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Metodologia Científica Lilian M. B. Testa Poliana B. da Riva A Faculdade Eficaz nasceu com o objetivo de promover a formação consciente dos cidadãos de seus direitos e deveres sociais, primando pela cidadania e soli- dariedade humana. Nossa tarefa é trabalhar em nossos alunos habilidades e capacidades, para que sejam cidadãos capazes de enfrentar as dificuldades cotidianas. Em nossos cursos buscamos a excelência educacional, seja por sua preocupação perante o avanço da ciência, da tecnologia, ou perante os anseios da sociedade moderna e democrática. A Faculdade Eficaz se propõe a ser uma mediadora na transmissão dos co- nhecimentos já produzidos pela humanidade; ponte na articulação destes conhe- cimentos com os novos, produzidos a partir das experiências vivenciadas pelos discentes que é a construção do seu próprio saber e ainda: promover a integração destes conhecimentos pela mobilização de competências já construídas, por sua ampliação e pela construção de novas competências. Portanto, entendemos que a nossa finalidade é formar profissionais com com- petências e habilidades para atuar no contexto complexo e contraditório da eco- nomia global, das políticas e das mudanças sociais, que afetam diretamente a vida cotidiana, o trabalho e as formas de organização e qualificação profissional. Ao ingressar na Faculdade Eficaz, os alunos terão a chance não apenas de estudar uma nova profissão, ou aprimorá-la, mas também de ampliar sua visão de mundo a partir do acesso à cultura e ao conhecimento. Isto, com certeza, tornando- -os cidadãos mais ativos e mais plurais neste mundo globalizado em que vivemos, assim como os torna mais bem preparados para o mercado de trabalho. AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP R ES EN TA Ç ÃOApresentação das Professoras Lilian Maia Borges Testa e Poliana Barbosa da Riva Olá, prezado aluno! É com muita satisfação que faremos uma breve apresen- tação de nossa formação acadêmica e carreira profissional como professoras do Ensino regular e do Ensino superior, seja na modalidade presencial, seja na moda- lidade de ensino a distância. Dessa forma, você poderá nos conhecer melhor. Sou a professora Lilian Maia Borges Testa, graduada em Letras Português/Inglês, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM – 2003) e também em Pedagogia, pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-2013), especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (UNICESUMAR - 2007), Docência no Ensino Superior (UNI- CESUMAR - 2012), EAD e as Tecnologias Educacionais (UNICESUMAR - 2014), e Gestão Educacional (UNICESUMAR - 2015). Experiência docente de 15 anos na Educação Básica e de 11 anos no Ensino a Distância. Atualmente atuo como professora do Ensino regular na rede pública de educação do Estado do Paraná. Juntamente com a professora Poliana Barbosa da Riva produzimos o respectivo material. A professora Poliana é bióloga, graduada pela Universidade Estadual de Maringá - PR (UEM-2009), com habilitação em Licenciatura de Ciências e Bio- logia. Mestre em Educação para a Ciência e Matemática (PCM) e Doutora em Educação para a Ciência e Matemática (PCM) pela mesma instituição de ensino (UEM - 2012), respectivamente. Participou do Projeto de Pesquisa - ANINQAS Monitoramento de Bacias Urbanas e Rurais - Análise Integrada da Qualidade da Água e Aspectos Sócio-Econômicos. Foi docente do Ensino superior no período de 2012 a 2017. Membro do Grupo de Estudo, Pesquisa e Disseminação do Ensino AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP R ES EN TA Ç ÃO de Ciências e Biologia e da Educação Ambiental - SEMINARE e Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental e Qualidade de Vida (ambos cadastrados no CNPq). Atualmente, é professora de Ciências Naturais (Ensino Fundamental II) e Biologia (Ensino Médio). Esperamos que você se identifique com o material, buscando em nossos escri-tos a inspiração para ampliar seu conhecimento e assim produzir seu trabalho de conclusão de curso de forma satisfatória e de acordo com as normas estabelecidas pela ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS) para produção e apresentação de trabalho científico. SU M ÁR IO UNIDADE 1 - OS MÉTODOS DE PESQUISA E O TRABALHO CIENTÍFICO 9 INTRODUÇÃO DA UNIDADE ............................................................11 HISTÓRICO DO PROCESSO CIENTÍFICO ......................................12 PESQUISA .........................................................................................14 OS DIFERENTES TIPOS DE CONHECIMENTO ..............................17 CONHECIMENTO FILOSÓFICO .............................................................. 18 SENSO COMUM OU CONHECIMENTO EMPÍRICO .............................. 19 O CONHECIMENTO TEOLÓGICO OU RELIGIOSO .............................. 19 CONHECIMENTO CIENTÍFICO .............................................................. 20 O PERFIL DO PESQUISADOR .........................................................25 CARACTERÍSTICAS DO PESQUISADOR.........................................30 A IMPORTÂNCIA E O USO DA WEB PARA PESQUISA CIENTÍFICA .. 33 INDICAÇÃO DE LEITURA ..................................................................37 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................38 UNIDADE 2 - AS ETAPAS DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA 41 INTRODUÇÃO DA UNIDADE ............................................................42 OS ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA 43 I – Escolha do tema ................................................................................. 44 II – Definição do problema de pesquisa ................................................ 45 III – Elaboração das hipóteses ............................................................... 46 IV – Definição dos objetivos ................................................................... 46 V - Apresentação da justificativa ........................................................... 48 REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA CIENTÍFICA ...................49 SU M ÁR IO I – Qualis do artigo científico ................................................................. 51 II – Confiabilidade das informações ....................................................... 51 III – Bases de pesquisas .......................................................................... 52 METODOLOGIA: OS TIPOS DE PESQUISA E OS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ..........................................................................54 1. Natureza da pesquisa .......................................................................... 57 2. Objetivo do estudo .............................................................................. 58 3. Abordagem ........................................................................................... 59 4. Procedimento técnico-metodológico ................................................ 62 5. Instrumentos de coleta de dados ...................................................... 69 INDICAÇÃO DE LEITURA ..................................................................74 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................76 UNIDADE 3 - O TRABALHO CIENTÍFICO E AS NORMAS DA ABNT 79 INTRODUÇÃO DA UNIDADE ............................................................80 A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO ......................80 I. Elementos pré-textuais ........................................................................ 83 II. Elementos textuais ............................................................................... 92 III. Elementos pós-textuais ...................................................................... 95 OS TIPOS DE CITAÇÕES ..................................................................97 A NORMATIZAÇÃO PARA O TRABALHO CIENTÍFICO E AS REFERÊNCIAS ...................................................................................104 I. Normatização do trabalho científico ................................................... 104 II. Referências bibliográficas ................................................................... 109 INDICAÇÃO DE LEITURA ..................................................................121 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................122 Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico UNIDADE 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender a origem da atividade científica em todo o mundo; • Relacionar o conceito existente entre os diferentes tipos de conhecimentos que temos contato atualmente; • Analisar o processo científico, sua evolução, e como é o perfil de um exímio pesquisador. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentamos os tópicos, que serão estudados nesta unidade: • Histórico do processo científico; • Os diferentes tipos de conhecimento; • O perfil do pesquisador. Lilian Maia Borges Testa; Poliana Barbosa da Riva 11 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico INTRODUÇÃO DA UNIDADE A respectiva unidade contemplará os assuntos referentes ao processo histórico da pro- dução científica em todo o mundo. Assim sendo, veremos como a ciência foi se desen- volvendo no decorrer dos tempos e durante a evolução do ser humano. Deste modo, exploraremos, a princípio, o histórico do processo científico, isto é, quando a pesquisa científica teve início, veremos que foi na Grécia, em meados do século VI a.C. Faremos, portanto, um breve apanhado de todo esse processo desde o surgimento da Matemática e a consolidação das demais ciências. Em seguida, trataremos dos diferentes tipos de conhecimentos e seus conceitos, ou seja, qual é a diferença entre o conhecimento visto como senso comum e o conheci- mento científico, apontaremos também as características dos demais conhecimentos, como: o conhecimento teológico, o conhecimento filosófico, entre outros. Nesse tópico, abordaremos as respectivas conceituações de cada conhecimento apresentado, bem como suas características. Por fim, descobriremos o perfil de um pesquisador, dessa forma, retomaremos as especi- fcidades e os princípios que envolvem a pesquisa e, em seguida, faremos o apontamento das particularidades que um pesquisador deve ter para ser considerado como tal. 12 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico Esperamos contribuir para que a sua aprendizagem seja significativa e que você adquira satisfatoriamente o conhecimento explicitado em nossas discussões. HISTÓRICO DO PROCESSO CIENTÍFICO Sabemos que a pesquisa científica teve início na Grécia, no século VI a.C. É válido lem- brar, ainda, que a matemática nasceu muito antes, ou melhor, com as trocas comerciais e as necessidades de contar objetos, logo, a necessidade de se calcular as áreas des- tinadas ao cultivo (“cálculo” vem do latim calculus, que significa “pedra”. Nesse período, os pastores possuíam um pote na entrada dos celeiros, nos quais jogavam tantas pedras quantas fossem equivalentes às ovelhas que entravam). Sob esse víes, notamos que estas eram ferramentas que permitiam resolver problemas pragmáticos. Utilizamos, por exemplo, “” aproximativo para calcular a área dos círculos. Assim, observamos que foram os gregos os primeiros a lançar fundamentos sólidos da Matemática, tornando-a uma verdadeira disciplina teórica, com enunciados gerais e não relativos a casos particulares, adotando um estilo, que ainda hoje é viável. Esta nova abordagem foi colocada em prática graças à sociedade de cidadãos rela- tivamente livres e soberanos: ela deu um lugar privilegiado à discussão e ao debate público, favorecendo, sobremaneira, o desenvolvimento dos pensamentos abstratos e 13 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico argumentados - a filosofia -, e considerações matemáticas com base em fundamen- tos rigorosos e convincentes.No mais, notamos que os historiadores consideram que, nesta sociedade, se originaram as verdadeiras pesquisas em relação aos conceitos matemáticos. Dessa maneira, notamos que Aristóteles chamava episteme à natureza do conhecimento, que ele acreditava vir da lógica, modalidade de raciocínio que vinha do geral ao específi- co, do abstrato ao concreto. O respectivo filósofo analisou as condições para o estabe- lecimento de uma prova pela argumentação dedutiva. A abordagem dedutiva vai do geral para o específico: partindo de princípios gerais, pode- mos fazer inferências ou deduções sobre casos particulares (ela se opõe à abordagem indutiva, que consiste em identificar os princípios gerais a partir do estudo de casos particulares). Nesta perspectiva, observamos que a precisão de uma abordagem científica é acom- panhada da criação de uma linguagem e da invenção de objetos de estudos abstratos, de ferramentas intelectuais, de conceitos (por exemplo, o conceito de velocidade instan- tânea). Esses objetos não são dados pela natureza, mas inventados para responder às necessidades. Assim, ao observarmos o termo Ciência, pensamos na distinção existente entre a atitude 14 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico científica e o senso comum, considerando os preceitos defendidos por Chauí (2000, p. 249), essa diferença consiste no seguinte: a ciência indaga a si mesma e suas próprias certezas, desconfia da falta de perguntas e de crítica, é objetiva, quantitativa, ou seja, busca medir, comparar e avaliar. Ainda de acordo com Chauí (2000, p. 249), não acontece de forma casual, como o senso comum, ela investiga a natureza ou a estrutura do fenômeno. Melhor explicitando, o que pareceria um milagre será explicado pela revelação de detalhes particulares que produzirão determinado efeito. O nascimento da ciência permitiu, em um contexto sócio-político particular, a democra- cia. Dessa forma, notamos que as abordagens científicas estão sempre em interação com o desenvolvimento da sociedade em geral. O nascimento de um método científico depende de escolhas humanas que definem as regras da demonstração (dedução versus indução, por exemplo), os questionamentos legítimos, assim como as bases metafísicas sobre as quais repousa todo o resto. PESQUISA Em nosso cotidiano estamos constantemente fazendo pesquisas: pesquisamos sobre 15 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico assunto de nosso interesse, sobre política, economia, meio ambiente, religião, moda, culinária, educação, ou seja, sobre qualquer assunto. Dessa forma, é válido salientar que podemos pesquisar de forma aleatória, sem base teórico-científica e, deste modo, teremos resultados com base no senso comum, o que nos permite concluir que tal resultado, certamente não é Ciência. Sob tais aspectos, notamos que a pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento. O principal motivo para desenvolvermos uma pesquisa é no sentido de produção de novos conhecimentos. É preciso que entendamos que o ato de pesquisar nos possibilita confirmar ou ainda refutar um conhecimento pré-existente. Para termos, de fato, material de pesquisa, as ações precisam ser orientadas e planejadas em busca de um conhecimento. Assim, é possível compreender que a pesquisa científica se centra na indagação realiza- da para alcançar a solução de um problema. No mais, podemos salientar que a realização da pesquisa é vista como método científico. Esse método precisa ser objetivo. Isso implica imparcialidade do pesquisador diante da interpretação dos resultados. É preciso que haja confiabilidade nos resultados da pesqui- sa, para tanto, é necessário que o procedimento seja documentado, principalmente em relação à fonte de dados e às regras de análise. Essa ação permite que outros cientistas 16 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico de diferentes lugares, diferentes países possam reanalisar os dados ou os resultados da pesquisa. Sob tais aspectos, podemos afirmar que a pesquisa é utilizada para: • Gerar e adquirir novos conhecimentos sobre si mesmo ou sobre o mundo em que vive; • Obter e/ou sistematizar a realidade empírica (conhecimento empírico); • Responder a questionamentos (explicar e/ou descrever); • Resolver problemas; • Atender às necessidades de mercado. Com base nessas contribuições, podemos concluir que pesquisar é indagar sobre a realidade. E o modo como indagamos, determina a Abordagem Científica ou o também denominado Método Científico. Sendo assim, método é o caminho percorrido para se chegar a um fim. É o pesquisador que determina a opção teórica pelo método X ou Y. Portanto, o ser humano vive sempre em busca de uma explicação para o universo, isto é, tentamos explicá-lo por meio de crenças; misticismo; superstições ou tentamos com base na lógica, e, consequentemente, no método, ou seja, baseado em uma investigação científica. 17 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico OS DIFERENTES TIPOS DE CONHECIMENTO Sabemos, que quando uma pessoa defende suas convicções, sem uma base científica, são vistas como convicções do senso comum. Dessa forma, constatamos que dialoga- mos com diferentes tipos de conhecimentos. Entre eles, o que chamamos de senso co- mum, isto é, quando pensamos em senso comum, imaginamos algo superficial. Assim, observamos que não há sistematização, muito menos um método estabelecido no sen- tido de força argumentativa. Importante pensar, que grande parte da nossa organização do conhecimento tem base em questões do senso comum. Portanto, o senso comum é o conhecimento prático, que faz parte do nosso cotidiano e nos orienta, representando a sociedade, na qual estamos inseridos. O senso comum se opõe ao científico, pois está ligado à opinião, conforme explicita Santos (s/d, p. 21): [...] o conhecimento do senso comum tende a ser um conhecimento mistificado e mistifica- dor, mas, apesar disso e apesar de ser conservador, tem uma dimensão utópica e liberta- dora que pode ser ampliada através do diálogo com o conhecimento científico. (SANTOS, 1989, p. 21). Entretanto, quando nos remetemos ao conhecimento produzido em âmbito escolar, o conhecimento deverá ir além do senso comum. O conhecimento escolar não pode se dar na espontaneidade, tem de ter um embasamento científico. 18 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico Dessa forma, além do conhecimento científico, Tafner e Silva (2007) apresentam o Conhecimento Filosófico, Senso Comum ou Conhecimento Empírico, Conhecimento Religioso ou Teológico. Portanto, temos: CONHECIMENTO FILOSÓFICO A palavra Filosofia surgiu com Pitágoras através da união dos vocábulos PHILOS (amigo) + SOPHIA (sabedoria) (RUIZ, 1996, p. 111). Os primeiros relatos do pensamento filosófi- co datam do século VI A.C., na Ásia e no Sul da Itália (Grécia Antiga). Notamos que a filosofia não é uma ciência, propriamente dita, mas um tipo de saber, que procura desenvolver no indivíduo a capacidade de raciocínio lógico e de reflexão crítica, sem delimitar com exatidão o objeto de estudo. Nesse contexto, notamos que o conhe- cimento filosófico não pode ser verificável, o que o torna sob certo ponto de vista, infalível e exato. Apesar da filosofia não ter aplicação direta à realidade, existe uma dependência entre ela e os demais níveis de conhecimento. Essa relação consiste no fato de que o conhecimento filosófico conduz à elaboração de princípios universais, que fundamentam os demais, enquanto se vale das informações empíricas, teológicas ou científicas para prosseguir na sua evolução. 19 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico SENSO COMUM OU CONHECIMENTO EMPÍRICO É também chamado de conhecimento popular ou comum. É aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise, conforme mencionamos anterior- mente. Foi o primeiro nível decontato do homem com o mundo, acontecendo por meio de experiências casuais e de erros e acertos. É um conhecimento superficial, segundo o qual, o indivíduo, por exemplo, sabe que nuvens escuras é sinal de mau tempo, contudo não tem ideia da dinâmica das massas de ar, da umidade atmosférica ou de qualquer outro princípio da climatologia, isto é, ele não tem a intenção de ser justificado por meio de teorias comprovadas, é o conhecimento passado de geração a geração, sem expli- cações profundas e conotações científicas. O CONHECIMENTO TEOLÓGICO OU RELIGIOSO É o conhecimento relacionado ao misticismo, à fé, ao divino, ou seja, à existência de um Deus, seja ele o Sol, a Lua, Jesus, Maomé, Buda, ou qualquer outro que represente uma divindade. O Conhecimento teológico, de forma geral, encontra seu ápice respondendo àquilo que a ciência não consegue responder, visto que ele é incontestável, já que se baseia na certeza da existência de um ser maior (Fé). Os Conhecimentos ou verdades teológicas estão registrados em livros sagrados, que não seguem critérios científicos de 20 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico verificação e são revelados por seres iluminados como profetas ou santos, que estão acima de qualquer contestação, por receberem tais ensinamentos diretamente de um ser superior. CONHECIMENTO CIENTÍFICO É o conhecimento relacionado à ciência, pois a ciência é uma necessidade do ser huma- no, que se manifesta desde a infância. É através dela, que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo que o rodeia, mediante ações sistemáticas, analíticas e críticas. Ao contrário do empirismo, que fornece um entendimento superficial, o conhecimento científico busca a explicação profunda do fenômeno e suas interrelações com o meio. Diferentemente do filosófico, o conhecimento científico procura delimitar o objeto-alvo, buscando o rigor da exatidão, que pode ser temporária, porém comprovada. Deve ser provado com clareza e precisão, levando à elaboração de leis, universalmente válidas para todos os fenômenos da mesma natureza. Ainda assim, ele está sempre em análise, podendo ser revisado ou reformulado a qual- quer tempo, desde que se possa provar sua ineficácia, conforme salienta Santos: 21 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico É certo que deixa de ter sentido a busca de uma verdade absoluta, de uma cópia integral- mente fiel da realidade. O conhecimento é sempre falível, a verdade é sempre aproximada e provisória. Contudo, nem todo conhecimento é igualmente falível, e o fato de o conhe- cimento e o mundo material serem realidades qualitativamente diferentes não significa que não haja relações entre eles. (SANTOS, 1989, p. 72). Sob tais aspectos, podemos resumir que o Conhecimento Filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana. Neste sentido, acaba ultrapassando os limites formais da Ciência. O Senso Comum ou Conhecimento Empírico, também chamado de conhecimento po- pular ou comum, é aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou cri- térios de análise. O Conhecimento Teológico ou Religioso revela-se na fé divina e nas crenças de diferentes credos, portanto, depende da formação moral de cada indivíduo. O Conhecimento Científico é um produto resultante da investigação ou da pesquisa cien- tífica e surge da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária (senso comum) e do desejo de fornecer explicações sistemáticas, que possam ser testadas e criticadas por intemédio de provas empíricas e da discussão in- tersubjetiva. Faz uso de ferramentas lógicas e metodológicas para que se tornem padro- nizados e possam ser reproduzidos. Assim, nos deparamos com algumas características que consolidam o caráter científico do conhecimento, a saber: • Necessidade de um Método Científico. • Clareza da Contribuição Científica. 22 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico • Importância de um resultado passível de verificação. Ainda em relação ao conhecimento científico e suas nuances, nos deparamos com o Estatuto da Ciência que remonta à Época clássica e Idade Média até o século XVI, mais precisamente, a produção científica registrada nesses períodos. Dessa forma, nesses períodos, a ciência é uma atividade essencialmente contemplativa; o conhecimento cien- tífico apoia-se em procedimentos dedutivos; a ciência não está separada da filosofia. A filosofia é entendida como a Ciência das ciências. Na antiguidade clássica, Platão e Aristóteles concebem o universo como estático e hierarquizado. Já no decorrer da Idade Média, na Europa, predomina a religião cristã. A ciência está subordinada à filosofia e, esta à teologia. Deus é o criador de tudo o que existe. Para além de Platão e Aristóteles, na ciência, destaca-se agora a influência de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. A partir do século XIII, desenvolve-se uma cultura livresca (a escolástica). Em relação à Época Moderna, mais precisamente, os séculos XV e XVI, observamos as seguintes características da ciência moderna: critica-se o saber livresco, valoriza-se a ob- servação direta e rigorosa, a experimentação e a técnica; nos séculos XVI e XVII, revolu- ções científicas corporizadas nas grandes descobertas geográficas, mas também nas de Copérnico, Galileu, Pascal, Kleper, Descartes, Leibniz e Newton; a ciência separa-se da filosofia; difunde-se a crença na verdade absoluta do conhecimento científico, o qual ca- minhava para a resolução de todos os enigmas do universo; no século XIX, o positivismo 23 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico será, neste aspecto, a consagração filosófica destas teses mecanicistas e deterministas. Sob tais aspectos notamos, ainda, que Galileu atribui à observação, à experiência e à matematização do real uma função essencial na compreensão da natureza. Newton procurou unir a Matemática e a Física, fortalecendo o método empírico. Estabeleceu a presença da lei e da ordem na natureza mediante suas descobertas sobre o movimento dos corpos celestes. Mostrou que a natureza age racionalmente e não por acaso, es- tabelecendo o princípio-base do determinismo: se pudéssemos conhecer as posições e os impulsos das partículas materiais num dado momento, poderíamos deduzir pelo cálculo toda a evolução posterior do mundo. Em relação ao Positivismo, século XIX, nos deparamos com a defesa de que o único conhecimento genuíno é o da ciência e o baseado em observações de fatos. Rejeitou- se qualquer explicação sobre as coisas que ultrapassem a sua dimensão física. Assim, observamos que o positivismo contribuiu para a criação e a difusão de grandes mitos sobre o conhecimento científico (FONTE, ANO): Mito da cientificidade, ou seja, o conhe- cimento científico é o único verdadeiro. Mito do progresso: o desenvolvimento da ciência e da técnica são os únicos que poderão conduzir a humanidade a um estado superior de perfeição. Mito da tecnocracia: a resolução dos problemas da humanidade é confiada ao poder de especialistas, nas diversas áreas do conhecimento técnico e científico. 24 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico Quando nos referimos à Época Contemporânea, mais precisamente o século XX, nos deparamos com uma crise das concepções deterministas, herdadas do período anterior, assim, o conhecimento científico deixa de ser visto como absoluto. Muitos dos mitos desenvolvidos em torno da ciência são abandonados. Nesse contexto, o Conhecimento Científico do Século XX foi produzido por grandes nomes, como: Einstein (1879-1955) que destrói a concepção determinista do conhecimento científico (Teoria da Relatividade). Heisenberg (1901-1976) que introduziu o princípio da incerteza, concluindo a destruição do determinismo da física newtoniana. Popper (1902-1994) demonstrou que toda a ciên- cia é baseada em conjecturas, hipóteses quetentamos confirmar, mas também refutar. A ciência não é verdadeira, mas conjecturável. Uma teoria só é científica, se a pudermos refutar. Feyerabend (1924-1994) demonstrou que a ciência era avessa a métodos rígidos e universais. As grandes descobertas foram realizadas por aqueles que tiveram a ousadia de romper com os métodos correntes. Nada na ciência é uniforme. As diferentes teorias científicas não passam de diferentes visões do mundo. Ainda em relação ao desenvolvimento das Ciências no período contemporâneo, temos alguns cientistas que ganharam grande repercussão com suas teorias, como: Duhem (1861-1916) defendia que na ciência não existem começos absolutos. O conhecimento científico progride por acumulação e alargamento de horizontes. Bachelard (1884-1962) que concebeu a evolução da ciência como um processo dinâmico de interação entre a 25 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico razão e a experiência. O progresso científico faz-se por meio de rupturas epistemológicas com o senso comum, as tradições, os erros e os preconceitos. A ciência avança através da superação destes obstáculos. Khun (1922-1994) concebe a evolução da ciência, à semelhança de uma história política, como uma sucessão de revoluções, de rupturas, de alterações mais ou menos rápidas e de substituições dos diferentes paradigmas. O PERFIL DO PESQUISADOR Ao nos depararmos com o termo pesquisa, devemos considerar o seu conceito, isto é, a pesquisa consiste em um ato dinâmico de questionamento e aprofundamento na busca de uma resposta ou solução a uma dúvida ou problema. Visa ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, resultado da aplicação de uma metodologia especial: metodologia da pesquisa. (JULIATTO; BORTOLOZZI, 2005). Na pesquisa científica, primeiramente os pesquisadores definem proposições lógicas ou suposições (hipóteses) para explicar certos fenômenos e observações, e então desen- volvem experimentos que testam essas hipóteses. Se confirmadas, as hipóteses podem gerar leis e teorias. Integrando-se hipóteses de certa área em uma estrutura coerente de conhecimento, contribui-se, dessa forma, na formulação de novas hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de 26 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico conhecimento maior, que são as leis e teorias reconhecidas, consensualmente pela co- munidade científica e/ou o paradigma de seu tempo. Outro ponto importante está relacionado à condução do método (s) científico (s), pois o processo de investigação precisa ser objetivo, e o cientista deve ser imparcial na inter- pretação dos resultados. Sobre a objetividade, significa dar atenção às propriedades do objeto e não do sujeito (subjetividade). Vale a pena lembrar a afirmação de Hans Selye (s/d): “Quem não sabe o que procura não entende o que encontra”, referindo-se à ne- cessidade de formulação de definições precisas (a essência dos conceitos) e que pos- sam ser respondidas com o simples sim ou não. Neste diapasão, tanto a imparcialidade (evidência) como a objetividade foram incluídas por René Descartes (1596 – 1649) nas regras lógicas que caracterizam o método científico. Sendo assim, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir de- terminados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema que, normalmente, é seguida, por algumas hipóteses. Usando sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar dados e, então, testar suas hipóteses, que poderão se transformar em leis e, posteriormente ser incorpo- radas às teorias que possam explicar e prever os fenômenos. A pesquisa cientifica objetiva, fundamentalmente, contribuir para a evolução do 27 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico conhecimento humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e exe- cutada segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Será chamada pesquisa científica, se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência. Alguns pesquisa- dores conceituam pesquisa da seguinte forma: Conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por ob- jetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos (ANDRADE, 2001, p. 121). Observamos, ainda, que para Gil, a pesquisa significa: “Procedimento racional e siste- mático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos” (GIL, 2002, p. 19). Nesse cenário, observamos também o conceito de pesquisa estabelecido por Cervo e Bervian, que sugerem o seguinte: “Atividade voltada para a solução de problemas através do emprego de processos científicos” (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 50). Sob esse viés, verificamos que a Ciência atual objetiva a melhoria da qualidade de vida intelectual e material. Por outro lado, sabemos não ser o objetivo da ciência responder a todas as questões. Além disso, temos consciência de que são as perguntas que movem o mundo e não as respostas, de modo que para responder a estas perguntas, com cer- to grau de certeza, necessitamos do conhecimento científico. As funções principais da 28 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico Ciência são as novas descobertas, os novos produtos e a melhoria da qualidade de vida. Podemos verificar que a ciência tem como princípios básicos: nunca pensar o conheci- mento científico como absoluto ou final, pois a Ciência pode ser sempre modificada ou substituída. Outro princípio a se considerar está relacionado ao fato de que o conheci- mento é válido até que novas observações e experimentações o substituam. Costumávamos dizer, até pouco tempo, que o conhecimento fornecido pela Ciência era irrefutável, por isso sempre foi colocada em grau de certeza alto. O homem, por meio da Ciência, fez grandes descobertas, ou seja, descobriu a cura e o tratamento para muitas doenças; fez hibridações nas plantas, nas frutas... No entanto, é válido ressaltar que, com a mesma Ciência, o homem criou doenças, vírus, guerra, isto é, observamos as questões positivas em relação às descobertas científicas como também as questões negativas das pesquisas realizadas no âmbito da ciência. Conforme apresenta o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2015): “Ciência é o conjunto de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio”. Dessa forma, podemos considerar que a qualidade do conhecimento científico é depen- dente da forma de aquisição que é utilizada. Assim, utilizamos três formas no processo 29 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico de pesquisa: intuição + empirismo + racionalismo, conforme explicita Gil (1987, p.118): • Intuição: criatividade e ideias sobre um novo produto ou processo. • Experimentação: projetar, experimentar, montar, testar, construir. • Racionalização: descrever matematicamente, explicar porque funciona fisica- mente (Gil, 1987, p. 118). É comum considerar alguns dos mais importantes avanços da ciência, tais como as des- cobertas da radioatividade, por Henri Becquerel ou da penicilina, por Alexander Fleming, como ocorridos por acidente. Entretanto, o que é possível afirmar, à luz da observação científica, é que terão sido parcialmente acidentais, uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a “pensar cientificamente”, estando, portanto, conscientes de que ob- servavam algo novo e interessante. É inegável, diante de tudo isso, que a ciência é capaz de proporcionar à sociedade uma efetiva melhoria na qualidade de vida e consequentemente mais desenvolvimento. Sendo assim, o nível de desenvolvimento científico de um povo é fator preponderante para que ele seja uma nação dominante.Aqueles que não apresentam um desenvol- vimento científico considerável, acabam sempre dependendo das descobertas daque- les que primeiro o faz, ou seja, as grandes potências científicas, que também acabam 30 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico coincidindo com as grandes potências econômicas, ditam as regras e os menos favore- cidos seguem à margem desse desenvolvimento, se contentando com o que é possível chamarmos de “sobras”. Nessa lógica, é válido ressaltar ainda, que a ciência não sobrevive somente de grandes cientistas e de grandes laboratórios. Antes de todos esses aparatos, que são importantes é claro, uma nação precisa ter uma ideologia pesquisadora e compreender que a ciência é fator decisivo para o desenvolvimento. Essa compreensão deve acontecer em todos os âmbitos, desde as escalas mais altas como a política até o acadêmico. Engajar os jovens na pesquisa e despertar-lhes a consciência pela busca de novos saberes é uma tarefa não muito simples, porém, que precisa ser cumprida. Com certeza é na instituição escolar que se produz ciência e é, nesse espaço, que toda a curiosidade trazida pelos alunos, deve ser explorada, dando-lhes as devidas oportuni- dades de fazer ciência em todas as áreas do saber. CARACTERÍSTICAS DO PESQUISADOR Segundo Gil (1987, p. 120), o pesquisad or deve apresentar as seguintes qualidades: 31 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico • Conhecimento do assunto a ser pesquisado; • Curiosidade; • Criatividade; • Integridade intelectual; • Perseverança; * Atitude autocorretiva; * Imaginação disciplinada; * Paciência; * Confiança na experiência. De acordo com os preceitos apontados por Dudziak, Villela e Barbin (2005, p. 55), o pesquisador capaz de obter e perceber a informação em diferentes suportes, seja ele discente ou docente, é aquele que chamamos de alfabetizado informacional. Ainda segundo as mesmas autoras, a alfabetização informacional requer que o usuário/ pesquisador conheça e utilize os diferentes serviços de comunicação, como também tenha conhecimentos sobre a navegação em sites e diretórios de busca para localizar, 32 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico recuperar, compreender a informação de que necessita, em qualquer formato (gráfico, textual, audiovisual) e integrar essa informação ao seu dia a dia, à sua pesquisa. A esse pesquisador, pressupõe-se as seguintes competências, de acordo com as auto- ras supracitadas: • Identificar um tópico de pesquisa e formular questões relacionadas; • Decidir sobre o conjunto de ações para obtenção da informação; • Identificar a variedade de tipos e formatos de potenciais fontes de informação; • Estabelecer as estratégias de pesquisa; • Avaliar criticamente as fontes de informação; • Ter claramente o conceito de plágio; • Ter a capacidade de definir as palavras-chave; • Localizar e avaliar a qualidade da informação. • Armazenar e recuperar informações; • Fazer uso eficiente e ético da informação; 33 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico • Aplicar as informações para criar e comunicar conhecimento. A IMPORTÂNCIA E O USO DA WEB PARA PESQUISA CIENTÍFICA Observa-se que a Internet deflagrou uma mudança nos paradigmas tradicionais de pro- dução e distribuição da informação científica, transformando o modo como os docentes- -pesquisadores realizam pesquisas nas universidades. Um estudo de caso realizado na USP por Dudziak, Villela e Barbin (2005), verificou o por- quê do uso dos recursos online entre pesquisadores para pesquisa científica. Em ordem de prioridade, eles indicaram: o acesso rápido, a gratuidade e a organização da pesquisa. Na sequência, observaram aspectos como: o acesso de casa, os aspectos visuais, o design e abertura para muitos outros links. Há, todavia, alguns pontos que ainda podem tornar difícil ou custoso o ato de fazer pes- quisa na Internet: • A obsolescência dos equipamentos e programas informáticos; • A impossibilidade de digitalizar todos os materiais com a tecnologia atual; 34 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico • Falhas em serviços de rede ou lentidão na transmissão de dados; • Falhas na Mídia; • Falhas de Hardware ou Software; • Erros de Comunicação; • Tecnologias muito dispendiosas; • Interfaces pouco amigáveis. Com o avanço da Internet, a pesquisa científica realizada por meio dessa tecnologia, principalmente por intermédio das bibliotecas digitais, tem trazido novos usos para a pesquisa, como serviços centrados no usuário adaptável às suas necessidades, uma biblioteca personalizável, que permite ao usuário desenvolver o papel de colaborador, podendo comentar, avaliar, enriquecer, indexar recursos, entre outros. Ademais, podemos salientar que a internet, com toda a sua evolução, facilita o diálogo entre usuário e informação, uma vez que não há barreiras ou mediação de terceiros no processo, além de possibilitar uma pesquisa rápida e muito eficaz para atingir os objetivos da pesquisa. 35 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico FIQUE POR DENTRO Como reconhecer a ciência? O conhecimento científico pretende entender a natureza e o universo em que vivemos por meio de elementos conhecidos, concretos e objetivos. Esse tipo de conhecimento tem suas regras. Cientistas fazem afirmações, baseadas em justificativas razoáveis. A abordagem científica perfeita é a demonstração. Uma demonstração é um argumento claro e completo. Em ciência, uma demonstração pode ser também algo prático como um experimento de laboratório, mostrando um fenômeno e estabelecendo causa e efeito. Uma demonstra- ção mostra resultados certeiros e torna possível as generalizações, levando a previsões. Assim é a ciência moderna, em oposição à ciência antiga que, com sua proximidade da religião, usava a autoridade para combater argumentos e questionamentos sobre o “porquê” das coisas. Você pode ampliar seus conhecimentos sobre o assunto apresentado consultando na íntegra, o texto disponível no endereço: http://www.wfsj.org/course/pt/pdf/mod_5.pdf. 36 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico REFLITA Vimos que o senso comum é também o senso tradicional, ou seja, as pessoas cos- tumam dizer: “sempre foi assim” para justificar um procedimento que nos criticam. De acordo com Girão e Gracio (s/d), o senso comum transporta e naturaliza um conjunto de convenções implícitas ou intrínsecas ao agir humano, coletivamente dimensionado. Nesse sentido, ele é conducente ou solidário de uma aceitação que assinala uma passi- vidade inerente e indispensável face às exigências práticas e pragmáticas da vida. Dessa forma, como se adquire o senso comum? Sabemos que ele é fruto da aprendizagem e educação que espontânea e/ou institucionalmente, conforme retratam os autores supra- citados, recebemos enquanto membros de uma comunidade. No entanto, quando esse conhecimento deixa de ser visto como um conhecimento do senso comum e passa a ter cientificidade em suas características? 37 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico INDICAÇÃO DE LEITURA Sinopse: a respectiva obra apresenta, de forma simples, para iniciantes, como deve ser a elaboração de um projeto científico, mais precisamente, indica os elementos necessários para o desenvolvimento de um projeto. O livro também exibe, para os estudantes que se encontram em níveis mais avançados no que se refere à pesquisa, modos de como organizar os conhecimentos dispersos, os quais foram obtidos ao longo da vida acadêmica desses estudantes. fonte Sinopse: O respectivo livro apresenta os meios para a produção de trabalhos científicos, trazendo as técnicas desde o início até a efetivação da pesquisa, além de orientar estudos e investigações para a produção de artigos científicos, dissertações de mestrado e tese de doutorado. fonte 38Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer desta unidade, observamos como foi a história da produção científica em todo o mundo, ou seja, observamos, desde os tempos mais remotos, como a ciência surgiu e como ela pode se desenvolver com o passar dos tempos. Vimos que a ciência ocorre desde alguns séculos antes de Cristo, isto é, teve início com os apontamentos feitos por Platão e Aristóteles, na Grécia antiga. No entanto, notamos que a Matemática, também vista como ciência, foi notoriamente estudada e concretizada, antes mesmo dos olhares para a ciência, propriamente dita. Outro tópico abordado em nossos estudos, refere-se aos diferentes tipos de conhecimento com os quais nos deparamos atualmente, ou seja, tratamos do conceito e da característica do conhecimento conhecido como senso comum, do conhecimento científico, do conhecimento teológico, entre outros. Por fim, abordamos, de maneira significativa e acessível, como deve ser o perfil de um pesquisador, para isso, retomamos algumas características da origem e da história do conhecimento científico, arrolamos, os nomes de alguns pesquisadores e suas pesquisas científicas e finalizamos nossas considerações, apontando como deve ser o perfil do pesquisador na atualidade para que consiga estruturar uma pesquisa com êxito. Esperamos, com essas contribuições, despertar em você, caro aluno, o interesse em 39 Unidade I - Os Métodos de Pesquisa e o Trabalho Científico desenvolver, na sua área, pesquisas positivas para o avanço da sociedade. ANOTAÇÕES As Etapas de uma Pesquisa Científica OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Identificar os elementos introdutórios de uma pesquisa científica, a fim de estabelecer um marco inicial para o desenvolvimento da mesma; • Abordar elementos que permitam a elaboração de um referencial teórico coerente com os elementos introdutórios e a metodologia adotada pelo pesquisador; • Caracterizar as estratégias metodológicas e os instrumentos de coleta de dados para uma pesquisa científica, a fim de oferecer elementos que permearão a escolhas dos mesmos.. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentamos os tópicos, que serão estudados nesta unidade: • Os elementos introdutórios de uma pesquisa científica; • Referencial teórico da pesquisa científica; • Metodologia: os tipos de pesquisa e instrumentos de coleta de dados. Lilian Maia Borges Testa; Poliana Barbosa da Riva UNIDADE 2 42 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará os componentes básicos de uma pesquisa cientifica, de modo a ajudar o estudante na elaboração de projetos para trabalhos de conclusão de curso, publicações em periódicos, monografias, dissertações, teses, etc. Primeiramente, serão abordados os componentes introdutórios de uma pesquisa cientifica, apresentando aspectos que colaboraram com a definição do tema da pesquisa, estabelecimento dos problemas e hipóteses a serem respondidos e testados, enumeração dos objetivos do trabalho que será desenvolvido e a avaliação da relevância do trabalho por meio da justificativa. Na segunda parte, serão discutidos e apresentados elementos que auxiliam na construção de um referencial teórico que sustente e apoie as escolhas do pesquisador. Entre os mais relevantes, destacamos a confiabilidade dos textos utilizados para leitura e que subsidiarão o trajeto acadêmico a ser percorrido. Finalmente, na terceira e última parte, será apresentada uma relação de técnicas e estratégias metodológicas que poderão ser adotadas para a coleta, análise e apresentação dos dados. Estes, por sua vez, deverão dialogar com os demais componentes do projeto de pesquisa Almejamos que esta unidade lhe auxilie na elaboração de um projeto de pesquisa mais planejado e organizado em todo seu trajeto. 43 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica OS ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS DE UMA PESQUISA CIENTÍFICA Nesta aula, serão apresentados os primeiros elementos para a introdução à pesquisa científica, com a finalidade de auxiliar a introdução discente ao mundo da ciência. Ao se iniciar uma pesquisa científica, deve-se levar em conta que a mesma se constrói a partir de um planejamento detalhado de todas as etapas e fases executórias, as quais envolvem o trabalho científico, de modo a permitir que esta ocorra de maneira mais sistemática e organizada. As etapas introdutórias a serem elaboradas e delineadas pelo pesquisador são: I. Escolha do tema; II. Definição do problema de pesquisa; III. Elaboração das hipóteses; IV. Definição dos objetivos; V. Apresentação da justificativa. 44 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica I – Escolha do tema A escolha do tema de interesse a ser investigado pelo pesquisador é necessária para a formulação de perguntas/hipóteses acerca do assunto proposto, especificando melhor a pesquisa. Talvez esta seja a etapa mais difícil do trabalho, pois muitas destas escolhas refletirão a área de trabalho futura do profissional a ser formado. Desse modo, “o tema de uma pesquisa é qualquer assunto que necessite melhores definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 81). Assim, o tema a ser escolhido poderá ser de interesse pessoal do pesquisador ou atender a alguma vantagem prática ou teórico-intelectual sobre alguma situação específica, com o intuito de suprir a demanda social para a resolução deste problema. Além disso, outros critérios poderão ser avaliados na escolha do tema, tais como sua relevância, originalidade, adequação, disponibilidade do pesquisador, recursos e tempo disponíveis. Para Lakatos e Marconi (2001), o tema poderá ser especializado, com vistas a garantir uma abordagem mais profunda do mesmo. Contudo, cabe ressaltar que a excessiva especialização poderá dificultar a síntese do trabalho, a correlação entre as ciências e unilateralizar a visão do tema. Neste caso, a delimitação do tema garante uma seleção de um fragmento ou de tópico relacionado ao assunto para ser o objeto central da pesquisa. Essa pode ser feita pela decomposição das partes do tema, com o fito de possibilitar a compreensão dos termos 45 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica e conceitualizar alguns elementos. Do mesmo modo, também definirá o ponto de vista do pesquisador ao longo de todo o percurso científico. II – Definição do problema de pesquisa Seguida à escolha e à delimitação do tema, a próxima etapa é a transformação do tema de pesquisa em problema. Para Cervo e Bervian (2002, p. 84), o “problema é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução”. No geral, a elaboração do problema de pesquisa se faz por meio de uma pergunta, cuja trajetória de pesquisa buscará responder. Para Lakatos e Marconi (2001), o problema será considerado adequado a partir de uma análise e interpretação dos aspectos viabilidade, relevância, novidade, exequibilidade e oportunidade. Além disso, o problema de pesquisa deverá ser claro, factível (ou exequível) e pertinente (segundo sua profundidade). Cervo e Bervian (2002, p. 85) afirmam que “desde Einstein, acredita-se que é mais importante para o desenvolvimento da ciência saber formular problemas do que encontrar soluções”. Neste caso, sugere-se que o problema de pesquisa seja elaborado no formato de uma interrogação e redigido de maneira clara, precisa e objetiva, cuja solução esteja intimamente relacionada à viabilidade da pesquisa. Para Köche (2011, p. 108), o problema “é um enunciado interrogativo que questiona sobre a possível relação que possa haver entre no mínimo duas variáveis, pertinentes ao objeto do estudo 46 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica investigado e passível de testagem ou observação empírica”. III – Elaboração das hipóteses A hipótese de uma pesquisa consiste emuma afirmação categórica (ou suposição), que busca responder o problema de pesquisa, anteriormente elaborado. A hipótese poderá ser algo provisório, visto que a sua validade e aplicação serão testadas e verificadas, ou seja, colocada à prova ao longo do curso de pesquisa. Alguns critérios poderão ser levados em consideração para sua elaboração, tais como as observações e resultados de outras pesquisas, as articulações entre uma ou mais hipóteses, aplicações a partir de conceitos teóricos e algumas especificações. A principal função da hipótese é apresentar prováveis explicações para os fatos que serão investigados, o que a torna passível de erro e incompleta. Dessa forma, problema e hipótese de pesquisa consistem em elementos proximais, que se completam e se tornam excludentes. IV – Definição dos objetivos Os objetivos devem apresentar, de forma clara e precisa, as intenções, metas e fins da pesquisa. Marconi e Lakatos (2010, p. 202) afirma que o objetivo “relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das ideias estudadas”. Os objetivos indicam a pretensão com o desenvolvimento da pesquisa e quais os resultados que 47 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica se buscam alcançar. Cervo e Bervian (2002) sugerem que a definição dos objetivos ocorra segundo a natureza do trabalho, o tipo de problema, o material a coletar, etc. Em uma pesquisa científica, deve-se elaborar o objetivo geral e os objetivos específicos. O objetivo geral refere-se a uma visão global e abrangente do tema de pesquisa, com o propósito de manter concordância com o problema e a justificativa do projeto. Sinteticamente, podemos afirmar que o objetivo geral busca responder as seguintes questões: Para quem? Para quê? Quais metas pretendo atingir com minha pesquisa? Os objetivos específicos apresentam um caráter mais concreto, mais atitudinal e mais instrumental, pois auxilia no alcance do objetivo geral e, ainda, permite aplicá-lo em situações particulares. Para Cervo e Bervian (2002, p. 83), definir objetivos específicos permite o aprofundamento das intenções expressas nos objetivos gerais. Para ambas as definições dos objetivos, é necessário utilizar uma linguagem clara e direta. Além disso, de modo geral, os objetivos são iniciados por um verbo no infinitivo, o qual é selecionado segundo o objeto de estudo • Análise: classificar, categorizar, comparar, correlacionar, discutir, descobrir, experi- mentar, investigar, provar, etc. • Aplicação: aplicar, ilustrar, organizar, etc. 48 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica • Avaliação: avaliar, concluir, constatar, criticar, justificar, padronizar, selecionar, vali- dar, etc. • Conhecimento: associar, definir, descrever, estabelecer, identificar, relacionar, etc. • Compreensão: concluir, descrever, distinguir, deduzir, inferir, interpretar, etc. • Síntese: criar, comprovar, desenvolver, documentar, organizar, planejar, etc. V - Apresentação da justificativa A justificativa é a apresentação de forma clara e objetiva das razões de ordem teórica e/ou prática que fundamentam a pesquisa. Normalmente, está relacionada à escolha do tema e a sua delimitação. Neste contexto, poderá apresentar as respostas ao porquê da realização da pesquisa. Para as pesquisas que pleitearão financiamento, é de suma importância enfatizar a relevância da mesma. A justificativa poderá apresentar caráter pessoal do pesquisador ou aspectos relacionados à inferência da pesquisa na realidade social ou casos particulares. Não se pretende explicar, neste momento, o referencial adotado, embora seja apenas ressaltada a importância da pesquisa no campo teórico. 49 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica REFERENCIAL TEÓRICO DA PESQUISA CIENTÍFICA Neste tópico, serão discutidos alguns elementos essenciais para a elaboração de um referencial teórico capaz de caracterizar a pesquisa a ser realizada. O referencial teórico apresentado em um projeto de pesquisa científica pode ser considerado o elemento essencial para a caracterização ou descaracterização do mesmo no âmbito científico, visto que apresenta a teoria que sustenta o trabalho, estudos já realizados sobre o assunto e a definição de conceitos a serem adotados na pesquisa. Após a escolha do tema, o pesquisador iniciará um levantamento de fontes teóricas científicas (relatórios de pesquisa, livros, artigos científicos, monografias, dissertações e teses), que permitam a contextualização da sua pesquisa com seu embasamento teórico, o qual fará parte do referencial da pesquisa na forma de uma revisão bibliográfica (ou da literatura), buscando identificar o “estado da arte” ou o alcance dessas fontes (PRODANOV; FREITAS, 2013). Nessa etapa, o pesquisador analisará as diversas publicações científicas disponíveis que abordem o assunto ou que deem embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do projeto de pesquisa, demonstrando que o pesquisador está atualizado em relação às mais recentes discussões no campo do conhecimento investigado. O pesquisador deverá também elencar os principais conceitos, as definições e os termos técnicos que serão utilizados na pesquisa, de modo a deixar explícita a linha de pesquisa que adotará. 50 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Além de artigos em periódicos nacionais e internacionais e livros já publicados, as monografias, dissertações e teses constituem excelentes fontes de consulta para as referências, sejam elas em seu formato impresso ou digital disponível em rede. Para Provanov e Freitas (2013, p. 131-132), a revisão de literatura [...] difere-se de uma coletânea de resumos ou uma “colcha de retalhos” de citações, visto que a pesquisa científica não é apenas um relatório ou uma descrição de fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpretativo no que se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível correlacionar a pesquisa com o universo teórico, optando por um modelo que sirva de embasamento à interpretação do significado dos dados e fatos colhidos ou levantados. Assim, o projeto de pesquisa será construído a partir das premissas ou dos pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará a sua interpretação. A primeira etapa para a organização do referencial teórico da pesquisa, é a busca e seleção das obras e trabalhos relacionados ao tema. Trata-se da fase na qual o pesquisador se apropria dos textos que abordam o assunto que pretende pesquisar. Entre as principais fontes de busca estão livros e revistas científicas, teses e dissertações e materiais necessários à pesquisa, como leis, documentos e fotos. O acesso a estes materiais pode se dar através de bibliotecas físicas ou digitais, museus, setores públicos, cartórios, etc. As fontes de busca são comumente consideradas fontes seguras, quando estas apresentam altíssima confiabilidade de seus dados. Contudo, alguns pontos devem ser levados em 51 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica consideração na escolha dos sites confiáveis. I – Qualis do artigo científico O aluno que cita qualquer site na Internet poderá passar por situações constrangedoras no momento de apresentação de sua pesquisa. Por esse motivo, deve-se sempre buscar informações em fontes confiáveis. Neste contexto, as revistas científicas são catalogadas por Qualis (critério de avaliação do MEC/ CAPES) da seguinte forma: A1 e A2 - Excelência internacional; B1 e B2 - Excelência nacional; B3, B4 e B5 - Relevância média; C - baixa relevância. O qualis de todas as revistas científicas está disponível no site da CAPES. Além do qualis, as revistas listadas e avaliadas pela CAPES têm o ISSN. O ISSN - Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (International Standard Serial Number) é o identificador aceito internacionalmente para individualizar o título de uma publicação seriada, tornando-oúnico e definitivo. Seu uso é definido pela norma técnica internacional da International Standards Organization ISO 3297. O ISSN é composto por oito dígitos (dois grupos de quatro dígitos, ligados por hífen), precedido por um espaço e sigla ISSN. II – Confiabilidade das informações A única forma de mostrar a genuinidade de seu projeto de pesquisa é por meio das citações, visto que com elas é possível afirmar que as pesquisas já foram concluídas. 52 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Portanto, durante toda a elaboração do projeto, faz-se necessária a busca por obras já concluídas de outros, diminuindo as chances de erros e enriquecendo as informações que serão apresentadas em sua pesquisa. Muita informação é disponibilizada nas redes atualmente, podendo ser verídica ou não, caracterizando-se por um caráter duvidoso. Portanto, sempre que realizar a sua pesquisa de referencial, busque autores, universidades e grupos de pesquisa que sejam renome na área investigada, de modo a garantir, inclusive, uma maior aceitação do seu trabalho dentro da comunidade científica. III – Bases de pesquisas Alguns sites são confiáveis para pesquisa de referencial teórico e podem ser utilizados durante todo processo de pesquisa, Estes, por sua vez, mostram feitos online de acadêmicos que já foram aprovados e livros sobre qualquer assunto. Na sequência, serão apresentadas algumas importantes bases de pesquisas científicas: A. Portal de periódicos da CAPES: periódicos completos, resumos, teses e dissertações; B. Portal do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo: base de dados produzida pelo Institute for Scientific Information (ISI), que consta mais de 16 mil títulos de periódicos, livros e proceedings nas diversas áreas de conhecimento; 53 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica C. Scientific Electronic Library (SCIELO) textos completos de revistas brasileiras na web; D. Google Acadêmico (Scholar); E. Banco de teses da USP (Universidade de São Paulo): dissertações e teses defen- didas na USP; F. Banco de dados bibliográficos da USP (DEDALUS): dados bibliográficos dos acer- vos das 38 bibliotecas que compõem o Sistema Integrado de Biblioteca da USP; G. Biblioteca Virtual: obras da literatura brasileira e estrangeira e links para concursos literários; H. Biblioteca Virtual de Educação (BVE): seleção de sites educacionais, do Brasil e exterior; I. Biblioteca Digital da Unicamp: teses e dissertações produzidas pela UNICAMP, simpósios, congressos e periódicos digitais; J. Catálogo Coletivo Nacional de Publicações (CCN): dissertações e teses. Após a leitura dos textos encontrados para o referencial teórico, o pesquisador pode- rá elaborar fichamento, a fim de melhor organizar os dados e garantir fácil acesso aos 54 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica mesmos, sempre que necessário. Prodanov e Freitas (2013) afirmam que o fichamento é uma forma de investigar, que se caracteriza pelo ato de fichar (registrar em fichas) todo o material necessário à compreensão de um texto ou tema. Sequencialmente, faz-se a organização dos referenciais no projeto, de forma tal, que os assuntos referidos estejam o mais próximo possível. É extremamente importante que todos os trabalhos apresentados no referencial teórico obedeçam às regras de citação (a ser discutida com mais detalhe na Unidade 3), visto que isso aumenta a confiabilidade dos dados apresentados e valoriza o projeto de pes- quisa a ser desenvolvido. Este fato requer cuidados, porque apresentar algo que não foi o próprio aluno que produ- ziu é arriscado, sendo as citações necessárias para suprir este fim. METODOLOGIA: OS TIPOS DE PESQUISA E OS INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS A partir de agora, serão apresentados vários elementos da pesquisa a serem considera- dos no delineamento metodológico. Muitos desses elementos definem a investigação e refletem o pensamento do pesquisador na busca de respostas para seu estudo. 55 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Alguns pontos importantes devem ser levados em consideração para a escolha da es- tratégia metodológica: I. Definição das variáveis (dependentes ou independentes), ou seja, a descrição das características que se pretende medir; II. Definição do universo (população a ser investigada) e amostra (parte da popula- ção a ser investigada); III. Critérios para a inclusão ou exclusão dos sujeitos investigados; IV. Definição do tipo de dados coletado (quantitativo ou qualitativo). Com relação às escolhas metodológicas, podem ser utilizados os seguintes critérios: 1. Classificação quanto à natureza da pesquisa: a pesquisa poderá ser básica ou aplicada; 2. Classificação quanto ao objetivo do estudo: a pesquisa poderá ser descritiva, ex- ploratória e explicativa; 3. Classificação quanto à abordagem dos objetivos: a pesquisa poderá ser quantita- tiva ou qualitativa; 56 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica 4. Classificação quanto ao procedimento técnico: a pesquisa poderá ser bibliográfi- ca, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, ex-post-facto, pes- quisa-ação ou pesquisa participante. O Quadro 1 dispõe resumidamente as classificações possíveis para cada um desses critérios, pois, através destes, o pesquisador poderá certificar-se a respeito do adequado design do estudo. QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO METODOLÓGICA DE PESQUISAS Critério Classificação Natureza Básica Aplicada Objetivo do estudo Descritiva Exploratória Explicativa Abordagem Quantitativa Qualitativa 57 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Critério Classificação Procedimento técnico-metodológico Pesquisa bibliográfica Pesquisa documental Pesquisa experimental Pesquisa de campo Levantamento (Survey) Estudo de caso Pesquisa ex-post-facto Pesquisa-ação Pesquisa-participante Fonte: autores 1. Natureza da pesquisa Ao classificar uma pesquisa em relação à sua natureza, esta poderá ser básica ou aplicada. A pesquisa básica envolve verdades e interesses universais, procurando gerar conheci- mentos novos e úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista. Por outro lado, a pesquisa aplicada procura produzir conhecimentos para aplicação práti- ca dirigidos à solução de problemas específicos (PRODANOV; FREITAS 2013). 58 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica 2. Objetivo do estudo Em relação à classificação segundo os objetivos de estudo, a pesquisa poderá ser des- critiva, exploratória ou explicativa. A pesquisa descritiva busca expor as características de uma determinada população ou fenômeno, demandando técnicas padronizadas de coleta de dados (questionários, entrevistas, fotografias, etc.). Gil (1999) afirma que as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A pesquisa exploratória proporciona maior proximidade com o problema, tornando-o ex- plícito ou construindo hipóteses sobre ele. Este tipo de pesquisa visa descobrir ideias e intuições, na tentativa de adquirir maior familiaridade com o fenômeno pesquisado. Nem sempre há a necessidade de formulação de hipóteses nesses estudos. De forma semelhante, Gil (1999) considera que a pesquisa exploratória desenvolve, es- clarece e modifica os conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis. Assim, este tipo de pesquisa possui menor rigor no planejamento, pois as informações são definidas ao acaso e o processo de é flexível. 59 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Neste contexto, a pesquisa explicativa objetiva identificar os fatores que causam um de- terminado fenômeno, aprofundando o conhecimento da realidade (PRODANOV; FREITAS, 2013). Gil (1999) defende que a pesquisa explicativa visa a identificação dos fatoresque deter- minam ou que contribuem para a ocorrência de um fenômeno. Para o autor, trata-se do tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e as relações de causa e efeito dos fenômenos. Para Lakatos e Marconi (2001), estabelece relações de causa-efeito por meio da mani- pulação direta das variáveis relativas ao objeto de estudo, buscando identificar as causas do fenômeno. Comumente é mais realizada em laboratório do que em campo, pois envolve experimentos. 3. Abordagem A pesquisa com abordagem quantitativa demanda o uso de recursos e técnicas de esta- tística, procurando traduzir numericamente os conhecimentos gerados pelo pesquisador. Segundo Richardson (1999), a pesquisa quantitativa é caracterizada pela quantificação, tanto nas estratégias para coleta de informações quanto em seu tratamento, por meio de técnicas estatísticas. 60 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica A pesquisa quantitativa busca a validação das hipóteses a partir da utilização de dados numéricos e estatísticos, possibilitando quantificar os dados e aplicá-los em alguma for- ma da análise estatística. Na pesquisa quantitativa, a determinação da composição e do tamanho da amostra é um processo, no qual a estatística tornou-se o meio principal. Por outro lado, a pesquisa qualitativa aceita que o ambiente natural é fonte direta para coleta de dados, interpretação de fenômenos e atribuição de significados (PRODANOV; FREITAS, 2013). A abordagem de cunho qualitativo trabalha os dados, buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenômeno dentro do seu contexto, captando a essência deste dado e suas origens, relações e mudanças, e tentando intuir as consequências. Gil (1999) afirma que o uso dessa abordagem propicia o aprofundamento da investiga- ção das questões relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas relações, mediante a máxima valorização do contato direto com a situação estudada, buscando o que era comum, mas permanecendo, entretanto, aberta para perceber a individualidade e os significados múltiplos. Bogdan e Biklen (2003) afirmam que a pesquisa qualitativa envolve cinco características: ambiente natural, dados descritivos, preocupação com o processo, preocupação com o significado e processo de análise indutivo. 61 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Neste caso, os dados coletados são predominantemente descritivos, visto que o material obtido nessas pesquisas é importante por serem ricos em descrições de pessoas, situ- ações, acontecimentos, fotografias, desenhos, documentos, etc. Assim, a preocupação com o processo é muito maior que com o produto. O interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. Alguns pesquisadores consideram ainda a existência de pesquisas com abordagem quantiqualitativa, cujo objetivo é estabelecer um diálogo e triangulação dos dados em ambas as vertentes. Isso se deve, principalmente, pela dificuldade em definir os limites entre os estudos ditos qualitativos e quantitativos nas pesquisas, afastando a ideia de que somente o que é mensurável teria validade científica. Contudo, para Moreira (2002), a diferença entre a pesquisa quantitativa e a qualitativa vai além da simples escolha das técnicas de pesquisa e dos procedimentos de coleta de dados, representando, na verdade, posições epistemológicas antagônicas. O Quadro 2 apresenta uma comparação entre os principais elementos de cada abordagem. 62 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica QUADRO 2 – COMPARATIVO ENTRE AS ABORDAGENS QUANTITATIVA E QUALITATIVA Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa Focaliza uma quantidade pequena de conceitos. Tenta compreender a totalidade do fenômeno, além de focalizar conceitos específicos. Inicia com ideia preconcebida do modo pelo qual os conceitos estão relacionados. Possui pouca ideia preconcebida e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador. Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de dados. Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados. Coleta os dados mediante condições de controle. Não tenta controlar o contexto da pesquisa, e, sim, captar o contexto na totalidade. Enfatiza a objetividade, na coleta e análise dos dados. Enfatiza o subjetivo como meio de compreender e interpretar as experiências. Analisa os dados numéricos através de procedimentos estatísticos. Analisa as informações narradas de uma forma organizada, mas intuitiva. Fonte: Polit et. al. (2004) 4. Procedimento técnico-metodológico Em relação aos procedimentos técnicos adotados em pesquisas, serão apresentadas uma breve descrição de nove tipos. - Pesquisa bibliográfica Esta pesquisa é desenvolvida a partir de material já publicado, como livros, artigos, 63 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica periódicos, Internet e outros. Habitualmente, está relacionada às investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema. Fonseca (2002) descreve a pesquisa bibliográfica como aquela elaborada mediante o levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites. Para o autor, [...] Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32). Para Gil (2007, p. 44), os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa são investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posi- ções acerca de um problema. - Pesquisa documental A pesquisa documental se assemelha muito à pesquisa bibliográfica, não sendo fácil, em algumas situações, distingui-las. Frequentemente, a pesquisa documental recorre a fon- tes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatís- ticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, 64 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc. (FONSECA, 2002). Este tipo de procedimento pode ser utilizado em registros, anais, circulares e outros materiais. - Pesquisa experimental As etapas da pesquisa experimental exigem um planejamento rigoroso, as quais incluem desde a formulação inicial exata do problema e das hipóteses, sendo estas limitantes para as variáveis precisas e controladas que atuam no fenômeno estudado. Para Gil (2007), a pesquisa experimental pode determinar um objeto de estudo, bem como selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Contudo, Fonseca (2002) afirma que a pesquisa experimental, por selecionar grupos se- melhantes e expô-los às situações diferentes, possibilita uma verificação das suas variá- veis, tais como as relações causa e efeito, necessárias para a elaboração de explicações para as conflitantes descobertas recém adquiridas. Sendo assim, inicialmente, sugere-se a testagem dos instrumentos de coleta de dados, com o intuito de assegurar sua eficácia para aquilo que se pretende medir. 65 Unidade II - As Etapas de uma Pesquisa Científica Neste sentido, a pesquisa experimental pode ser desenvolvida em laboratório (onde o meio ambiente criado é artificial) ou em campo (com condições de manipulação dos sujeitos nas
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