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ANTIPSICÓTICOS ESQUIZOFRENIA • A esquizofrenia está associada a um defeito na atenção seletiva; CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS SINTOMAS POSITIVOS • Delírios, alucinações, alteração do pensamento e comportamentos anormais – pode apresentar ca- tatonia (indivíduo imóvel ou com movimento sem sentido); • Diz-se positivo pois é de estimulação, liberação ex- cessiva de dopamina; • Esses sintomas predominam em jovens; SINTOMAS NEGATIVOS • Retraimento dos contatos sociais, nivelamento das respostas emocionais, anedonia (incapacidade de sentir prazer), depressão, déficit de função cogni- tiva e sintomas de ansiedade; • Ausência da ação de glutamato e excesso de dopa- mina; EVOLUÇÃO • Pode ser recidivante e remitente (que diminui in- tensidade) ou pode ser crônica e progressiva; ETIOLOGIA • Combinação de fatores genéticos e ambientais; • Se o indivíduo tem parente de primeiro grau com esquizofrenia, a chance de ele ter é de 10%; • Associada a um distúrbio do neuro desenvolvi- mento que acomete o córtex cerebral, o qual acontece nos primeiros meses do desenvolvi- mento pré-natal. BASES NEUROANATÔMICAS • Envolve a via mesolímbica (sintomas positivos) e a via mesocortical (sintomas negativos e cognitivos); • Além dessas bases neuroanatômicas, também tem as teorias neuroquímicas, que envolvem os dois neurotransmissores: dopamina e glutamato; o Excesso da ação de dopamina: ▪ Administração de anfetamina promove liberação de dopa- mina, gerando sintomas com- portamentais semelhantes ao episódio agudo de esquizofrenia (sintomas positivos); ▪ Antagonistas da dopamina e fár- macos que bloqueiam o armaze- namento de dopamina em vesí- culas (como a reserpina) conse- guem aliviar os sintomas positi- vos da doença; ▪ Antipsicóticos atuam como an- tagonistas da dopamina, alivi- ando os sintomas positivos; o Deficiência na ação do glutamato: ▪ Ao utilizar antagonistas dos re- ceptores NMDA (principal re- ceptor ionotrópico para o gluta- mato), a ação do glutamato é impedida; ▪ Ex.: Fenciclidina, Cetamina, Di- zocilpina; ▪ Na esquizofrenia, tem queda na ação do glutamato, associada ao hipofuncionamento do receptor NMDA, levando à diminuição na atividade dos neurônios dopa- minérgicos mesocorticais, o que acarretou nos sintomas negati- vos (no neurônio dopaminér- gico, tem menos ação do recep- tor NMDA – glutamato não se liga o que leva diminuição da en- trada de cálcio e diminuição da liberação de dopamina); ▪ Além disso, o hipofunciona- mento do receptor NMDA tam- bém diminui atividade de neurô- nios gabaérgicos, o que faz com que, na via mesolímbica tenha aumento da atividade dopami- nérgica (sendo responsáveis pe- los sintomas positivos) – na via mesocortical, a regulação é di- reto no neurônio dopaminér- gico, e, como o glutamato não vai atuar no receptor, diminui li- beração da dopamina; já na via mesolímbica, há o receptor NMDA em neurônio gabaérgico, onde tem menos glutamato atu- ando, diminuindo a liberação de GABA (se fosse liberada atuaria em canal de cloro no neurônio dopaminérgico, para diminuir a liberação de dopamina). CLASSIFICAÇÃO DOS FÁRMACOS • De primeira geração, típicos ou convencionais: clor- promazina, haloperidol, flufenazina, flupentixol, clopentixol; o Controle melhor dos sintomas positivos; • Atípicos (geram menos efeito colateral motor, por atuarem menos na via nigro-estriatal): clozapina, risperidona, sertindol, quetiapina, amissulprida, aripiprazol, zotepina, ziprazidona. o Controle dos sintomas positivos e negati- vos; • Os medicamentos, além de atuarem nos alvos (re- ceptores), acabam bloqueando a ação de outros neurotransmissores (histamina, ACh, 5-HT e nora- drenalina) – embora bloqueiem esses receptores, é o antagonismo do receptor de dopamina que é res- ponsável pelo efeito antipsicótico, porém, ao blo- quear esses outros receptores, gera efeito positivo para o controle da doença e também efeito colate- ral. Ao bloquear receptor muscarínico da ACh ou atuar como antagonista de 5-HT-2A, previnem efeito colateral motor; MECANISMO DE AÇÃO • Receptores de dopamina; • A classe I envolve os subtipos D1 e D5 e a classe II envolve os subtipos D2, D3 e D4; • Os antipsicóticos pra serem eficazes precisam blo- quear em torno de 80% os receptores D2; • A primeira geração (típicos) bloqueia receptor D2 e D1, mostrando certa preferência por D2; os atípicos têm alta afinidade por D2. o Dentro dos atípicos, tem algumas exce- ções, como a clozapina, que continua sendo não seletiva entre D1 e D2 e tam- bém bloqueia receptor D4 (auxiliando a reduzir efeito colateral motor); • Antagonistas de receptor D2 que se dissociam rapi- damente (se ligam ao receptor e logo se desligam) e agonistas parciais de D2 geram menos efeitos co- laterais motor, porque se eles se dissociam rapida- mente ou são agonistas parciais, eles possibilitam um pouco de ação de dopamina; o Aripiprazol: único agonista parcial; o Clozapina, olanzapina e sertindol: antago- nistas que se dissociam rápido; ▪ Diminuem hiperatividade na via mesolímbica (controlar sintomas positivos) e controlam estimula- ção suficiente na via mesocorti- cal (controlar sintomas negativos e cognitivos) e na via nigrostriatal (reduzir efeito colateral motor). • Os sintomas negativos na região mesocortical estão associados a uma diminuição de dopamina – não é tão grave por ter mais receptores D1 do que D2; • Fármacos que atuam como antagonistas de recep- tor 5HT2A são vantajosos, por aliviar deficiências negativas, cognitivas e efeito colateral motor. RECEPTORES DE SEROTONINA • 5HT2A: receptor acoplado às proteínas Gi e Go – inibição neuronal; o Na via nigrostriatal, 5HT2A controlam a li- beração de dopamina – antipsicóticos que atuam como antagonistas desse receptor na via nigroestriatal, causam diminuição na liberação de serotonina e aumento na liberação de dopamina – diminuindo efeito colateral motor; ▪ Ex.: Olanzapina e Risperidona; o Na via mesolímbica, o antagonismo de 5HT2A diminui a liberação de serotonina e aumenta dopamina, o que é ruim nessa via – porém, como os antipsicóticos tam- bém atuam de forma potente antagoni- zando receptor D2 na via mesolímbica, isso é suficiente para impedir ação da do- pamina, diminuindo os efeitos positivos (o efeito combinado em D2 e 5HT2A neutra- liza o aumento da função da dopamina). o No circuito mesocortical, o antagonismo de 5HT2A (diminuição da liberação de se- rotonina) estimula liberação de dopamina e de glutamato, aliviando os sintomas ne- gativos da doença – se for antagonista dos dois (D2 e 5HT2A), é mais potente. • Receptor 5HT1A (auto receptor): fármaco deve atuar como agonista ou agonista parcial desse re- ceptor, diminuindo liberação de serotonina e favo- rece liberação de dopamina; o Ex.: Quetiapina (agonista parcial) – atu- ando na via nigrostriatal inibe efeito cola- teral motor. BLOQUEADORES DE RECEPTORES MUSCARÍNICOS • Exemplos: periciazina (alguns fármacos antipsicóti- cos fenotiazínicos) e olanzapina (antipsicóticos ati- vos) – ambos são antagonistas muscarínicos e dimi- nuem efeito colateral motor, porque o antago- nismo de receptor D2 na via nigroestriatal estimula liberação de acetilcolina – que vai atuar em recep- tor muscarínico, gerando efeito colateral motor; o Por atuar como antagonista de D2 e ser antagonista muscarínico impede que a acetilcolina atue no receptor muscarínico, diminuindo efeito colateral motor; EFEITOS COMPORTAMENTAIS DOS ANTIPSICÓTICOS • Estado de apatia, redução da iniciativa, poucas emoções, demora em responder a estímulos exter- nos, sono, tendência agressiva é inibida; • Efeitos diferem dos ansiolíticos e hipnóticos porque os ansiolíticos e hipnóticos geram sonolência e con- fusão com euforia e o antipsicótico gera sonolência e confusão, mas com apatia; • Tem efeito antiemético que previne náuseas e vô- mitos, decorrente do bloqueio de receptor de sero- tonina, de dopamina,acetilcolina e histamina no tronco cerebral – na zona quimioceptora; EFEITOS ADVERSOS – DISTÚRBIOS MOTORES: • Envolvem distonias agudas e as discinesias tardias e ambos são efeitos colaterais extrapiramidais as- sociados ao bloqueio de receptor D2 na via nigros- triatal – são mais intensos para os fármacos de pri- meira geração ou típicos (desvantagem); o A distonia aguda consiste em movimentos involuntários, agitação, espasmos muscu- lares, protrusão da língua, ficar com o olhar fixo pra cima e também torcicolo, além disso, aparecem sintomas da doença de Parkinson; o As distonias agudas geralmente aparecem nas primeiras semanas de quem faz uso desses antipsicóticos. • Se o indivíduo suspender o uso, é reversível. Se con- tinuar com o uso, esses movimentos tendem a ser reduzidos, ocorrendo certa tolerância. Em função dos antipsicóticos gerarem esse efeito, é vantajoso bloquearem os receptores muscarínicos e serotoni- nérgicos para conseguir reduzir essas distonias agu- das (causa bloqueio de receptores muscarínicos e de 5HT2A e 5HT1S: diminui efeitos motores dos an- tagonistas de dopamina); • A discinesia tardia não aparece no início do uso do fármaco, vai aparecer meses ou anos após a utiliza- ção. Ela acomete principalmente os indivíduos que fazem uso dos de primeira geração. • De um modo geral 20-40% dos indivíduos que fa- zem uso dos de 1ª geração, vão desenvolver depois de anos a discinesia tardia (movimento involuntá- rio). A diferença é que a distonia aguda é reversível e a discinesia tardia é irreversível (depois que o in- divíduo apresenta essa doença, mesmo que pare com o medicamento ele não consegue reverter o processo); o Discinesia é caracterizada por movimen- tos involuntários (de face, língua, troncos e extremidades); • A distonia ocorre no início do uso e a discinesia só depois de anos, geralmente também aparece em indivíduos que também tiveram esquizofrenia com mais de 50 anos; • Quanto aos efeitos endócrinos a dopamina, atu- ando em D2 na adeno-hipófise, inibe a liberação da prolactina e estimula a liberação de GH. O antipsi- cótico por bloquear D2 aumenta liberação de pro- lactina e causa diminuição na secreção de GH. Quanto à liberação de prolactina isso gera cresci- mento de mamas, pode gerar dor, lactação e edema. • Outros efeitos adversos vão estar relacionados aos mecanismos dos demais receptores: o Bloqueio de receptor muscarínico: efeito colateral periférico (constipação, reten- ção urinária, diminuição de secreções, boca seca, visão embaçada, pode em longo prazo causar aumento de pressão intraocular – aumentando a chance de glaucoma, também pode favorecer taqui- cardia por impedir ação da acetilcolina no músculo cardíaco), mas tem grande vanta- gem por inibir efeito colateral motor. Também como efeito colateral gera blo- queio de receptor α1 adrenérgico, por isso favorece vasodilatação, podendo gerar hi- potensão ortostática (quando o indivíduo está deitado ou sentado e se levanta e pode quase desmaiar, por impedir o pro- cesso de vasoconstrição, que iria aumen- tar o débito cardíaco que iria oxigenar o cérebro em um processo normal, mas por gerar vasodilatação pode causar essa hi- potensão ortostática – ou postural); o Bloqueio de receptor de serotonina:dimi- nui efeito colateral motor, porém está as- sociado ao ganho de peso – aumenta ape- tite por impedir ação da serotonina em re- ceptores que controlam o estado de saci- edade; o Bloqueio de receptor de histamina (H1): sedação e também gera o efeito antiemé- tico. Pode causar icterícia leve (clorproma- zina) que é vista através de exame hepático – ela causa aumento da atividade da fosfatase alcalina, que também é uma enzima hepática. Outro efeito colateral que pode acontecer é leucopenia e agra- nulocitose (é raro), mas geralmente acon- tece no início do tratamento (clozapina – um fármaco bastante eficaz que não gera leucopenia e agranulocitose é a olanza- pina – atípico). Também podem causar le- sões urticarianas na pele e de forma mais grave pode causar rigidez muscular, au- mento da temperatura e confusão mental (relacionado a dose). – reversível, mas se não for revertido, pode levar a insuficiên- cia renal ou cardíaca e até a morte. EFEITOS FARMACOCINÉTICOS • A relação entre a concentração plasmática e o efeito clínico é variado, de forma que não existe uma dose certa para todos os indivíduos – existe sempre ajuste de dosagem para quem faz uso de antipsicóticos; o A escolha acontece com base na “tenta- tiva e erro” - inicia-se com uma dose pe- quena e vai observando os efeitos tera- pêuticos e colaterais gerados; • Meia-vida: em torno de 15-30hrs. • Sofrem metabolismo hepático. • Vias de administração principais: via oral e também pode ser utilizado por via intramuscular (liberação lenta); USO CLÍNICO • Amplamente usados no tratamento da esquizofre- nia, mas existem várias outras condições que tam- bém se faz uso de antipsicóticos hoje em dia: emer- gências comportamentais agudas, depressão psicó- tica, depressão bipolar, depressão unipolar associ- ado a um antidepressivo clássico, mania, compor- tamento antissocial desviante, tiques motores, so- luço intratável e autistas. SULPIRIDA • Além da ação antipsicótica, também tem ação anti- depressiva específica (em doses mais baixas do que para o efeito antipsicótico) – esse efeito antide- pressivo está associado aos altos níveis na ação da dopamina – (estimula liberação de dopamina); FENOTIAZINAS E FÁRMACOS RELACIONADOS • Antieméticos (usado para esse efeito só se for ex- tremamente necessário, pois tem mais efeito cola- teral); • Exemplo: domperidona; INCONVENIENTES • São eficazes em 70% dos esquizofrênicos; • Para os que são resistentes, usa-se clozapina, que é atípico;
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