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Dimensões Psicológicas da Educação Física e do Esporte

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#CURRÍCULO LATTES# 
 
Professora Me. Aline Mendes de Lima 
• Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós Graduação Associado em Educação 
Física Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual de Londrina (PEF- 
UEM/UEL) na linha fatores psicossociais e motores relacionados ao desempenho 
humano. 
• Psicóloga (Universidade Estadual de Maringá). 
• Formação em Psicologia do Esporte (Consultoria, Estudo e Pesquisa em Psicologia do 
Esporte – CEPPE) 
• Graduanda em Educação Física Bacharelado (Centro Universitário Ingá). 
• Ex membro do Grupo de Estudos de Psicologia do Esporte e Desempenho Humano 
(GEPEDH - UEM) 
• Psicóloga clínica e do esporte, atendimentos individualizados e experiência na 
Associação Desportiva e Recreativa Maringá (ADRM) Basquete Maringá, Seleto Futsal 
Maringá, Superação Run. 
• Psicóloga Organizacional e do Trabalho, com experiência em recrutamento e seleção, 
treinamento e desenvolvimento, gestão de pessoas. 
Experiência de atuação profissional na psicologia do esporte, com treinamento de 
habilidades psicológicas, atendendo atletas profissionais e amadores de modalidades 
como corrida de rua, tênis, futebol, futsal, basquete, bolão, ginástica rítmica. Experiência 
científica em temas como personalidade e lesão na corrida de rua, habilidades sociais, 
motivação no esporte. 
Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/3181621567835345 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a)! Iniciamos agora uma jornada em 
busca de maior compreensão de uma área de conhecimento muito interessante e 
importante para o profissional da educação física. Estamos falando da psicologia do 
esporte e do exercício, e você irá conhecer algumas questões históricas, definições, 
aspectos de aplicações práticas. Entraremos no contexto escolar, da prática de exercício 
físico e no contexto esportivo voltado para a competição. 
Mais especificamente na Unidade 1 “Psicologia: apontamentos iniciais” são 
apresentados aspectos gerais da psicologia do esporte, bem como do histórico da 
psicologia aplicada à Educação Física e ao esporte no Brasil e no mundo. Também são 
tratadas algumas questões éticas no que se refere ao trabalho com aspectos 
psicológicos. Você também irá compreender sobre a parte científica e aplicada, além dos 
diversos campos de atuação da psicologia do esporte que envolvem rendimento 
esportivo, exercício físico e Educação Física Escolar. 
Já na unidade II “Desenvolvimento e comportamento humano: psicologia em 
ação” você entrará em contato com alguns temas muito importantes que fazem parte da 
relação educação física e psicologia. Você aprenderá sobre desenvolvimento humano e 
esporte, personalidade, motivação, reforço e feedback, estresse e ansiedade. Além de 
alguns aspectos de liderança no esporte e do trabalho em equipe, agressividade no 
esporte e cooperação e competição. 
 A unidade III “Psicologia com diferentes enfoques” é marcada por como se dá o 
processo de ensino aprendizagem, a perspectiva do Desenvolvimento Positivo de 
Jovens, vantagens e desvantagens do esporte de alto rendimento para crianças, 
princípios da análise do comportamento. E por fim, contribuições práticas da psicologia 
do esporte ao contexto escolar ou alto rendimento. Por fim, você poderá compreender 
mais a fundo o que é um programa de Treinamento de Habilidades Psicológicas e como 
ele ocorre. 
Finalmente, na unidade IV “Educação Física, Saúde e a Psicologia” vamos tratar 
especificamente dos benefícios psicológicos da prática esportiva, como potencializar a 
promoção da saúde e bem-estar, como compreender os fatores psicológicos esportivos 
no lazer ou rendimento. Também serão apresentados alguns esclarecimentos quanto à 
psicologia aplicada à lesão no esporte, bem como as contribuições para a Educação 
Física Escolar. 
 Convido você a participar ativamente dessa jornada, você terá acesso a 
sugestões de leitura, filmes, documentários e tudo que for necessário para sua 
compreensão das dimensões psicológicas da educação física. Estude com atenção e 
dedicação e procure transcender os conteúdos dessa apostila. Assim, esperamos 
contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I 
PSICOLOGIA: APONTAMENTOS INICIAIS 
Professora Mestre Aline Mendes de Lima 
 
 
Plano de Estudo: 
• Psicologia: da educação ao esporte; 
• Aspectos históricos da psicologia aplicada a Educação Física e ao esporte no Brasil e 
no mundo; 
• Campo de atuação da psicologia aplicada a Educação Física e ao esporte, questões 
éticas e sociais envolvidas para atuação profissional em espaços formais e informais; 
• Psicologia do Esporte: ciência e atuação profissional; 
• Abrangendo a relação da psicologia do esporte, do exercício e o rendimento esportivo; 
• Abrangendo a relação da psicologia e a Educação Física Escolar. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar a psicologia do esporte no Brasil e no mundo; 
• Compreender os tipos de atuação em psicologia do esporte; 
• Refletir sobre aspectos éticos ligados a psicologia do esporte; 
• Estabelecer as definições e contribuições da psicologia do esporte nos âmbitos 
científico, escolar, exercício e alto rendimento. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), seja muito bem vindo a Unidade I da nossa apostila de 
Dimensões Psicológicas da Educação Física e Esporte! Esse é o passo inicial para sua 
compreensão a respeito da psicologia do esporte e do exercício, que apresenta uma 
relação muito estreita com a educação física. 
 Você já parou para pensar, ou já teve alguma experiência com a psicologia do 
esporte em algum momento da sua vida? Nessa unidade você entrará em contato com 
uma caracterização dessa área do saber bem como entenderá sua importância para a 
atuação em Educação Física, seja no âmbito escolar, exercício físico ou alto rendimento. 
 Afinal, sabemos que estar em movimento é um fenômeno complexo, e por isso a 
educação física se relaciona com diferentes áreas que compõem as chamadas ciências 
do esporte. Dentre essas áreas se encontra a psicologia do esporte. Ao final desta 
unidade você será capaz de entender um pouco mais dessa relação e como se dá o 
trabalho do psicólogo do esporte. 
 Para isso você começará compreendendo alguns aspectos gerais da psicologia 
do esporte e um panorama histórico da psicologia aplicada à Educação Física e ao 
esporte no Brasil e no mundo. Em seguida serão apresentadas algumas questões éticas 
no que se refere ao trabalho com aspectos psicológicos. 
 Você também compreenderá sobre a parte científica e aplicada, além dos diversos 
campos de atuação da psicologia do esporte que envolvem rendimento esportivo, 
exercício físico e Educação Física Escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 PSICOLOGIA: DA EDUCAÇÃO AO ESPORTE 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-
wooden-315368747 
 Diante da complexidade do fenômeno esportivo há uma diversidade de áreas 
agregadas que juntas formam as denominadas ciências do esporte. Como parte 
integrante das ciências do esporte, está a psicologia do esporte, que apresenta como 
foco os aspectos psicológicos envolvidos no esporte e exercício físico (RUBIO, 2000). 
 Segundo Vieira et al. (2010) a psicologia do esporte constitui-se como um ramo 
da psicologia, das ciências do esporte e do próprio esporte, além de ser um campo de 
atuação profissional no que se refere ao esporte e exercício físico. 
 
Figura 1 - Psicologia e suas Inter-relações Profissionais 
 
Fonte: Vieira et al. (2010). 
 
Em relação à atuação prática, a psicologia do esporte apresenta uma tradição 
relacionada ao desempenho esportivo e alto rendimento. No entanto, também existe a 
atuação com a iniciação esportiva, exercício físico e bem-estar, e reabilitação de lesões 
(RUBIO, 2000). 
De uma forma geral,"os psicólogos do esporte e do exercício identificam 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-wooden-315368747
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-wooden-315368747
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/human-head-set-puzzles-on-wooden-315368747
 
princípios e diretrizes que os profissionais podem empregar para ajudar adultos e 
crianças a participarem e se beneficiarem de atividades esportivas e de exercício” 
(WEINBERG; GOULD, 2008, p. 22). 
 Samulski (2002) apresenta algumas frentes de atuação da psicologia do esporte: 
 Esporte de rendimento: o foco é em auxiliar na melhora de desempenho do atleta 
por meio do treinamento de habilidades psicológicas que abrange questões como 
personalidade, relação treinador-atleta, ansiedade e estresse competitivo, atenção e 
concentração, motivação, estabelecimento de metas. Assessoria psicológica tanto para 
atletas quanto para treinadores. 
 Esporte escolar: a atuação está relacionada aos processos de ensino 
aprendizagem, educação e socialização por meio do esporte e seus impactos na 
formação e desenvolvimento das crianças e jovens. Alguns temas relacionados são: 
análise da relação professor aluno, personalidade do professor, estresse na aula de 
educação física, agressividade dos alunos, impacto da socialização e motivação para 
aprendizagem e desempenho. 
 Esporte recreativo: análise do comportamento recreativo e otimização dos 
processos em busca do bem estar, que em geral é o objetivo dos praticantes de esporte 
em tempo livre. A atuação se dá com diferentes públicos de diferentes faixas etárias e 
classes econômicas, além da diversidade de motivos para a prática e interesses 
pessoais. 
 Prevenção, saúde e reabilitação: trabalho voltado para prevenção de lesões bem 
como intervenção em atletas lesionados devido ao exercício ou esporte. Nesse caso há 
uma atuação psicológica no sentido de contribuir para um enfrentamento mais positivo 
dessa dificuldade e um maior aproveitamento do processo de reabilitação. Também é 
realizado um trabalho no sentido de reabilitação para pessoas portadoras de limitações 
físicas, mentais e sociais. 
 Embora existam diversas possibilidades de atuação, de uma forma geral, há uma 
grande associação da Psicologia do Esporte à resultados e rendimento (RUBIO, 2007). 
Uma boa preparação psicológica e saber lidar com as próprias emoções são questões 
importantes e podem ser um diferencial no esporte de alto rendimento, cada vez mais 
marcado por um equilíbrio entre preparo físico, técnico e tático dos atletas 
 
(DESCHAMPS; DE ROSE JÚNIOR, 2008). 
 No entanto, a psicologia do esporte transcende esse público, sendo de relevância 
também para os praticantes de exercício físico, por exemplo, que buscam apenas 
superar a si mesmos. Também existem aqueles que buscam o exercício como forma de 
reabilitação ou promoção de saúde. E ainda, o público escolar e iniciação esportiva, para 
o qual o esporte pode ser um importante elemento no desenvolvimento e socialização 
(RUBIO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA APLICADA A EDUCAÇÃO FÍSICA E 
AO ESPORTE NO BRASIL E NO MUNDO 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-open-antique-book-
on-wooden-749924884 
 Já existiam indícios de pesquisas sobre psicofisiologia no esporte no final do 
século XIX. Na década de 1920 há registros de surgimento dos primeiros laboratórios de 
psicologia do esporte, mais especificamente na antiga União Soviética, Estados Unidos, 
Japão e Alemanha (SAMULSKI, 2002). 
 A história da psicologia do esporte pode ser dividida em cinco períodos conforme 
Weinberg e Gould (2008): 
Período 1 - os primeiros anos (1895-1920): um destaque desse período foi o pesquisador 
e psicólogo Norman Triplett da Indiana University na América do Norte. Norman Triplett 
investigou a diferença no desempenho dos ciclistas quando estavam em grupo em 
relação a quando estavam sozinhos. Os pesquisadores dessa época estavam iniciando 
as investigações sobre aspectos psicológicos e aprendizagem de habilidades motoras, 
mas sem aprofundar as aplicações práticas. 
Período 2 – a era Griffith (1921-1938): Coleman Griffith, psicólogo da University of Illinois 
é considerado o pai da psicologia do esporte americana, desenvolveu o primeiro 
laboratório. Nessa época também havia psicólogos trabalhando na Rússia e Alemanha. 
Período 3 – preparação para o futuro (1939-1965): o destaque dessa época foi Franklin 
Henry da University of California, que trabalhou para o desenvolvimento científico da 
área. Franklin Henry treinou professores de educação física que se tornaram professores 
universitários e iniciaram programas de pesquisas sistemáticas. Mas a pesquisa aplicada 
ainda era limitada. Um fato histórico importante foi a criação da Sociedade Internacional 
de Psicologia do Esporte (ISSP) em 1965, tendo como primeiro presidente Ferrucio 
Antonelli. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-open-antique-book-on-wooden-749924884
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Período 4 – o estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica 
(1966-1977): a psicologia do esporte se tornou um componente curricular da educação 
física, separado de aprendizagem motora. Os especialistas em aprendizagem motora 
focavam nas condições necessárias para o processo de aprendizagem motora. Os 
psicólogos do esporte focavam em como alguns fatores (ansiedade, autoestima, 
personalidade) influenciavam o desempenho motor, bem como o desenvolvimento 
psicológico a partir da participação nos esportes e exercícios físicos. Nessa época 
também houve avanços na prática, os consultores em psicologia do esporte começaram 
a trabalhar com atletas e times. Bruce Ogilvie foi um dos destaques nesse sentido e é 
considerado o pai da psicologia aplicada ao esporte norte americano. Em 1970 a 
psicologia do esporte chegou à América Latina. Em 1979 foi fundada a Sociedade 
Brasileira de Psicologia do Esporte (SOBRAPE) pelo psicólogo Benno Becker. 
Período 5 – ciência e prática multidisciplinar na psicologia do esporte e do exercício (1978 
- 2000): nesse período houve crescimento exponencial da psicologia do esporte e 
exercício não só na América do Norte mas também no restante do mundo. Esse 
crescimento foi expressado por meio de pesquisas, conferências, publicações científicas 
e livros. Além disso, em 1988 a equipe olímpica norte-americana foi acompanhada pela 
primeira vez por psicólogos do esporte, sendo um marco para a atuação prática. 
 A partir de 2000, a psicologia do esporte foi crescendo, programas de pesquisa 
foram se fortalecendo, foram surgindo mais oportunidades de consultoria marcando um 
crescente interesse na aplicação prática. Dessa forma, a psicologia do esporte é uma 
área reconhecida tanto no âmbito acadêmico quanto como profissão (WEINBERG; 
GOULD, 2008). 
 No que se refere a América Latina, o Brasil foi pioneiro. Isso pode ser 
fundamentado pelo fato de que a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte foi 
fundada em 1979, antes mesmo da criação da Sociedade Sul-americana de Psicologia 
do Esporte, em 1986. Além disso, há um grande volume de publicações científicas, 
congressos e laboratórios de psicologia do esporte em nosso país (SAMULSKI, 2002). 
 É importante destacar também que a psicologia do esporte no Brasil teve um 
importante marco em 1958. Nesse ano João Carvalhaes, que era um profissional com 
experiência em psicometria, fez parte da comissão técnica da seleção brasileira que foi 
 
à Copa do Mundo de Futebol (RUBIO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA APLICADA A EDUCAÇÃO FÍSICA E AO 
ESPORTE, QUESTÕESÉTICAS E SOCIAIS ENVOLVIDAS PARA ATUAÇÃO 
PROFISSIONAL EM ESPAÇOS FORMAIS E INFORMAIS 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-
patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187 
 A ética permeia todas as relações sociais. Esporte e exercício implica em diversas 
relações, seja entre profissionais, atletas, dentre outros. Por isso, é importante falar de 
ética na psicologia aplicada à Educação Física e ao esporte. Nas palavras de Eco (1997), 
a dimensão ética começa quando o outro entra em cena. Isso significa que toda lei moral 
ou jurídica é criada no intuito de regular as relações interpessoais. 
 Nesse sentido, cada profissão tem um corpo de práticas que atende demandas 
sociais, norteado por padrões técnicos e normas éticas que orientam a relação de cada 
profissional com a sociedade (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO 
08/2005). 
 Segundo Martin (2001) e Samulski (2002) a Sociedade Internacional de Psicologia 
do Esporte (ISSP) apresenta alguns princípios éticos quando se trata da psicologia do 
esporte. São eles: competência, integridade, conduta pessoal, responsabilidade 
profissional, ética de pesquisa, responsabilidade social e consentimento e sigilo. 
 Assim, são deveres da atuação em psicologia do esporte: conhecer 
detalhadamente a modalidade de atuação, se necessário participar de cursos e 
treinamentos para se aperfeiçoar. Ter integridade entre pesquisa, ensino e prática, 
honestidade, justiça, respeito e informação dos princípios que norteiam a atuação. 
 Também é crucial favorecer o bem-estar das pessoas, zelar pela funcionalidade 
e ética da profissão, respeitar e seguir os padrões de ética em pesquisa para conduzir 
investigações. Aplicar e tornar público os conhecimentos em psicologia do esporte para 
trazer benefícios para a sociedade. 
 A questão do sigilo é uma das mais importantes, considerando que muitas vezes 
os atletas revelam questões de caráter confidencial. Por isso é dever do profissional 
respeitar essa confidencialidade. Além disso, é fundamental obter consentimento ou 
permissão dos atletas tanto a nível de prática profissional quanto de pesquisa científica. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/psychologist-consulting-patient-psychotherapy-practice-psychological-1669839187
 
 Martin (2001) destaca que principalmente no trabalho com atletas jovens é muito 
importante tomar cuidado com a ênfase excessiva na vitória: 
 
Frequentemente, em competições esportivas, indivíduos têm um desempenho 
compatível com seu potencial e mesmo assim perdem. Nesses casos, os 
indivíduos deveriam ser ajudados a sentirem-se orgulhosos pelo desempenho 
compatível com todo o seu potencial. (p. 283). 
 
É importante trabalhar na medida do possível para que todos os envolvidos (pais, 
treinadores, etc.) foquem no desenvolvimento e melhorias individuais, independente dos 
resultados em competições (MARTIN, 2001). 
 Uma coisa leva a outra e a ênfase excessiva na vitória pode ser prejudicial ao 
desenvolvimento do jovem considerando que muitos fatores não são controláveis e que 
o resultado nem sempre reflete diretamente os esforços e o desenvolvimento (MARTIN, 
2001). 
 
 
 
 
 
 
 
4 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CIÊNCIA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-
documents-analytics-data-lying-672069292 
 A atuação profissional em psicologia do esporte pode ocorrer de três formas: 
pesquisa científica, ensino e consultoria. O pesquisador tem como função contribuir para 
o crescimento e avanço da área por meio de produções científicas. Isso significa conduzir 
investigações sistematizadas que promovam conhecimentos úteis a respeito de diversos 
assuntos que digam respeito aos aspectos psicológicos no esporte e exercício 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Por exemplo, o que motiva uma pessoa a participar de determinado esporte, de 
que maneira a prática de um exercício influencia os níveis de ansiedade de uma pessoa, 
dentre outras possibilidades (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 O ensino diz respeito a profissionais que não necessariamente são psicólogos 
mas são professores em instituições e ministram cursos ou disciplinas referentes aos 
aspectos psicológicos no esporte ou exercício (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 A respeito da pesquisa e ensino, segundo Fiorese et al. (2019) no que se refere 
ao âmbito do exercício físico e qualidade de vida, os programas de graduação no Brasil 
ligados às ciências do esporte e do exercício possuem maior abrangência de pesquisas 
em comparação com os programas de graduação em psicologia. 
 Por fim, a atuação por meio de consultorias diz respeito às intervenções com 
atletas, equipes e treinadores com objetivo de aprimorar habilidades psicológicas 
contribuindo para um melhor desempenho e/ou bem-estar (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Segundo Martin (2001) a atuação prática em psicologia do esporte no sentido de 
intervenções e título de psicólogo do esporte só é permitido a pessoas licenciadas ou 
certificadas pelas associações locais de psicologia. Aqueles que possuem títulos de pós-
graduação em ciências do esporte ou educação física não podem usar legalmente o título 
de psicólogo do esporte. 
Dessa forma, ao profissional da educação física cabe o papel de pesquisador, 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292
 
professor e a importância de compreensão dos fenômenos e aspectos psicológicos de 
forma a somar para sua prática profissional. Ao psicólogo, além disso, é permitido atuar 
no treinamento de habilidades psicológicas de atletas, treinadores, equipes, praticantes 
de exercícios físicos em geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 ABRANGENDO A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE, DO EXERCÍCIO E O 
RENDIMENTO ESPORTIVO 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-
outdoors-nature-527013196 
 Já sabemos então que há uma tradição na psicologia do esporte quanto ao 
desempenho. Mas qual a diferença da atuação no rendimento esportivo e no exercício? 
Começaremos pela questão do rendimento, para então compreender melhor os aspectos 
de bem-estar por meio do exercício. 
 A respeito do desempenho, o trabalho do psicólogo é caracterizado em torno do 
treinamento de habilidades psicológicas (THP). Segundo Weinberg e Gould (2008) é 
uma prática sistematizada e consistente (requer treinamento constante) de habilidades 
mentais com foco na melhoraria do desempenho ou alcançar de prazer ou satisfação. 
 Conforme Samulski (2002) o objetivo é desenvolver capacidades psíquicas, como 
concentração, ativação, motivação; além de criar um bom estado emocional, que envolve 
o manejo das emoções em geral. 
 A importância do THP no alto rendimento pode ser explicada por exemplo pelo 
impacto dos fatores psicológicos nas constantes variações no desempenho que ocorre 
com muitos atletas. Ou ainda, no fato de que geralmente há um equilíbrio em relação às 
capacidades físicas e técnicas, sendo então as habilidades psicológicas um diferencial 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
 O treinamento psicológico se aplica a atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, 
dentre outras pessoas que permeiam o âmbito esportivo. No caso do alto rendimento é 
direcionado para melhorar habilidades psicológicas com foco em obter melhores 
resultados competitivos (SAMULSKI, 2002).Em relação ao exercício físico no qual o foco é o bem-estar, Weinberg e Gould 
(2008) chamam atenção para alguns problemas mentais como ansiedade e depressão 
que atingem diferentes grupos de pessoas nos mais diversos níveis. A esse respeito, os 
autores destacam a importância da prática de um exercício para ajudar na melhora das 
angústias provocadas por essas doenças, bem como para o bem-estar em geral. 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-outdoors-nature-527013196
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-outdoors-nature-527013196
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/couple-jogging-running-outdoors-nature-527013196
 
 O exercício físico atua no aumento do fluxo sanguíneo cerebral; provoca 
alterações nos neurotransmissores, como a endorfina e serotonina; reduz a tensão 
muscular além de outras alterações estruturais no cérebro benéficas para a saúde mental 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Além da questão das doenças, o exercício físico também ajuda a melhorar 
algumas características psicológicas. Aumento da autoestima, resistência psicológica, 
que é a capacidade de se adaptar a diferentes situações bem como lidar com estresse, 
aumento da autoconfiança, dentre outros benefícios (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 No que se refere à atuação prática da psicologia no exercício, o foco do psicólogo 
é trabalhar para otimizar esse bem-estar psicológico em geral, intervindo em questões 
de motivação e adesão à prática e controle de pensamentos, sentimentos e emoções 
(RUBIO, 2007). 
 Para isso, o treinamento de habilidades psicológicas também pode ser aplicado, 
a diferença é que será dada maior ênfase nas questões de crescimento pessoal e bem-
estar, sem tanta preocupação com o desempenho ou resultados em competições 
(WEINBERG; GOULD, 2008; RUBIO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 ABRANGENDO A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-happy-friends-on-
grass-balls-72136312 
 Embora seja muito mais comum associar a psicologia ao alto rendimento ou 
atletas de elite, as crianças se caracterizam como a maior população de praticantes de 
esporte. Os principais motivos que as levam a prática esportiva são fazer novas 
amizades, se divertir, manter um condicionamento (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Além disso, um ponto importante e crucial para a permanência nessa prática, em 
contramão à desistência, é a percepção de competência. Isso significa que as crianças 
tendem a gostar e permanecer no esporte à medida que se sentem capazes e 
competentes para realizá-lo (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 A psicologia aplicada à Educação Física Escolar está ligada, portanto, ao 
processo de ensino aprendizagem e aos processos de educação e socialização 
(SAMULSKI, 2002). 
 Por isso, é importante que o professor de educação física desenvolva algumas 
estratégias para favorecer o crescimento e desenvolvimento da criança bem como a 
aprendizagem motora. Weinberg e Gould (2008) apresentam alguns princípios que 
podem ser aplicados à educação física escolar: 
- Implementar treinos instrutivos efetivos: ter didática nas explicações e enfatizar os 
acertos, considerando que o processo de aprendizado envolve poder errar; 
- Incentivar as expectativas realistas: isso ajudará a evitar frustrações; 
- Não perder de vista a diversão e as aulas dinâmicas: se o exercício e tudo que envolve 
movimento tiver um teor de diversão é mais provável que a criança tire mais proveito de 
sua prática; 
- Favorecer o fortalecimento de amizades e trabalho em equipe: as aulas de educação 
física são ótima oportunidade para trabalhar a socialização, o que ajudará no 
desenvolvimento pessoal das crianças; 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/image-happy-friends-on-grass-balls-72136312
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- Se possível programar ou incentivar eventos sociais extra aulas: esses eventos 
ajudarão a fortalecer os vínculos e interações sociais; 
- Fornecer variedade de atividades: assim a criança vai poder experienciar diferentes 
esportes e exercícios, desenvolvendo diversas habilidades e ampliando as 
possibilidades de escolha caso deseje dar continuidade a alguma modalidade; 
- Permitir a competição saudável: é importante que a criança aprenda a ganhar e a 
perder; 
- Incentivar a cultura de que a vitória não é derrotar o outro e sim a sua própria evolução 
pessoal e aprendizado. 
Nesse sentido, quando falamos em psicologia e educação física escolar, é 
importante que os profissionais que trabalham na educação física escolar sejam 
beneficiados pelos conhecimentos produzidos pela psicologia. Conhecimentos esses 
que devem ajudar no sentido de favorecer o processo de ensino aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
 
Você sabia que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) conta com uma equipe de 
Preparação Mental desde os Jogos de Pequim em 2008? O número de profissionais foi 
aumentando no decorrer dos anos. Em Pequim eram quatro, em Londres 2012 foram 10 
profissionais, e no Rio de Janeiro em 2016 24 profissionais atuaram pelo COB. Além 
disso, desde 2017 a Preparação Mental integra o Laboratório Olímpico do COB. 
Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro. 
 
 
“A Psicologia do Esporte e do Exercício consiste no estudo científico de pessoas e seus 
comportamentos em atividades esportivas e atividades físicas e na aplicação prática 
desse conhecimento”. 
Fonte: Weinberg e Gould (2008, p. 22). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
Na sua opinião quais as contribuições da Psicologia do Esporte e do Exercício para sua 
atuação enquanto profissional de Educação Física? 
Fonte: a autora. 
 
 
Suponha que você seja professor de educação física de alguma escola. O que mais você 
pode fazer enquanto professor para estimular o desenvolvimento psicológico dos seus 
alunos por meio da prática esportiva? 
 
Fonte: a autora. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
A psicologia do esporte é um dos ramos da psicologia, das ciências do esporte e 
do esporte. Apresenta possibilidade de atuação no alto rendimento, esporte escolar, 
esporte recreativo e reabilitação de lesões. O objetivo é contribuir para que os atletas e 
praticantes de exercício melhorem suas habilidades psicológicas e consequentemente 
seu desempenho ou alcance de bem-estar. 
 A história da psicologia do esporte pode ser dividida em cinco períodos, sendo 
eles os primeiros anos (1895-1920), a era Griffith (1921-1938), preparação para o futuro 
(1939-1965), o estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica 
(1966-1977) e a ciência e prática multidisciplinar na psicologia do esporte e do exercício 
(1978-2000). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte foi fundada em 
1979. 
 Alguns cuidados éticos devem ser tomados quando se trata do trabalho com 
aspectos psicológicos no esporte, com destaque para o consentimento e sigilo, bem 
como o cuidado com a ênfase excessiva na vitória e no resultado. 
 A psicologia do esporte contempla três frentes de trabalho: pesquisa, ensino e 
consultoria. A consultoria é permitida apenas por psicólogos, embora os programas de 
graduação ligados às ciências do esporte e do exercício venham tendo destaque nas 
pesquisas sobre aspectos psicológicos e exercício. 
 As intervenções práticas do psicólogo do esporte são caracterizadas pelo 
treinamento de habilidades psicológicas (THP). A diferença é que no alto rendimento há 
um foco maior no desempenho, e no exercício físico há ênfase no bem-estar. Mas em 
ambos os casos há um desenvolvimento de capacidades psíquicas como concentração, 
ativação, motivação e controle das emoções. 
 Em relação à psicologia aplicada à educação física escolar é importanteque o 
professor de educação física trabalhe para favorecer a aprendizagem motora, o 
crescimento, desenvolvimento e socialização da criança. 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
O texto a seguir apresenta de forma didática algumas aplicações comuns dos 
conhecimentos em Psicologia do Esporte. Em outras palavras, algumas demandas 
frequentes que ajudarão você a entender o papel dessa área do conhecimento. 
 
Bem-vindos à psicologia do esporte e do exercício 
Jeff, armador do time de basquetebol da escola de ensino médio, fica visivelmente 
nervoso em competi-ções. Quanto mais crítica a situação, mais nervoso fica e pior ele 
joga. O maior desafio de seu técnico nesta tem-porada será ajudar Jeff a aprender a 
controlar o estresse. 
Beth, diretora de condicionamento físico do Centro de Reabilitação Cardíaca do 
St. Peter’s Hospital, con­duz um programa de condicionamento aeróbico para pa­cientes 
em recuperação. Entretanto, ela está preocupada porque alguns pacientes interrompem 
os programas de exercícios quando começam a se sentir melhor. 
Lisa está se graduando em cinesiologia e sabe que seu desejo é seguir carreira 
em alguma área da saúde, como concluir o curso e tornar-se ortopedista, assisten-te 
médica ou fisioterapeuta. Embora adore as ciências biológicas, tem dúvidas quanto ao 
papel desempenha-do pelos fatores psicológicos na medicina preventiva, em especial 
na sua relação com o bem-estar holístico e o uso da atividade física como remédio. 
Mario sempre quis ser professor de educação física. No entanto, sente-se 
frustrado atualmente, porque seus alunos do ensino médio têm pouco interesse em 
apren-der habilidades de condicionamento para a vida toda. Seu objetivo é motivar os 
alunos sedentários a se enga-jar em atividades físicas. 
 Patty é a técnica principal de atletismo do Campbell State College. A estrela da 
equipe de corrida da escola, Tyler Peete, alcançou 99% de recuperação física após uma 
cirurgia no joelho. Os técnicos observaram, porém, que, nas práticas, ele ainda poupa o 
joelho lesionado e hesita quando precisa dar uma arrancada. Patty sabe que Tyler está 
fisicamente recuperado, mas precisa retomar sua confiança. 
Tom, psicólogo do esporte e torcedor veterano de bei-sebol, acabou de ser 
sondado para ocupar a posição de seus sonhos, um emprego de consultor. Os 
proprietários do Chicago Cubs, fartos da falta de coesão do time, pedi-ram-lhe que 
 
planejasse rapidamente um programa de trei-namento em habilidades psicológicas. Se 
Tom puder criar um programa consistente até a semana seguinte, será con-tratado como 
consultor de psicologia esportiva do time. 
Se você vier a ser um técnico, instrutor, professor de educação física, preparador 
físico ou mesmo psicólogo do esporte, também encontrará os tipos de situações que Jeff, 
Beth, Lisa, Mario, Patty e Tom enfrentam. A psi-cologia do esporte e do exercício oferece 
recursos para resolver problemas dessa natureza e muitas outras preocupações 
práticas. 
Fonte: Weinberg e Gould (2008, p.22). 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Interdisciplinaridade na Psicologia do Esporte 
• Autor: Paula Teixeira Fernandes 
• Editora: CRV 
• Sinopse: Este livro, escrito em parceria, enfatiza a diversidade de conhecimentos e de 
possibilidades na área esportiva, sob o olhar da Psicologia, aproximando a pesquisa da 
prática profissional nos diversos contextos esportivos e ressaltando a importância do 
olhar integral à pessoa e ao processo da formação humana. A perspectiva interdisciplinar 
fica como pano de fundo no entendimento da prática esportiva como elemento 
fundamental de desenvolvimento integral, na busca pela autonomia, autoestima, 
autoconfiança e percepção de competência. Assim, este livro oferece conceitos básicos 
e aprofundados sobre os diversos temas, podendo ser utilizado como importante 
ferramenta de atuação profissional, pesquisa e ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Coach Carter treino para a vida 
• Ano: 2005 
• Sinopse: O dono de uma loja de artigos esportivos, Ken Carter (Samuel L. Jackson), 
aceita ser o técnico de basquete de sua antiga escola, onde conseguiu recordes e que 
fica em uma área pobre da cidade. Para surpresa de muitos ele impõe um rígido regime, 
em que os alunos que queriam participar do time tinham de assinar um contrato que 
incluía um comportamento respeitoso, modo adequado de se vestir e ter boas notas em 
todas as matérias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Código de Ética Profissional do Psicólogo. Resolução nº 010/2005. Brasília: agosto 
de 2005. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP - Brasil). 
 
DESCHAMPS; S., R.; DE ROSE JÚNIOR, D. Treinamento Psicológico e sua influência 
nos estados de humor e desempenho e desempenho técnico de atletas de 
basquetebol. Revista Iberoamericana de Psicología Del Ejercicio y El Deporte. v. 
03, n.02. 2008. p. 169-182. 
 
ECO, Umberto. Cinco escritos morais. Record, 1997. 
 
MARTIN, G. L. Consultoria em psicologia do esporte: orientações práticas em análise 
do comportamento. Campinas: Instituto de Análise do Comportamento, 2001. 
 
RUBIO, K. Psicologia do Esporte: Interfaces, Pesquisa e Intervenção. Casa do 
Psicólogo, 2000. 
 
RUBIO, K. Da psicologia do esporte que temos à psicologia do esporte que queremos. 
Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, v. 1, n. 1, 2007. 
 
SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Manole, 2002. 
 
VIEIRA, L. F.; VISSOCI, J. R. N.; OLIVEIRA, L. P.; VIEIRA, J. L. L. Psicologia do esporte: 
uma área emergente da psicologia. Psicologia em estudo, v. 15, n. 2, p. 391 - 399, 
2010. 
 
FIORESE, L..; RODACKI,A. L. F.; CARUZZO, N. M.; MOREIRA, C. R.; CONTREIRA, 
A. R.; DE LIMA, A. M.; FORTES,L. S.; VISSOCI,J. R. N.; STEFANELLO, J. M. F. Sport 
and Exercise Psychology Studies in Brazil: Performance or Health?. Frontiers in 
Psychology. v.10, p.2154 - , 2019. 
 
 
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do 
exercício. Tradução de Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed. 4. ed. 2008. 
 
 
 
 
 
UNIDADE II 
DESENVOLVIMENTO E COMPORTAMENTO HUMANO: PSICOLOGIA EM AÇÃO 
Professora Mestre Aline Mendes de Lima 
 
 
Plano de Estudo: 
• Desenvolvimento humano e esportivo; 
• Personalidade; 
• Feedback, reforço e motivação para a prática esportiva; 
• Estresse e ansiedade; 
• Agressividade no esporte; 
• Liderança, coesão de grupo e trabalho em grupo; 
• Cooperação e competição no esporte. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar o desenvolvimento humano e a personalidade; 
• Compreender alguns temas inerentes ao esporte e exercício como motivação, estresse, 
ansiedade, agressividade, liderança; 
• Estabelecer a importância da coesão de grupo e cooperação no esporte. 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Olá alunos e alunas!! Sejam bem-vindos à unidade II Desenvolvimento e 
Comportamento Humano: Psicologia em ação. Nessa unidade nós começamos a 
aprofundar um pouco mais a relação educação física e psicologia. Você aprenderá sobre 
desenvolvimento humano e esporte, mais especificamente personalidade. 
 Também entraremos em alguns tópicos super importantes no que se refere ao 
exercício físico e esporte, como motivação, reforço e feedback, estresse e ansiedade. 
Você também poderá conhecer alguns aspectos de liderança no esporte e do trabalho 
em equipe. Também iremos tratar de temas como agressividade no esporte e 
cooperação e competição. Você terá acesso a conceituações, reflexões, aplicações 
práticas. 
 Você já parou para pensar quantos fenômenos psicológicos estão envolvidos no 
esporte? Tem consciência ou já vivenciou na prática o quanto o esporte ou exercício 
físico contribui para o desenvolvimento global de uma pessoa? Você já refletiu sobre o 
que motiva uma pessoa a fazer algo, o que é ser um bom líder ou ainda se é melhor 
estimular a cooperação ou a competição? 
 Como você pode perceber, a unidade II,Desenvolvimento e comportamento 
humano: Psicologia e Ação está repleta de conteúdos que com certeza farão a diferença 
na sua prática e portanto são fundamentais para o seu conhecimento. 
 Por isso convido você a mergulhar nos estudos, leia tudo com muita atenção. 
Também proponho que você extrapole os conteúdos aqui trazidos e se dedique a fazer 
várias reflexões, sempre pensando como aplicar da melhor forma os aprendizados 
proporcionados por essa unidade. 
 
 
 
 
 
 
1 DESENVOLVIMENTO HUMANO E ESPORTIVO 
 Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-posing-gym-
theme-childrens-1587093610 
 É consenso que a atividade esportiva exerce influência sobre o desenvolvimento 
humano. Essa ideia é aceita tanto entre as Ciências do Esporte, quanto entre os 
profissionais que vivenciam a prática, como treinadores, professores de educação física, 
dirigentes, e os próprios atletas (SAMULSKI, 2002). 
 O esporte é ferramenta para otimizar a socialização, a estabilidade emocional, a 
autodisciplina e a motivação para buscar algo. E quando se fala em desenvolvimento 
humano chegamos ao tema personalidade (SAMULSKI, 2002). 
 Existem algumas abordagens psicológicas que consideram diferentes aspectos 
ao tentar explicar a personalidade, como, por exemplo, a psicodinâmica, abordagem 
traço, abordagem situacional, abordagem interacional, fenomenológica. Essas 
abordagens possuem visões particulares quanto aos fatores que determinam o 
comportamento ou desenvolvimento da personalidade (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
 
 
 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-posing-gym-theme-childrens-1587093610
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2 PERSONALIDADE 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-illustration-
representing-different-personalities-heads-1846346119 
A personalidade é a soma das características que tornam uma pessoa única, 
aquilo que é singular em alguém. Em outras palavras, a personalidade corresponde às 
diferenças individuais (SAMULSKI, 2002; WEINBERG; GOULD, 2008). 
Divide-se em núcleo psicológico, respostas típicas e desempenho de papéis. O 
núcleo psicológico são as atitudes, valores, interesses, motivações, crenças sobre si 
mesmo e autoconceito (WEINBERG; GOULD, 2008). 
As respostas típicas referem-se a como geralmente se responde ao ambiente, são 
os comportamentos frequentes. O comportamento relacionado ao desempenho de 
papéis ou comportamento social é o aspecto mais variável da personalidade, ou seja, o 
comportamento muda conforme mudam as percepções do ambiente - situações 
diferentes requerem o desempenho de diferentes papéis (SAMULSKI, 2002). 
Em relação às abordagens psicológicas que explicam a personalidade, a 
psicodinâmica enfatiza determinantes inconscientes do comportamento (id) e como eles 
entram em conflito com a realidade (ego) e com a consciência moral (superego). A 
personalidade é então um conjunto dinâmico de processos em constantes mudanças e 
conflitos. Foca quase exclusivamente nos determinantes internos do comportamento 
dando pouca relevância ao ambiente social. A contribuição dessa abordagem é que nem 
todos os comportamentos dos atletas são conscientes (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A abordagem traço pressupõe que as unidades fundamentais da personalidade 
(os traços) são relativamente estáveis, permanentes e consistentes em diversas 
situações. Isso significa que não necessariamente uma pessoa agirá sempre da mesma 
maneira em diversas situações, mas é provável que sim. Alguns teóricos dessa 
abordagem são Cattel e Eysenck (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A abordagem situacional defende que o comportamento é determinado pela 
situação ou ambiente. Derivada da teoria da Aprendizagem Social (Bandura), explica o 
comportamento em termos de aprendizagem por observação (modelagem) e reforço 
https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-illustration-representing-different-personalities-heads-1846346119
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social (feedback), ou seja, as influências e reforços ambientais moldam o 
comportamento. A situação é um determinante mais forte que os traços. Por exemplo, 
uma pessoa tímida pode agir agressivamente em determinadas situações. Conforme 
essa abordagem, é possível influenciar o comportamento na educação física e esporte 
mudando os reforços do ambiente (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A abordagem interacional considera a situação e pessoa como codeterminantes 
do comportamento. Não apenas os traços ou a situação determinam o comportamento, 
eles interagem de forma singular para influenciá-lo. A maioria dos psicólogos esportivos 
seguem essa abordagem (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A abordagem fenomenológica considera ambiente e traço, portanto, é consistente 
com a abordagem interacional. No entanto, o foco está no entendimento e interpretação 
que a pessoa tem de si mesma e de seu ambiente. Isso significa que para além da 
influência do ambiente ou dos traços da pessoa, o que importa é como ela interpreta as 
situações (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Para além das abordagens, Weinberg e Gould (2008) apresentam algumas 
reflexões gerais sobre esse assunto. A personalidade por si só não responde pelo 
sucesso no desempenho esportivo, apesar de poder influenciá-lo. 
É possível que certos tipos de personalidade sejam atraídos para determinado 
esporte. Conforme o Modelo de Saúde Mental desenvolvido por Morgan, atletas bem-
sucedidos exibem maior saúde mental positiva do que os menos bem-sucedidos. Os 
bem-sucedidos apresentam o perfil iceberg considerando que possuem vigor acima da 
média e traços negativos como tensão, depressão, raiva, fadiga e confusão abaixo da 
média da população (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A pesquisa psicológica em geral mostra que a personalidade tem uma base 
genética e também é influenciada pela aprendizagem, logo as duas posições extremas 
de natureza X criação são falsas, pois genética e ambiente determinam a personalidade. 
Podemos ter predisposições genéticas mas, o ambiente influencia se e quanto 
manifestamos essas características (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
3 FEEDBACK, REFORÇO E MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA 
 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coach-explaining-game-plan-
basketball-players-643115494 
O termo feedback consiste em uma informação acerca do estado real de 
movimento de uma pessoa. Esse feedback real é comparado com o feedback esperado 
que corresponde à meta desejada ou estado que se deseja atingir. Quando existem erros 
os executantes buscam corrigi-los para diminuir a discrepância entre o real e o desejado. 
Portanto, o feedback auxilia no processo de aprendizagem (SCHMIDT; WRISBERG, 
2010). 
Existem tipos diferentes de feedback. O feedback intrínseco é uma informação 
sensorial proveniente de forma natural da produção do movimento. Pode vir de fontes 
externas ao corpo, como visão, audição e olfato, ou ainda da propriocepção. 
Basicamente é o feedback que é percebido de forma mais direta, sem precisar do auxílio 
de outras fontes (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 
O feedback extrínseco, também chamado de feedback aprimorado ou feedback 
aumentado, consiste na informação que é fornecida por alguma fonte externa. Alguns 
exemplos são os comentários de um instrutor, professor ou treinador, ou ainda o tempo 
mostrado no cronômetro, o escore de um jogo (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 
O ideal é que o feedback extrínseco forneça importantes informações sobre o 
resultado do movimento que os executantes, muitas vezes,não conseguem perceber 
por si próprios. Portanto, complementa o feedback intrínseco, e está ao alcance de 
instrutores, professores ou técnicos podendo ser fornecido em momentos diferentes e 
de formas diferentes (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 
O feedback apresenta uma propriedade importante que é o reforço (SCHMIDT; 
WRISBERG, 2010). O reforço segundo Skinner (1972) são consequências apresentadas 
a determinados comportamentos que fortalecem a manutenção desse comportamento. 
Assim, quando uma pessoa recebe um feedback positivo após uma performance, 
aumenta a probabilidade de que ela repita essa performance em circunstâncias 
parecidas (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 
O feedback extrínseco pode ser fornecido de forma verbal, ou seja, dizendo ao 
indivíduo o que estava correto e incorreto, ou de forma visual, por meio de vídeos, por 
exemplo. O feedback instrutivo é mais eficaz quando é simples e se refere somente a 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/coach-explaining-game-plan-basketball-players-643115494
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uma ou duas características do movimento, particularmente quando essas 
características se relacionam com alguma coisa sobre a qual o aprendiz tem controle 
(SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 
Em relação à aprendizagem é importante esclarecer sobre o processo de 
Modelagem. Basicamente, consiste em reforçar comportamentos próximos ao 
comportamento alvo. Mediante a aprendizagem de uma habilidade difícil é normal 
cometer erros e é importante reforçar comportamentos que se aproximam do desejado. 
Isso estimula a motivação e guia na direção do que deve ser feito em seguida 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
Portanto, uma das mais importantes fontes de informação que um aprendiz pode 
receber durante a prática de uma habilidade é o feedback extrínseco. Além disso, possui 
como função, reforçar a performance correta, e sugerir formas de correções para os erros 
e aumentar a motivação (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 
A motivação é a direção e intensidade de nossos esforços, ou seja, quanto de 
esforço uma pessoa coloca em determinadas situações. Mas, existem diversas formas 
de conceituar motivação. No geral esse termo é usado nas seguintes circunstâncias: 
como uma característica de personalidade interna (por exemplo, quando se diz que 
alguém é muito motivado), como influência externa, ou para explicar comportamentos, 
por exemplo, dizer que alguém conseguiu algo porque estava muito motivada(o) 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
Existem três abordagens sobre motivação. Na visão centrada no traço acredita-
se que o comportamento motivado é exclusivamente proveniente de características 
individuais, seja a personalidade, as necessidades ou objetivos individuais. É uma 
abordagem falha pois sabe-se que as pessoas são afetadas pelas situações. 
A visão centrada na situação refere-se ao oposto, acredita-se que apenas o 
ambiente influencia a motivação. Também é falha pois existem situações nas quais uma 
pessoa continua motivada apesar da situação negativa. Por exemplo, uma atleta que 
continua treinando apesar de ter um técnico de quem ela não gosta ou que fica 
constantemente gritando com ela (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A visão interacional é a mais aceita. A melhor maneira de entender motivação é 
considerar tanto a situação (estilo do treinador, registros de ganhos e perdas de um time, 
 
condições do local de treino) quanto a pessoa (personalidade, necessidades, interesses 
e objetivos) e a interação desses dois fatores (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A esse respeito, destaque para a Teoria da Autodeterminação da Motivação de 
Deci e Ryan (1985). Conforme essa teoria, existem três necessidades psicológicas 
básicas: competência, autonomia e relacionamento. A necessidade de competência 
corresponde a sentir-se capaz de realizar algo. A necessidade de autonomia consiste 
em ter participação nas decisões de alguma forma. E a necessidade de relacionamento 
está ligada a construir relações sociais. 
O grau em que essas necessidades estão satisfeitas contribuirá para determinar 
a motivação intrínseca. Essa, diz respeito a prática esportiva com foco no prazer e 
satisfação de aprender ou explorar algo novo, dominar habilidades difíceis; e 
simplesmente para experimentar sensações prazerosas (DECI; RYAN, 1985). 
Ainda conforme a Teoria da Autodeterminação da Motivação, além dessa questão 
da satisfação das necessidades psicológicas básicas, a motivação vai de um continuum 
de desmotivação até a motivação intrínseca. Existe, portanto, a falta de motivação, 
quando não há motivação nem intrínseca nem extrínseca. A regulação externa, quando 
o comportamento é completamente controlado por fontes externas como recompensas 
e coações, como dinheiro, por exemplo (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Na regulação introjetada o indivíduo é motivado por estímulos e pressões internas, 
mas o comportamento não é autodeterminado porque é regulado por contingências 
externas, como, por exemplo, praticar exercícios para impressionar o sexo oposto. 
Regulação integrada, quando a atividade é pessoalmente importante devido mais a um 
resultado valorizado do que ao interesse na atividade por si própria. Um exemplo é o 
indivíduo que treina para completar uma maratona porque isso é valorizado socialmente 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
A regulação identificada é marcada pela valorização, aceitação da prática 
esportiva, que é considerada pelo indivíduo e realizada de boa vontade, mesmo que não 
seja prazerosa em si. Por exemplo, praticar esporte mesmo achando chato porque é 
importante para o crescimento e desenvolvimento (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Por fim, chega-se à motivação intrínseca, que é o nível de motivação mais 
associado a diversos benefícios, como bem-estar psicológico geral, aprendizado e 
 
desempenho (DECI; RYAN, 2008). Pessoas motivadas intrinsecamente: esforçam-se 
para ser competentes e autodeterminadas em sua busca por dominar a tarefa em 
questão, apreciam a competição, gostam da ação e excitação, focalizam-se no 
divertimento e querem aprender o maior número de habilidades possíveis (WEINBERG; 
GOULD, 2008). 
Alguns fatores sociais que afetam a motivação são o sucesso e fracasso, no 
sentido de experiências que ajudam a definir o senso de competência da pessoa; foco 
na competição; comportamentos dos treinadores. Além disso, o feedback positivo ajuda 
na motivação intrínseca porque ajuda na percepção de competência (WEINBERG; 
GOULD, 2008). 
 
 
 
 
4 ESTRESSE E ANSIEDADE 
Imagem do Tópico: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/full-length-tensed-sporty-
woman-sitting-167805413 
É comum ouvir falar que um atleta não conseguiu obter o rendimento desejado ou 
até mesmo aquilo que ele era capaz de realizar no treino mas não conseguiu transpor 
para a competição ou jogo atribuindo como causa a ansiedade (MARTIN, 2001). Mas o 
que de fato é a ansiedade? Qual a diferença de estresse e ansiedade? 
A ansiedade é um estado emocional negativo caracterizado por sentimentos 
negativos, conscientemente percebidos, de nervosismo, apreensão, e tensão, 
associados com a ativação ou excitação do corpo/ Sistema Nervoso Autônomo (MENDO, 
2003). 
Pode ser dividido estado e traço. A Ansiedade estado é mais variável e é 
temporária, ligada à situação, corresponde a um estado de humor variável. Na prática, 
pode se manifestar, por exemplo, antes de uma competição esportiva importante. Pode 
ser cognitiva ou somática (MENDO, 2003). 
A Ansiedade estado cognitiva está ligada às expectativas, preocupações e 
pensamentos negativos, ou ao grau em que a pessoa se preocupa. A ansiedade estado 
somática está ligada ao físico tendo um componente de grau de ativação percebida, 
mudanças de momento a momento no grau de ativação (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A Ansiedadetraço refere-se a personalidade do indivíduo, é uma reação ou 
impulso de perceber situações em geral como ameaçadoras mesmo que objetivamente 
não sejam. A pessoa reage a essas situações com reações de ansiedade estado 
desproporcionais em magnitude e intensidade ao perigo objetivo. Em outras palavras, a 
ansiedade é considerada traço quando é mais permanente e de certa forma independe 
das situações (MENDO, 2003). 
Quando se fala em ansiedade é importante distingui-la de ativação. Ativação 
corresponde a excitação fisiológica e psicológica geral que varia em um continuum de 
sono profundo à intensa excitação. É um aspecto muito importante em relação ao 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/full-length-tensed-sporty-woman-sitting-167805413
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exercício e esporte pois influenciará o desempenho e a realização de movimentos. A 
esse respeito foram desenvolvidas algumas teorias (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Segundo a Teoria da ativação quanto mais ativado o indivíduo, melhor será o 
desempenho. Não é mais bem aceita considerando que se sabe que muitas vezes a 
ativação excessiva pode atrapalhar o indivíduo, inclusive deixando a musculatura tensa 
e atrapalhando os movimentos (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A Teoria do U invertido defendia que com baixos níveis de ativação, ou níveis 
muito altos o desempenho fica abaixo do padrão. Existe um ideal de ativação que leva a 
um alto desempenho. Foi criticada em relação ao nível de ativação ideal ser no meio da 
curva, ser um continuum (WEINBERG; GOULD, 2008). 
O Modelo de zonas individualizadas de desempenho ideal de Hanin, psicólogo do 
esporte russo, veio para contrapor a Teoria do U invertido. O nível ideal de ansiedade 
estado nem sempre ocorre no ponto médio do continuum e varia de pessoa para pessoa. 
Isso vale não só para ansiedade, mas também para outras emoções como determinação, 
afabilidade, preguiça, ou seja, também há uma zona ideal para cada pessoa que 
favorece o bom desempenho (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A Teoria da inversão de Kerr considera a interpretação individual da ativação, não 
apenas a quantidade de ativação sentida, e que a pessoa pode inverter ou mudar suas 
interpretações positivas ou negativas da ativação de um momento para outro 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
Outro modelo é o Modelo da catástrofe de Hardy. A ativação pode ter efeitos 
diferentes no desempenho a depender da intensidade da ansiedade cognitiva. Mostra 
que para um desempenho ideal não basta um nível de ativação fisiológica ideal, é 
necessário também administrar ou controlar a ansiedade estado cognitiva, ou seja, os 
próprios pensamentos (WEINBERG; GOULD, 2008). 
De uma forma geral, a forma como um atleta interpreta a direção da ansiedade 
tem um efeito significativo sobre a relação ansiedade-desempenho. Se ele vai considerar 
a ansiedade como facilitadora ou debilitante. Isso ocorre com base na sua percepção de 
controle sobre a situação ou em outras palavras sua autoconfiança (WEINBERG; 
GOULD, 2008). 
 
Existem alguns problemas causados pela ansiedade estado ou excesso de 
ativação: aumento da tensão muscular, que leva a fadiga, que leva a prejuízos na 
coordenação motora; alterações de atenção, concentração e exploração visual (o 
aumento da ativação causa estreitamento do campo de atenção da pessoa, diminui o 
rastreamento do ambiente e provoca um desvio para o estilo de atenção dominante e 
indícios inadequados) (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Alguns sintomas que representam esse excesso de ativação são mãos frias ou 
úmidas, necessidade de urinar frequentemente, sudorese profunda, diálogo interior 
negativo, tensão muscular, estômago embrulhando, boca seca, dificuldade para dormir, 
incapacidade de concentração. E ainda, um forte indício é quando o indivíduo 
frequentemente se sai melhor em situações que não sejam competitivas (WEINBERG; 
GOULD, 2008). 
Em relação ao estresse, pode ser definido como um desequilíbrio entre demanda 
(física e/ou psicológica) e as condições de responder a isso. Em outras palavras, é 
quando as demandas impostas ao indivíduo excedem sua capacidade de adaptação 
(MENDO, 2003). 
O estresse pode ser considerado um processo e nesse caso possui alguns 
estágios. No estágio 1 algum tipo de demanda é imposta ao indivíduo, como a avaliação 
sob exposição, pressão dos pais (WEINBERG; GOULD, 2008). 
No estágio 2 ocorre a percepção do indivíduo da demanda que lhe foi imposta. O 
nível de ansiedade traço de uma pessoa influencia consideravelmente a forma como ela 
percebe o mundo, nesse caso ela tende a perceber mais situações (especialmente 
avaliadoras e competitivas) como ameaçadoras, do que pessoas com ansiedade traço 
mais baixa (WEINBERG; GOULD, 2008). 
No estágio 3 se a percepção da pessoa do desequilíbrio entre demanda e sua 
capacidade a faz se sentir ameaçada, o resultado será um aumento da ansiedade 
estado, trazendo preocupação (ansiedade estado cognitiva), maior ativação fisiológica 
(ansiedade-estado somática) ou ambas (WEINBERG; GOULD, 2008). 
O estágio 4 corresponde ao comportamento real do indivíduo sob estresse. Esse 
estágio é o final e se realimenta no primeiro estágio. Em outras palavras, é um ciclo 
constante (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
Existem algumas fontes de estresse situacionais, ou seja, provenientes do 
ambiente. A importância do evento: quanto mais importante mais gerador de estresse. 
Incertezas: quanto maior a incerteza maior o estresse, seja ela pessoal ou ligada ao 
esporte (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Já algumas fontes de estresse pessoais são a ansiedade traço: predispõe a 
pessoa a encarar situações de competição e avaliação social como ameaçadoras. 
Autoestima: influencia percepções de ameaças e suas mudanças na ansiedade estado. 
Atletas com baixa autoestima têm menos confiança e mais ansiedade estado. Ansiedade 
física social: grau de ansiedade de uma pessoa quando outros observam seus atributos 
físicos. Em outras palavras, a tendência de uma pessoa a ficar nervosa ou apreensiva 
quando seu corpo é avaliado (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Segundo Mendo (2003) o contexto esportivo e competitivo é uma situação de 
estresse que gera altos níveis de ansiedade nos participantes. Isso porque geralmente 
o rendimento do atleta ou da equipe adquire um valor muito importante. Além disso, o 
êxito não depende apenas do atleta, existem diversos fatores envolvidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 AGRESSIVIDADE NO ESPORTE 
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 Infelizmente nos deparamos diariamente com inúmeros exemplos de agressão no 
esporte. Um jogador que agrediu um árbitro, um competidor que trocou socos com o 
adversário, torcedores brigando entre si (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 O fato é que o esporte é uma ferramenta importante para controlar ou reprimir a 
violência. E então, a agressividade é um tema de relevância para as pessoas envolvidas 
de alguma maneira ao contexto esportivo (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Segundo Weinberg e Gould (2008) não é a competição por si só que provoca o 
comportamento agressivo e a hostilidade. Isso depende do sentimento e comportamento 
guiado pela máxima do vencer a qualquer custo, mesmo que isso implique machucar um 
adversário. 
 No que se refere a definição de agressividade, a tendência é falarmos em 
agressividade boa e agressividade ruim. A questão é que a agressividade é um 
comportamento, não uma emoção ou atitude. Por isso não é adequado tratá-la em boa 
ou ruim, e sim algo neutro (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 De uma forma geral, a agressividade é um comportamento que envolve algum 
tipo de ferimento, é dirigida a outra pessoa ou organismo vivo e possui umcomponente 
intencional. Pode ser física ou verbal, e os danos podem ser físicos ou psicológicos 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
 A agressividade pode ser hostil ou instrumental. Hostil quando há intenção de ferir 
alguém, e instrumental quando ocorre de forma indireta, quando alguém está buscando 
um objetivo. Um exemplo de agressividade instrumental é quando um lutador golpeia 
seu adversário, muitas vezes, machucando-o (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Mas, por que as pessoas são agressivas? Weinberg e Gould (2008) apresentam 
algumas teorias sobre isso. Conforme a teoria do instinto, a agressividade é algo 
biológico e faz parte da natureza do ser vivo. A teoria da frustração defende que a 
agressão se manifesta quando ocorre frustração ou bloqueio do objetivo. 
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 A teoria da aprendizagem social afirma que a agressão se desenvolve pela 
observação do comportamento dos outros e pelo reforço ao manifestar comportamentos 
parecidos (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 A teoria da frustração agressão revisada é uma junção das duas anteriores e 
defende que a frustração aumenta a probabilidade da agressão à medida que aumenta 
a raiva e a excitação. Mas, isso só resultará em agressão quando a situação sinaliza que 
ela é adequada e será aceita (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 No entanto, essas teorias não esgotam o entendimento da agressividade que é 
um fenômeno complexo influenciado por vários fatores, como, por exemplo, os pessoais 
(personalidade, crenças, objetivos) e os situacionais (frustração, provocação, sugestões 
ambientais) (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Segundo Coriolano e Conde (2016), em se tratando do futebol, o fanatismo 
apresenta uma relação importante com a agressividade. Isso significa que o fanatismo 
das torcidas precisa ser levado em consideração no que se refere à prevenção da 
violência nos estádios de futebol. 
 De qualquer maneira, os profissionais das ciências do esporte ou as pessoas 
envolvidas na prática esportiva apresentam papel fundamental no ensinamento e 
valorização de ações e comportamentos contrários à máxima do vencer e melhorar 
desempenho a qualquer custo (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 LIDERANÇA, COESÃO DE GRUPO E TRABALHO EM GRUPO 
 
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A liderança é um processo comportamental de influenciar indivíduos e grupos na 
direção de metas estabelecidas. Está ligada à tomada de decisão, motivar os 
participantes, dar feedback, estabelecer relações interpessoais, dirigir o grupo ou equipe 
com confiança (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Os líderes são aqueles que conduzem a equipe de forma assertiva em direção 
aos objetivos. Possuem como funções assegurar que as demandas da organização 
sejam satisfeitas à medida que o grupo alcança os objetivos, e assegurar que as 
necessidades do grupo sejam satisfeitas (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Weinberg e Gould (2008) apresentam três abordagens de estudo da liderança. A 
abordagem traço acredita que existem traços de liderança enquanto disposição da 
personalidade. Isso significa que algumas pessoas nasceriam com características que 
os tornaram líderes independentemente da situação. Essa teoria foi questionada e 
perdeu popularidade pela falta de consistência entre os traços de personalidade, ou seja, 
não foram encontrados traços comuns entre técnicos e atletas líderes, há uma grande 
variedade. 
A Abordagem comportamental afirmava que qualquer um poderia se tornar líder 
aprendendo comportamentos, ou seja, os líderes são feitos, não nascem prontos. Já a 
abordagem interacional defende que nenhum conjunto de características assegura uma 
liderança bem sucedida. Estilos e comportamentos de liderança efetivos ajustam-se às 
situações específicas. Estilos de liderança podem ser mudados (WEINBERG; GOULD, 
2008). 
Nesse sentido, existem alguns estilos de liderança: orientado ao relacionamento 
ou a tarefa. O líder orientado ao relacionamento - preza o desenvolvimento e 
manutenção de boas relações interpessoais, linhas abertas de comunicação. O líder 
orientado à tarefa se concentra em estabelecer metas e que o trabalho seja feito. A 
efetividade da liderança dependerá igualmente do estilo de interação do líder com a 
equipe e com a situação (WEINBERG; GOULD, 2008). 
A respeito da abordagem interacional, que é a mais aceita, existe o Modelo 
multidimensional de liderança no esporte de Chelladurai (1984). Conforme esse modelo 
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a efetividade do líder dependerá das características dos atletas e dos limites da situação. 
A satisfação e desempenho do atleta dependerá de três tipos de comportamento do líder: 
comportamentos requeridos, preferidos e reais. 
Isso significa que um resultado é mais positivo quando comportamento requerido 
preferido e real estão em conformidade. Se o líder se comporta de forma adequada à 
situação e se esse comportamento se ajusta às preferências dos membros da equipe, 
estes alcançaram seu melhor desempenho e satisfação (CHELLADURAI, 1984). 
O grupo consiste em um conjunto de pessoas que interagem entre si de maneira 
estruturada, sendo diferente de uma reunião de pessoas pelo fato de que nesse caso 
não há interação. Já a equipe é um tipo especial de grupo, e por isso, há 
interdependência e interação, e se diferencia por contemplar senso de identidade 
coletiva, papéis característicos e conhecidos por cada membro, formas de comunicação 
estruturada e normas que são seguidas pelos membros (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Segundo Weinberg e Gould (2008) um grupo se torna uma equipe efetiva 
conforme sua estrutura vai se desenvolvendo e conforme os membros vão assumindo 
papéis. Podem ser papéis formais, quando são específicos e estabelecidos pela 
organização. E informais, quando nascem a partir da interação entre os integrantes do 
grupo, por exemplo, o papel de defensor, o de mediador de conflitos, o de ajudar a manter 
o grupo unido, dentre outros. 
Além da existência de papéis em uma equipe deve haver clareza e aceitação de 
cada um deles assegurando sua efetividade. Quando os papéis são mal definidos ou os 
membros não possuem clareza, inclusive o desempenho é prejudicado (MENDO, 2003). 
Outra questão relacionada à estrutura da equipe é a norma. Weinberg e Gould 
(2008) destacam que uma forma de melhorar a adesão a normas é incentivar os líderes 
do grupo a darem o exemplo positivo. Além disso, é importante que sempre que possível 
haja participação de todos nas tomadas de decisões acerca das normas a serem 
adotadas. 
A norma se refere a um padrão de comportamento estabelecido formal ou 
informalmente. Consiste em padrões ou expectativas de conduta, prescrição de 
comportamento adequado em determinadas situações. São essenciais para o bom 
funcionamento da equipe (MENDO, 2003). 
 
 O clima da equipe também é importante e se desenvolve por meio da percepção 
dos membros acerca das relações entre o grupo. Dentre os fatores que influenciam o 
clima está o apoio social, que está ligado ao companheirismo, redução de incerteza e 
estresse, melhorias na comunicação, etc. (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Além do apoio social, a proximidade também influencia no clima da equipe. Já 
existe uma proximidade física entre todos por conta da frequência de encontros em 
treinos e competições,o que não gerará automaticamente senso de equipe. Entretanto, 
a interação frequente contribuirá para isso, à medida que todos viajam juntos, se 
encontram em vestiários, etc. (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 A diferenciação também é importante, à medida que os sentimentos de identidade 
se fortalecem; assim como a justiça, conforme a confiança é crucial para um com clima 
e ela se constrói quando os membros sentem que são julgados objetivamente e 
imparcialmente. A semelhança também exerce influência, considerando que o grupo 
estará mais unido quanto mais estiverem buscando objetivos em comum (WEINBERG; 
GOULD, 2008). 
Em relação ao desempenho, o técnico tem a função de aprimorar os recursos da 
equipe, por meio de treinamentos, instruções e também recrutamento de atletas com as 
habilidades necessárias. Isso ajudará a diminuir as perdas de processo. Dentre elas está 
a perda de motivação, ou seja, quando os atletas não dão o melhor de si, e a perda de 
sincronia, quando há falha no ajustamento da equipe (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Outro fenômeno importante quando se fala em equipes é a coesão. Refere-se à 
união do grupo em busca dos objetivos do mesmo ou para a satisfação dos membros. É 
um fenômeno multidimensional (ligada a diversos fatores), dinâmico (pode mudar com o 
tempo), instrumental (há um propósito para a criação do grupo), e afetivo (existe 
interação social e consequentemente afetividade) (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 De uma forma geral, existe a coesão de tarefa e a social. A primeira diz respeito 
ao trabalho realizado em equipe para o alcance de objetivos do grupo. Já a coesão social 
está ligada a quanto os membros gostam uns dos outros. Uma equipe pode ser bem 
sucedida mesmo que não haja boa coesão social, o que ocorre quando ela trabalha muito 
bem com foco na tarefa, ou seja, quando há um objetivo fortemente compartilhado 
apesar de uma frágil relação interpessoal (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
 Existem alguns fatores que influenciam a coesão em equipes. Os fatores 
ambientais, ou seja, as questões impostas pelo meio e que mantêm o grupo unido. Por 
exemplo, relações contratuais, bolsas de estudo, expectativas da família sobre o atleta, 
proximidade do local de treino, tamanho do grupo, etc. Os fatores pessoais são as 
características individuais de cada membro, sendo que a satisfação individual é o fator 
pessoal de mais destaque para a coesão da equipe (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Os fatores de liderança dizem respeito aos comportamentos e estilos de liderança 
predominantes no grupo, bem como a personalidade de técnicos e atletas. Segundo 
Weinberg e Gould (2008, p. 203) “as pesquisas indicam que o papel dos líderes é vital 
para a coesão da equipe”. Por fim, os fatores de equipe são compostos por questões 
como características da tarefa do grupo, normas de rendimento, desejo de sucesso da 
equipe, papéis, estabilidade e capacidade do grupo, experiências compartilhadas, etc. 
 A respeito da coesão e sua relação com o desempenho, segundo Weinberg e 
Gould (2008) de uma forma geral, pesquisas demonstram que ela está ligada à melhora 
no desempenho, especialmente pelo fato de que níveis mais altos de coesão produzem 
níveis mais altos de desempenho. Nesse sentido, intervenções com intuito de melhorar 
tanto a coesão de tarefa quanto a social auxiliarão na melhora de desempenho. 
 Os autores também ressaltam a complexidade da relação coesão - desempenho, 
e defendem que ela é circular, ou seja, um melhor desempenho une as equipes, gerando 
coesão, que melhora o desempenho, e assim por diante. Mas, o efeito do desempenho 
sobre a coesão é mais forte do que o contrário. 
Weinberg e Gould (2008) apresentam algumas estratégias para desenvolvimento 
de coesão na equipe. Explicar a importância dos papéis de cada membro, ressaltando a 
importância individual de cada um para o sucesso do todo. Os autores apontam que 
conforme os membros se percebem sem importância para a equipe, mais apática ela 
será. É importante, por exemplo, que o técnico explique cuidadosamente aos atletas 
reservas que eles também são importantes e quais as suas funções. 
 Também é importante incentivar o apoio nos subgrupos (posições de jogo, provas 
dentro do esporte, etc.); estabelecer metas desafiadoras para o grupo (mais voltadas 
para o desempenho – capacidades- do que para o resultado - vencer), o que contribuirá 
 
para manter o foco, e encorajar o grupo a ter orgulho quando elas são atingidas 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
Estimular a identidade do grupo por meio de uniformes, funções sociais, etc. Evitar 
a excessiva rotatividade de membros, o que dificulta a formação do vínculo entre eles. E 
realizar reuniões periódicas, nas quais seja possível conversar sobre aprender com os 
erros, expressar sentimentos positivos ou negativos (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 
 
 
7 COOPERAÇÃO E COMPETIÇÃO NO ESPORTE 
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 É comum ouvir falar que treinar para um esporte não apenas prepara a pessoa 
para as competições, mas também pode prepará-la para a vida. Por outro lado, também 
existe a ideia de que o esporte competitivo pode estimular ainda mais a competitividade 
contribuindo para formar pessoas egocêntricas. O fato é que de uma forma geral o 
esporte ou exercício envolve sempre competição e ao mesmo tempo cooperação 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
A competição, segundo Coakley (1994 apud WEINBERG; GOULD, 2008) é um 
processo social que ocorre quando são dadas recompensas às pessoas com base em 
seu desempenho comparado com o de outros indivíduos que estejam realizando a 
mesma tarefa ou participando do mesmo evento. Envolve ser melhor que os outros e 
ganhar recompensa por isso. 
Já a cooperação é um processo social por meio do qual o desempenho é avaliado 
e recompensado em termos da realização coletiva de um grupo de pessoas que 
trabalham juntas para alcançar determinado objetivo. Por isso, a recompensa também é 
partilhada, como, por exemplo, uma vitória (COAKLEY, 1994 apud WEINBERG; GOULD, 
2008). 
A competição ocorre por meio de um processo, é mais que um evento isolado. É 
permeada por quatro eventos. Primeiro deve existir uma situação competitiva objetiva. O 
evento seguinte é a situação competitiva subjetiva, ou seja, como a pessoa avalia e 
interpreta a situação objetiva de competição. Isso será influenciado pela experiência 
passada e por características pessoais (WEINBERG; GOULD, 2008). 
Depois vem a resposta, que é quando a pessoa avalia uma situação e decide 
enfrentá-la ou evitá-la. Por fim, as consequências, que correspondem a comparação 
entre a resposta do atleta e aquilo que se esperava dele. Geralmente são vistas como 
positivas quando há alcance do objetivo, e negativas quando aconteceu o contrário 
(WEINBERG; GOULD, 2008). 
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Weinberg e Gould (2008) chamam atenção para a importância de que as pessoas 
que convivem com os atletas, como, por exemplo, pais, treinadores, dirigentes, 
colaborem e contribuam para que as experiências esportivas sejam agradáveis, para 
além da vitória ou da derrota. 
 Nesse sentido, é importante destacar que a competição é um fenômeno social 
que é ensinado. Em sua essência não é boa nem ruim, portanto, depende de como é 
conduzida e de que forma chega para o indivíduo (WEINBERG; GOULD, 2008). 
 Por isso, o esporte competitivo pode ser vantajoso para ensinar os indivíduos a 
trabalharem conjuntamente em direção a um objetivo e nos benefícios desse processo. 
Isso envolve trabalhar para diminuir a

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