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Ginecologia 1 � Ginecologia Aula 01 - Anatomia ginecológica Útero Definição: Órgão oco e fibromuscular localizado na pélvis entre a bexiga e o reto. Divisão: É dividido em corpo, istmo e colo (cérvix). Camadas: É formado por 3 camadas: serosa (perimétrio), muscular (miométrio) e mucosa (endométrio). Posição: o útero pode estar em anteflexão ou retroflexão e anteversão ou retroversão e anteposição ou retroposição. Regiões: o útero é divido em porção supravaginal (relacionada com a bexiga, reto e asas intestinais) e porção vaginal (relacionada com as paredes vaginais). Fixação: Os meios de fixação do útero são classificados em: sustentação (músculos levantadores do ânus e músculos isquiococcígeos), suspensão (lâminas sacro-reto- genito-púbicas - incluem os ligamentos pubovesicais e útero sagrados) e orientação (ligamentos redondos e ligamentos largos) Vascularização: o útero é irrigado pelas artérias uterinas e acessoriamente pelas artérias ováricas e do ligamento redondo Ginecologia 2 Obs: As artérias espiraladas: constricção ou espasmos → desprendimento da superfície do endométrio Drenagem venosa: é feita de cada lado do útero pelo plexo venoso uterovaginal Drenagem linfática: é feita pelo plexo periuterino subperitoneal → linfonodos obturatórios e ilíacos internos e externos. Inervação: é feita pelos nervos utero-vaginais que acompanham a artéria uterina e são encontrados no ligamento cardinal Vagina Definição: canal musculomembranoso cilíndrico onde a metade superior encontra-se na pelvis menor e a metade inferior no períneo. Camadas: Camada mucosa (epitélio escamoso não queratinizado); Camada muscular (músculo liso, colágeno e elastina); Camada adventícia (colágeno e elastina) Recessos do lúmen vaginal: fórnice anterior e fórnice posterior. Entre a bexiga e o reto → sustenta estas estruturas. Relações: está separada do reto pelo fundo de saco retovaginal. Faz relação com os músculos levantadores do ânus Fixação: ligamentos cardinais, músculos levantadores do ânus, corpo perineal e fáscia pubovesicocervical Interior: o interior da vagina é constituído por pregas tranversalis e colunas longitudinais paramédicas anterior e posterior Vascularização: a parte superior da vagina é irrigada pelos ramos descendentes ou cervicais da artéria uterina. A parte média é irrigada pela artéria vaginal e por ramos da artéria renal média. A parte inferior é irrigada pelos ramos da artéria pudenda interna Drenagem venosa: é feita para os plexos uterinos situados de cada lado da vagina, vão para as veias retais médias e pudendas internas que são tributárias das veias ilíacas internas Drenagem linfática: é feita pelos vasos linfáticos que acompanham as artérias uterinas e vaginais → linfáticos vulvares e linfonodos inguinais Ginecologia 3 Inervação: é feita pelo plexo hipogástrico e na extremidade distal pelo nervo pudendo Espaços: espaço vesicocervical (forma o saco védico-uterino), espaço vesicovaginal e espaço retovaginal Ovários Definição: são estruturas pares situadas nas fossas ováricas, de cada lado do útero. Estão fixos às faces posteriores dos ligamentos largos pelo mesovário. Fixação: ligamento suspensor ou infundíbulo-pélvico (fixa os ovários na parede pélvica), ligamento tubo-ovárico, ligamento útero-ovárico (porção medial dos ovários conectada ao útero) e mesovário Divisão: dividido em face lateral e medial, bordo anterior e posterior e extremidade superior e inferior Vascularização: é feita pelas artérias ováricas, colaterais da aorta e acessoriamente pela artéria uterina. Aorta abdominal → artérias ovarianas. Drenagem venosa: é feita para um plexo situado no mesovário. Veia ováricas externa → veia ováricas → VCI. Veia ovárica interna → veia uterina Drenagem linfática: tem uma via principal ao longo dos ligamentos suspensões para os gânglios. Acompanham os vasos ovariano ate o segmento inferior da aorta e drenam para os linfonodos para aórticos Invernarão: simpática (proveniente do plexo celíaco) e parassimpática (proveniente dos plexos hipogástricos inferiores) Tuba uterina Definição: estruturas cilíndricas que se estendem da extremidade superior do ovário aos cornos do útero, localizada em quase toda a borda superior do ligamento largo Fixação: é feita em continuidade com o útero, o ligamento tubo-ovárico e o peritônio que forma o ligamento largo. Divisão: é dividida em quatro partes, que de fora para dentro são: infundíbulo (borda livre, relacionada com o ovário, onde contem as fímbrias), ampola, istmo e parte uterina ou intramural. Ginecologia 4 Relações: relação com o ligamento largo, ligamento redondo e bexiga Interior: constituído por pregas mucosas longitudinais Vascularização: é proveniente da anastomose entre a artéria tubária externa (ramo da ovárica) e a artéria tubária interna (ramo da uterina) Drenagem venosa: é feita para um plexo situado na mesossalpinge que drena para veias tubárias internas e externas Drenagem linfática: semelhante ao do ovário Inervação: semelhante ao do ovário Vulva Definição: conjunto de órgãos genitais externos Monte do púbis: saliência arredondada e triangular situada a frente da sínfise púbica, coberta por pelos. Possui as fáscia de Camper e Coles Grandes lábios: pregas cutâneas que serve de proteção e se estendem do monte púbico ao corpo perineal. Finaliza o ligamento redondo Pequenos lábios: pregas mucosas que serve de proteção. Anterior (circundam o clítoris) e posterior (terminam na fúrcula) Vestíbulo: espaço entre os pequenos lábios que se estende do clítoris ate o freio dos pequenos lábios. Contém glândulas vestibulares e internamente o hímen Clítoris: análogo ao pênis desprovido de uretra, situado entre a comissura anterior dos grandes lábios e o meato uretral. É dividido em raizes, corpo e glande Bulbos vestibulares: órgãos pares e homólogos situados de cada lado do orifício inferior da vagina e da uretra Glândulas vestibulares maiores ou de Bartholin: homólogas as glândulas bulbo-uretras masculinas, situadas de cada lado do orifício inferior da vagina por baixo dos bulbos. Seus canais se abrem no vestíbulo entre o hímen e os pequenos lábios. Liberam muco lubrificante durante o coito Glândulas vestibulares menores ou de Skene: glândulas mucosas para uretrais e parauretrais Ginecologia 5 Períneo: triângulo posterior (anal) → Complexo esfincteriano anal: dois esfíncter + músculo puborretal. Esfíncter anal externo: camada muscular estriada pressão de compressão do canal anal. Esfincter anal interno: camada de músculo liso. Serve para pressão de repouso do canal anal. Corpo perineal: Músculos bulbocavernosos; Músculo transverso superficial do períneo; Esfincter anal externo. Obs: importância clínica → atentar para a reconstrução do corpo perineal durante a episiotomies, lacerações vaginais e reconstrução da pelve Vascularização: feita pelas artérias pudendas externas superficial e profunda, ramos colaterais da femoral e artérias perineais Drenagem venosa: é feita para as veias homónimas das artérias e as veias pudendas externas drenam para a veia safena Drenagem linfática: através de linfonodos inguinais e pélvicos Inervação: a parte cutânea anterior da vulva é inervara pelos nervos ílio-inguinais e ramos genitais dos genitofemorais, já a parte cutânea posterior é inervada pelos ramos perineais dos nervos pudendos e dos cutâneos femorais posteriores. Mamas Definição: anexos de parênquima glandular, tecido conjuntivo e pele, localizada na parede anterior do tórax. Divisão: as mamas são dividias em 4 quadrantes Fixação: ligamentos suspensórios de Cooper conectados a fáscia peitoral e a derme Estruturas: a mama é composta principalmente por epitélio glandular (lobular e ductal), estroma, tecido de sustentação (tecido conjuntivo) e gordura (tecido adiposo) Vascularização: artéria torácica interna (artéria mamária interna), artéria torácica lateral, ramos anteriores e laterais dasartérias intercostais posteriores e plexo areolar subdérmico Drenagem venosa: é feita para as veias superficiais e profundas que acompanham o suprimento arterial Drenagem linfática: a linfa da mama vai para os linfonodos axilares Ginecologia 6 Aula 02 - Semiologia ginecológica Anamnese Identificação: nome, idade, estado civil, grau de instrução, naturalidade e procedência, profissão Queixa principal HMA: tempo dos sintomas, fatores de melhora e piora, sintomas do parceiro, vida sexual ativa, Outros sistemas: hábitos intestinais (pode causar disbiose e aumentar o risco de vaginoses), alterações urinarias, dificuldade para dormir, apetite Antecedentes medicos: doenças da infância, cirurgias prévias, uso de medicamentos, comorbidades, passado de tromboembolismo Antecedentes familiares: câncer de ovário, endométrio, útero, mama, intestino Hábitos de vida: tabagismo, etilismo, sedentarismo, condições habitacionais e de higiene Antecedentes gineco-obstétricos: menarca, coitarca, menopausa, DUM, ciclo menstrual, numero de filhos, parto e abortos, anticoncepção e histórias de DSTs, fluxo genital, vida sexual, sintomas climatéricos, queixas mamárias, tratamentos ginecológicos prévios Exame físico Pode avaliar mucosa, cavidade oral, linfonodos Inspeção das mamas: estática (forma, simetria, coloração, abaulamento, retração, cicatriz, circulação venosa superficial) e dinâmica (levanta os braços, pende para frente para avaliar a presença de retração e abaulamento) Palpação dos linfonodos axilares e supraclaviculares Palpação das mamas em quadrantes e expressão papilar Exame pélvico: em posição de litotomia. Avalia os órgãos externos (vulva, pilificação, conformação dos grandes lábios e introito vaginal Ginecologia 7 Exame ginecológico: insere o espéculo, analisa o colo do útero, o orifício externo, presença de lesões e a localização, caracterizar corrimentos e as paredes genitais Colposcopia: aplicação do ácido acético e o teste de schiller Aula 4 - Métodos contraceptivos Escolha do método Métodos comportamentais Abstinência periódica: método da tabelinha, método do muco cervical, curva térmica, sintotérmico, coito interrompido Métodos de barreira Condom, diafragma Ginecologia 8 Métodos hormonais Combinado: Anel, adesivo, injetável mensal, oral Só de progesterona: implante, DIU, injetável trimestral, oral Avaliação do paciente Aferir pressão arterial (PA elevada é contraindicação para métodos combinados) + historia médica adequada para excluir contra-indicações Rastrear cancer de mama, colo do útero e ISTs - realizar exame pélvico antes de indicar DIU e diafragma Excluir possibilidade de gravidez Obs: o puerpério tem 15 vezes mais chance de trombose que qualquer contraceptivo combinado Mecanismo de ação Ginecologia 9 Estrogênio → inibição da secreção de FSH (inibe a formação do folículo dominante) → potencializa a ação da progesterona, mantém o padrão de sangramento do cíclico Progesterona → inibe a secreção de LH (inibe a ovulação); alteração da composição do muco (torna-se hostil para a ascensão de espermatozóides); atrofia das glândulas endometriais (impede a implantação) e alterações da peristalse e secreção das trompas (impede o transporte do oócito) Efeitos no metabolismo → etinilestradiol Ginecologia 10 Obs: Aumenta o angiotensinogênio, triglicerídeos e os fatores de coagulação Obs: aumenta risco de cancer de mama Efeitos no metabolismo → progestágeno Obs: com excessão do AMP-D (injetável trimestral), os demais métodos não há diferença de ganho de peso em relação ao DIU de cobre A partir da segunda geração, quanto menor o efeito androgênico, maior é o risco tromboembólico. O mais seguro é o levonorgestrel Efeitos colaterais Ginecologia 11 Nas pílulas combinadas o risco tromboembolico é maior no primeiro ano de uso e não aumenta com o tempo Benefícios não contraceptivos Redução da dismenorreia, do volume menstrual, da acne, do hirsutismo, da TPM, da dor, da endometriose, do cancer de ovário, endométrio e cólon Classificação do risco Ginecologia 12 Contraindicações absolutas Ginecologia 13 Anticoncepcionais hormonais combinados orais Modo de uso: 1º dia da menstruação, uso diário e de preferência no mesmo horário. Os comprimidos podem ser de 21, 24 ou 28. Sendo respectivamente com pausa de 7 dias, 4 dias ou sem pausa. Ginecologia 14 Progesterona isolada Vantagens: dose de progestogênio de metade a 1/10 dos ACO combinados Indicação: lactação, HAS, passado de tromboflebite Mecanismo de ação: promove espessamento do muco cervical e hipertrofia/atrofia do endométrio Efeito colateral: irregularidade menstrual Nome comercial → desogestrel (cerazette), levonorgestrel (nortrel) Injetáveis Trimestrais: acetato de medroxiprogesterona 150mg - nome comercial → depoprovera e contracep Uso: 1 ampola intramuscular até o 5º dia da menstruação a cada 90 dias Efeitos indesejáveis: osteopenia (é reversível com a suspensão), sangramento irregular, atraso no retorno da fertilidade, depressão, ganho de peso, alteração do libido e do humor, acne, queda de cabelo, mastalgia Mensais: estrogênio natural (a dose depende da substancia) - nome comercial → perlutan, mesigyna, ciclofemina Uso: 1 ampola intramuscular até o 5º dia da menstruação a cada 27-35 dias Implante subdérmico Nome comercial → implanon, Norplant, uniplant Inserção: pequeno procedimento cirúrgico a 6cm da prega do cotovelo, no sulco entre o bíceps e o tríceps na face medial do braço Desvantagens: alteração no padrão menstrual, necessidade de profissional habilitado e alto custo Ginecologia 15 Uso: realizar o implante até o 5º dia do ciclo em região subcutânea. Realizar a troca a cada 3 anos Adesivo transdérmico Composição: etinilestradiol 750micrograma + norelgestromin 6mg (baixo poder androgênico) Uso: iniciar até o 5º dia do ciclo, 1 adesivo por semana durante 3 semanas. Fazer uma pausa na 4º semana Eficácia, contraindicações e os benefícios não contraceptivos são iguais aos contraceptivos orais Problemas: a dose de estrogênio liberada é maior do que na pílula combinada, há relatos de risco de trombose com esse método e não deve ser usado em mulheres pesando mais de 90kg pois há redução da eficácia Anel vagina Composição: etinilestradiol e etonogestrel - nome comercial → nuvaring Uso: introduzir até o 5º dia do ciclo e deixar por 3 semanas e fazer pausa na 4º semana. Vantagem: não há risco de esquecimento e tem menor impacto metabólico pois não há metabolismo de 1º passagem Desvantagens: sensação de corpo estranho, problemas coitais e expulsão do anel DIU Medicados: com hormônio (progesterona ou levonorgestrel) Não medicados: cobre ou prata Mecanismo de ação: reação inflamatória no endométrio, alterações histológicas e bioquímicas importantes que interferem na fisiologia normal da espermomigração, fertilização do óvulo e implantação do blastocisto Contraindicação: Ginecologia 16 DIU MIRENA X DIU DE COBRE: Contracepção de emergencia Ginecologia 17 Uso: até 72 horas da relação desprotegida Mecanismo de ação: ovulação, fertilização, transporte do embrião para o útero, implantação no endométrio Indicação: rompimento de condom, uso incorreto de pílulas, estupro Obs: o uso repetitivo deve ser desencorajado e desaconselhado Método Yuzpe: efeito colateral de náusea, tem contraindicação na gravidez conhecida Levonorgestrel: duas doses com intervalos de 12 horas, tem menos efeitos colaterais e eficácia um pouco superior Laqueadura / vasectomia 1- permitida somente em homens ou mulheres acima de 25 anos ou com pelo menos 2 filhos vivos 2- deve-se respeitar o prazo de 60 dias entre a expressão do desejo da esterilização e sua realização 3- a esterilização é permitida se houver risco à vida ou a saude da mulher ou do futuro concepto, desde que testemunhado em relatório por 2 médicos Obs: é vedada durante o períodode parto, aborto. Exceções: iteratividade e risco de vida Aula 04 - Amenorreia Definição Ausência de menstruação em mulher no período de menacme, devido a alterações no eixo hipotálamo-hipófise-ovário-útero. -Primária: ausência de menarca aos 14 anos em pacientes sem carácteres sexuais secundários ou aos 16 anos em pacientes com desenvolvimento normal dos carácteres sexuais (primeiro telarca, depois a pubarca e depois menarca) -Secundária: ausência de menstruação por 3 meses (se ciclos regulares) e por 6 meses (se ciclos irregulares) -Amenorreia fisiológica: infância, gravidez, lactação e menopausa Ginecologia 18 Menstruação: descamação do endométrio devido a sua hiperproliferação estimulada pelo estrogênio Nomenclatura dos principais desvios menstruais Ginecologia 19 Classificação de tunner Ginecologia 20 -Telarca (requerer estrógeno - de 8-13 anos) M1 a M5 - mesmo no M5 o crescimento das mamas não para -Pubarca (requer androgênios). Vai de P1 a P5 Ginecologia 21 -Menarca (GnRH hipotalâmico, FSH e LH hipofisário, estrogênio e progesterona ovarianos, via de saída normal) Etiologia O ciclo dura de 21 a 35 dias, divido em fase folicular (amadurecimento do folículo estimulado pelo FSH até o pico de LH, quando ocorre a ovulação. Nessa fase, aumentam os níveis séricos de progesterona e tem duração de 14 dias) e fase lútea (depois da liberação do ovócito, nessa fase o estrogênio liberado pelo corpo lúteo inibe o eixo HH e para a produção de FSH e LH, levando a queda das gonadotrofinas, contribuindo com a degeneração do corpo lúteo que tem duração de 14 dias. Assim, ocorre redução da progesterona, estradiol e inibina A, deixando de realizar o feedback negativo no hipotálamo, que passa a estimular a hipófise a produzir FSH recomeçando o ciclo depois da menstruação). Ginecologia 22 Compartimento 1 - defeitos no útero e na vagina que comprometem a formação ou o extravasamento da menstruação 1- Hímen imperfurado ou criptomenorreia: causa de amenorreia primaria, devido ao bloqueio do fluxo de sangue. Cursa com dor pélvica mensal crônica, aumento do volume abdominal e distenção uterina. O acumulo retrógrado de menstruação pode levar ao desenvolvimento de endometriose e infertilidade. O tratamento é a perfuração do hímen (himenotomia) afim de escoar o fluxo menstrual que se acumula. A criptomenorreia pode ocorrer por septo vaginal transverso. 2- Síndrome de Rokitansky ou agenesia mulleriana: anomalia congênita onde a paciente nasce sem o útero e tubas uterinas, devido a fusão dos ductos de muller. A paciente apresenta apenas os ovários, logo os carácteres sexuais femininos estão presentes. Cariótipo 46, XX. Tem quadro de amenorreia primaria e vagina cega. A USG os ovários estão normais, mas o útero e a vagina estão ausentes. FSH e LH, progesterona e estrogênio normais e avaliar as vias urinárias também, pois existe Ginecologia 23 grande associação com malformações renais. O tratamento é a confecção de uma nova vagina, mas continuará em amenorreia 3- Síndrome de Morris: causa de amenorreia primária, devido ao pseudo- hermafroditismo masculino, causado por um fenômeno chamado de insensibilidade androgênica (o feto não responde aos hormônios masculinos). A testosterona não consegue converter a genitália primitiva em pênis. Por outro lado, a paciente não possui estímulos para a produção de órgãos genitais femininos. Levando a uma ausência de carácteres sexuais secundários como pelos. Também não tem útero, ovário e nem vagina superior, apesar do fenótipo feminino. Cariótipo 46, XY. O tratamento é a retirada dos testículos da região inguinal (orquiectomia) e reposição hormonal, mas permanecerá em amenorreia 4- Síndrome de Asherman: causa de amenorreia secundária caracterizada por um quadro de sinéquias uterinas (cicatriz/aderências adquirida do endométrio), sintomáticas em decorrência de uma curetagem uterina ou infecção endometrial. Essas aderências prejudicam o funcionamento do útero, impedindo a menstruação e gerando infertilidade. Diagnostico é histerosalpingografia. O tratamento é a histeroscopia cirúrgica com lise das sinéquias Compartimento 2 - alterações nos ovários que impedem a menstruação 1- Síndrome de tunner: anomalia genética com cariótipo 45, X. Diante da falta de um cromossomo X, cursa com disgenesia gonadal ou falência ovariana prematura (ovários em fita), não produzindo estrógeno e progesterona, causando amenorreia primária. Esta associado a outras alterações como baixa estatura, pescoço alado e etc. Tratamento é a reposição hormonal com estrógeno e progesterona a fim de que a paciente desenvolva os carácteres sexuais femininos 2- Síndrome de Savage ou síndrome do ovário resistente: causa de amenorreia primária, na qual os ovários possuem mutações nos receptores de FSH e LH não permitindo que haja o estímulo para a produção de hormônios femininos, não ocorrendo o ciclo. 3- Insuficiência ovariana precoce: causa de amenorreia secundária, em que a ação ovariana é reduzida aliada a altas doses de FSH e LH devido a ausência de feedback negativo. Ou seja, ocorre a perda de ovócito antes dos 40 anos e pode ser idiopática (cromossomopatias) ou adquirida (radioterapia, cirurgias, tabagismo). Cursa com Ginecologia 24 deficiência de estrógeno, atrofia endometrial e gera a amenorreia. Tratamento de reposição hormonal para manter os carácteres secundários e reduzir o risco de osteoporose. É a causa mais comum de hipogonadismo hipergonadotrófco (gônadas produzindo baixos níveis de estrógeno e progesterona e a hipófise tentando consertar isso). 4- SOP: causa amenorreia primária e secundária e anovulação crônica com estrógeno presente, irregularidade menstrual ou oligomenorreia. Não ocorre a formação do corpo lúteo e nem a produção de progesterona, de modo que o útero so tem o estímulo do estrógeno, gerando sangramentos anormais, com ciclos espaçados. Diagnostico clínico pelos critérios de Rotterdam (anovulação, hiperandrogenismo, ovários policísticos a USG) e tratamento com reposição hormonal, anticoncepcionais orais e mudança do estilo de vida. Associa metformina nas pacientes com quadro ou tendencia a DM Compartimento 3 - distúrbios que acometem a hipófise 1- Hipoplasia hipofisária: anomalia congênita que causa amenorreia primaria. Produção baixa ou inexistente de FSH e LH, levando a desregulação menstrual 2- Adenoma hipofisário: o mais comum é o hiperprolactinoma. O aumento da prolactina causa amenorreia, pois a prolactina causa supressão de GnRH, que faz com que os níveis de FSH, LH abaixem, consequentemente os níveis de estradiol abaixam também resultando em amenorreia. - isso tudo é causado devido ao hipotireoidismo, portanto o tratamento é a administração de levotiroxina afim de aumentar os níveis de TSH. Mas se tratando especificamente dos casos de hiperprolactinemia o tratamento é com agonistas dopaminérgicos, como a bromocriptina ou tratamento cirúrgico. 3- Síndrome de Sheehan: ocorre nos casos em que há isquemia e necrose hipofisária anterior por uma grave hipotensão pós parto devido a perda sanguínea, levando a um déficit hormonal pela produção de LH e FSH, gerando anovulação e amenorreia secundaria. O tratamento é com reposição hormonal 4- Síndrome de Saimon: igual a de Sheehan não relacionado ao parto. Necrose hipofisária extensa, fazendo com que ocorre panhipopituitarismo Compartimento 4 - alterações hipotalâmicas Ginecologia 25 1- Amenorreia hipotalâmica funcional: pode ser oriunda de transtornos alimentares, excesso de exercício e estresse. É um diagnostico de exclusão. Ocorre redução da secreção de GnRH, como consequência ocorre a ausência de pico de LH, resultando em anovulação e amenorreia. Em casos de transtornos alimentares ou exercícios em excesso, o tratamento é mudança de comportamento. 2- Síndrome de kallmann: anomalia congênita que causa amenorreia primária. Ocorre falha na migração dos neurônios neurosecretores de GnRH. A deficiênciade GnRH, gera a ausência de pulso de LH e FSH e a ausência de estimulo ovariano. Associado a anosmia, hiposmia devido a agenesia do bulbo olfatório. O tratamento é com reposição hormonal 3- Retardo constitucional da puberdade: nível de esteroide diminuído hereditário Investigação e diagnostico Anamnese (idade, histórico menstrual, antecedentes obstétricos, partos, aleitamento, curetagem, dieta, nível de atividade física, estresse, medicações, cirurgias prévias, Ginecologia 26 galactorreia, hiperandrogenismo, presença de carácteres secundários) + exame físico (IMC, dentição, sinais de anomalias genéticas, exame dermatológico, exame das mamas, exame da genitália) + exames complementares (b-hcg, dosagem das gonadotrofinas (FSH e LH), dosagem de testosterona, dosagem de prolactina e TSH, teste de estrogênio e progesterona, usg pélvica, cariótipo, TC de crânio). Os primeiros exames são bhcg, TSH e prolactina . Deve-se excluir a principal causa de amenorreia secundaria: gestação Teste da progesterona: prescreve para a paciente 10mg de acetado de medroxiprogesterona durante 7-10 dias. se ela menstruar, o teste deu positivo e significa que a causa da amenorreia dela é a falta da produção de progesterona, ou seja, ela não esta ovulando e nem liberando corpo lúteo. Isso é um indicativo de SOP Obs: Quando fala em hipogonadismo: fala-se da GÔNADA - OVÁRIO, e portanto os hormônios que ela produz: estrógeno e progesterona Hipogonadismo = estrógeno e progesterona baixo. Quando se fala em hipergonadotróficas: fala-se das GONADOTROFINAS, que são os hormônios que fazem o TROFISMO DA GÔNADA - LH e FSH. HIPERGONADOTRÓFICO = FSH e LH altos Ginecologia 27 Tratamento Individualizado a depender da etiologia. Ginecologia 28 Aula 05 - Vulvovaginites Ectopica: causa de secreção fisiológica em jovens. As células do exterior se tornam as mesmas do interior Definição: processo inflamatório e/ou infeccioso que atinge o trato genital inferior. São afecções do epitélio estratificado da vulva e/ou vagina, diferenciando-se das cervicites, que acometem a mucosa glandular Candidíase Causada pela candida albicans e pode estar relacionado a fatores psicológicos (estresse) e comportamentais (higiene, roupas) Em casos assintomáticos não requerem tratamento Formas clínicas: complicada (sintomas severos, recorrente, especies não albincans) e não complicadas Candidíase vulvovaginite recorrente: 4 ou mais episódios sintomáticos em 1 ano, sendo que 3 episódios não relacionados à antibioticoterapia. Geralmente causada pela Ginecologia 29 Candida albicans e é susceptível aos azóis por pelo menos 6 meses, uma vez por semana, com controle dos sintomas Sintomas: são decorrentes da reação alérgica à toxina produzida pelo fungo (canditina). Causam prurido vulvar, disúria externa, irritação, fissuras, dispareunia de introito vaginal, corrimento esbranquiçado do tipo leite coalhado, aderido, sem odor, eritema e edema vulgar e vaginal Diagnóstico: quadro clínico + exame a fresco (colhe a secreção, coloca na lamina e aplica hidróxido de potássio a 10% e avalia no microscópio. Ela vai apresentar pseudo- hifas). O ph é normal e whith teste negativo. Se a candidíase for recorrente ou complicada, faz-se a cultura com swab no meio de ágar-sabouraud no fórnice vaginal anterior, mas não deve atrasar o tratamento Tratamento: Casos não complicados: fluconazol (150mg, VO, dose única), miconazol creme (01 aplicação vaginal por 7 dias), nistatina creme (01 aplicação vaginal por 14 dias). O tratamento tópico e oral possuem a mesma eficácia. 5 a 10% dos casos não responsivos aos azóis são compatíveis com espécies não albicans O tratamento do parceiro não é recomendado rotineiramente, fica reservado em casos de balanopostite e de forma empírica na candidíase recorrente pois reduz essa recorrência. Vaginose bacteriana Principal causa de corrimento sendo a maioria assintomático Fisiopatologia: desequilíbrio na flora vaginal que culmina em supercrescimento de anaeróbios em detrimento dos lactobacilos, sendo a gardnerella vaginalis a bacteria predominante Fatores de risco: múltiplos ou novos parceiros, ducha vaginal (perda de peróxido de hidrogênio produzida pelos lactobacilos), tabagismo Podem ocorrer em mulheres virgens, aumenta o risco de parto prematuro e aumenta o risco de infecção de ferida pós histerectomia abdominal Diagnóstico: critérios de AMSEL → precisa de 3 + Ginecologia 30 Tratamento: apenas em gestantes (para diminuir o risco de RPM, corioaminiotite, prematuridade e endometrite pós cesária), pacientes sintomáticas e previamente a procedimentos (como inserção de DIU, cirurgias ginecológicas e exames invasivos do trato genital) Primeira opção: metronidazol gel (1 aplicação vaginal por 5 dias) ou metronidazol oral (250mg, 2 comprimidos, VO, 2x por dia durante 7 dias) Segunda opção: clindamicina oral (300mg, VO, 2x por dia durante 7 dias) Gestantes e puérperas: primeiro trimestre (clindamicina 300mg, 2x por dia durante 7 dias); após e primeiro trimestre (metronidazol 250mg, VO, 3 x por dia durante 7 dias) Vaginose bacteriana recorrente: 7 dias de nitroimidazólico + 21 dias de óvulo de ácido bórico intravaginal 600mg ao dia ou metronidazol gel duas vezes por semana por 16 semanas. Obs: o ácido bórico ajuda a remover o biofilme vaginal que facilitaria a persistência das bactérias patogênicas Tricomoníase Etiologia: Trichomonas vaginalis (protozoário flagelado encontrado na vagina, uretra, glândulas para-uretrais, cérvice e glândulas de bartholin O risco de transmissão sexual chega a até 80% e diferente das outras, o parceiro deve sempre ser tratado. A tricomoníase altera a ecologia vaginal intensamente, podendo provocar vaginose bacteriana e facilitar a aquisição de HIV por alterações na flora + microerosões Clínica: varia de quadros assintomáticos até grave com doença inflamatória aguda Cursa com corrimento abundante, amarelado ou esverdeado, bolhoso, com prurido e irritação vulvar, sintomas urinários como disúria e polaciúria, hiperemia de mucosa, com placas avermelhadas (aspecto de framboesa), teste de schiller com aspecto Ginecologia 31 tigróide. Teste das aminas positivo com cheiro de peixe podre. Pode ocorrer dispareunia e sinusiorragia Diagnóstico: PH > 4,5, a microscopia presenca de trichomonas móveis, teste rápido de antígenos com coleta de swab vaginal e cultura Tratamento: primeira opção → metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única ou metronidazol 250 mg, VO, 2 comprimidos, 2 vezes ao dia por 7 dias Gestantes e puérperas → metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única ou 400mg, 1 comprimido, VO, 2x ao dia por 7 dias ou 250mg, 1 comprimido, VO, 3x ao dia por 7 dias Aula 6 - Cervicite, uretrite e DIP Cervicite A cervicite é a inflamação do epitélio colunar endocervical, ou seja, do epitélio glandular do colo uterino. Os agentes mais frequentes são a Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae, com prevalência em mulheres sexualmente ativas abaixo de 25 anos e com múltiplos parceiros sexuais. O quadro clínico é assintomático em 70% dos casos, podendo entretanto, evoluir para DIP. Os sintomas mais comuns são corrimento vaginal, disúria, dispareunia, secreção mucopurulenta no OE e sinusiorragia. Além disso, pode se estender para o feto e causar complicações como prematuridade, crescimento restrito, oftalmia. C→ cervicite L→ linfogranuloma (cepa L) A→ adenite M→ múltiplos orifícios de drenagem I→ imunofluorescência DI→ Doxiciclina A→ azitromicina Ginecologia 32 Ginecologia 33 Na gestante o tratamento é diferente pois não pode usar quinolone, eritromicina e doxiciclina. E a infecção por clamídia ou gonococo trás muitos prejuízos ao recém nascido Ginecologia 34 Ginecologia 35 Uretrite inflamação da uretra acompanhada de corrimento, transmitidos por via vaginal, anal e oral. Cursa com corrimento uretral (mucosite ou purulento), dor uretral,disúria, estrangúria, prurido uretral e eritema de meato uretral. Os agentes etiológicos são os mesmos da cervicite e são mais prevalentes no sexo masculino Uretrite gonocócica→ gonorreia, cursa com prurido uretral, ardência, disúria, corrimento mucopurulento. Pode complicar parte epididimite ou prostatite. Uretrite não gonocócica→ geralmente é mais sintomática e causada pela clamídia. Caracteriza-se pela presença de corrimento mucoide, discreto com disúria leve e intermitente Uretrite persistente→ Os pacientes com diagnóstico de uretrite devem retornar ao serviço de saúde entre sete e dez dias após o término do tratamento. Os sinais e sinto- mas persistentes ou recorrentes de uretrite podem resultar de resistência bacteriana, tratamento ina- dequado, não adesão ao tratamento e reinfecção. diagnósticos diferenciais a serem considerados são: causas traumáticas como ordenha continuada, inserção de corpos estranhamos intrauretrais e etc O diagnóstico é a drenagem mucopurulenta ao exame físico, bacterioscopia pela coloração de gram da secreção e teste positivo de esterase leucocitária na urina. Se nenhum dos métodos forem positivos, faz-se a pesquisa molecular. Ginecologia 36 Ginecologia 37 Ginecologia 38 Doença inflamatória pélvica sinais e sintomas secundário à ascensão e à disseminação, no trato genital feminino superior (acima do orifício interno do colo uterino), de micro-organismos provenientes da vagina e/ou da endocérvice. É a complicação mais comum das ISTs e está associada a sequelas como infertilidade, gravides ectópica, dispareunia e dor pélvica crônica. Os ag. Etiológicos mais comuns são a clamídia e a gonorreia. Nas mulheres com DIP e HIV + podem ter infecções concomitantes por candida, estreptococo, HPV. Já a infecção mais comum em usuárias de DIU é pelo Actinomyces israelli Os fatores de risco são: idade <25 anos, inicio precoce de atividade sexual, estado civil, estado socioeconômico, tabagismo, alcoolismo e uso de drogas, múltiplos parceiros sexuais, história de IST ou DIP prévias, vaginose bacteriana, uso de DIU Manifestações clinicas: a ascensão dos micro-organismos é facilitada pelo período menstrual e pós menstrual devido a abertura do colo uterino e fluidez do muco. Os Ginecologia 39 sintomas são devido a endometrite: descarga vaginal purulenta, dor abdominal infraumbilical, dor a mobilização do colo uterino e febre, pode ocorrer sangramento uterino anormal, dispareunia e sintomas urinários. Com a evolução o processo infeccioso chega nas trompas causando dor a palpação dos anexos, aderências causando dor pélvica crônica, oclusão da trompa causando infertilidade e gestação ectópica, abcesso tubo-ovariano, abcesso em fundo de saco de Douglas, abcesso hepáticos (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis - caracterizada por exsudato purulento na cápsula de Glisson e posteriormente aderências do tipo corda de violino) Diagnóstico: clinico através de critérios (3 critérios maiores + 1 critério menor OU 1 critério elaborado) Exames complementares: pede teste de gravidez para excluir suspeita, pede exame de sangue (mostrará leucocitose com desvio a esquerda, aumento de VHS e proteína C- reativa), pede exame de urina para descartar infecção urinária, pede cultura da cérvice com antibiograma, pede exame bacterioscópico de outros sítios, pede sorologia para sífilis, hepatite e HIV, pede USG abdominal e pélvica se houver suspeita de abcesso tubo ovariano, pede biópsia de endométrio para confirmar endometrite e a videolaparoscopia em suspeita de salpingite Diagnóstico diferencial: Ginecologia 40 Estadiamento: Manejo: Ginecologia 41 Tratamento: O tratamento empírico deve ser iniciado em mulheres jovens sexualmente ativas e naquelas com risco de IST, que apresentem dor pélvica sem que nenhuma outra causa possa ser identificada além da DIP e que possuam pelo menos um critério mínimo no exame pélvico. Ginecologia 42 Ginecologia 43 As parcerias sexuais dos últimos dois meses, sintomáticas ou não, devem ser tratadas empiricamente contra N. gonohrroeae e C. trachomatis. As pacientes tratadas em nível ambulatorial devem ser reexaminadas em 72h. Neste período, devem apresentar melhora substancial. Em caso de ausência de melhora, a internação é obrigatória. As pacientes tratadas em nível hospitalar devem ser reavaliadas em 24 a 48h. Em caso de ausência de melhora, a possibilidade de intervenção cirúrgica por videolaparoscopia deve ser cogitada Em gestantes nao se pode usar doxiciclina e quinolona, então usa-se ampicilina Aula 7 - Câncer de mama Anatomia A mama é constituída por tecido glandular (glândulas mamárias lobulares e ductais), estroma de tecido conjuntivo (gordura) e pele. São localizadas na parede anterior do tórax, podendo se extender até a axila (cauda ou prolongamento de Spence). É dividia em 4 quadrantes (superior, inferior, medial e lateral). A mama está repousada sobre os músculos peitorais maior e menor e envolta por uma fáscia superficial. É sustentada Ginecologia 44 pelos ligamentos suspensórios de Cooper. A auréola é a porção central da mama, mais escura, apresenta tubérculos de Morgani (glândulas sebáceas) que ficam hipertróficos na gestação originando os tubérculos de Montgomery (lubrificação do tecido areolar). Da areola emerge o mamilo que possui terminações nervosas sensoriais como os corpos de Ruffini e Krause. O suprimento sanguíneo da mama é realizado pela artéria torácica interna (mamária interna), artéria torácica lateral, ramos anteriores e laterais das artérias intercostais posteriores e plexo areolar subdérmico. Já a drenagem venosa é feita por veias superficiais e profundas que acompanham as artérias. A drenagem linfática também acompanha o suprimento arterial e vai para axila Nódulos mamários Nódulos são lesões que podem ser delimitados em três dimensões (largura, comprimento e profundidade). O seu achado é em geral assimétrico, quando em comparação com a outra mama Ginecologia 45 Para o diagnóstico pode-se fazer: PAAF (punção aspirativa por agulha fina): que é a primeira investigação pois diferencia lesões císticas de lesões sólidas, entretanto não faz o diagnostico de carcinoma in situ e invasor nem imunohistoquimica USG de mama: diferencia nódulos sólidos e císticos e complementa o rastreio mamográfico. É indicado para mulheres jovens, pois apresenta boa visualização em mamas densas que ainda não foram liposubstituidas. Achados de malignidade são: Ginecologia 46 margens irregulares, hipoecogenicidade e textura heterogênea, nódulo mais alto do que largo, presença de sombra acústica posterior e contornos microlobulares Classificação BI-RADS dos achados ultrassonográficos Mamografia: modificador de mortalidade. Identifica lesões pequenas de outros achados clínicos. Em mamas muito densas há dificuldade de visualização. É feito em duas incidências (mediolateral oblíqua e craniocaudal). Os achados de malignidade são: microcalcificações pleomórficas agrupadas e nódulos espiculados, sem margens definidas. Ginecologia 47 Recomendações Obs: o rastreio começa a partir de 40 anos, anualmente, segundo a sociedade de ginecologia e mastologia ** Classificação BI-RADS Ginecologia 48 Ginecologia 49 Ressonância magnética: reservada para estudo da mama contralateral de pacientes com diagnóstico de câncer; na avaliação de focos secundários do tumor na mama ipsilateral; casos não conclusivos nos métodos tradicionais; carcinoma oculto; planejamento terapêutico; avaliação de resposta à quimioterapia neoadjuvante. Serve para avaliar pacientes que tem silicone. Não identifica microcalcificações ou tumores intraductais Core biópsia (punção com agulha grossa): retira um fragmento do tecido mamário para o exame histopatológico. É indicada para nódulos sólidos com densidade assimétrica, é um teste simples rápido e com pouco trauma porem pode apresentar resultados inconclusivos, e dificuldade de acessar leões muito pequenas Câncerde mama Proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os ductos ou os lóbulos. O câncer de mama é o segundo tipo de tumor maligno mais frequente no Brasil e no mundo e o mais comum entre as mulheres. Pode-se apresentar com queixa de tumor de crescimento incidioso, geralmente no quadrante superior externo e unilateral, firme e endurecido com descarga papilar. Fatores de risco: sexo (feminino), idade (acima de 40 anos), raça branca, antecedente pessoal de CA de mama ou de outros tipos de CA ou linfoma, historia familiar, lesões histológicas indicadoras de risco (hiperplasia lobular ou ductal), cicatriz radial ou lesão esclerosaste, historia menstrual (menarca precoce e menopausa tardia), historia obstétrica (nuliparidade, primiparidade tardia ou não amamentação), uso de ACO oral, terapia hormonal, dietas ricas em gordura, uso crônico de bebida alcoólica, agentes químicos (DDT), radiação ionizante, fatores geográficos (Europa e América do Norte), sedentarismo, genética (BRCA 1 e 2). Exame físico: presença de tumor endurecido, de forma variável, contornos irregulares, limites imprecisos e fixo (aderido a planos profundos) ou pouco móvel é a apresentação clássica, mas nem sempre ela é encontrada. os casos avançados podem revelar abaulamentos e retrações da pele (peau d’orange), ulcerações da pele ou da papila e tumores exofíticos. A descarga papilar pode estar associada e é geralmente uniductal, espontânea, intermitente. Normalmente, é do tipo água de rocha ou sanguinolenta. Autoexame: deve ser realizado uma vez por mês e uma semana após o término da menstruação. Contribui para que a mulher conheça a mama normal e suas variações, Ginecologia 50 mas não substitui o exame com o médico. Investigação das lesões: PAAF, USG, mamografia, RM, cintilografia, TC Classificação histológica do CA de mama: Carcinoma in situ → lesão restrita ao epitélio, não ocorre infiltração do estroma. Pode ser lobular ou ductal Carcinoma ductal in situ → lesão precursora do câncer de mama, na maioria das vezes tem prognóstico favorável. Caracteriza-se à microscopia pela presença de dilatação da luz dos ductos e pelo achado de células de padrão ductal com alterações malignas que não invadem a membrana basal. Mais comum Carcinoma lobular in situ → Não se apresenta como lesão palpável, normalmente não há expressão mamográfica, e não é visível macroscopicamente ao exame histopatológico. É detectado mais frequentemente na pré-menopausa, sugerindo influência hormonal no desenvolvimento ou manutenção dessa lesão. O padrão histológico é o de hiperplasia lobular atípica, com presença de células epiteliais pequenas, não coesas, dispostas no interior dos ácinos Carcinoma invasivo / infiltrante → é quando há infiltração do estroma mamário. Carcinoma ductal infiltrante → tipo mais comum, cursa com retração de pele, abaulamento e pouca fibrose. Tem massa palpável, pétrea e tem bom prognóstico quando não há metástase Ginecologia 51 Carcinoma lobular infiltrante → pouco frequente. O achado típico é de uma área mal definida, infiltrada, espessada na mama, com pouca expressão mamográfica. Apresenta maior tendência à bilateralidade e multicentricidade Estadiamento: define o prognostico e orienta uma conduta terapêutica. É baseada na dissecção linfática auxiliar com ou sem dissecção do linfonodo sentinela e usado exames como cintilografia óssea, RX de tórax, US de abdome e pelve Ginecologia 52 Ginecologia 53 Ginecologia 54 Prognóstico: Fator prognóstico não é sinônimo de fator preditivo. Fator prognóstico é qualquer marcador que pode ser associado ao tempo livre de doença ou sobrevida global na ausência de terapia sistêmica adjuvante. São considerados fatores prognósticos: características demográficas, anatomopatológicas (ex.: tamanho tumoral, tipo histológico, grau histológico etc.) e alguns marcadores biológicos associados ao crescimento e à progressão tumoral. Fator preditivo é qualquer marcador associado à resposta ou à sua falta para uma terapia específica. O status dos receptores hormonais e o HER-2 são considerados fatores preditivos e prognósticos do câncer de mama. Fatores de recidiva: invasão de vasos linfáticos, margens da lesão não livres, idade (menor que 40), componente intraductal extenso, hereditariedade, mamas muito pequenas, linfonodos axilares (deve-se esvaziar o linfonodo sentinela) Tratamento: visa o controle locorregional e sistêmico do câncer de mama. Tratamento cirúrgico: Consiste na abordagem do tumor primário e da axila, com ou sem associação da radioterapia. Indicada para as pacientes sem doença metastática à distância Cirurgias conservadoras → preservam boa parte da mama e limitam-se à ressecção da área que contem o tumor, com boa margem de segurança. São indicadas para tumores pequenos. São essas: tumorectomia, quadrantectomia e segmentectomia. Deve estar associada a radioterapia Cirurgias radicais → mastectomia → indicada para tumores malignos infiltrante que ocupam mais de 20% do volume da mama. Faz-se a retirada inteira do tecido mamário Esvaziamento axilar → como a cadeia axilar é a mais acometida, está indicado fazer o esvaziamento do linfonodo sentinela Radioterapia → está indicada após cirurgias conservadoras, para tumores maiores que 4cm, na presença de 4 ou mais linfonodos axilares acometidos Quimioterapia → visa auxiliar o tratamento regional e controlado surgimento de metástases. Hormonioterapia → Consiste na utilização de substâncias que inibam ou diminuam a atividade dos hormônios endógenos (estrogênio e progesterona) sobre a mama. Ginecologia 55 Por esta razão, está indicada para os tumores receptores hormonais positivos (RE+ e RP+). Pode ser ablativa ou cirúrgica (ooforectomia), ou medicamentosa. Os medicamentos mais utilizados são: tamoxifeno, inibidores da aromatase, análogos no GnRH Aula 8 - Câncer de colo de útero O câncer de colo do útero caracteriza-se pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma). Pode invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. É o terceiro cancer mais comum nas mulheres. Suas taxas vem diminuindo ao longo dos anos devido aos programas de prevenção. O tipo histológico mais comum é o carcinoma de células escamosas e depois o adenocarcinoma. O principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões intraepiteliais de alto grau e do câncer de colo do útero é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), principalmente os sorotipos 16 e 18. A vacina é uma estratégia de prevenção eficiente, porém não protege de todos os sorotipos. Por isso, o rastreamento é feito dos 25 aos 65 anos a cada 3 anos, após 2 exames consecutivos com intervalo de 1 ano normais. É um câncer que tem alto potencial de prevenção e cura. Historia natural da doença: a infecção pelo HPV é causa necessária para o desenvolvimento do câncer de colo do útero. Cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas. Na maioria das vezes, esta infecção cervical é transitória e regride espontaneamente, entre seis meses a dois anos após a exposição. Mas, nos casos em que persiste, pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, cuja identificação e tratamento adequado possibilitam a prevenção da progressão para o carcinoma cervical invasivo. outros fatores influenciam nessa persistência, como: tipo e carga viral, imunidade do hospedeiro, genética, comportamento sexual, idade, tabagismo. As lesões intraepiteliais de baixo grau, geralmente regridem, enquanto as de alto grau apresentem altas taxas de progressão. Prevenção primária: é a diminuição do risco de contágio pelo HPV. Ou seja, o uso de preservativos e a vacinação. No brasil existe a vacina quadrivalente (que abrange os sorotipos 16, 18, 11 e 6) e a bivalente (16 e 18) no esquema de 3 doses com 1, 60 e Ginecologia 56 180 dias, para meninas de 9 a 26 anos, podendo ser estendida até 45 anos. No SUS a vacinaestá disponível para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Para pacientes soropositivos a vacina é disponibilizada no esquema 0-2-6 meses. Obs: vale a pena vacinar mulheres positivas e ou tratadas para HPV pois diminui a chance de progresso e recidiva Colo do útero: forma cilíndrica, dividido em ectocérvice (epitélio escamoso estratificado) e endocérvice (epitélio colunar simples). Entre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolunar (JEC) que é um epitélio de transição. Na infância e na pós menopausa, a JEC fica dentro do canal cervical enquanto no menacme a JEC se exterioriza e recebe o nome de ectopia ou eversão. A observação é que o HPV tem tropismo por essa região. Assim, o epitélio colunar fica com contato com o ambiente ácido vaginal, hostil para essas células, fazendo com que elas se transformem por meio da metaplasia, em células mais adaptadas, dando origem a essa zona de transformação. Nessa região pode ocorrer obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervicais subjacentes, dando origem a estruturas císticas sem significado patológico, chamadas de cistos de Naboth. Ginecologia 57 Prevenção secundária: diagnostico precoce e rastreamento. Como as lesões intraepiteliais cervicais e o câncer de colo uterino em fases iniciais podem ser totalmente assintomáticos ou podem se manifestar por corrimento vaginal fétido, dor e perda sanguínea anormal, geralmente sinusiorragia, é importante o rastreamento. Fatores de risco: infecção pelo HPV → é o principal fator de risco, responsável por 99% dos casos. Geralmente se apresenta de forma assintomática, com lesões inaparente, visíveis apenas na colposcopia (teste de schiller). Acomete mais na faixa de 20 a 40 anos. Os sorotipos mais frequentes são: o 16 (carcinoma de células escamosas) seguido pelo 18 (adenocarcinoma). Após a infecção o virus coloniza todo o epitélio do trato genital inferior e a evolução dependa da reposta resposta do individuo. Pode evoluir com cura Ginecologia 58 espontânea, pode persistir sem causar nenhuma manifestação ou pode se multiplicar e aparecerem as lesões como os condilomas genitais. O diagnóstico das lesões evidentes se dá com a suspeita pelo exame clínico e a confirmação com o histopatológico e das lesões subcritical se dá com a colpocitologia e caso seja identificada faz-se a colposcopia com biópsia e acompanhamento. O tratamento objetiva a destruição da lesão (condiloma), previnir a evolução para a malignidade, prevenção da transmissão vertical e prevenção da transmissão horizontal. O condiloma pode ser cauterizado com eletrocautério, laser, substâncias químicas ou ressecção cirúrgica. Inicio precoce da atividade sexual → coitará menor que 16 anos Número de parceiros sexuais → quanto maior o numero, maior a chance de desenvolver Parceiro sexual → parceiros que tiveram cancer de penis, tem alto risco de transmitir para mulher Outras ISTs → como herpes, gonorreia, sífilis, clamídia Uso de ACO oral → devido ao comportamento sexual, ou seja, toma a pílula e não usa o preservativo Deficiências vitamínicas → a vitamina A atua na manutenção da integridade do epitélio escamoso Tabagismo → esta relacionada com a carga tabágica e com o efeito carcinogênico da nicotina no muco cervical e com a redução da resposta imune Imunidade → pacientes HIV positivas, lúdicas, diabéticas, transplantadas, em uso de corticoterapia ou quimioterapia Deficiência de alfa 1 antitripsina → alteração genética associada ao câncer Baixo nível sócio econômico → dificuldade de acesso aos meios de diagnostico e tratamento Outros fatores de risco → multiparidade, desnutrição, má higiene genital, agentes químicos, exposição à radiação ionizante Evolução das lesões: Nos estádios pré-invasivos, o câncer cervical só apresenta alterações à colposcopia, com a progressão da doença começa a apresentar as lesões Ginecologia 59 Rastreamento: exame citopatológico (preventivo). Segundo MS, o inicio da coleta deve ser realizado aos 25 anos de idade para mulheres que ja iniciaram atividade sexual. Os exames devem seguir até os 64 anos. O intervalo entre os exames deve ser de três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual. Ginecologia 60 Recomendações: Ginecologia 61 Ver recomendações da pagina 18-29 Colposcopia: visualização do colo uterino através do colposcópio, após aplicação de ácido acético e lugol. As indicações são: Resultado citológico de LIE-AG ou ASC-H ou Ginecologia 62 AGC; Duas citologias consecutivas com resultado de ASC-US ou LIE-BG; Colposcopia insatisfatória (JEC não visualizada); Pacientes imunossuprimidas com lesões intraepiteliais de baixo grau na citologia e Alteração à inspeção visual do colo uterino à especuloscopia ou à colposcopia com ácido acético e lugol. O ácido acético coagula as proteínas citoplasmáticas do epitélio alterado. Portanto, quanto mais proteínas, mais esbranquiçada fica a lesão. Este processo esconde a congestão do tecido conjuntivo. Por esta razão, é importante observar antes do ácido acético se há áreas avermelhadas que denotam neovascularização e se as mesmas tornam-se brancas após a ação do ácido acético (30-40 segundos após). O teste de schiller consiste na embrocação do colo uterino com uma solução iodo-iodetada (lugol). A finalidade deste teste é identificar áreas de epitélio escamoso desprovidas de glicogênio, que assumiram tonalidade suave de amarelo, denominado “amarelo-mostarda” com limites nítidos e contornos caprichosamente recortados à semelhança de mapa geográfico. Em contraposição, o restante do epitélio escamoso, rico em glicogênio, apresentará coloração marrom-escuro. A finalidade do lugol é corar o epitélio. O lugol cora o glicogênio das células, tornando-as mais escuras quanto maior o teor dessa substância. As células normais do colo são ricas em glicogênio e tornam-se mais escuras, enquanto as células alteradas, que possuem baixo teor de glicogênio, são as que não se coram pelo lugol. A colposcopia é satisfatória quando consegue-se visualizar a JEC. Os achados colposcópicos normais são o epitélio escamoso original, o epitélio colunar e a zona de transformação. As variações de espessura, contorno, relevo, cor do epitélio e alterações vasculares, constituem os elementos de avaliação colposcópica que as definem como alterações maiores e menores. Assim, a necessidade de realização de biópsia dirigida será direcionada pelos achados colposcópicos, ou seja, pela imagem colposcópica encontrada. Em geral, ela estará indicada nos seguintes achados: Alterações colposcópicas maiores, como epitélio acetobranco denso, mosaico grosseiro, pontilhado grosseiro, iodo negativo, vasos atípicos; Achados colposcópicos sugestivos de câncer invasor, como superfície irregular, erosão ou ulceração; epitélio acetobranco denso, pontilhado e mosaico amplos e irregulares, vasos atípicos. Ginecologia 63 Ginecologia 64 O estudo histopatológico continua sendo o padrão ouro no diagnóstico e é ele que vai definir a conduta terapêutica. O material é coletado por meio da biópsia e vai definir se tem caráter benigno, pré neoplásico ou neoplásico. Ou seja, o rastreio é com a citologia e colposcopia e a confirmação é com a histologia. Leep→ Excisão de um pedaço da lesão Ginecologia 65 Propagação: O câncer de colo pode se propagar diretamente, por continuidade (vagina e corpo uterino) e contiguidade (paramétrios, paracolpos, bexiga e reto), e, indiretamente, por via linfática ou hematogênica Classificação histológica: o carcinoma epidermoide é o mais frequente, seguido do adenocarcinom Ginecologia 66 Ginecologia 67 Estadiamento: é clinico e envolve o exame ginecológico, colposcopia, histopatológico, métodos de imagem, cistoscopia, retossigmoidoscopia Ginecologia 68 Estádio 0 – Carcinoma in situ, carcinoma intraepitelial. Estádio I – carcinoma restrito ao colo uterino. Ginecologia 69 IA – a invasão do estroma é limitada à profundidade de5 mm e extensão de 7 mm. IA1 – invasão até 3 mm em profundidade e extensão até 7 mm. IA2 – invasão entre 3 a 5 mm de profundidade e extensão até 7 mm. Envolvimento do espaço vascular ou linfático não altera o estadiamento. IB – tumor clinicamente visível limitado ao colo ou tumores pré-clínicos maiores do que o estádio IA. IB1 – lesões até 4 cm. IB2 – lesões maiores de 4 cm. Estádio II – o carcinoma estende-se além do colo, mas não há extensão para a parede, ou seja, o carcinoma acomete a vagina, mas não o terço inferior. II A – invasão da vagina, sem atingir seu terço inferior, e ausência de comprometimento parametrial. II A1 – tumor clinicamente visível ≤ 4 cm em seu maior diâmetro. II A2 – tumor clinicamente visível > 4 cm em seu maior diâmetro. II B – acometimento visível do paramétrio, mas sem atingir a parede pélvica. Estádio III – o carcinoma estendeu-se até a parede pélvica. Ao exame retal, não há espaço livre de câncer entre o tumor e a parede pélvica. O tumor acomete o terço inferior da vagina. Todos os casos de hidronefrose ou rim não funcionante devem ser incluídos, desde que excluídas outras causas. III A – extensão ao terço inferior da vagina, mas não à parede pélvica, se houver comprometimento parametrial. III B – extensão à parede pélvica ou hidronefrose ou rim não funcionante Estádio IV – o carcinoma estendeu-se além da pelve verdadeira ou há acometimento visível da mucosa da bexiga ou do reto. IV A – disseminação do tumor para órgãos adjacentes (bexiga e reto). IV B – disseminação para órgãos distantes. Tratamento das lesões intraepiteliais cervicais: Ginecologia 70 Métodos físico-destrutivos Criocauterização → congela superficialmente a ectocérvice, resultando em morte célular Vaporização com laser → laser de CO2 destrói o tecido Eletrocoagulação → coagulação e destruição tecidual por calor Exérese Cirurgia de alta frequência (CAF) ou excisão eletrocirúrgica por alça ou exérese da zona de transformação → tratamento da doença ectocervical até 1cm. Se passar disso (1,5 - 2,0cm), terá que fazer uma excisão mais profunda (do tipo 2) e se for mais profunda (2,0 - 2,5cm) é do tipo 3 Conização a frio → equivale a uma excisão do tipo 3. Consiste na retirada de um tronco em forma de cone de colo uterino. Seguimento Nos casos em que o exame histopatológico mostrar margens livres de doença ou comprometidas por NIC I → a mulher deverá ser submetida à citologia seis e doze meses após o procedimento. Após o primeiro ano, o seguimento deverá ser realizado com citologia anual até completar cinco anos do tratamento na unidade básica de saúde. Nos casos em que o exame histopatológico mostrar qualquer uma das margens comprometidas por NIC II/III → o seguimento deverá ser feito com exame citopatológico e colposcopia semestrais nos primeiros dois anos. Após os dois primeiros anos, o seguimento deverá ser feito com a citologia anual até completar cinco anos do tratamento, na unidade básica de saúde. Tratamento do câncer de colo de útero: Histerectomia: a do tipo I é indicada para pacientes com tumores e estágios IA1, sem invasão do espaço vascular linfático e que não desejam mais engravidar. Veja os outros tipos na tabela Ginecologia 71 Traquelectomia: indicada nos estágios IA2 e IB1 que desejam preservar o útero e IA1 que desejam preservar a fertilidade. Pode ser realizada por via vaginal ou abdominal, geralmente acompanhada de linfadenectomia pélvica e cerclagem cervical. Há risco de recorrência Exenteração: tem os tipos: Anterior (remoção da bexiga, vagina, colo e útero); Posterior (remoção do reto, vagina, colo e útero) e Total (somatório da exenteração anterior e posterior). Ginecologia 72 Radioterapia: é realizada em 2 fases, a RT externa (convencional) e, posteriormente, a braquiterapia. Quimioterapia: é usada para sensibilizar as células à radioterapia melhora o controle locorregional. A droga usada é a cisplatina. Obs: sempre deve realizar linfadenectomia pélvica no estagio IB1 Ginecologia 73 Ginecologia 74 Fatores prognósticos: estadiamento, tipo histológico (O CCE tem melhor prognostico), tamanho do tumor, volume, infiltração, metástase, idade Aula 9 - Câncer de ovário Epidemiologia Tipo menos frequente de câncer ginecológico. Apenas 6% dos tumores malignos. Não existe exame de rastreio, por isso, só é descoberto nas fazes mais tardias, por isso tem alta letalidade. Os casos de cancer de ovário tem crescido no brasil. Fatores de risco Idade (aumenta com a idade, sobretudo na pós menopausa), fatores reprodutivos (ovulações repetidas predispõe a transformação maligna, nuliparidade também. Entretanto, os contraceptivos são um fator de proteção), fatores genéticos (historia familiar em parentes de primeiro grau, síndromes hereditárias como mutações no gene BRCA1 (câncer de mama-ovário) e BRCA2 e a síndrome de Lynch II, associada ao câncer colorretal, endométrio, pelve renal e intestino delgado), outros fatores de risco estão relacionados ao estilo de vida do individuo como obesidade Manifestações clinicas São oligossintomáticos e com sintomas inespecíficos. Geralmente são dor abdominal, distensão abdominal, emagrecimento, sintomas urinários, sintomas gastrointestinais, sangramento vaginal, massa pélvica (mais comum) Ginecologia 75 Obs: biomarcadores tumorais não devem ser solicitados em exames de rotina, pois não servem de diagnóstico, uma vez que outras patologias como DIP, endometriose e até mesmo inflamação/infecção podem levar ao aumento dos mesmos. Eles servem apenas para seguimento e condução dos pacientes. Caso uma massa anexial seja encontrada, deve-se solicitar USG transvaginal para avaliar malignidade ou benignidade. Caso a imagem tenha suspeita de malignidade, pede-se o marcador CA125, CA119-9, bhcg, testosterona Ovários Dimensões variadas a partir da fase do ciclo, nas Crianças: 0,5 - 2cmˆ3 Menacme: 3-9cmˆ3 Menopausa: <5cmˆ3 Imagem mostrando cistos: Ginecologia 76 Massas anexiais: (cisto simples) Os cistos simples apresentam aparência unilocular conteúdo líquido anecoico, de contornos definidos, paredes delgadas. Imagem mostrando cistos simples (benigna) Ginecologia 77 Cisto hemorrágico Cistos com conteúdo ecogênico, bem delimitado, sem traço de vascularização ao uso de Doppler colorido. Em caso de ruptura do cisto hemorrágico de corpo lúteo, o fluido pélvico livre pode ser observada Ginecologia 78 Hidrossalpinge Liquido na trompa, fica tortuosa. Massa cística tubular e alongado com septos incompletos ou recuos ao longo de suas paredes (sinal da cintura ou roda dentada) Ginecologia 79 Endometrioma Cistos uni ou multiloculadas, bem definida, regular, conteúdo espesso, eco homogêneos, difuso de baixo nível, tembém conhecido como aparência de “vidro moído” Ginecologia 80 USG A USG pélvica transvaginal tem papel fundamental no diagnóstico e na avaliação do risco de malignidade nos tumores anexiais. Por esse motivo, a IOTA, criou a padronização destes tumores e a utilização de uma classificação que avalie o potencial de malignidade de forma auxiliar ao ginecologista na decisão clinica OBS: 5 regras simples para predizer um tumor BENIGNO 1- unilocular 2- presença de componentes sólidos onde o maior tem o maior diâmetro < 7mm 3- presença de sombras acústicas 4- tumor regular multilocular com maior diâmetro < 100mm 5- fluxo sanguíneo ausente (score 1) Ginecologia 81 OBS: 5 regras simples para predizer um tumor MALIGNO 1- tumor sólido irregular 2- presença de ascite 3- pelo menos 4 papilas 4- tumor sólido irregular multilocular com maior diâmetro > 100mm 5- fluxo sanguíneo muito intenso (score 4) Diagnóstico Geralmente é tardio, por isso a alta letalidade. Anamnese (historia familiar) + exame físico (toque vaginal, toque retal) + exames de imagem (USG transvaginal, TC, RNM) + marcadores tumorais (CA125) Ginecologia 82 Obs: os marcadores tumorais servem mais para seguimento dapaciente, avaliando a resposta ao tratamento O diagnóstico definitivo é dado pelo estudo histopatológico Ginecologia 83 Tipos histológicos Ginecologia 84 Ginecologia 85 Estadiamento Ginecologia 86 Tratamento Citologia oncótica do liquido ascítico ou lavado peritoneal Exploração da cavidade → inspeção peritoneal Na ausência de implantes: biópsias aleatórias do peritoneal vesical, fundo de saco, goteiras parieto-cólicas e infra diafragmatico bilateral Omentectomia infra-mesocólica HAT com anexectomia bilateral Linfadenectomia pélvica e retroperitonial Aula 10 - Miomatose uterina Epidemiologia Tumores pélvicos mais comuns nas mulheres, sendo até 40% das mulheres em idade fértil Presente em 77% dos úteros submetidos à histerectomia Ginecologia 87 5º causa de internamento por causa ginecológica não relacionada à gravidez Raro de ocorrer antes no menacme Tem tendencia de regredir após a menopausa, devido a baixa dos hormônios, principalmente do estrógeno Patogenia Tem natureza benigna, bem circunscrita ao usg e não infiltrativa em tecido adjacentes Tem origem nas células musculares lisas do miométrio Existem tumores estrogênio dependentes Componentes: músculo liso, matriz extracelular (proteoglicana, colágeno e fibronectina) Teorias → crescimento esta relacionado ao grupo de células monoclonais (células que sofrem perdas da regulação do crescimento) → logo, o aumento do estrógeno e progesterona aumenta as taxas de mitose no músculo liso, ajudando a formação do mioma. Além disso, existem fatores de crescimento e seus receptores aumentados nos miomas (TGF-beta, bFGF), que aumentam a atividade mitótica e deposição de matriz extracelular, formando o mioma Etiologia Fatores genéticos: 40% dos miomas apresentam anomalias cromossômicas detectáveis (translocação, deleção, trissomia) Fatores hormonais: as evidencias sugerem que o estrógeno e a progesterona promovam o seu desenvolvimento Fatores de crescimento: produzido pelas células musculares e fibroblastos promovem o crescimento desses miomas Efeito do estrogênio Os miomas tem mais receptores de estrogênio e progesterona que o miométrio circundante, bem como sobre-expressão de aromatase, tornando o seu ambiente hiperestrogênico Ginecologia 88 Os leiomiomas criam um ambiente rico em estrogênio, que é requisito para o seu crescimento e manutenção. Eles fazem isso através de 3 mecanismos: Maior densidade de receptores de estrogênio → aumento do citocromo P45 (faz com que as células se multipliquem mais rapidamente e convertem menos estradiol em estorna menos ativa, deixando o ambiente propicio para o desenvolvimento do mioma Fatores de risco Classificação Ginecologia 89 Intramurais → dentro do miométrio; são pouco sintomáticos, não associados a dores e sangramentos. Prevalência de (75%) Submucoso → estão associados a maiores sintomas como dor, sangramento e infertilidade. Prevalência de (5%) Subseroso → associado a dor, podem crescer e causar abdome agudo por torção do pedículo, ou compressão de órgãos adjacentes. Prevalência de (20%) Cervicais → dentro do colo do útero. Se se exterioriza do colo do útero chama de mioma parido. Classificação de figo: Ginecologia 90 Classificação histológica: Ginecologia 91 Quadro clínico A sintomatologia depende da localização, tamanho, número, alterações degenerativas É raro que se desenvolva para malignidade Cursa com hemorragia uterina (menorragia, hipermenorreia), desconforto, dor, pressão pélvica (efeito de massa), anemia ferropriva, dismenorreia, dispareunia, efeito de massa sobre a bexiga (polaciúria, urgência urinária, disúria, hidronefrose), compressão do cólon sigmoide ou reto (causando obstipação, tenesmo e pressão retal) Pode causar prolapso de mioma submucoso pediculado através do colo do útero, estase venosa de MMII devido à compressão de artérias locais, possível tromboflebite e infertilidade (principal causa de infertilidade é o mioma) Ginecologia 92 Mioma X hemorragia Os possíveis mecanismos apontados são: aumento da superfície endometrial, aumento da vascularização do útero, interferência com a normal contratilidade uterina, ulceração endometrial sobre os miomas submucosos, compressão do plexo venoso do miométrio, levando a ectasia venular endometrial, que resulta na congestão do miométrio e endométrio Mioma X infertilidade Ginecologia 93 2-3% dos casos encontra-se relação causal direta entre mioma e infertilidade. Os possíveis mecanismos são: alteração do contorno endometrial, interferindo na implantação (nidação); aumento e deformação da cavidade uterina, prejudicado o transporte dos espermatozoides; persistência de sangue ou coágulos intra-uterinos, dificultando a implantação; distorção ou obstrução do óstio tubário; anormalidades da vascularização uterina; inflamação intracavitária crônica Quadro clínico Episódios de dor aguda (torção de miomas pediculados; degeneração miomatosa) Risco de malignização → Está ente 0,06 e 0,3% Diagnóstico Exame clínico (exame físico, toque bianual), ecografia pélvica (melhor exame, localiza e define o mioma), histerossonografia, ressonância magnética, histeroscopia Ecografia ou USG pélvica transvaginal → é o padrão ouro, é fácil, segura, baixo custo e disponível. A sensibilidade está reduzida em úteros volumosos (complementar com USG abdominal) ou quando os nódulos são muito pequenos. Características ecográficas benignas: nodulares, sólidas, hipoecogênicas, origem no miométrio. Ginecologia 94 Imagem 1 → capsula do mioma Imagem 2 → mioma mais hipoecogênio do que o miométrio, devido a quantidade de colágeno e matriz extracelular RM → melhor exame para diagnostico, mapeamento (da a localização exata) e caracterização. É um exame de alto custo e pouco disponível. Histeroscopia → é uma técnica invasiva. É relevante no diagnostico diferencial entre pólipo e mioma submucoso. Permite o tratamento (miomectomia histeroscópica) O diagnóstico definitivo é dado com a anatomia patológica Diagnóstico diferencial Ginecologia 95 Tratamento O tratamento é apenas para as pacientes sintomáticas Deve ser individualizado, tendo em vista a idade, desejo de gestar, tipo de sintoma, tamanho e localização dos miomas. Tem como objetivo o alívio dos sintomas Tratamento conservador → vigilância clinica e ecográfica anualmente. Está contraindicado na vigência de anemia severa e hidronefrose. 1- AINES: alivio da dor pélvica, não reduzem o fluxo menstrual 2- anti inflamatórios 3- progesterona isolada ou DIU: melhora a menorragia, indução da amenorreia 4- moduladores seletivos do receptor da progesterona: antagoniza os efeitos da progesterona nos seus receptores. Ex: mifepristona → diminui o tamanho do mioma e induz a amenorreia. É semelhante ao agonista de GnRH. 5- Ginecologia 96 Tratamento cirúrgico → 1- miomectomia: mulheres sintomáticas que desejem preservar a fertilidade ou o útero; mulheres inférteis em tratamento; usados muito para miomas intramurais. Pode ser realizada por histeroscopia também, com poucas complicações. É indicado para miomas submucosos sintomáticos 2- histerectomia: tratamento definitivo, compromete a fertilidade, tem maiores riscos, abordagem individualizada. As indicações são: falha no manejo clínico, presença de sintomas persistente e prole constituída ou ausência do desejo de engravidar. Pode ser por via laparoscópica, via vaginal ou via abdominal 3- Ginecologia 97 Aula 11 - Endometriose Principal causa de dor pélvica e infertilidade nas mulheres. Ginecologia 98 Foto: mostra os focos de endometriose (pontos pretos em fumaça) com sangramento local. Cria um infiltrado inflamatório capaz de aderir em outros órgãos Definição: é uma doença ginecológica crônica, benigna, estrogênio-dependente e de natureza multifatorial que acomete principalmente mulheres em idade reprodutiva. Introdução: Começa com uma dismenorreia progressiva. É definidacom a presença de glândulas endometriosis e estroma em locais extra-uterinos como no pulmão, pelve, ureter, bexiga e etc Está associado a teorias, como a do fluxo menstrual retrógrado em pacientes com hímen imperfurado Está associado a dor pélvica, dismenorreia grave, dispareunia, infertilidade. Mas pode ser assintomática, sendo um achado incidental em cirurgia. Não se sabe ao certo a incidência, patogênese, história natural e melhor tratamento Obs: a sintomatologia não está associada ao número de focos Epidemiologia: doença hormônio dependente, prevalente em mulheres na idade reprodutiva (25 a 35 anos). Tem sintomas variados e inespecíficos, prevalente em 1 a 7% da população. Com sintomas variados e inespecíficos. Etiologia: a causa definitiva é desconhecida. Teoria da menstruação retrógrada → também chamada de teoria do transplante. Implantação de células endometriais por regurgitação transtubária durante o período menstrual, o que justifica a maior frequência desses implantes de endometriose nas porções inferiores da pelve como ovários, fundo de saco e pelve Teoria da indução → alguns fatores hormonais ou biológicos, induzem a diferenciação de células indiferenciadas em tecido endometrial. → explica a endometriose em outros locais como pulmão. Papel do sistema imune → imunidade celular deficiente, é incapaz de reconhecer o tecido endometrial em locais atípicos. As citocinas e interleucina vão gerar esse quadro inflamatório da endometriose Ginecologia 99 Obs: essas teorias se fazem justas na endometriose em homens. São explicadas por essas teorias. Outras causas são: padrão hereditário multifatorial, alterações nos cromossomos e nos genes, obstrução do trato reprodutivo, toxinas ambientais Tipos: Para quando está presente na cavidade peritoneal Peritoneal → caracteriza-se pela presença de implantes superficiais no peritônio Ovariana → implantes superficiais no ovário ou cistos (endometrioma). Geralmente é assintomáticas e estão mais relacionadas a infertilidade Endometriose profunda → Definida como uma lesão que penetra no espaço retroperitonial ou na parede dos órgão pélvicos, com uma profundidade de 5mm ou mais Classificações: Essa escala avalia a aparência, tamanho, profundidade dos implantes, presença, extensão e tipo de aderência. Mas atualmente é pouco usada. Ginecologia 100 Localização: Mais comuns → ovários, fundo de saco anterior e posterior, útero, trompas, sigmóide, apêndice, ligamento redondo Menos comum → vagina, colo uterino, septo retovaginal, ceco, iléo, canal inguinal, cicatriz, cicatriz abdominal, bexiga, ureter e umbigo Raro: mama, pâncreas, figado, vesícula, rim, uretra, ossos, pulmão, baço, diafragma e SNC. Parede abdominal → endometrioma de parede, próximo a cicatriz de parede. Acredita- se que o surgimento dele se deu durante a cesariana, devido a manipulação da região que permitiu a implantação. Se comporta como uma massa abdominal dolorosa, cíclica ou continua. O diagnostico se dá pela excisão ampla. Há chances de recidiva. Obs: durante a menstruação esse endometrioma aumenta Ovário → endometrioma de ovário (cisto ovariano de parede lisas, preenchido por liquido espesso e homogêneo semelhante a chocolate). Pode ser uni ou multillocular. A conduta é cirúrgica, para diminuir o risco de outros implantes. É a melhor forma de Ginecologia 101 endometriose, pois não está associado a implantes em outros locais, mas é fator de risco para câncer de ovárido Quadro clínico: Pode ser assintomático ou cursar com dor pélvica, infertilidade ou massa pélvica. Outras apresentações dependem do foco, como dispareunia, fadiga crônica, sangramento uterino anormal, sangramento retal, constipação, diarreia, hematúria. Dor pélvica → sintoma mais comum. Inicialmente é cíclica, mas se torna progressiva até virar crônica. O mecanismo é devido a inflação peritoneal local, infiltração profunda com lesão tecidual, formação de aderências, espessamento fibrótico que faz acumulo de sangue e tração dolorosa com a movimentação dos tecidos. Dismenorreia → mais sugestiva quando surge alguns anos de menstruação sem dor. Inicia no período pré menstrual e tem distribuição geralmente bilateral. Os sintomas podem decorrer do acometimento, ou seja, retal, vesical ou uretral. A intensidade dos sintomas não se relaciona com a quantidade de focos endometriais, nem com a Ginecologia 102 profundidade de infiltração. Os sintomas e o sítio da dor podem indicar a localização da lesão, por ex: dispareunia e a dor ao defecar são sinais de doença profunda. Endometriose extrapélvica → sintomas de dor associado a uma massa palpável com padrão cíclico. Os locais mais comuns são o trato intestinal, principalmente colon e reto, que cursam com dor abdominal ou lombar, distensão abdominal, hemorragia retal cíclica, constipação e obstrução. Quando a localização é pulmonar, os sintomas são pneumotórax, hemotórax e hemoptise durante a menstruação. Quando o acometimento é umbilical, tem-se uma massa palpável e dor cíclica. Endometriose de bexiga → local mais acometido do trato urinário, geralmente é assintomático ou cursada com urgência miccional, disúria e tenesmo vesical, principalmente no período menstrual Endometriose ureteral → cursa com dor no flanco, hematúria macroscópica e hidronefrose (por perda da função renal) Infertilidade → está relacionada a distorção anatômica, como as aderências pélvicas fixas que se tornam fibróticas e impedem a movimentação do útero, causando dor ao toque bimanual e a relação sexual. Está relacionada também aos endometriomas, que perde a capacidade funcional do ovário. E também a produção de substâncias inflamatórias como a prostaglandina que cria um ambiente hostil, deixando a função ovariana prejudicada, assim como a fertilização e a implantação Ginecologia 103 Diagnóstico → a suspeita se dá com a apresentação clínica de uma mulher com infertilidade, dismenorreia, dispareunia ou dor pélvica crônica Exame físico → pode não apresentar alterações, mas é importante avaliar a vulva, vagina, colo, cicatriz de episiotomia. Outros sinais são nódulos em fundo de saco, edema doloroso do septo retovaginal e aumento ovariano unilateral. Imagem → pode pedir uma USG transvaginal ou transretal que servem para diagnosticar cistos endometrióticos ovariano, endometriose de bexiga, ureteral ou retovaginal. Se houver suspeita de lesão profunda, pede a USG transretal, RNM, USG TV com preparo intestinal. Se houver suspeita de lesão em bexiga, faz a cistoscopia. Marcadores → Ca125 é o marcador encontrado em estruturas derivadas do epitélio celômico. Quando está maior do que 35, sugere endometriose. Quanto mais elevado, maior a chance de endometriose profunda. Não serve de diagnóstico, é útil para prever a recorrência de endometriose após o tratamento e avaliar a eficácia do tratamento. Laparoscopia → técnica padrão para inspeção visual da pelve e estabelecimento de um diagnóstico definitivo. Consegue registrar o tipo da endometriose, a extensão e a localização de todas as lesões e aderências. Atualmente não é mais realizado, pois os exames de imagem são suficientes. Não deve ser realizada dentro dos 3 meses de tratamento hormonal, pois os focos podem não ser vistos. Os achados típicos são as lesões em “queimadura por pólvora” ou “lesão por projétil de arma de foro”, geralmente em superfície serosa do peritônio. São nódulos pretos ou acastanhados, escurecidos ou azulados. Pequenos cistos contendo hemorragias antiga circundada por um grau variável de fibrose A confirmação de qualquer diagnóstico é com a biópsia da lesão suspeita. Nos casos de endometrioma ovariano menor de 3cm com infiltração profunda, faz a biópsia para descartar malignidade, ou seja, remove o cisto que geralmente está localizado na superfície anterior do ovário. Ginecologia 104 Diagnóstico diferencial → Causas ginecológicas: DIP, abcesso tubo ovariano, salpingite, endometrite, cisto
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