eficaz quando é simples e se refere somente a https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coach-explaining-game-plan-basketball-players-643115494 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coach-explaining-game-plan-basketball-players-643115494 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coach-explaining-game-plan-basketball-players-643115494 uma ou duas características do movimento, particularmente quando essas características se relacionam com alguma coisa sobre a qual o aprendiz tem controle (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). Em relação à aprendizagem é importante esclarecer sobre o processo de Modelagem. Basicamente, consiste em reforçar comportamentos próximos ao comportamento alvo. Mediante a aprendizagem de uma habilidade difícil é normal cometer erros e é importante reforçar comportamentos que se aproximam do desejado. Isso estimula a motivação e guia na direção do que deve ser feito em seguida (WEINBERG; GOULD, 2008). Portanto, uma das mais importantes fontes de informação que um aprendiz pode receber durante a prática de uma habilidade é o feedback extrínseco. Além disso, possui como função, reforçar a performance correta, e sugerir formas de correções para os erros e aumentar a motivação (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). A motivação é a direção e intensidade de nossos esforços, ou seja, quanto de esforço uma pessoa coloca em determinadas situações. Mas, existem diversas formas de conceituar motivação. No geral esse termo é usado nas seguintes circunstâncias: como uma característica de personalidade interna (por exemplo, quando se diz que alguém é muito motivado), como influência externa, ou para explicar comportamentos, por exemplo, dizer que alguém conseguiu algo porque estava muito motivada(o) (WEINBERG; GOULD, 2008). Existem três abordagens sobre motivação. Na visão centrada no traço acredita- se que o comportamento motivado é exclusivamente proveniente de características individuais, seja a personalidade, as necessidades ou objetivos individuais. É uma abordagem falha pois sabe-se que as pessoas são afetadas pelas situações. A visão centrada na situação refere-se ao oposto, acredita-se que apenas o ambiente influencia a motivação. Também é falha pois existem situações nas quais uma pessoa continua motivada apesar da situação negativa. Por exemplo, uma atleta que continua treinando apesar de ter um técnico de quem ela não gosta ou que fica constantemente gritando com ela (WEINBERG; GOULD, 2008). A visão interacional é a mais aceita. A melhor maneira de entender motivação é considerar tanto a situação (estilo do treinador, registros de ganhos e perdas de um time, condições do local de treino) quanto a pessoa (personalidade, necessidades, interesses e objetivos) e a interação desses dois fatores (WEINBERG; GOULD, 2008). A esse respeito, destaque para a Teoria da Autodeterminação da Motivação de Deci e Ryan (1985). Conforme essa teoria, existem três necessidades psicológicas básicas: competência, autonomia e relacionamento. A necessidade de competência corresponde a sentir-se capaz de realizar algo. A necessidade de autonomia consiste em ter participação nas decisões de alguma forma. E a necessidade de relacionamento está ligada a construir relações sociais. O grau em que essas necessidades estão satisfeitas contribuirá para determinar a motivação intrínseca. Essa, diz respeito a prática esportiva com foco no prazer e satisfação de aprender ou explorar algo novo, dominar habilidades difíceis; e simplesmente para experimentar sensações prazerosas (DECI; RYAN, 1985). Ainda conforme a Teoria da Autodeterminação da Motivação, além dessa questão da satisfação das necessidades psicológicas básicas, a motivação vai de um continuum de desmotivação até a motivação intrínseca. Existe, portanto, a falta de motivação, quando não há motivação nem intrínseca nem extrínseca. A regulação externa, quando o comportamento é completamente controlado por fontes externas como recompensas e coações, como dinheiro, por exemplo (WEINBERG; GOULD, 2008). Na regulação introjetada o indivíduo é motivado por estímulos e pressões internas, mas o comportamento não é autodeterminado porque é regulado por contingências externas, como, por exemplo, praticar exercícios para impressionar o sexo oposto. Regulação integrada, quando a atividade é pessoalmente importante devido mais a um resultado valorizado do que ao interesse na atividade por si própria. Um exemplo é o indivíduo que treina para completar uma maratona porque isso é valorizado socialmente (WEINBERG; GOULD, 2008). A regulação identificada é marcada pela valorização, aceitação da prática esportiva, que é considerada pelo indivíduo e realizada de boa vontade, mesmo que não seja prazerosa em si. Por exemplo, praticar esporte mesmo achando chato porque é importante para o crescimento e desenvolvimento (WEINBERG; GOULD, 2008). Por fim, chega-se à motivação intrínseca, que é o nível de motivação mais associado a diversos benefícios, como bem-estar psicológico geral, aprendizado e desempenho (DECI; RYAN, 2008). Pessoas motivadas intrinsecamente: esforçam-se para ser competentes e autodeterminadas em sua busca por dominar a tarefa em questão, apreciam a competição, gostam da ação e excitação, focalizam-se no divertimento e querem aprender o maior número de habilidades possíveis (WEINBERG; GOULD, 2008). Alguns fatores sociais que afetam a motivação são o sucesso e fracasso, no sentido de experiências que ajudam a definir o senso de competência da pessoa; foco na competição; comportamentos dos treinadores. Além disso, o feedback positivo ajuda na motivação intrínseca porque ajuda na percepção de competência (WEINBERG; GOULD, 2008). 4 ESTRESSE E ANSIEDADE Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/full-length-tensed-sporty- woman-sitting-167805413 É comum ouvir falar que um atleta não conseguiu obter o rendimento desejado ou até mesmo aquilo que ele era capaz de realizar no treino mas não conseguiu transpor para a competição ou jogo atribuindo como causa a ansiedade (MARTIN, 2001). Mas o que de fato é a ansiedade? Qual a diferença de estresse e ansiedade? A ansiedade é um estado emocional negativo caracterizado por sentimentos negativos, conscientemente percebidos, de nervosismo, apreensão, e tensão, associados com a ativação ou excitação do corpo/ Sistema Nervoso Autônomo (MENDO, 2003). Pode ser dividido estado e traço. A Ansiedade estado é mais variável e é temporária, ligada à situação, corresponde a um estado de humor variável. Na prática, pode se manifestar, por exemplo, antes de uma competição esportiva importante. Pode ser cognitiva ou somática (MENDO, 2003). A Ansiedade estado cognitiva está ligada às expectativas, preocupações e pensamentos negativos, ou ao grau em que a pessoa se preocupa. A ansiedade estado somática está ligada ao físico tendo um componente de grau de ativação percebida, mudanças de momento a momento no grau de ativação (WEINBERG; GOULD, 2008). A Ansiedadetraço refere-se a personalidade do indivíduo, é uma reação ou impulso de perceber situações em geral como ameaçadoras mesmo que objetivamente não sejam. A pessoa reage a essas situações com reações de ansiedade estado desproporcionais em magnitude e intensidade ao perigo objetivo. Em outras palavras, a ansiedade é considerada traço quando é mais permanente e de certa forma independe das situações (MENDO, 2003). Quando se fala em ansiedade é importante distingui-la de ativação. Ativação corresponde a excitação fisiológica e psicológica geral que varia em um continuum de sono profundo à intensa excitação. É um aspecto muito importante em relação ao https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/full-length-tensed-sporty-woman-sitting-167805413 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/full-length-tensed-sporty-woman-sitting-167805413 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/full-length-tensed-sporty-woman-sitting-167805413 exercício e esporte pois influenciará o desempenho e a realização de movimentos. A esse respeito foram desenvolvidas algumas teorias (WEINBERG; GOULD, 2008). Segundo a Teoria da ativação quanto mais ativado o indivíduo, melhor será o desempenho. Não é mais bem aceita considerando que se sabe que muitas vezes a ativação excessiva pode atrapalhar o indivíduo, inclusive deixando a musculatura tensa e atrapalhando os movimentos (WEINBERG; GOULD, 2008). A Teoria do U invertido defendia que com baixos níveis de ativação, ou níveis muito altos o desempenho fica abaixo do padrão. Existe um ideal de ativação que leva a um alto desempenho. Foi criticada em relação ao nível de ativação ideal ser no meio da curva, ser um continuum (WEINBERG; GOULD, 2008). O Modelo de zonas individualizadas de desempenho ideal de Hanin, psicólogo do esporte russo, veio para contrapor a Teoria do U invertido. O nível ideal de ansiedade estado nem sempre ocorre no ponto médio do continuum e varia de pessoa para pessoa. Isso vale não só para ansiedade, mas também para outras emoções como determinação, afabilidade, preguiça, ou seja, também há uma zona ideal para cada pessoa que favorece o bom desempenho (WEINBERG; GOULD, 2008). A Teoria da inversão de Kerr considera a interpretação individual da ativação, não apenas a quantidade de ativação sentida, e que a pessoa pode inverter ou mudar suas interpretações positivas ou negativas da ativação de um momento para outro (WEINBERG; GOULD, 2008). Outro modelo é o Modelo da catástrofe de Hardy. A ativação pode ter efeitos diferentes no desempenho a depender da intensidade da ansiedade cognitiva. Mostra que para um desempenho ideal não basta um nível de ativação fisiológica ideal, é necessário também administrar ou controlar a ansiedade estado cognitiva, ou seja, os próprios pensamentos (WEINBERG; GOULD, 2008). De uma forma geral, a forma como um atleta interpreta a direção da ansiedade tem um efeito significativo sobre a relação ansiedade-desempenho. Se ele vai considerar a ansiedade como facilitadora ou debilitante. Isso ocorre com base na sua percepção de controle sobre a situação ou em outras palavras sua autoconfiança (WEINBERG; GOULD, 2008). Existem alguns problemas causados pela ansiedade estado ou excesso de ativação: aumento da tensão muscular, que leva a fadiga, que leva a prejuízos na coordenação motora; alterações de atenção, concentração e exploração visual (o aumento da ativação causa estreitamento do campo de atenção da pessoa, diminui o rastreamento do ambiente e provoca um desvio para o estilo de atenção dominante e indícios inadequados) (WEINBERG; GOULD, 2008). Alguns sintomas que representam esse excesso de ativação são mãos frias ou úmidas, necessidade de urinar frequentemente, sudorese profunda, diálogo interior negativo, tensão muscular, estômago embrulhando, boca seca, dificuldade para dormir, incapacidade de concentração. E ainda, um forte indício é quando o indivíduo frequentemente se sai melhor em situações que não sejam competitivas (WEINBERG; GOULD, 2008). Em relação ao estresse, pode ser definido como um desequilíbrio entre demanda (física e/ou psicológica) e as condições de responder a isso. Em outras palavras, é quando as demandas impostas ao indivíduo excedem sua capacidade de adaptação (MENDO, 2003). O estresse pode ser considerado um processo e nesse caso possui alguns estágios. No estágio 1 algum tipo de demanda é imposta ao indivíduo, como a avaliação sob exposição, pressão dos pais (WEINBERG; GOULD, 2008). No estágio 2 ocorre a percepção do indivíduo da demanda que lhe foi imposta. O nível de ansiedade traço de uma pessoa influencia consideravelmente a forma como ela percebe o mundo, nesse caso ela tende a perceber mais situações (especialmente avaliadoras e competitivas) como ameaçadoras, do que pessoas com ansiedade traço mais baixa (WEINBERG; GOULD, 2008). No estágio 3 se a percepção da pessoa do desequilíbrio entre demanda e sua capacidade a faz se sentir ameaçada, o resultado será um aumento da ansiedade estado, trazendo preocupação (ansiedade estado cognitiva), maior ativação fisiológica (ansiedade-estado somática) ou ambas (WEINBERG; GOULD, 2008). O estágio 4 corresponde ao comportamento real do indivíduo sob estresse. Esse estágio é o final e se realimenta no primeiro estágio. Em outras palavras, é um ciclo constante (WEINBERG; GOULD, 2008). Existem algumas fontes de estresse situacionais, ou seja, provenientes do ambiente. A importância do evento: quanto mais importante mais gerador de estresse. Incertezas: quanto maior a incerteza maior o estresse, seja ela pessoal ou ligada ao esporte (WEINBERG; GOULD, 2008). Já algumas fontes de estresse pessoais são a ansiedade traço: predispõe a pessoa a encarar situações de competição e avaliação social como ameaçadoras. Autoestima: influencia percepções de ameaças e suas mudanças na ansiedade estado. Atletas com baixa autoestima têm menos confiança e mais ansiedade estado. Ansiedade física social: grau de ansiedade de uma pessoa quando outros observam seus atributos físicos. Em outras palavras, a tendência de uma pessoa a ficar nervosa ou apreensiva quando seu corpo é avaliado (WEINBERG; GOULD, 2008). Segundo Mendo (2003) o contexto esportivo e competitivo é uma situação de estresse que gera altos níveis de ansiedade nos participantes. Isso porque geralmente o rendimento do atleta ou da equipe adquire um valor muito importante. Além disso, o êxito não depende apenas do atleta, existem diversos fatores envolvidos. 5 AGRESSIVIDADE NO ESPORTE Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/strong-enough-challenge- mixed-media-688026688 Infelizmente nos deparamos diariamente com inúmeros exemplos de agressão no esporte. Um jogador que agrediu um árbitro, um competidor que trocou socos com o adversário, torcedores brigando entre si (WEINBERG; GOULD, 2008). O fato é que o esporte é uma ferramenta importante para controlar ou reprimir a violência. E então, a agressividade é um tema de relevância para as pessoas envolvidas de alguma maneira ao contexto esportivo (WEINBERG; GOULD, 2008). Segundo Weinberg e Gould (2008) não é a competição por si só que provoca o comportamento agressivo e a hostilidade. Isso depende do sentimento e comportamento guiado pela máxima do vencer a qualquer custo, mesmo que isso implique machucar um adversário. No que se refere a definição de agressividade, a tendência é falarmos em agressividade boa e agressividade ruim. A questão é que a agressividade é um comportamento, não uma emoção ou atitude. Por isso não é adequado tratá-la em boa ou ruim, e sim algo neutro (WEINBERG; GOULD, 2008). De uma forma geral, a agressividade é um comportamento que envolve algum tipo de ferimento, é dirigida a outra pessoa ou organismo vivo e possui umcomponente intencional. Pode ser física ou verbal, e os danos podem ser físicos ou psicológicos (WEINBERG; GOULD, 2008). A agressividade pode ser hostil ou instrumental. Hostil quando há intenção de ferir alguém, e instrumental quando ocorre de forma indireta, quando alguém está buscando um objetivo. Um exemplo de agressividade instrumental é quando um lutador golpeia seu adversário, muitas vezes, machucando-o (WEINBERG; GOULD, 2008). Mas, por que as pessoas são agressivas? Weinberg e Gould (2008) apresentam algumas teorias sobre isso. Conforme a teoria do instinto, a agressividade é algo biológico e faz parte da natureza do ser vivo. A teoria da frustração defende que a agressão se manifesta quando ocorre frustração ou bloqueio do objetivo. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/strong-enough-challenge-mixed-media-688026688 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/strong-enough-challenge-mixed-media-688026688 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/strong-enough-challenge-mixed-media-688026688 A teoria da aprendizagem social afirma que a agressão se desenvolve pela observação do comportamento dos outros e pelo reforço ao manifestar comportamentos parecidos (WEINBERG; GOULD, 2008). A teoria da frustração agressão revisada é uma junção das duas anteriores e defende que a frustração aumenta a probabilidade da agressão à medida que aumenta a raiva e a excitação. Mas, isso só resultará em agressão quando a situação sinaliza que ela é adequada e será aceita (WEINBERG; GOULD, 2008). No entanto, essas teorias não esgotam o entendimento da agressividade que é um fenômeno complexo influenciado por vários fatores, como, por exemplo, os pessoais (personalidade, crenças, objetivos) e os situacionais (frustração, provocação, sugestões ambientais) (WEINBERG; GOULD, 2008). Segundo Coriolano e Conde (2016), em se tratando do futebol, o fanatismo apresenta uma relação importante com a agressividade. Isso significa que o fanatismo das torcidas precisa ser levado em consideração no que se refere à prevenção da violência nos estádios de futebol. De qualquer maneira, os profissionais das ciências do esporte ou as pessoas envolvidas na prática esportiva apresentam papel fundamental no ensinamento e valorização de ações e comportamentos contrários à máxima do vencer e melhorar desempenho a qualquer custo (WEINBERG; GOULD, 2008). 6 LIDERANÇA, COESÃO DE GRUPO E TRABALHO EM GRUPO Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/kids-soccer-football-young- children-players-791996248 A liderança é um processo comportamental de influenciar indivíduos e grupos na direção de metas estabelecidas. Está ligada à tomada de decisão, motivar os participantes, dar feedback, estabelecer relações interpessoais, dirigir o grupo ou equipe com confiança (WEINBERG; GOULD, 2008). Os líderes são aqueles que conduzem a equipe de forma assertiva em direção aos objetivos. Possuem como funções assegurar que as demandas da organização sejam satisfeitas à medida que o grupo alcança os objetivos, e assegurar que as necessidades do grupo sejam satisfeitas (WEINBERG; GOULD, 2008). Weinberg e Gould (2008) apresentam três abordagens de estudo da liderança. A abordagem traço acredita que existem traços de liderança enquanto disposição da personalidade. Isso significa que algumas pessoas nasceriam com características que os tornaram líderes independentemente da situação. Essa teoria foi questionada e perdeu popularidade pela falta de consistência entre os traços de personalidade, ou seja, não foram encontrados traços comuns entre técnicos e atletas líderes, há uma grande variedade. A Abordagem comportamental afirmava que qualquer um poderia se tornar líder aprendendo comportamentos, ou seja, os líderes são feitos, não nascem prontos. Já a abordagem interacional defende que nenhum conjunto de características assegura uma liderança bem sucedida. Estilos e comportamentos de liderança efetivos ajustam-se às situações específicas. Estilos de liderança podem ser mudados (WEINBERG; GOULD, 2008). Nesse sentido, existem alguns estilos de liderança: orientado ao relacionamento ou a tarefa. O líder orientado ao relacionamento - preza o desenvolvimento e manutenção de boas relações interpessoais, linhas abertas de comunicação. O líder orientado à tarefa se concentra em estabelecer metas e que o trabalho seja feito. A efetividade da liderança dependerá igualmente do estilo de interação do líder com a equipe e com a situação (WEINBERG; GOULD, 2008). A respeito da abordagem interacional, que é a mais aceita, existe o Modelo multidimensional de liderança no esporte de Chelladurai (1984). Conforme esse modelo https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/kids-soccer-football-young-children-players-791996248 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/kids-soccer-football-young-children-players-791996248 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/kids-soccer-football-young-children-players-791996248 a efetividade do líder dependerá das características dos atletas e dos limites da situação. A satisfação e desempenho do atleta dependerá de três tipos de comportamento do líder: comportamentos requeridos, preferidos e reais. Isso significa que um resultado é mais positivo quando comportamento requerido preferido e real estão em conformidade. Se o líder se comporta de forma adequada à situação e se esse comportamento se ajusta às preferências dos membros da equipe, estes alcançaram seu melhor desempenho e satisfação (CHELLADURAI, 1984). O grupo consiste em um conjunto de pessoas que interagem entre si de maneira estruturada, sendo diferente de uma reunião de pessoas pelo fato de que nesse caso não há interação. Já a equipe é um tipo especial de grupo, e por isso, há interdependência e interação, e se diferencia por contemplar senso de identidade coletiva, papéis característicos e conhecidos por cada membro, formas de comunicação estruturada e normas que são seguidas pelos membros (WEINBERG; GOULD, 2008). Segundo Weinberg e Gould (2008) um grupo se torna uma equipe efetiva conforme sua estrutura vai se desenvolvendo e conforme os membros vão assumindo papéis. Podem ser papéis formais, quando são específicos e estabelecidos pela organização. E informais, quando nascem a partir da interação entre os integrantes do grupo, por exemplo, o papel de defensor, o de mediador de conflitos, o de ajudar a manter o grupo unido, dentre outros. Além da existência de papéis em uma equipe deve haver clareza e aceitação de cada um deles assegurando sua efetividade. Quando os papéis são mal definidos ou os membros não possuem clareza, inclusive o desempenho é prejudicado (MENDO, 2003). Outra questão relacionada à estrutura da equipe é a norma. Weinberg e Gould (2008) destacam que uma forma de melhorar a adesão a normas é incentivar os líderes do grupo a darem o exemplo positivo. Além disso, é importante que sempre que possível haja participação de todos nas tomadas de decisões acerca das normas a serem adotadas. A norma se refere a um padrão de comportamento estabelecido formal ou informalmente. Consiste em padrões ou expectativas de conduta, prescrição de comportamento adequado em determinadas situações. São essenciais para o bom funcionamento da equipe (MENDO, 2003). O clima da equipe também é importante e se desenvolve por meio da percepção dos membros acerca das relações entre o grupo. Dentre os fatores que influenciam o clima está o apoio social, que está ligado ao companheirismo, redução de incerteza e estresse, melhorias na comunicação, etc. (WEINBERG; GOULD, 2008). Além do apoio social, a proximidade também influencia no clima da equipe. Já existe uma proximidade física entre todos por conta da frequência de encontros em treinos e competições,o que não gerará automaticamente senso de equipe. Entretanto, a interação frequente contribuirá para isso, à medida que todos viajam juntos, se encontram em vestiários, etc. (WEINBERG; GOULD, 2008). A diferenciação também é importante, à medida que os sentimentos de identidade se fortalecem; assim como a justiça, conforme a confiança é crucial para um com clima e ela se constrói quando os membros sentem que são julgados objetivamente e imparcialmente. A semelhança também exerce influência, considerando que o grupo estará mais unido quanto mais estiverem buscando objetivos em comum (WEINBERG; GOULD, 2008). Em relação ao desempenho, o técnico tem a função de aprimorar os recursos da equipe, por meio de treinamentos, instruções e também recrutamento de atletas com as habilidades necessárias. Isso ajudará a diminuir as perdas de processo. Dentre elas está a perda de motivação, ou seja, quando os atletas não dão o melhor de si, e a perda de sincronia, quando há falha no ajustamento da equipe (WEINBERG; GOULD, 2008). Outro fenômeno importante quando se fala em equipes é a coesão. Refere-se à união do grupo em busca dos objetivos do mesmo ou para a satisfação dos membros. É um fenômeno multidimensional (ligada a diversos fatores), dinâmico (pode mudar com o tempo), instrumental (há um propósito para a criação do grupo), e afetivo (existe interação social e consequentemente afetividade) (WEINBERG; GOULD, 2008). De uma forma geral, existe a coesão de tarefa e a social. A primeira diz respeito ao trabalho realizado em equipe para o alcance de objetivos do grupo. Já a coesão social está ligada a quanto os membros gostam uns dos outros. Uma equipe pode ser bem sucedida mesmo que não haja boa coesão social, o que ocorre quando ela trabalha muito bem com foco na tarefa, ou seja, quando há um objetivo fortemente compartilhado apesar de uma frágil relação interpessoal (WEINBERG; GOULD, 2008). Existem alguns fatores que influenciam a coesão em equipes. Os fatores ambientais, ou seja, as questões impostas pelo meio e que mantêm o grupo unido. Por exemplo, relações contratuais, bolsas de estudo, expectativas da família sobre o atleta, proximidade do local de treino, tamanho do grupo, etc. Os fatores pessoais são as características individuais de cada membro, sendo que a satisfação individual é o fator pessoal de mais destaque para a coesão da equipe (WEINBERG; GOULD, 2008). Os fatores de liderança dizem respeito aos comportamentos e estilos de liderança predominantes no grupo, bem como a personalidade de técnicos e atletas. Segundo Weinberg e Gould (2008, p. 203) “as pesquisas indicam que o papel dos líderes é vital para a coesão da equipe”. Por fim, os fatores de equipe são compostos por questões como características da tarefa do grupo, normas de rendimento, desejo de sucesso da equipe, papéis, estabilidade e capacidade do grupo, experiências compartilhadas, etc. A respeito da coesão e sua relação com o desempenho, segundo Weinberg e Gould (2008) de uma forma geral, pesquisas demonstram que ela está ligada à melhora no desempenho, especialmente pelo fato de que níveis mais altos de coesão produzem níveis mais altos de desempenho. Nesse sentido, intervenções com intuito de melhorar tanto a coesão de tarefa quanto a social auxiliarão na melhora de desempenho. Os autores também ressaltam a complexidade da relação coesão - desempenho, e defendem que ela é circular, ou seja, um melhor desempenho une as equipes, gerando coesão, que melhora o desempenho, e assim por diante. Mas, o efeito do desempenho sobre a coesão é mais forte do que o contrário. Weinberg e Gould (2008) apresentam algumas estratégias para desenvolvimento de coesão na equipe. Explicar a importância dos papéis de cada membro, ressaltando a importância individual de cada um para o sucesso do todo. Os autores apontam que conforme os membros se percebem sem importância para a equipe, mais apática ela será. É importante, por exemplo, que o técnico explique cuidadosamente aos atletas reservas que eles também são importantes e quais as suas funções. Também é importante incentivar o apoio nos subgrupos (posições de jogo, provas dentro do esporte, etc.); estabelecer metas desafiadoras para o grupo (mais voltadas para o desempenho – capacidades- do que para o resultado - vencer), o que contribuirá para manter o foco, e encorajar o grupo a ter orgulho quando elas são atingidas (WEINBERG; GOULD, 2008). Estimular a identidade do grupo por meio de uniformes, funções sociais, etc. Evitar a excessiva rotatividade de membros, o que dificulta a formação do vínculo entre eles. E realizar reuniões periódicas, nas quais seja possível conversar sobre aprender com os erros, expressar sentimentos positivos ou negativos (WEINBERG; GOULD, 2008). 7 COOPERAÇÃO E COMPETIÇÃO NO ESPORTE Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/four-hands-businessmen- connect-gears-puzzle-1716861982 É comum ouvir falar que treinar para um esporte não apenas prepara a pessoa para as competições, mas também pode prepará-la para a vida. Por outro lado, também existe a ideia de que o esporte competitivo pode estimular ainda mais a competitividade contribuindo para formar pessoas egocêntricas. O fato é que de uma forma geral o esporte ou exercício envolve sempre competição e ao mesmo tempo cooperação (WEINBERG; GOULD, 2008). A competição, segundo Coakley (1994 apud WEINBERG; GOULD, 2008) é um processo social que ocorre quando são dadas recompensas às pessoas com base em seu desempenho comparado com o de outros indivíduos que estejam realizando a mesma tarefa ou participando do mesmo evento. Envolve ser melhor que os outros e ganhar recompensa por isso. Já a cooperação é um processo social por meio do qual o desempenho é avaliado e recompensado em termos da realização coletiva de um grupo de pessoas que trabalham juntas para alcançar determinado objetivo. Por isso, a recompensa também é partilhada, como, por exemplo, uma vitória (COAKLEY, 1994 apud WEINBERG; GOULD, 2008). A competição ocorre por meio de um processo, é mais que um evento isolado. É permeada por quatro eventos. Primeiro deve existir uma situação competitiva objetiva. O evento seguinte é a situação competitiva subjetiva, ou seja, como a pessoa avalia e interpreta a situação objetiva de competição. Isso será influenciado pela experiência passada e por características pessoais (WEINBERG; GOULD, 2008). Depois vem a resposta, que é quando a pessoa avalia uma situação e decide enfrentá-la ou evitá-la. Por fim, as consequências, que correspondem a comparação entre a resposta do atleta e aquilo que se esperava dele. Geralmente são vistas como positivas quando há alcance do objetivo, e negativas quando aconteceu o contrário (WEINBERG; GOULD, 2008). https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/four-hands-businessmen-connect-gears-puzzle-1716861982 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/four-hands-businessmen-connect-gears-puzzle-1716861982 https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/four-hands-businessmen-connect-gears-puzzle-1716861982 Weinberg e Gould (2008) chamam atenção para a importância de que as pessoas que convivem com os atletas, como, por exemplo, pais, treinadores, dirigentes, colaborem e contribuam para que as experiências esportivas sejam agradáveis, para além da vitória ou da derrota. Nesse sentido, é importante destacar que a competição é um fenômeno social que é ensinado. Em sua essência não é boa nem ruim, portanto, depende de como é conduzida e de que forma chega para o indivíduo (WEINBERG; GOULD, 2008). Por isso, o esporte competitivo pode ser vantajoso para ensinar os indivíduos a trabalharem conjuntamente em direção a um objetivo e nos benefícios desse processo. Isso envolve trabalhar para diminuir a
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