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27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 1/9 Investigação – Crimes do colarinho branco Aula 10 - Organizações Criminosas INTRODUÇÃO 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 2/9 Nesta aula, abordaremos o crime de organização criminosa, tratado pela Lei nº 12.850/2013, que têm por �nalidade combater as organizações criminosas. Estudaremos o conceito e as inovações na lei. Conheceremos as ferramentas disciplinadas na nova lei de combate às organizações criminosas, que tornou a investigação criminal muito mais e�ciente, tais como ação controlada, permissão de agentes policiais in�ltrados na organização criminosa e o acesso aos registros e dados cadastrais pelo Ministério Público e pelo Delegado de Polícia independentemente de autorização judicial. OBJETIVOS Analisar o novo conceito de organização criminosa contextualizada pela Lei nº 12.850/2013. Identi�car as novidades trazidas pela Lei nº 12.850, no que tange aos instrumentos mais e�cientes ao combater o crime organizado. Examinar a importância da possibilidade da delação premiada prevista na Lei nº 12.850.4. 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 3/9 INTRODUÇÃO As organizações criminosas existem há muito tempo e as mais conhecidas são a Cosa Nostra – má�a italiana que se associava para realizar práticas ilícitas como contrabando de mercadorias, extorsão, trá�co de drogas, lavagem de dinheiro, �nanciamento de campanhas eleitorais, entre outros; e a Yakusa, do Japão, dominando as práticas ilícitas de trá�co de drogas e de pessoas, a prostituição, a pornogra�a, e a extorsão. A Lei nº 12.850/13 (glossário) revogou a Lei nº 9.034/95, que dispunha sobre a utilização de meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, cujo conceito �cou de�nido: Lei 12.850/13 art. 1º §1º “Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional”. Do conceito, extrai-se que: Para configurar uma organização criminosa é necessário que haja uma divisão de tarefas entres os integrantes do grupo. Todos serão autores da conduta tipificada, independentemente do seu grau hierárquico na estrutura – todos os integrantes serão coautores. A lei pune todos aqueles que promovem, constituem, financiam ou integram organização criminosa. A Lei 12.850/2013 trouxe diversas ferramentas para auxiliar o combate às organizações criminosas e, entre as novidades, destaca-se o acesso do Ministério Público e do Delegado de Polícia a dados cadastrais contidos em bancos de dados em instituições públicas ou privadas, sem a necessidade de autorização judicial. A Lei disciplinou a in�ltração dos agentes e às ações controladas, como meio de investigação e de produção de provas. No Brasil, na década de 1930, ocorria o movimento denominado Cangaço, sob o comando de Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, que foi um dos primeiros relacionados às organizações criminosas. A partir de 1980, surgiu nos presídios do Estado do Rio de Janeiro o Comando Vermelho e, no Estado de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital. Diante do crescimento e avanço das organizações criminosas, foi promulgada a Lei nº 12.850, em 2013, com o intuito de combater os crimes cometidos por esses criminosos organizados e estruturados, visando uma atuação mais incisiva do Estado contra essas organizações. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 4/9 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA LEI Nº 12.850 X ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA CÓDIGO PENAL Prevista no artigo 288 do Código Penal, a associação criminosa, até então chamada de “formação de quadrilha ou bando”, foi rede�nida pelo art. 24 da Lei nº 12.850/2013 e passou a ser “associação criminosa”. O artigo reduziu o mínimo de participantes para três, ao retirar a expressão “mais de” do texto legal. Vejamos a nova redação do CP: CP art. 288. “Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o �m especi�co de cometer crimes.” Esta é a primeira diferença entre os dois tipos: 4 3 Enquanto na organização criminosa o mínimo de membros são quatro, de acordo com o art. 1º, §1º, Lei nº 12.850, na associação criminosa são de três, de acordo com o art. 288, do CP. Organização criminosa – Lei 12.850 Associação criminosa – CP quatro participantes três integrantes há necessariamente a estrutura hierárquica com divisão das tarefas. basta o vínculo associativo estável entre os seus membros. palavra “infrações” (infração penal é gênero e tem como espécies o crime e a contravenção penal). palavra “crimes”, inferindo-se, que se três ou mais indivíduos se reunirem para cometer contravenções penais, não estará configurado o crime de associação criminosa. Ressalta-se que a união dos agentes para �ns ilícitos tanto na associação criminosa quanto na organização criminosa, não pode ser ocasional ou transitória, característica típica do concurso de agentes, ou seja, a união tem de ser permanente. COMPARAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA COM O CONCURSO DE PESSOAS 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 5/9 Ao contrário do que se exige nos conceitos dos crimes de organização e de associação criminosa, o concurso de pessoas se caracteriza pelo simples ajuste de vontades, independentemente de haver uma estruturação hierárquica ou de estar presente qualquer estabilidade e permanência, podendo ser, portanto, eventual e temporário. CP art. 29 “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.” AÇÃO CONTROLADA Considerando que as atividades das organizações criminosas alcançam um grau de so�sticação cada vez mais expressivo, seja do ponto de vista logístico, pessoal ou tecnológico, as medidas de investigação antes empregadas tornaram-se ine�cientes ao combate a esses criminosos e, por isso, surgiu a necessidade de permitir ações do Estado capazes de garantir o sucesso nas operações policiais e, dentre elas, destaca-se a �gura da “ação controlada”. A investigação de uma organização criminosa é algo bem complexo, devendo o agente responsável se precaver para não perder o “�o da meada” e ter a possibilidade de juntar todas as peças do quebra-cabeça, formando a “teia da organização”. A característica principal da ação controlada é o retardamento da intervenção policial, apesar de o fato criminoso já se encontrar em uma situação de �agrância, permitindo a efetivação do chamado “�agrante prorrogado ou diferido” De acordo com os artigos 8º e 9º da Lei nº 12.850, durante uma investigação de uma organização criminosa, pode-se adiar o momento da intervenção policial, para continuar monitorando e angariando provas referentes ao ilícito de determinado integrante inferior na escala hierárquica e, assim, ser realizada a identi�cação de outros componentes da organização criminosa, bem como do que possui a função de comandar todo o sistema. Entretanto, conforme o art. 301 do Código de Processo Penal (CPP), a autoridade policial e seus agentes, diante de �agrante de crime, têm o dever de agir, ou seja, prender quem quer que seja encontrado em �agrante delito, porém, sob o ponto de vista da efetividade das investigações, pode não ser o momento mais oportunoou mais conveniente para a investigação. Requisitos para a efetivação da ação controlada: a) A ciência de informações que indiquem a ocorrência de outras atividades ilícitas envolvidas com a prática investigada e que justi�quem o retardo na intervenção. b) A comunicação prévia ao Juízo competente da necessidade da postergação da atuação policial, bem como a comunicação da medida ao membro do Ministério Público. INFILTRAÇÃO DE AGENTES A in�ltração de agentes na organização criminosa é permitida com o intuito de obter informações a respeito de seus integrantes, suas estruturas e atividades desenvolvidas para as investigações em curso. A in�ltração é cabível quando houver su�cientes indícios da prática de atividades desenvolvidas por organização criminosa e não houver outros meios para obtenção das provas necessárias para a propositura da ação penal. 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 6/9 ACESSO AOS REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES A Lei nº 12.850/13 fortaleceu as Polícias e o Ministério Público nas investigações de atividades de organização criminosa, pois tanto o Delegado de Polícia quanto o Ministério Público terão acesso aos dados cadastrais dos investigados relativos à sua quali�cação pessoal, �liação e endereços, disponíveis na Justiça Eleitoral, bem como de empresas telefônicas, instituições �nanceiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito, independentemente de autorização judicial. As empresas mencionadas na Lei são obrigadas a prestar informações, ou seja, têm o dever legal, constituindo ilícito penal o desatendimento da requisição de informações. Da mesma forma, e visando ampliar o alcance das ferramentas investigativas, as empresas de transporte serão obrigadas a guardar os dados sobre reservas e registros de viagens. As empresas de telefonia �xa e celular serão obrigadas a manter em arquivos os registros de chamadas efetuadas e recebidas. COLABORAÇÃO PREMIADA CP Art. 159 “Sequestrar pessoa com o �m de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: [...] §4º – Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços”. Para que haja êxito em uma investigação relacionada a organizações criminosas, muitas vezes é necessário que haja alguém de dentro da quadrilha para auxiliar o trabalho policial. Surge a �gura do agente in�ltrado, em que um policial, mediante uma autorização judicial, se aproxima da organização criminosa de forma dissimulada, para que consiga informações privilegiadas sobre o funcionamento, a identi�cação dos integrantes, e as funções desempenhadas por eles na organização. Para isto, o agente in�ltrado deve ocultar sua real identi�cação, fazendo-se passar por um integrante da quadrilha para assim obter con�ança dos demais. A atuação do agente in�ltrado deverá ser pautada pela proporcionalidade, guardando sempre relação com a �nalidade da investigação, respondendo o agente por qualquer excesso ou desvio de �nalidade que venha a praticar. Importante ressaltar que tal medida é em último caso, após realizadas todas as outras formas de investigação. Trata-se de uma forma de investigação subsidiária da interceptação telefônica, devido ao enorme risco que os agentes in�ltrados correm. O prazo máximo de in�ltração é de seis meses, e pode ser renovado mediante a comprovação da real necessidade até que se conclua por de�nitivo a investigação. Tal medida deve tramitar em segredo de justiça, visando a integridade física do agente, bem como do pedido, evitando que possíveis vazamentos ocorram, que prejudiquem a investigação ou a vida do agente. 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 7/9 Em organizações criminosas bem estruturadas em razão da divisão de tarefas, a identi�cação de seus comandantes pode ser muito difícil. Justi�ca-se, assim, a concessão de algum benefício aos delatores, sob pena da ação penal ou investigação ser completamente frustrada. Deve-se observar a veracidade das informações impostas pelo delator e preservar sua imagem como forma de proteção dos demais envolvidos. Sem a prestação de informações por um ou mais membros da organização, seria raro conseguir identi�car e descrever como a prática criminosa funciona, impedindo que ela possa ser reprimida por meio da prestação jurisdicional efetiva. A Lei nº 12.850 permite que o Ministério Público ou delegado responsável pelas investigações faça acordo com membros da organização para que sejam revelados detalhes das ações criminosas. A colaboração premiada é regulada pelo artigo 4º da Lei nº 12.850, que prevê, em seu caput, os tipos de benefícios que podem ser concedidos e determina que a colaboração tem que ser efetiva, produzindo resultados de forma e�ciente e voluntária, não podendo decorrer, por isso, de coação moral ou física. O referido dispositivo exige que pelo menos um de cinco resultados seja alcançado por meio da colaboração realizada pelo indiciado ou acusado. Para que o delator possa receber o benefício, as informações por ele prestadas devem possibilitar que as autoridades públicas consigam: • Identi�car os demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; • Revelar a estrutura hierárquica e divisão de tarefas; • Prevenir infrações penais decorrentes das atividades da organização; • Recuperar total ou parcialmente o produto ou proveito dos crimes cometidos; • Localizar eventual vítima com sua integridade física preservada. O delator deve ter a garantia de que se alcançado o resultado previsto em lei, terá sua pena diminuída, ou substituída a pena privativa de liberdade por uma pena privativa de direito, ou até mesmo pelo perdão judicial, como forma de compensação. EXERCÍCIOS Questão 1: SC (TJSC/SC) 2015 - A Lei nº 12.850/13 de�ne organização criminosa e dispõe sobre a respectiva investigação criminal e os meios de obtenção de prova. Em situação de�nida pela lei como colaboração premiada, dentre todas as medidas previstas na lei, quanto ao líder da organização NÃO caberá a: a) Concessão do perdão judicial. b) Exclusão do rol de denunciados. c) Redução da pena privativa de liberdade em até dois terços. d) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. e) Progressão de regime sem o preenchimento dos requisitos objetivos. Justi�cativa 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 8/9 Questão 2: (DPE/RS) 2017 - Em relação à colaboração premiada, prevista na Lei nº 12.850/2013, é correto a�rmar: a) Para a concessão do benefício da colaboração, consistente na redução da pena em até 2/3, o juiz levará em conta a e�cácia da colaboração e não a personalidade do colaborador. b) O Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia contra o colaborador líder da organização criminosa. c) O processo relativo ao colaborador poderá ser suspenso por até 6 meses, improrrogáveis, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se também o respectivo prazo prescricional. d) Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. e) O juiz participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração e poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais. Justi�cativa Questão 3: 30 TJRJ (2016) - No que diz respeito aos crimes previstos na Lei que de�ne Organização Criminosa (Lei nº 12.850/13), é correto a�rmar que: a) Os funcionários de empresas telefônicas e provedores de internet que descumpriremrequisição do delegado de polícia, expedida durante o curso de investigação criminal e independentemente de autorização judicial, por meio da qual são solicitados dados cadastrais do investigado relativos exclusivamente à sua quali�cação pessoal, �liações, endereço, cometerão crime de recusa de dados, previsto na lei no 12.850/13. b) A condenação com trânsito em julgado de funcionário público por integrar organização criminosa acarretará sua perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao trânsito em julgado da condenação. c) Não poderá ser concedido perdão judicial ao colaborador cuja colaboração resultar na recuperação parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa mas sem que ele tenha revelado a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa. d) O concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal, é circunstância quali�cadora do crime de promover, constituir, �nanciar ou integrar organização criminosa. e) Aquele que impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa terá, além da pena relativa ao crime de promover organização criminosa, uma causa de aumento de pena. Justi�cativa 27/07/2021 Disciplina Portal estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C87E007D5F6153FF91C553DDA5ED2521A2618A0734D69FBBC… 9/9 Glossário
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