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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
 FAVENI
SANDRA APARECIDA RODRIGUES
O USO DA MÚSICA COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA A PEDAGOGIA
Pires do Rio / Goiás 
2021
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO
 FAVENI
O USO DA MÚSICA COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA A PEDAGOGIA
Artigo científico apresentado a FAVENI como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Pedagogia. 
SANDRA APARECIDA RODRIGUES
Pires do Rio / Goiás
2021
O USO DA MÚSICA COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA A PEDAGOGIA
Alunos[footnoteRef:1] [1: ] 
RESUMO
A música é uma arte presente na história da humanidade e que pode trazer vários benefícios ao ser humano, atingindo, também, sua aprendizagem escolar, já que tem ligação direta com seu cotidiano, onde o indivíduo desde a mais tenra idade já tem contato com esse recurso. A música trabalha com o lúdico e a aprendizagem do ser humano, auxiliando-o a desenvolver sua imaginação, socialização e interação do indivíduo com o meio em que vive, fazendo ainda com que tenha contato com sua cultura. A partir dessa observação surgiu o interesse em compreender melhor de que forma a música pode auxiliar a pedagogia no desenvolvimento de suas atividades em sala de aula. O objetivo da pesquisa é discutir o uso da música como recurso metodológico para a Pedagogia. Para a elaboração da pesquisa foram utilizadas discussões bibliográficas que respaldaram-se em autores como Andrade (2012), Souza (2009), Carneiro (2019), dentre outros autores que discutem o uso da música em sala de aula e seus benefícios para as crianças. Como resultados da pesquisa pode-se citar que a Pedagogia pode utilizar a música em diferentes momentos, levando as crianças a terem contato com o lúdico, desenvolver sua imaginação, criatividade, trabalhar com o movimento e ainda ter contato com a cultura do meio do qual faz parte. 
Palavras-chave: Música; Aprendizagem; Lúdico; Educação; Pedagogia.
INTRODUÇÃO
A música é um elemento presente na própria história do homem, em diferentes momentos e espaços, sendo, por isto, um recurso muito rico e diversificado. É comum que na educação infantil os professores utilizem esse recurso para desenvolver diferentes tipos de atividades junto aos alunos, mas, há, também, aqueles que não têm maiores conhecimentos sobre sua eficácia em sala de aula (CARNEIRO, 2019).
A música pode levar a criança a ter maior acesso ao lúdico, auxiliá-la a desenvolver sua imaginação, criatividade, socialização e interação com os colegas, e ainda é um recurso metodológico que auxilia os professores a gerarem maior interesse pelas atividades desenvolvidas, sendo um recurso envolvente e que estimula a maior participação das crianças nas atividades desenvolvidas e na produção do conhecimento. Há de se citar ainda a necessidade de variação metodológica em sala de aula, o que é interessante diante do fato de que nem todo aluno aprende da mesma forma. 
Segundo Andrade (2012, p.07) “a música é uma linguagem que comunica e expressa sensações, sentidos e está presente nas mais diversas situações. Desde bem pequenos a música já faz parte de nossas vidas”, sendo, por também vista como um poderoso recurso educativo que deve estar presente na pré-escola e também em outras fases do ensino.
A pesquisa justifica-se, diante do fato de que a música pode trazer inúmeras contribuições para o trabalho desenvolvido pelo pedagogo, fazendo parte do cotidiano dos alunos fora da sala de aula e podendo assim também ser inserido como recurso metodológico dentro dela, auxiliando na conquista de bons resultados na melhoria de sua aprendizagem e solucionando algumas dificuldades de aprendizagem encontradas pelos alunos. Os professores que utilizam esse recurso tem encontrado uma forma diferenciada de aproximar os alunos na aprendizagem e por isso surgiu o interesse em compreender melhor como é feito esse trabalho e como o mesmo pode ser ampliado para buscar soluções a diversas dificuldades de aprendizagem encontradas pelos alunos. 
O objetivo da pesquisa é discutir o uso da música como recurso para o pedagogo desenvolver suas atividades em sala de aula. Sendo assim, pretende fazer uma contextualização da música dentro da educação, apresentar discussões em torno dos benefícios que essa arte pode proporcionar ao ser humano, em especial as crianças e evidenciar como o professor pode inserir esse recurso no cotidiano da escola. 
O desenvolvimento da pesquisa foi feito através de pesquisa bibliográfica, que segundo Segundo Lakatos:
A pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado à resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica. (1996, p.44).
Sendo assim foi possível entrar em contato com aquilo que já foi escrito sobre essa temática, possibilitando ampliar e desenvolver novos conhecimentos sobre a música como recurso metodológico, auxiliando o pedagogo a alcançar os objetivos definidos para a educação.
A Música na Educação 
A música é considerada como um tipo de linguagem utilizada pelo homem para se comunicar e expressar sensações, sentidos, informações, sentimentos (ANDRADE, 2012), além disto, é um recurso presente na história da humanidade, tendo diferentes finalidades e sentidos, o que a fez ser, segundo Brito (2003) considerada como veículo de comunicação. Essa mesma música, porém, assumiu diferentes funções de acordo com o contexto histórico e o lugar na qual era desenvolvida, e sendo assim, o autor considera que:
As épocas remotas que demarcam a presença do que viria a ser música apontam para uma consciência mágica, mítica, responsável pela transformação de sons em música e seres humanos em seres musicais, produtores de significados sonoros. Os tantos mitos e lendas relacionando vida, mundo, sons e silêncios, conferindo poder e magia aos sons e, consequentemente, aos instrumentos musicais, expressam essa condição. (p.25).
Diante de tal contexto, várias são as teorias que tentam explicar o surgimento da música e como ela se fez presente na cultura de diferentes povos, o que a fez ganhar muitas definições, hora tratada como arte, ciência, conjunto de sons, meio de comunicação, dentre outros. Atualmente, a música é vista como um elemento bem mais amplo, já que é uma linguagem com signos e organizada, sendo inserida de forma intencional no espaço e no tempo, não sendo apenas uma melodia, ritmo ou harmonia, mas possuindo diversas possibilidades de organização em seu material sonoro. 
Para Brito (2003) ao integrar-se no mundo, o homem passa a vivenciar diferentes tipos de gestos e movimentos através das vibrações sonoras, e isso acontece a todo momento, seja quando ele ouve o barulho do mar, o ruído de uma máquina, o cantar dos pássaros ou um simples despertador. Assim sendo, o autor pondera que:
Som é tudo o que soa! Tudo o que o ouvido percebe sob a forma de movimentos vibratórios. Os sons que nos cercam são expressões da vida, da energia, do universo em movimento e indicam situações, ambientes, paisagens sonoras: a natureza, os animais, os seres humanos e suas máquinas traduzem, também sonoramente, seu presente, seu “ser e estar”, integrado ao todo orgânico e vivo deste planeta. (p.17).
O ato de ouvir é diferente do ato de escutar, já que quem ouve nem sempre está atento aquilo que está ouvindo, mas o que escuta, presta atenção no som que está sendo emitido, por isto considera-se o ato de escutar como sendo mais complexo, pois vai além da captação de sons. De acordo com Coll e Teberosky (2004):
Escutar é ser capaz de ir além do simples ouvir e captar o sentido dos sons. Essa forma de audição é a que o especialista usa para distinguir e estudar os sons ou a música. Como o afinador quecompara a altura do som que as diferentes cordas do piano produzem, o mecânico que procura as causas de um ruído estranho no motor de um carro ou o ouvinte que sabe quando se repete um tema ao escutar uma sinfonia. Quanto maior o conhecimento de sons e de música, maior será nossa compreensão. (p.91).
A compreensão dos processos de ouvir e escutar exige compreensão de como os sons são produzidos e de acordo com Coll e Teberosky (2004) esses sons são produzidos através de vibrações que ocorrem quando se agita um objeto, toca-se um instrumento e essa vibração é deslocada no ar em forma de ondas sonoras e estas são captadas pelos ouvidos das pessoas. Há de se considerar que cada tipo de objeto produz um tipo de vibração sonora, o que faz com que existam sons diferentes. O som que origina as músicas são compostos por diferentes tipos de elementos, entre eles o volume, timbre, dentre outros. 
Coll e Teberosky (2004) faz considerações em torno dos elementos que constituem a música, citando, por exemplo, a altura, esta que é considerada como “a propriedade do som por meio da qual podemos distinguir se ele é agudo ou grave” (COLL e TEBEROSKY, 2004, p.95), assim, quanto maior é a frequência da onda sonora, mas agudo é o som produzido e assim também determina-se as vibrações que são responsáveis pelas notas musicais “dó”, “ré”, “mi”, “fá”, “sol”, “lá” e “si”. Segundo Weigel (1988, p.46) “ao fazer experiências com a altura dos sons, torna-se mais fácil para a criança eliminar os defeitos e desajustes que possam existir em sua capitação sonora”. 
Outra propriedade do som é a “intensidade”, esta que de acordo com Coll e Teberosky (2004, p.96) “é a força do som, isto é, a intensidade é a propriedade do som que o caracteriza como muito fraco, médio, forte ou muito forte”, é tratado pelas pessoas como volume. A característica da “duração” envolve o tempo em que o som permanece no ouvido de uma pessoa, e esse tempo depende da vibração do objeto que produz o som, já que alguns têm uma ressonância curta, outros soam por períodos breves e outros com maior duração. É interessante que na educação infantil sejam utilizados objetos que produzam intensidades diferentes, de forma que as crianças tenham condições de trabalhar com suas cordas vocais e intensifique sua acuidade auditiva.(WEIGEL, 1988).
Coll e Teberosky (2004, p.98) citam outra característica do som que é o “timbre” este que envolve “a propriedade do som que permite distinguir a fonte sonora que o produz”. Cada voz tem seu próprio timbre, e por isto é possível distinguir a voz de uma pessoa e diferenciá-la de outra. Sobre tal característica do som, Weigel (1988m, p.29) cita que “ao experimentar ou reconhecer diferentes timbres, a criança estará contribuindo para consolidar o desenvolvimento de sua laringe e audição” e por isto é interessante colocar a criança diante da maior variedade possível de sons. 
Segundo Brito (2003) ainda são características do som o “ruído” que é um tipo de som que não tem altura definida e a “mescla” refere-se ao fato de que o som possui elementos sonoros com altura determinada e frações de ruidosidade, produzindo um tom “sujo”. Atualmente pode-se citar que as tecnologias interferiram até mesmo na produção de sons, já que elas agem sobre o fazer musical, principalmente ao introduzirem elementos eletrônicos, sintetizadores, computadores, entre outros elementos nas composições. 
Todas as características e propriedades do som, são, de acordo com Coll e Teberosky (2004) presentes na música, como é o caso da melodia, dinâmica, timbre e o ritmo. Nesse contexto, o ritmo refere-se aos sons de diferentes valores e duração, a melodia são os diferentes sons, alturas e valores que são obtidos com cada sílaba. A dinâmica se refere a forma que uma melodia é cantada, de forma mais forte ou mais fraca, de maneira alternada e o timbre é também conhecido como cor do som, variando de um som e de uma voz para outra. A música possui assim, diferentes tipos de elementos, o que dá a possibilidade da existência de diferentes ritos e gêneros musicais.
Coll e Teberosky (2004) citam que a música está presente em diferentes ambientes e situações sociais, sendo cantadas, obtidas através de instrumentos musicais ou de aparelhos eletrônicos, vista, por exemplo na televisão, cinema, locais públicos, shows, na casa das pessoas, entre outras possibilidades. Entre suas várias funções a música produz prazer físico e emocional, que segundo os autores “é a reação mais natural diante da música e, talvez, a mais poderosa” (COLL e TEBEROSKY, 2004, p.100). 
De acordo com Gainza (1988) a música tem grande importância no processo de educação infantil, pois trabalha com sua personalidade, a auxilia a desenvolver hábitos, atitudes e comportamentos, expressar melhor suas emoções e sentimentos. Assim, o autor afirma:
Em todo processo educativo confunde-se dois aspectos necessários e complementares: por um lado à noção de desenvolvimento e crescimento (o conceito atual de educação está intimamente ligado à ideia de desenvolvimento); por outro, a noção de alegria, de prazer, num sentido amplo [...]. Educar-se na música é crescer plenamente e com alegria. Desenvolver sem dar alegria não é suficiente. Dar alegria sem desenvolver tampouco é educar. 
A música torna-se uma necessidade no processo educativo da criança e se este é conduzido por profissionais competentes, as atividades que a envolvem serão muito mais estimulantes, possibilitando um desenvolvimento mais espontâneo. 
Há de se considerar também como a música é um elemento que auxilia no processo de desenvolvimento humano, uma vez que trabalha com seu corpo e mente, produzindo movimentos corporais, trabalhando com as emoções, sentimentos e aspetos intelectuais onde há segundo Coll e Teberosky (2004, p.100) o reconhecimento “na música sua estrutura e forma, temas, timbres, escutando e apreciando os elementos da linguagem musical”. 
Outra questão interessante é como a música leva o indivíduo a ter maior contato com sua cultura, com a arte historicamente produzida, fazendo com que o homem interaja com elementos presentes em seu meio de vida. Nesse sentido Coll e Teberosky (2004, p.101) observam que:
Desde a pré-história o ser humano não apenas transformou os materiais da natureza com a finalidade de fabricar instrumentos para facilitar a sua vida (ferramentas para trabalhar, casas para morar, roupas ou recipientes), como também produziu obras de arte, isto é, coisas admiráveis por sua beleza ou pelas impressões e sensações que provocam. Como artista, o homem transformou ou materiais da natureza em formas e cores através de pinturas, e organizou os sons para fazer música, ou seja, desenvolveu a arte de combinar os sons e o silêncio. 
Assim o homem, ao longo de sua história criou tipos diferenciados de sons e músicas para representar seus sentimentos, ideias, culturas, particularidades de cada povo e, portanto, criou uma arte que o valoriza e que leva as diversidades culturais para povos diferenciados.
Coll e Teberosky (2004) citam a capacidade que a música tem de produzir comunicação entre os indivíduos, fazendo dela uma forma de linguagem utilizada pelos homens para seu processo de comunicação, trabalhando com suas emoções, produzindo relaxamento, intensificando emoções, sejam boas ou ruins. Sobre essa função da música como um meio de comunicação, Merriam (1964 apud HUMMES, 2004) afirmam que ela é capaz de comunicar algo e a música se adapta a cultura do meio em que o homem vive, levando informação, expressando emoções, sentimentos, dentre outras questões. 
A música pode ser interpretada de formas diferenciadas por cada pessoa e isto acontece porque as pessoas utilizam nessa interpretação seus conhecimentos, características culturais e questões do meio em que vivem, além disto, uma música pode ser compreendida de uma forma em um momento histórico e ser interpretada de outro em um contexto histórico diferente. Em muitos casos, porém, a música é vista como uma linguagem universal (COOL e TEBEROSKY, 2004, p.103), porém, aexistência de diferentes idiomas leva a pensar que ela não é tão universal, pois um idioma pode não ser compreendido por pessoas de outra localidade.
A música é feita por um autor que leva sua ideia, suas informações para aquele que irá ouví-la. Coll e Teberosky (2004, p.103) argumentam que “quando um compositor cria uma obra musical, necessita grafá-la, registrá-la sobre um papel escrevendo uma série de símbolos. Essa escritura da música, manuscrita ou impressa, é chamada de partitura”. Quando essa partitura é interpretada e cantada, a comunicação com quem ouve, é estabelecida. 
A música é capaz de expressar os sentimentos e ideias do autor que a escreveu, demonstrar emoções, referir-se a acontecimentos históricos, cultura, fatos conhecidos. Diante de tal contexto, dificilmente uma pessoa não convive com a música em seu cotidiano, já que ela se faz presente em momentos de comemorativos, shows, cerimônias religiosas, e em situações corriqueiras como uma tarde onde a música é utilizada apenas como passatempo enquanto uma pessoa desenvolve determinado trabalho. Coll e Teberosky (2004, p.105) afirmam que:
Muitas músicas são feitas para acompanhar diversas atividades, como a música religiosa, a música para dançar, a música para os desfiles, ou a música composta para trilha sonora utilizada no teatro, no cinema ou na televisão. Outras músicas foram criadas para serem ouvidas em concertos, gravações ou apresentações e sua função é a de entreter as pessoas, proporcionando-lhes prazer e conhecimento. .
A música tornou-se elemento importante na sociedade moderna, assim como afirma Humes (2004, p.117) para quem o século XXI evidencia que a música “está nos meios de comunicação, nos telefones convencionais e celulares, na internet, vídeos, lojas, bares, nos alto-falantes, nos consultórios médicos, nos recreios escolares [...], ou seja, ela está presente em todos os lugares onde há processos de comunicação.
Se essa música está presente nos diversos momentos da vida humana, ela também pode ser inserida em sala de aula beneficiando o aluno em sua aprendizagem e no desenvolvimento, especialmente quando se fala nas crianças. Diante de tal contexto, cabe ao professor pensar organizar tempo e espaço para trabalhar com a música, ampliando as possibilidades de que ela traga benefícios aos alunos. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p.34):
Cantar e ouvir músicas podem ocorrer com frequência e de forma permanente nas instituições. As atividades que buscam valorizar a linguagem musical e que destacam sua autonomia, valor expressivo e cultural (jogos de improvisação, interpretação e composição) podem ser realizadas duas ou três vezes por semana, em períodos curtos de até vinte ou trinta minutos, para as crianças maiores.
 Ainda de acordo com o RCNEI (1998) o professor pode utilizar a música de forma interdisciplinar e coletiva, trabalhando com projetos pedagógicos que estejam ligados a produção musical, confeccionando os instrumentos, conhecendo a história da música, trabalhando com composição e improvisação, ligando-a jogos e brincadeiras, trabalhando com diversos gêneros musicais, entre outras atividades. Mas, há de se considerar que a música não é o foco principal da aprendizagem, mas um meio para efetivá-la e por isso deve haver momentos e atividades específicas que a utilizem, para que a aprendizagem não perca seu foco.
Já no que se refere à organização do espaço o RCNEI (1998) considera que:
O espaço no qual ocorrerão as atividades de música deve ser dotado de mobiliário que possa ser disposto e reorganizado em função das atividades a serem desenvolvidas. Em geral, as atividades de música requerem um espaço amplo, uma vez que estão intrinsecamente ligadas ao movimento (p.72) 
Se a instituição de ensino não oferece um espaço amplo o bastante para que o professor trabalhe com a música, ele pode fazê-lo ao ar livre, o que também chamará a atenção dos alunos e lhe dará maior liberdade nessas atividades. Já para a confecção de instrumentos musicais é preciso que haja um espaço com mesas, cadeiras, onde as crianças possam trabalhar com calma e atenção. 
É preciso que o professor prepare o espaço de trabalho anteriormente para desenvolver as atividades, possibilitando que os alunos prestem mais atenção nas atividades, se interessem por elas e ela dê melhores resultados. Tudo isto é afirmado pelo RCNEI (1998, p.72) ao dizer que “o espaço também deve ser trabalhado de modo a estimular o interesse e a participação das crianças, contando com alguns estímulos sonoros” e dessa maneira, a música auxiliará a criança aprender mais, se socializar melhor com os colegas, trazendo novas perspectivas e possibilidades para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. É assim que o RCNEI traz diversas orientações didáticas a serem seguidas e adaptadas pelo professores para o trabalho com a música.
O RCNEI orienta que nos primeiros anos de vida, a prática musical seja desenvolvida de forma bem lúdica na vida da criança, construindo atividades que desenvolvam a percepção e a atenção dos bebês cantando para eles, produzindo sons de animais, ruídos, sons corporais, etc. De acordo com o RCNEI (1998) “as canções de ninar tradicionais, os brinquedos cantados e rítmicos, as rodas e cirandas, os jogos com movimentos, as brincadeiras com palmas e gestos sonoros corporais”, por isto é importante colocar na sala de aula produções do acervo cultural infantil. A perspectiva trazida pelo RCNEI (1998) é a de que a música é um tipo de linguagem, uma “cultura” musical a ser desenvolvida em sala de aula. 
A criança precisa ter o contato com os sons, e isto acontece com os objetos que ela manipula cotidianamente, através do uso de instrumentos musicais e sonoros, brinquedos, sinos, chocalhos, tambores, etc. assim, ao ouvir o som, ela vai aprendendo a diferenciá-los e a melhorar sua memória sonora. Segundo o RCNEI (1998) é muito importante para a criança brincar, cantar e dançar, pois ela precisa ter contato corporal e vínculos afetivos, e dessa maneira “deve-se cuidar para que os jogos e brinquedos não estimulem a imitação gestual mecânica e estereotipada que, muitas vezes, se apresentam como modelo às crianças” (RCNEI, 1998, p.59), por isto a importância do planejamento, para que a brincadeira e a música não sejam desenvolvidas de forma aleatória na sala de aula, mas venham a oferecer possibilidades de melhor desenvolvimento ao aluno, levando-o a interagir com o meio, os colegas, desenvolvendo os aspectos intelectuais e cognitivos.
O RCNEI (1998) também traz orientações sobre o uso do canto, afirmando sua importância na educação infantil, integrando melodia e ritmo e também tratado como um excelente meio para o desenvolvimento da audição. Segundo o documento “quando cantam, as crianças imitam o que ouvem e assim desenvolvem condições necessárias à elaboração do repertório de informações que posteriormente lhes permitirá criar e se comunicar por intermédio dessa linguagem” (RCNEI, 1998, p.59). É extremamente importante levar músicas da cultura popular, do cotidiano da criança para a sala de aula e ainda haver a preocupação de que a criança cante sem esforço vocal, tendo textos compreensíveis para sua idade.
O contato da criança com instrumentos musicais também é exaltado pelo RCNEI (1998), documento este que afirma que as crianças precisam explorá-los, imitar seus sons, perceber as possibilidades sonoras tidas em cada um deles, entre outras possibilidades.
A indicação o RCNEI (1998) para as crianças maiores de quatro a seis anos é a de que as músicas tenham ligação com sua realidade e cotidiano, pois assim chamarão mais sua atenção. Também exalta-se a importância de que sejam trabalhados diferentes gêneros musicais, com alturas e tons diferenciados, estimulando o gesto, o movimento corporal, a improvisação, os jogos que envolvem a música e assim, “devem ser propostos também, jogos de improvisação que estimulem à memória auditiva e musical, assim como a percepção da direção do som e no espaço” (RCNEI,1998, p.62) e dessa maneira, a brincadeira traz não somente diversão e lazer, mas serve de veículo de desenvolvimento e aprendizagem.
É importante que a criança seja colocada em contato com o som e as músicas desde bebês, que seja alvo de atividades diferenciadas para que assim ela possa desenvolver sua capacidade sonora, distinguindo os sons diferentes, a genros musicais diferenciados, especialmente aqueles presentes em sua própria realidade, levando-o ao contato com o lúdico e trazendo a ele um maior desenvolvimento.
Assim permite a ampliação da visão e das percepções dos alunos, envolvendo-os muito mais na produção de conhecimentos. Neste contexto, a música destaca-se como um recurso didático muito dinâmico, que pode ser utilizado pelos professores oferecendo muitos benefícios para os alunos. É preciso destacar que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) é fundamental que seja feita uma análise crítica sobre os materiais e recursos utilizados em sala de aula e por isso também variá-los para trazer uma nova visão sobre cada conteúdo, proporcionar diferentes situações didáticas, evidenciando valores, percebendo o que poder negativo e potencializando o que o recurso pode oferecer de positivo, respeitando os valores e diversidades presentes na sala de aula. 
Assim, utilizando músicas e promovendo atividades que movimentem o corpo da criança, leva-se as mesmas a interagirem com o meio, com os colegas e com os professores, desenvolvendo seus aspectos físicos e cognitivos e dessa maneira, evitando ou amenizando a ocorrência de dificuldades de aprendizagem. 
É preciso considerar também o que se define como música, esta que é vista como uma arte e ciência que combina sons de modo agradável ao ouvido ou ainda qualquer conjunto de sons. Mas atualmente, tem-se uma concepção e uma conceituação mais ampla, entendendo a música como uma linguagem que possui um sistema de signos, o que segundo Brito (2003) “é linguagem que organiza, intencionalmente, os signos sonoros e o silêncio, no continuum espaço-tempo” (p.26), além disso, o autor deixa claro que música não é melodia, ritmo ou harmonia, mesmo que sejam elementos presentes na mesma, ela possui diversas outras possibilidades de organização do material sonoro. 
Com tantos recursos televisivos, audiovisuais e tecnológicos, os professores e a educação como um todo, não podem continuar com o excesso de tradicionalismo, enfatizando apenas o livro didático e o quadro-negro. Assim, segundo Pacheco (1991 apud OLIVEIRA, et al, 2005):
Imersos em um universo audiovisual cada vez mais complexo, crianças e jovens devem assimilar e reacomodar seus códigos comunicacionais para captar o ritmo vertiginoso e as mudanças que a realidade lhes impõe. Expostos diariamente às linguagens audiovisuais, como novas formas de expressão e comunicação, as crianças e os jovens continuam recebendo, em contrapartida, uma educação verbalista e reprodutora que desconhece, ou não se aproveita das novas linguagens de uma 'escola paralela' representada pela tão amada tevê. (p.74).
Portanto, não somente o uso da música, mas de qualquer outro recurso metodológico deve ser feito através de uso racional e sistemático, criando situações de reflexão, raciocínio e que os atraiam para conteúdos, de forma que eles possam exprimir suas visões e participar efetivamente da produção de conhecimentos.
De acordo com Souza (2009, p.66) “escutar musicalmente é mais do que simplesmente perceber vibrações sonoras. É estabelecer múltiplas relações entre as ondas sonoras que atingem nosso ouvido e corpo”, sendo assim, é algo que varia de pessoa para pessoa, sendo que é uma habilidade que pode ser desenvolvida e o autor ainda complementa que para que se aprenda a escutar, é preciso que haja concentração e disponibilidade do indivíduo para tal, sendo que é um processo fundamental e que faz parte da formação do ser humano buscando sensibilidade e reflexão, fazendo com que ele seja capaz de perceber, relacionar, pensar e comunicar-se. 
De acordo com Hortélio apud Brito (2003), assim como os brinquedos, as músicas também fazem parte da vida da criança desde bem pequenas quando a mãe canta e as acalanta, no contato com lengalengas e parlendas, até que ela tem contato com os brinquedos cantados, que de acordo com o autor “cuja ação dinâmica, com suas variadas qualidades de movimento, talha uma música de caráter e perfil diferenciados” (p.95), até que surgem as rodas de verso, que são consideradas como ritos de passagem para as crianças, com movimentos e uma atmosfera muito própria. 
Assim como os Referenciais Curriculares Nacionais (1998), Brito (2003) chama a atenção para o fato de que quando a criança brinca de roda, ciranda, pular corda, amarelinha ela tem contato não somente com a música, como também estabelece processos de interação e socialização, de forma a “se sentir único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo, e de trabalhar com as estruturas e formas musicais que se apresentam em cada canção e em cada brinquedo” (p.96). Sendo assim, esses jogos e brinquedos musicais que fazem parte da cultura infantil incluem os acalantos (cantigas de ninar), as parlendas (brincos, as mnemônicas e as parlendas propriamente ditas), as rondas (canções de roda), adivinhas, romances, dentre outras formas. 
A orientação dos PCNs é que a música seja trabalhada de diferentes formas e em diferentes contextos, já que possibilita o conhecimento histórico-cultural, trabalhar o cotidiano dos alunos, problemas sociais, fenômenos, fatos históricos, etc., portanto, permite que conteúdos diversificados sejam trabalhados e que as aulas tornem-se muito mais dinâmicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música se mostra um recurso de suma importância no desenvolvimento infantil e por isto deve ser algo utilizado pelo pedagogo no desenvolvimento das atividades escolares. Esse recurso pode levar a criança a desenvolver habilidades individuais e coletivas, proporcionando um aprendizado mais significativo e estimulante a todos. Essa possibilidade de intensificação da aprendizagem e desenvolvimento da criança intensifica-se pelo fato de que a música as atraia, e sua utilização de forma planejada pode tornar as aulas e a aprendizagem algo mais alegre e prazeroso. 
É importante que a escola crie espaços para inserir a música no dia a dia da criança, pois isto lhe terá inúmeros benefícios, já que a música contribui para o desenvolvimento humano, facilitando o raciocínio e a aprendizagem infantil e contribuindo para que a educação infantil tenha maior qualidade e favoreça o desenvolvimento integral das crianças. 
Várias são as pesquisas que tem sido unanimes em afirmar como a música precisa estar presente no espaço escolar, sendo um aspecto cultural e também um vínculo de fala na sociedade. A música é um dos recursos mais importantes que o professor tem em mãos quando se fala em processo de ensino-aprendizagem, tendo várias utilidades em sala de aula. Por isto, é importante que o pedagogo venha a refletir sobre como a música pode ser utilizada em sala de aula, criando experiências de aprendizagem que sejam enriquecedoras e que favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. 
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Anniely da Silva. A música como instrumento facilitador da aprendizagem na educação infantil. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estadual da Paraíba – UEPB (Licenciada em Pedagogia). Guarabira – PB, 2012. 
 BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional: Lei no 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Documento Introdutório. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 3. 
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003.
CARNEIRO, Francilene Pereira. A importância da música no desenvolvimento infantil. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estadual da Paraíba – UEPB (Licenciatura em Pedagogia). Catolé do Rocha, 2019. 
COLL,César; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo arte: conteúdos essenciais par ao Ensino Fundamental. São Paulo: Ática, 2004.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. 2 ed. São Paulo: Summus, 1988. 
HUMMES, Julia Maria. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da ABEM, n.11, setembro de 2004.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Pesquisa. In: ___.Técnica de pesquisa. 3.ed. rev.e ampl. São Paulo: Atlas, 1996.
OLIVEIRA, Hélio Carlos Miranda de et al. Música como um recurso alternativo nas práticas educativas em Geografia: algumas reflexões. Caminhos de Geografia, Jun/2005. Disponível em < www.seer.ufu.br>. Acesso em 05 de janeiro de 2021. 
SOUZA, Jusamara; TORRES, Maria Cecília de Araújo. Maneiras de ouvir música: uma questão para a educação musical com jovens. Música na educação básica. Porto Alegre, v. 1, n. 1, outubro de 2009.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de música. Porto Alegre: Kuarup, 1988.

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